NOTAS DA AUTORA: Oi Gente... Desculpem a demora para atualizar. Mas aqui estou eu... E como prometi apara a querida leitora Barbfrx

Aqui está a continuação, linda! Espero que não tenha desistido dela. bjoos

Estou atualizando ainda neste ano o/ eehhh

Boa Leitura!

Capítulo 2 – Campistas

Umas três horas após Sakura ter deixado o refeitório, o primeiro ônibus chegou ao acampamento. Trazia crianças de cidades próximas como Sacramento e de Estados mais distantes como Vermont e Maine, situados no nordeste dos Estados Unidos. Sakura se escandalizara ao saber da vultosa quantia paga pelos pais dos "geniozinhos" pelos dois meses de férias, mas depois ficara sabendo que Sasuke programava diversas bolsas para crianças de famílias mais pobres, todos os anos, no verão. Sentia-se, afinal, bastante satisfeita por estar em Gitche Gumee.

Um aroma refrescante de pinheiro espalhava-se pelo ar enquanto Sakura aguardava ansiosa pela chegada de sua turma. Cravado no pé de uma pequena colina, no limiar da mata verde e silenciosa, o chalé destinado a ela e às suas sete campistas possuía uma vista privilegiada. Na parte de trás contava com duas janelas, ambas voltadas para a mata; na frente, de uma pequena varanda, avistava-se todo o acampamento com seus demais chalés, todos iguais ao de Sakura, em madeira escura com portas e janelas brancas. Espalhados assimetricamente em volta de um imenso gramado cercado por muitos pinheiros e flores silvestres, davam a ideia de um vilarejo suíço, com a diferença de não haver montanhas ali na Califórnia.

Sakura não via a hora de suas campistas chegarem. De prontidão na varanda, observava a movimentação geral quando Iruka Umino, o segurança do acampamento, aproximou-se trazendo pela mão a primeira delas, uma garotinha desconsolada com duas longas tranças negras. Sakura sorriu para a menina tentando atrair-lhe a atenção, mas não houve meios de conseguir que a tímida campista desistisse de examinar o gramado.

− Srta. Haruno, esta é Naomi Kido − Iruka as apresentou.

− Olá, Naomi!

− Oi!

Sakura recebeu a mala das mãos do segurança e, após agradecer-lhe com um sorriso, conduziu Naomi gentilmente para dentro do chalé.

− Você não tem medo de bichos, tem? – a menina perguntou sentando-se num dos beliches.

Sakura sentia horror a cobras, mas achou que seria antipedagógico confessá-lo à garota.

− Não. – disse sem muita convicção.

− Oh, ainda bem.

− Ainda bem por quê?!

Naomi tirou de dentro da valise de mão uma caixa de sapatos toda furada.

− Porque eu trouxe meu hamster comigo. Posso ficar com ele aqui, não posso?

Sakura olhou para o pequeno roedor, que a menina retirava da caixa com todo o carinho, sem saber o que dizer. De acordo com o regulamento era proibido trazer animais ao acampamento. Mas um simples bichinho não era o mesmo que um cavalo ou um cachorro e, além disso, Naomi lhe parecia tão orgulhosa do seu hamster...

− Como é o nome dele? – Sakura indagou, indecisa.

− Ryu.

− É um nome bem bonito...

− Ele não vai fazer nenhum barulho e quase não come. Não pude deixá-lo em casa porque meus pais viajaram para a Europa. Também sei que não permitem que se tragam bichos ao acampamento, mas Ryu é meu melhor amigo... Eu sentiria muita falta dele se o deixasse com a Sra. Chiyo, a governanta que ficou tomando conta do meu irmãozinho...

A menina estava com os olhos cheios de lágrimas, o que deixou Sakura comovida.

− Acha que ele vai se sentir feliz no meio de tantas garotas, Naomi?

− É claro! Ryu adora meninas e também é muito mansinho! Quer segurá-lo um pouco Srta. Haruno?

− Não, obrigada. – Sakura recusou com mais ênfase do que desejava. Acabava de ter uma ideia. O manual proibia que se levassem animais de estimação ao acampamento, mas em nenhum item fazia restrições a mascotes. – Bem, Naomi, se as outras meninas concordarem, acho que poderemos adotar Ryu como nosso mascote, que tal? É claro, não podemos deixar que os outros chalés fiquem sabendo, certo?

A menina sorriu e seus olhos pretos brilharam.

− Combinado, Srta. Haruno! Oh, estou tão feliz!

E Sakura também, só que não queria nem imaginar a reação de Sasuke Uchiha se descobrisse Ryu vivendo ali com elas! Mas era preciso pensar em Naomi, tão apegada ao bichinho... O que havia de mal em ficarem com o hamster, se isso dava tanta alegria à garota? O que os olhos não veem o coração não sente; portanto, o "chefe" não precisaria ficar sabendo, Sakura concluiu satisfeita.

Após a chegada de um outro ônibus, mais três garotas, Hana, Mei e Utau, todas com quase dez anos, foram escoltadas até o chalé. Embora fisicamente bem diferentes as três pareciam muito sérias e compenetradas, bem distantes da turma animada e cheia de vida que Sakura esperava. Suas campistas mais pareciam pequenas adultas e não crianças!

Hana foi logo tirando um microscópio de dentro da mala e colocando vários vidros sobre sua mesa de cabeceira com material que ela pretendia examinar ainda antes do jantar. Sakura preferiu não perguntar exatamente o que a garota ia estudar, pois só de olhar para o conteúdo dos vidros seu estomago ficou revirado. De uma coisa ela estava certa: jamais conhecera uma menina de dez anos que andasse na companhia de embriões de porcos imersos em clorofórmio!

Mei, no entanto, já lhe pareceu um pouco mais acessível do que as outras meninas. Trouxera uma coleção de bonecos, Barbie e Ken, como a garota os chamava, e uma coleção de trajes para todas as ocasiões. Arrumou-os todos na cabeceira de seu beliche e em seguida apresentou-os a Sakura. As garotas eram Barbie-Samantha, Barbie-Jane e Barbie-Brenda. Os Ken também tinham seus próprios nomes e quando as apresentações terminaram Sakura já não sabia quem era quem. Sakura também gostara muito de bonecas, quando menina, mas Mei parecia uma aficionada.

Quanto a Utau, Sakura ficou sem saber o que fazer. Tão logo desarrumou a mala, a menina deitou-se no beliche e, sem trocar uma palavra com ninguém, pôs-se a ler. Sakura reparou que ela havia levado um mínimo de roupa e, uma infinidade de livros de histórias, próprios para meninas de dez anos, mas obras eruditas de autores célebres tais como Proust, Shakespeare e outros.

As gêmeas Izumi e Izanami chegaram logo depois. Muito loiras, eram a cópia uma da outra, só se podendo distingui-las quando sorriam. Izumi havia perdido os dois dentes de leite da frente, ao passo que Izanami só perdera um. Sakura achou divertido diferenciá-las pelo sorriso até descobrir que Izanami estava tentando tirar outro dente para ficar igual à Irmã!

A última campista a chegar ao chalé foi Akemi. Assim que pousou o os olhos nela, Sakura percebeu que a garota iria lhe causar problemas.

− Hum... Este acampamento está piorando a cada verão. – Akemi reclamou ao examinar o chalé e em seguida olhou para o último beliche vago. – De forma alguma vou dormir perto da janela. Costumo ficar com o nariz entupido e dor de cabeça, se apanho vento.

− Está certo. – Disse Sakura paciente. – Alguém aqui gostaria de trocar de cama com a Akemi?

Ninguém respondeu. Cada menina olhou para o lado como se Sakura não tivesse dito nada.

− É... Parece que elas não querem trocar com você, Akemi. – Sakura concluiu, satisfeita. – Mas posso saber por que não veio antes aqui para o chalé? Vi você passando de um lado para o outro lá fora e, como não pé a primeira vez que acampa, devia saber que as primeiras a chegarem escolhem antes os seus beliches.

− Já disse que perto da janela não fico.

− Nesse caso, posso colocar seu colchão no meu quarto e você dorme no chão. – Sakura sugeriu esforçando-separa não perder a paciência. – Só que já vou avisando. Às vezes durmo com a janela aberta, tudo bem?

− Você está brincando! Há um monte de bichos se arrastando aí pelo chão.

− Onde? – Hana, a dona do microscópio interessou-se.

− É só jeito de falar, Hana. – Sakura explicou. – Não há nada por aí.

− Oh! – A garota se desapontou. – Preferia que houvesse lagartas e taturanas.

− Está certo. – Akemi resolveu então voltar atrás. – Dormirei perto da janela, mesmo correndo o risco de desobedecer ao meu médico. Mas também, vou avisando. Pretendo escrever para a minha mãe e contar tudo o que aconteceu. Ela está pagando uma fortuna pelas minhas férias e espera que eu seja muitíssimo bem tratada.

− Vamos deixar o barco correr, certo? – Sakura propôs para acabar de uma vez com aquele assunto. Talvez a menina corresse o risco de ficar resfriada, mas quanto a ela o risco era bem mais grave. Acabaria louca! Primeiro Sasuke e agora Akemi. Sakura sentiu um prenúncio de dor de cabeça e teve medo de que o mal estar se transformasse numa enxaqueca.

− Meu tio é senador, sabe? – Akemi continuou, enquanto desarrumava a mala. – Acho que vou escrever a ele em vez de falar com mamãe. – Ninguém no chalé parecia interessada em suas palavras, o que a deixou furiosa. – Por acaso é de novo o Sr. Uchiha o diretor este ano? – indagou com petulância.

− É, por quê? – Sakura respondeu prontamente. Na certa o "chefe" era um outro tio da menina. – Gostaria que eu marcasse uma entrevista com ele para você, Akemi?

− Seria ótimo! Assim posso colocá-lo a par desta situação deplorável.

− Muito bem. Vou ver então se consigo marcá-la enquanto você estiver na aula de computação.

Depois que as crianças desfizeram as malas e ajeitaram seus pertences no armário, Sakura as levou ao refeitório. Era dever das conselheiras fazer as refeições com suas campistas, mas após o almoço ela basicamente tinha o tempo livre. Quando chegasse o momento teria permissão para marcar atividades ao ar livre tais como canoagem, expedições exploradoras pela mata, enfim, diversões variadas que ela mesma teria de organizar uma vez que as atividades propostas pelo acampamento eram exclusivamente acadêmicas: aulas de bioquímica, de computação e de matemática! A impressão era de que o "chefe" nunca havia ouvido falar numa cesta de piquenique e menos ainda numa rede!

Assim que suas garotas se dirigiram para as respectivas aulas daquela tarde, Sakura resolveu ir ao escritório de Sasuke, situado no outro extremo do acampamento, bem longe do barulho e da confusão. Ao que tudo indicava, ele gostava de privacidade.

O acampamento era todo cercado por enormes árvores de troncos avermelhados e para onde quer que se olhasse havia canteiros com flores-do-campo, as mais variadas. Sakura tinha verdadeira paixão por flores-do-campo e conhecia a maioria delas.

Planejando colher algumas, na volta, a fim de perguntar seus nomes a Hana ou a Utau, aproximou-se do escritório onde suavemente bateu à porta.

− Entre! – Uma voz soou lá de dentro e ela respirou fundo, preparando-separa enfrentar o leão na própria toca.

Como Sakura já imaginava, a sala do "chefe" era absolutamente impecável, sem um lápis sequer fora do lugar. A maioria das paredes era forrada de estantes atulhadas de livros, os espaços remanescentes haviam sido preenchidos com diplomas e certificados. A escrivaninha de mogno ficava bem no centro da sala, e a cadeira de couro com espaldar alto onde o "chefe" se encontrava era mais adequada a um presidente de banco do que a um diretor de acampamento.

Assim que a viu, Sasuke levantou-se,atrapalhando-se todo com os papéis à sua frente.

− Srta. Haruno...

− Sr. Uchiha...

Ambos pareciam magnetizados pelo olhar um do outro.

− Sente-se, por favor! – Ele apontou uma cadeira, também de couro, à frente de sua mesa. – Creio que trouxe as referencias, não?

− Oh, sim, sim! – Sakura sentou-se na beirada da cadeira e colocou as folhas sobre a escrivaninha. Havia inventado novos endereços os quais escrevera em letra um pouco mais legível,contudo, ainda confusa. – Aqui estão, Sr. Uchiha. Mas há um outro assunto que gostaria de lhe falar. É sobre Akemi Hara.

− Ah! A menina Akemi...

Pelo visto a campista já era uma antiga conhecida do diretor, Sakura pensou, ajeitando-se na cadeira.

− É pena, mas acho que tenho um probleminha com a garota. – Disse cautelosamente, escolhendo as palavras. – Akemi não quer dormir perto da janela, mas ficou passeando pelo acampamento, ao chegar, e as outras escolheram seus beliches primeiro. Agora ela está se queixando. Pediu que eu marcasse uma entrevista com o senhor para discutirem o assunto. Ela... ela deu a entender que vai apoiá-la, Sr. Uchiha.

− Eu?...

− Na minha opinião, se fizer a vontade de Akemi, vai abrir um precedente que poderá causar problemas entre as outras meninas. – Sakura o interrompeu. – Penso que...

− Um momento, Srta. Haruno. Entendo sua preocupação, mas...

− Oh, ainda bem, Sr. Uchiha! Porque...

− Mas quero que saiba que a família de Akemi tem grande influencia aqui no acampamento. A mãe dela...

− Mas isso é protecionismo!

O diretor a fitou irritado.

− Nenhuma das outras meninas quis trocar de cama com ela?

− Eu sugeri às garotas, mas achei que não devia forçá-las...

− Não pensou em fazer algum tipo de acordo?

− É claro! Ofereci a Akemi para que colocasse o colchão dela no meu quarto, mas ela se recusou.

− Por que não insistiu?

− Bem, eu... Eu também achei que devia dizer a ela que costumo dormir com a janela aberta de vez em quando e... e...

− E...

− E agora Akemi teima em lhe falar pessoalmente, Sr. Uchiha.

Sasuke Uchiha bateu com os dois dedos na escrivaninha num gesto impaciente.

− Caso ainda não tenha notado, Srta. Haruno, Akemi é uma reclamadora por natureza.

Sakura arregalou os olhos,fingindo-se espantada.

− Não me diga!

Foi preciso um grande esforço para que Sasuke não risse da expressão cômica de Sakura. Não era a primeira vez que ela lhe dava vontade de rir nas horas mais impróprias. Embora, às vezes, o deixasse furioso também. Ah, aquela nova conselheira ainda lhe causaria inúmeros problemas... Por outro lado, não tinha a menor dúvida de que se sentia atraído por ela!

A verdade é que não deveria tê-la contratado. Provavelmente, agora, teria de passar o verão todo guerreando com seus sentimentos quando Havia tantos problemas mais sérios para resolver... Era preciso manter a cabeça fria em relação a Sakura, vê-la o menos possível, tratá-la a distância e esquecer qualquer atrativo da moça que lhe despertasse interesse.

− E então? – Sakura indagou interrompendo-lhe os pensamentos. – Posso mandar Akemi vir falar com você, ?

− De forma alguma!

− Não? – Sakura arregalou os olhos de novo.

− Foi o que eu disse. Não. Tenho trabalho demais para ficar perdendo tempo com coisas corriqueiras. Contorne a situação como achar melhor.

− Sim, senhor.

Sakura levantou-se satisfeita com o resultado da conversa, embora, achasse que teria sido bem mais agradável se Sasuke não se mostrasse tão sério o tempo todo. Por um instante, pensou que ele ia sorrir, mas não passara mesmo de uma impressão,pois em seguida o vira assumir aquele ar sisudo e compenetrado.

− Srta. Haruno! – Sasuke a chamou quando Sakura já estava perto da porta.

− Sim?

− Se este assunto não for resolvido logo serei forçado a cuidar dele pessoalmente. Amaya Hara, a mãe de Akemi, tem dado sua generosa contribuição para este acampamento há muitos anos.

E certamente teria poderes para colocar a cama da filha no meio do quarto, se assim o desejasse. Bem, de um jeito ou de outro, quem levaria a melhor seria sempre Akemi.