Crepúsculo não me pertence.

Olá! Essa fic faz parte do Projeto One-shot Oculta 4 em 1, onde autoras do fandom de Crepúsculo transformaram 4 imagens em uma One-shot. Confira as regras e todas as participantes na página bit (ponto) ly (barra) POSOffnet

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As imagens que usei de inspiração estão aqui: bit (ponto) ly (barra) POSO4em1

Obrigada Ana Pascuim, por me ajudar com história.


DANCING IN LOVE

UM. DOIS. TRÊS. VAI!

Quando Edward a viu pela primeira, teve a certeza de que havia encontrado a mulher mais linda do mundo. Isabella tinha os cabelos curtos e escuros presos em uma tiara e trajava roupas ridiculamente largas para o seu tamanho. Assim que Laurent passou a coreografia e todos começaram a se apresentar, o ruivo teve a certeza de que estava ferrado naquele momento. Observou com atenção a morena dançar com perfeição e sem nenhum erro. Parecia que havia treinado aqueles passos durante anos. Parecia leve.

Edward havia acabado de ganhar uma bolsa na renomada Escola de Dança Laurent Blanc. Seus problemas pessoais o fizeram quase desistir de aceitar essa oportunidade, mas sua mãe - e grande incentivadora - pegou o telefone e aceitou a bolsa por ele. Esme o fizera prometer que correria atrás de seus sonhos não importa o que acontecesse. E assim ele o fez.

— EDWARD! — Laurent chamou sua atenção. — Sua vez, vamos logo com isso.

Em um movimento rápido, Edward despertou do seu transe e se posicionou no meio do grupo de cinco pessoas, pronto para dançar a coreografia que o professor havia passado naquele dia. Bella já tinha dançado no grupo anterior ao dele e era por isso que estava perdido em seus pensamentos. Na verdade, Edward não parava de pensar em Isabella desde que a vira pela primeira vez. E eles ainda não haviam trocado nenhuma palavra.

Todos já estavam prontos para sair de lá ao fim de mais um dia de aula, mas Laurent bateu palmas, chamando a atenção para si.

— Atenção! Atenção! Quero fazer um comunicado. — gritou. — A cantora pop Tanya Denali procurou nossa companhia para fazer um concurso. Quero que vocês se dividam, pode ser em grupo, trio, dupla ou individual. O que vocês quiserem. A tarefa é fazer uma coreografia para o novo clipe dela. Apenas um grupo será escolhido. Vocês têm exatamente sete dias para pensar na apresentação.

Todos começaram a comemorar e conversar enquanto Laurent ainda tentava falar, o que o irritou um pouco.

— Silêncio! Ainda não terminei. — ele fez uma pausa, esperando os ânimos se acalmarem. — Além de coreografar e participar do clipe, vocês irão se apresentar nas premiações de divulgação da música, poderão ganhar um prêmio de vinte mil dólares e o melhor de tudo: ganharão uma bolsa de seis meses na renomada Volturi Academy em Nova York.

A turma toda sorria como se estivessem comemorando o Natal. Em lados opostos, amigos próximos de Edward e Bella aproximaram-se deles, pois todos ali sabiam que eles eram os mais fodas e tê-los em uma equipe seria como um passo para ser o vencedor. Professor Laurent, no entanto, já tinha planos para os dois e por isso tratou de chamá-los antes que fizessem ainda mais projetos e idealização para o casal.

— Isabella e Edward! Venham aqui! — Laurent chamou os dois no canto. — Vocês são os meus melhores alunos, quero os dois juntos. Saiam de qualquer grupo que já tenham entrado. Os dois. Juntos.

Laurent piscou o olho e saiu, deixando-os no mesmo lugar. Edward esfregou a cabeça com a mão direita e olhou para Isabella que também parecia não saber o que fazer.

— Então... O que faremos? — ele pergunta.

— Sinceramente? Nenhuma ideia. — ela ri. — Não estava esperando por isso, mas vamos lá.

— Pô, você vai fazer alguma coisa agora? Vai ter uma social lá em casa, tá afim? A gente pode aproveitar e fechar alguma coisa sobre o que nós vamos fazer.

— Claro, vou sim. — ela respondeu. — Você se mudou pro apartamento do Emmett há pouco tempo, né?

— Me mudei, sim. Sabe onde é?

— Sei. Minha amiga, Rose, tá afim dele. Já me levou a várias festas na casa dele. Posso levar ela?

— Claro. Quer uma carona pra lá?

— Vou com a Rose, obrigada. Te encontro lá.

— Até.

Edward chegou em casa e deu de cara com Emmett espalhado no sofá, usando apenas uma samba canção e jogando videogame.

— Cara, vai colocar uma roupa. — Edward reclamou. — Ninguém é obrigado a te ver de cueca pela casa. E daqui a pouco tem gente aí.

— Calminha Eddie, você nunca traz ninguém pra cá. A não ser que tenha resolvido parar de ser medroso e chamar a Bellinha pra sair.

— Já avisei pra não me chamar de Eddie. E outra, desde quando você é íntimo da Isabella pra chamar ela assim?

— Quando você virar homem e chamar ela pra um encontro, vai ser questão de tempo pra Bellinha me conhecer.

Edward revirou os olhos para a besteira que Emmett disse e resolveu mexer com o amigo. Ele bem sabia da queda que tinha pela bailarina Rosalie e não ia deixar a chance de brincar também.

— Sabe quem vem hoje pra cá? — o ruivo perguntou. — Isabella.

— Uhhhh, tomou coragem finalmente?

— Ainda não. Mas sabe quem vem com ela hoje? Rosalie. — ele informou. — Então acho melhor você tomar um belo banho e colocar uma roupa apresentável, porque do jeito que você tá, ela não vai nem olhar pra você.

xxx

Estava perto das oito horas quando o pessoal que Emmett convidou começou a chegar. Isabella ainda não tinha dado as caras e isso deixava Edward nervoso. Avistou Emm vindo em sua direção segurando duas garrafas de cerveja, que estendeu em sua direção.

— Cadê elas? Já estão vindo ou Bellinha desistiu de te encontrar?

— Vai se foder, Emmett, e elas acabaram de chegar.

Bella e Rosalie estavam paradas na porta sem saber o que fazer e Edward foi com Emmett encontrar as duas.

— Oi. Pensei que tinham desistido de vir. — Edward disse e olhou para a loira ao lado da morena. — Rosalie, certo?

— Ah, sim! Rose, esse é o Edward que eu falei pra você e o Emmett você já conhece. — Bella apresentou a amiga.

— Então Rose, acho que os dois tem muito o que conversar. O que acha de vir me ajudar a escolher algumas músicas?

— Claro, vamos lá.

— Vou pegar algo pra gente comer, quer uma cerveja? — Edward perguntou para Bella, que sorria discretamente vendo Emmett e sua amiga se afastarem e assentiu levemente, aceitando a bebida. — Se quiser, me espera lá no meu quarto enquanto pego as coisas e a gente começa a rascunhar nossa coreografia. É a segunda porta a esquerda.

Edward conseguiu pegar um pouco de nachos, uns pedaços de pizza e duas cervejas antes que acabasse tudo e foi para o quarto. Encontrou Bella analisando sua estante e viu que ela tinha um porta retrato em mãos — ele, Esme e Carlisle, seus pais, em sua última viagem.

— Consegui pegar algumas coisas pra comer antes que o pessoal detonasse tudo. Não sei se você come isso, mas acho que ninguém resiste a pizza né?

— Eu como de tudo, sem nenhuma frescura pra comida. — ela disse deixando a fotografia no lugar e indo pegar um pedaço de pizza. — Obrigada. Então...

— Então... — os dois falaram juntos. — Você primeiro.

— Laurent mandou a música por e-mail, você já escutou?

— Não tive tempo pra isso. Emmett me fez arrumar a casa pra festa. Não sei nem o porquê, eles vão deixar tudo zoneado depois mesmo.

Isabella riu.

— A música é ótima. Vim escutando no caminho com a Rosalie e ela ficou apaixonada.

— Pô, esse concurso veio em boa hora, tô precisando muito da grana.

— Dívidas?

— Meus pais. Preciso ajudar eles. — respondeu secamente. — Vou colocar a música pra gente escutar.

Edward rapidamente achou a música na sua caixa de entrada. Ignorou os e-mails de cobrança do hospital onde seu pai estava internado e colocou o som no máximo. A batida era uma mistura meio eletrônica, com hip hop e uns acordes de violino ao fundo. Diferente, mas bom. A cantora certamente estava amadurecendo e suas escolhas estavam indo para esse lado também.

Wow, isso é muito bom. E olha que não escuto muito pop, mas essa música com certeza entrará na minha playlist.

— Eu te disse que era boa mesmo. — ela disse pegando a cerveja em cima da mesa. — Mas hoje não vamos falar de concurso não, fala de você. Precisamos nos conhecer antes, ter uma intimidade. Vamos passar muito tempo juntos.

— Verdade. Mas não sei por onde começar. O que você quer saber de mim? — ele pegou a outra cerveja e se ajeitou na cama, encostando na cabeceira.

— Vou facilitar pra você e começar. — ela se ajeitou na cadeira, ficando a uma distância segura do ruivo. Ele era bonito até demais. — Meu nome é Isabella Swan, tenho vinte e dois anos, danço desde os meus seis anos quando minha mãe me colocou no balé forçadamente. Não gostei, mas fiz durante cinco anos, até que eu me apaixonei por outros estilos de dança e meti o pé do balé. Aos fins de semana dou aula para as crianças lá na escola de dança mesmo. E é isso. Agora você.

— Bom, não tenho muita coisa. Me chamo Edward Cullen, tenho vinte e cinco anos e danço desde os meus quinze anos. Escondi por muito tempo minha paixão porque meus amigos diziam que isso não era coisa de menino. Até que eu comecei a pegar mais mulheres por causa da dança. Ganhei uma bolsa na Escola de dança ano passado e estou aqui.

— E de tantos lugares pra escolher morar, você achou uma boa ideia dividir o apartamento com o Emmett?

— Fazer o que? Eu morava em outra cidade e aqui fica mais próximo do estúdio de dança. Ele é uma boa pessoa. Um tanto bagunceiro, mas eu quase não paro em casa mesmo.

— E seus pais? Vi a foto deles, parecem ser bem legais.

— Meus pais são muito legais. Infelizmente eles tiveram que ficar e não vieram comigo, mas eu vou visitá-los sempre que posso. Ultimamente tô indo mais do que o costume.

Os dois continuaram a jogar conversa fora. Edward ainda achava surreal ter Bella em seu quarto, mesmo que aquilo não significasse muita coisa. Isabella tentava não olhar muito para ele. A composição de olhos verdes com o ruivo do cabelo dava um contraste lindo nele. Ele chamou sua atenção desde que ela o vira pela primeira vez.

O papo foi interrompido por uma Rosalie querendo ir embora, pois a mesma tinha prova na faculdade no dia seguinte.

— Então, a gente se vê amanhã certo?

— Vou tentar chegar cedo pra pegar uma sala boa pra gente ensaiar. Eu tô no grupo de alunos, pega meu número lá se quiser falar comigo.

— Tá bom, Bella. Até amanhã.

Edward beijou o rosto de Isabella, que saiu do quarto vermelha. O ruivo aproveitou a noite livre e ligou para sua mãe. Nenhuma novidade, como todas as outras noites. No dia seguinte ele daria um jeito de vê-la. Nem viu quando sua bateria acabou e dormiu sem colocar o despertador para tocar.

1° DIA

Bella estava arrumando a sala que conseguiu reservar quando Edward chegou em um rompante, dando um susto nela. Primeiro dia de ensaio e ele já chegava atrasado.

— Ai, Edward, que susto merda! Pensei que não vinha mais.

— Desculpa, mas eu tive uma ideia e estava ansioso para falar com você.

— Fala logo que você já tá me deixando ansiosa.

— Eu passei a noite pensando no que a gente poderia fazer pra diferenciar dos demais. — Edward disse jogando sua mochila no canto da sala. — Eu escutei a música no repeat várias vezes e pensei em colocar outros dançarinos para compor nossa coreografia.

— Hummm, tô gostando, me conte mais.

— Como só a nossa turma vai participar, eu acho que não tem nenhum problema em chamar alunos de outras turmas para nos ajudar. E você me disse ontem que fez balé também né? A música tem umas partes com violino, o que acha de misturar balé com hip hop?

— Eu estou um pouco enferrujada em ficar na ponta dos pés, mas nada como uns bons ensaios para me deixar novinha em folha.

— No refrão, que é a parte mais forte da música, eu pensei que você poderia vir rodopiando em minha direção e quando chegasse perto... — ele disse segurando a cintura dela. Com a mão livre, pegou em sua coxa e a suspendeu. — eu encaixaria sua perna em meu quadril e pegaria você no colo. Nisso a gente poderia colocar um dançarino, pode ser o Alec, ele é alto e vai ser melhor, pegando você e te levando pra longe de mim.

Bella não percebeu que estava tão próxima de Edward até sentir a respiração dele batendo em seu nariz. A tensão estava lá, claro. Ele era muito bonito e Bella reconhecia isso. Os olhos verdes do ruivo vasculhavam o rosto dela a procura de qualquer resposta.

— Er... Edward... — Bella se afastou, desvencilhando seu corpo do dele. — Estou vendo que você tá bem animado, mas vamos em partes. Isso que você falou, é muito bom, podemos encaixar e lapidar melhor. Já os dançarinos, você pode fazer isso?

— Não só posso, como já até dei uma sondada lá nas outras turmas. Mais tarde vou fazer uma seleção. E o que vamos fazer hoje?

— Estava pensando em fazer alguns exercícios de confiança, experimentar alguns passos. Eu nunca dancei em dupla, vai ser mais difícil confiar que você não vai me deixar cair.

— Eu não vou te deixar cair, Bella. Pode ter certeza disso.

Os dois se entreolharam longamente até que Bella quebrou o contato, sentando-se no chão. Pegou o caderno de sua mochila e chamou Edward para poderem roteirizar a coreografia.

— E se você entrasse primeiro, fizesse uns passos com as meninas e depois eu entrava dançando com os meninos?

— Não, muito machista. Tem homem que dança balé e mulher, hip hop. Acho que como são dez dançarinos, cinco entram comigo e cinco contigo. Eles escolhem o que se sentirem mais à vontade.

— Claro. E como você não tá acostumada a dançar em dupla, podemos fazer a maioria dos passos separados, mas eventualmente eu vou ter que te pegar no colo.

— Eu acho que do meio para o final da música, os dançarinos podem sair e deixar só a gente dançando. A batida tem uma pegada sensual, não podemos dançar separados durante todo o tempo.

— Tive um ideia. Levanta!

Edward levantou-se tão rapidamente que o único pensamento de Bella foi em guardar as coisas espalhadas na mochila e se levantar também.

— Já viu Dirty Dancing, né?

— Claro que já.

— Então, finja que eu sou o Johnny e pule em mim. Vou te levantar igual ele levanta a Baby. Se quiser posso até colocar The Time of my Life pra tocar.

— Não acho isso necessário, a gente vai acabar se machucando antes mesmo de começar a ensaiar.

— Ué, não foi você quem disse pra fazermos exercícios de confiança? Então Bella, confia em mim.

E pelos próximos minutos Bella e Edward tentaram refazer a cena de Johnny e Baby, porém cada vez que a morena chegava perto de Edward, ela amarelava e não pulava. E quando conseguia, Edward caía junto com ela.

Os dois também ensaiaram alguns passos e acertaram detalhes da coreografia. O ensaio só acabou mais cedo porque Edward ainda precisava recrutar os dançarinos para os acompanhar.

Naquele dia, Edward sentiu esperançoso pela primeira vez depois de muito tempo. Bella o fazia se sentir muito bem e durante o tempo em que passou com ela, ele não lembrou dos problemas que carregava.

2° DIA

— Você acha que isso vai dar certo? Não acha esses passos muito arriscados pra gente fazer em apenas sete dias?

— Bella, relaxa. O Laurent mesmo disse que nós somos os melhores alunos dele, certo? Então confia.

Os dois tinham passado a parte da manhã toda ensaiando e agora, depois de almoçarem, dividiam um copo de milk shake. Bella alegou que estava estressada e para não descontar em Edward, precisava de um doce.

— O que deu em você ontem e hoje pra chegar atrasado? Você mora tão perto daqui...

— Eu... Perdi a hora. — Edward respondeu e Bella percebeu na hora que haviam coisas que ele não estava contando. — Mas voltando ao assunto, eu já prestei atenção em você dançando e você é boa pra caralho, não tem motivo pra essa insegurança boba.

— Não é insegurança. — Bella falou e pegou Edward de surpresa quando deitou a cabeça no ombro dele. — É só que é uma oportunidade única, sabe? Mesmo que não seja o estilo de música que eu escuto, a Tanya Denali é uma das maiores cantoras da atualidade. Vai trazer uma baita visibilidade tanto pra mim quanto pra você e para o pessoal que aceitou dançar com a gente.

— Isabella Swan, olha pra mim. — Edward disse, segurando o rosto redondo de Bella. — Você é foda! Eu tenho prestado atenção em você há algum tempo e não posso dizer um ponto positivo em você porque não tem só um. Você é linda, inteligente, engraçada, sarcástica e dança bem pra caralho.

— Nossa, quer dizer então que eu tenho um admirador?

— Vamos dizer que eu tenho olhado mais para você nas últimas semanas do que normalmente.

— Entendi. E isso quer dizer o que, Edward? Tá apaixonado por mim?

— Ainda não. Mas eu tenho certeza que vai ser impossível não se apaixonar por você até o final desses ensaios.

Bella mudou rapidamente de assunto. Ela já havia reparado nele em outras aulas, mas nunca teve coragem de se aproximar do ruivo e vendo ele ali, sendo tão direto num claro interesse, a fazia ficar apreensiva. Eles estavam ali a trabalho e ela não sabia se misturar as coisas daria certo.

Resolveu entrar num tópico longe de assuntos pessoais. Ficar mais segura e sem sentimentos envolvidos seria melhor para ambos.

— Alguém se inscreveu para dançar com a gente? — ela perguntou. A ideia tinha sido dele então deixou-o resolver o recrutamento dos dançarinos enquanto ela pensava em outros detalhes.

— Sim. Já escolhi os melhores para nos acompanhar, temos um total de dez. Depois vou fazer um grupo pra gente poder se comunicar. E a coreografia, pensou em mais alguma coisa?

— Nossa dança já está praticamente pronta. A música é bem fácil de dançar, não tem muitos segredos. Acho que a ideia de colocar os passos de balé na parte do violino foi uma boa sacada, só precisamos lapidar. — ela disse pensativa. — Os dançarinos chegam que horas?

— Marquei com eles depois do almoço, já quer ir pra lá?

— Pode ser.

Mike, Jacob, Paul, Seth e James formavam o grupo dos homens escolhidos, enquanto Victoria, Alice, Jane, Leah e Angela formavam o time feminino. Todos eles já estavam a espera quando Edward e Bella chegaram para ensaiar. Fizeram uma apresentação rápida e já partiram para o ensaio.

Ao final do dia, o grupo todo estava exausto e suado. O casal conseguiu passar com maestria toda a coreografia e eles pegaram de primeira. Fizeram a dança completa duas vezes naquele dia. Estava quase perfeito. Os dançarinos estavam perfeitos, muito bem afiados. Edward e ela, porém, ainda não estavam em completa sintonia. Isabella dispensou então os dançarinos e pediu para Edward que ele continuasse ensaiando com ela.

— Bella, você precisa parar de ter medo quando eu te pegar no colo. Você quer mudar esse passo? Podemos te colocar mais pra baixo, sei lá...

— Se eu te colocasse a dois metros do chão você também sentiria medo, mas fica tranquilo. Eu só preciso descansar um pouco e amanhã a gente consegue acertar esses saltos.

— Tudo bem, até amanhã.

Edward se despediu de Bella com um beijo em na testa, mas ele queria mesmo era dar a ela um beijo de verdade.

Ficar ensaiando e tocando-a o dia todo não estava fazendo bem para sua sanidade mental. E parecia que após dizer que seria impossível não se apaixonar por ela, Bella traçou uma barreira que ele não conseguia ultrapassar.

Mas o plano que ele tinha traçado para o dia seguinte iria fazer ela mudar de ideia. Já tinha tudo planejado. O local seria perfeito e Edward estava mais que ansioso para chegar logo.

3° DIA

— Bella, não tá dando certo. — Edward reclamou. — Você tá tensa, se treme toda quando eu te coloco no alto. Você tá com medo. Seu corpo não tá 100% entregue pra mim.

— Eu estou me entregando de corpo e alma pra isso aqui. Talvez se você colocasse a sua alma nesse projeto, eu ficaria mais segura com você, mas desse jeito é impossível. — Bella suspirou e olhou pra ele. — Você chega atrasado e sai mais cedo em todos os ensaios. O seu corpo está aqui porque eu consigo sentir ele, mas sua cabeça não tá. Seus passos são automáticos e ensaiados. Tudo perfeito. Eu não quero isso. Eu quero que você sinta, quero que você queira isso aqui tanto quanto eu.

— Bella...

— Não Edward, sem "mas". Ou você tá nessa comigo ou não tá.

— Vamos fazer o seguinte? — Edward propôs depois de um tempo. — Eu quero que você vá a um lugar comigo. Agora.

— Mas Edward, nosso ensaio...

— Sem "mas" Bella. Nosso ensaio vai ser transferido para outro lugar. Um lugar que você vai ter que confiar em mim. Pode ser?

— Se eu aceitar ir contigo, você vai confiar em mim e compartilhar o que está acontecendo? — Isabella contrapôs, mesmo sabendo que Edward poderia negar, e se surpreendeu com a resposta.

— Sim. Te prometo isso.

— Então vamos lá, Eddie.

xxx

Edward a levou para o Roller World, uma casa temática e retrô com uma vibe meio anos 70 e 80. O diferencial dela era a pista de patinação. E era ali que o ruivo viu uma oportunidade de levar sua parceira de dança a confiar nele.

— E aí, vamos? — ele disse a observando. — Pela sua cara acho que te assustei um pouco.

— Edward, se a gente já tá quase caindo ensaiando normalmente, você acha que isso é uma boa ideia? A gente vai acabar quebrando um braço, no mínimo.

Isso vai fazer você confiar que eu não vou te deixar cair em hipótese nenhuma. Você precisa ter segurança das minhas mãos em você. Eu não vou te deixar cair.

— Ok. Me conta porque você chega atrasado em todos os ensaios e eu entro na pista contigo.

— Meu pai tá internado. — ele respondeu na lata. — Vou pegar os patins, qual seu número? 36?

— 35. — Bella respondeu. — É só isso? Não tem uma explicação melhor?

— Não. Eu passo a noite no hospital revezando com a minha mãe e de manhã eu vou ensaiar, mas antes passo em casa pra tomar um banho. — ele explicou melhor, mas não olhou nos olhos de Bella. — Vai guardar sua mochila no armário enquanto pego os patins.

Bella ainda ficou parada sem saber o que fazer enquanto assistia Edward se afastar para pegar os patins. Ela não sabia que era algo tão sério assim e se sentiu culpada por pressioná-lo dessa forma. Ele ficava tão avoado enquanto estavam ensaiando. Ela deveria saber que era algo mais além do que parecia.

— Desculpa. Eu não sabia. — Bella disse assim que ele se sentou ao seu lado para colocar os patins. — De verdade Edward, me perdoa. Eu não deveria ter insistido nisso.

— Você tem razão. Eu deveria me empenhar mais. É a chance da sua vida esse concurso. Se você não ganhar por minha causa eu nunca vou me perdoar.

— É a nossa chance, Edward.

— Deveria ser a minha chance também, mas não vou pra Nova York e deixar minha mãe lidando com as coisas aqui sozinha. Você vai, eu não. — ele terminou de colocar os patins e levantou. — Vamos entrar?

Bella se levantou ainda meio aérea, mas resolveu cumprir o que prometeu. Nos primeiro dez minutos, a morena ainda estava meio incerta do que fazer, mas foi criando confiança e já conseguia andar sem segurar no corrimão que tinha ao redor de toda a pista. Edward não saía de seu lado e estava sempre com a mão segurando a de Bella.

— Bella, agora eu quero que você vá ao outro lado e tente dar impulso para eu te pegar, pode ser?

— Você só pode estar louco. A gente vai acabar se machucando sério, daí não vai nem eu e nem você pra Nova York.

— Mais uma vez, confia em mim. — ele pediu indo com ela para o canto oposto da pista e deixando-a lá, enquanto voltava para o centro. — Vem! Confia em mim.

— Há quanto tempo? — ela perguntou de repente.

— O quê?

— Há quanto tempo ele está internado? Como é nome deles? Dos seus pais?

— Esme e Carlisle. — ele respondeu com sinceridade. — Ele está há dois meses no hospital.

Conseguindo sua resposta, Bella suspirou e começou a andar. Ela não tinha tanta certeza de que Edward iria conseguir pegá-la, mas resolveu confiar mesmo assim. O ruivo observou sua parceira vir em sua direção com receio e a medida que ela pegava velocidade, mais seus olhos castanhos mostravam temor. Isabella apoiou as duas mãos nos ombros de Edward e deu um impulso. Edward a levantou pela cintura, segurando-a firmemente enquanto ela enrolava as pernas no quadril dele.

Bella sentia a tensão percorrer seu corpo à medida em que Edward apertava sua cintura fina. Entorpecida, a morena arrastou suas mãos dos ombros para a nuca do parceiro à sua frente, deixando-se levar pela atração que sentiam desde o primeiro dia.

— Eu confio em você. — Isabella disse com sinceridade. — Eu confio em você, Edward.

— Eu quero beijar você. — Edward declarou, com olhos grudados na boca perto da sua.

Por estar no meio da tarde, o local não estava cheio. Só tinha um grupo de adolescentes alheios ao pequeno show que eles estavam dando.

Isabella desceu do colo de Edward e entrelaçou seus dedos nos fios cobre, puxando a cabeça dele em sua direção. Ambos sempre foram bem resolvidos em suas vidas, mas naquela hora a incerteza os atingia.

Será que valeria a pena se envolverem numa situação tão complicada?, pensaram.

Chutando o balde, o ruivo diminuiu a distância e deu um selinho na morena, analisando qual seria sua reação. Bella mordiscou o lábio inferior de Edward, que gemeu baixo e aprofundou o beijo, encontrando a língua dela. Ele envolveu os braços ao redor da cintura dela e puxou-a para mais perto. E, quando menos esperavam, os dois se desequilibraram e caíram no meio da pista, com Bella em cima de Edward.

— Nossa, acho que nunca me senti derrotado depois de um beijo.

— Deixa de ser bobo. — Bella disse rolando para o lado e começando a tirar os patins. — Já podemos ir? Tô cansada de tanto ficar andando pra lá e pra cá. E eu já demonstrei o suficiente que confio em você, não é?

xxx

— Você mora aqui? — Edward perguntou assim que parou o carro em frente a casa de Bella. — Sério?

— Sim, por quê?

O ruivo olhou novamente para o local à sua frente. Um prédio todo iluminado, com um pequeno bistrô no andar de baixo e escadas de ferro na parte externa, que davam acesso aos apartamentos, parecendo uma locação de filme.

— Nada. Só achei bonitinho sua casa.

Bonitinho, Edward? Você tá zuando com a minha cara? — Bella tirou o cinto de segurança e se virou para Edward. — Mas é bonitinho mesmo, foi Rose que achou esse lugar. É bom e barato. E ainda é perto do estúdio de dança.

— Você divide o apartamento com a Rosalie?

— Mais ou menos. Ela mora no apê ao lado do meu, mas a gente vive na casa uma da outra. — ela respondeu. — Tô morrendo de fome, quer subir pra comer alguma coisa?

— Obrigado, mas eu preciso passar em outro lugar. Deixa para outro dia, pode ser?

— Claro, sem problemas. Até amanhã!

Isabella se aproximou do ruivo, dando um beijo casto nos lábios dele e saindo do carro em seguida. Edward, ao contrário do que ela imaginava, adoraria jantar com ela, conhecer mais da garota que estava interessado há semanas, mas infelizmente o momento não era o mais apropriado. Resignado, Edward religou seu carro e dirigiu em direção ao hospital em que seu pai estava internado com o objetivo de revezar com sua mãe durante a noite. Ele só rezava para que nada pudesse atrapalhar ainda mais seus possíveis encontros com Bella.

4° DIA

O dia amanheceu nublado.

Naquela manhã, Edward havia sido expulso do quarto do seu pai, pois ele havia apresentado uma piora em seu quadro clínico. Esperou sua mãe chegar ao hospital para os dois terem uma conversa franca com o médico. Seu pai não estava bem e ele não via uma saída boa para ele.

Já Bella amanheceu com saudade de casa. Do seus pais Charlie e Renée, mas principalmente da sua avó, Marie. Naquele dia, completava três anos do aniversário de sua morte.

Como todo ano nesse mesmo dia, Isabella acordou cedo, colocou a roupa mais colorida que tinha em seu guarda-roupa, vasculhou a caixa de lembranças de sua avó e tirou de lá um walkman e uma fita. Saiu de casa após terminar de se arrumar e no caminho comprou um buquê de flores.

O cemitério ficava a uma hora de sua casa. E por este motivo, mandou uma mensagem para Edward avisando que se atrasaria um pouco e pediu para ele avisar aos outros dançarinos. O ruivo visualizou a mensagem mas não respondeu. Ele não tinha cabeça para isso, muito menos para dançar naquele dia, mas sua mãe, Esme, disse que ficaria ali com Carlisle e qualquer coisa ligaria para ele.

Não muito longe do hospital, Bella depositava as flores no túmulo de sua avó e ajoelhada, começou a conversar com ela.

— Oi vózinha, sou eu de novo. Lembra de mim? Sabia que a mamãe voltou pra Forks? Depois que a senhora morreu, mamãe ficou por Forks um tempo cuidado de Charlie, já falei pra senhora né, mas esse ano acho que eles se deram conta de que nunca deveriam ter se separado. Agora tão aí, namorando igual dois adolescentes de novo. — Bella disse rindo e lembrando de seus pais. O dia que eles anunciaram que estavam namorando foi o mais engraçado. Estavam tão nervosos. — Já sei que a senhora perguntaria pra mim "E os namoradinhos, minha neta?" Os namoradinhos, minha avó, estão bem longe de mim. Eles só fogem, acredita? Mas tem um, Dona Marie, que talvez tenha um potencial futuro. Ele é lindo, sabia? Dança bem também. A senhora ia amar ele. Mas enfim, agora preciso ir porque ele já deve estar me esperando pra ensaiar. Eu te amo!

Bella se levantou e colocou novamente os fones no ouvido, reiniciando a trilha sonora do filme favorito de sua avó no qual elas sempre se reuniam para ver e fofocar sobre como o Richard Gere era um pão quando mais novo. A morena riu e foi com essa lembrança que ela caminhou para longe dali e em direção ao seu ensaio.

xxx

Quando Bella chegou ao estúdio estranhou encontrar seus dançarinos aguardando em frente a porta fechada.

— O que aconteceu? Edward não chegou? Não avisou vocês?

— A gente mandou mensagem pra vocês dois, mas ninguém respondeu. — respondeu Mike.

— Eu até consegui falar com o Edward, mas ele foi super grosso comigo e mandou a gente esperar que uma hora ele chegaria. — Angela acrescentou.

— Sério, me desculpem. Eu pedi pra ele avisar que chegaria atrasada, mas vamos entrar. Desculpem, de verdade.

Bella passou as duas horas do restante da manhã ensaiando arduamente com seus companheiros. Afinal, faltava apenas três dias para o grande dia. Na hora do almoço, Isabella liberou os dançarinos para almoçarem e enquanto arrumava as coisas para sair também, Edward chegou.

— Bella...

— Não Edward, não! — Bella negou antes de escutar qualquer explicação dele. — A gente conversou ontem. Ontem! Você se abriu pra mim e pensei que tivesse tudo certo entre a gente. Hoje eu acordei triste pra cacete e só precisava de você aqui.

— Eu sei, Bella. Não tenho nem desculpas suficiente pra isso. Posso te prometer que não vai mais acontecer.

— Eu não quero que você prometa nada que não vá cumprir. Vamos só fazer nosso trabalho aqui, ensaiar e dar tudo de si para ganhar.

Bella pegou suas coisas e tentou passar por ele, mas foi barrada por seu braço em sua cintura. Edward abraçou Bella e ali se deixou levar. Lágrimas escaparam de seus olhos involuntariamente, molhando o ombro de sua parceira. A morena não conseguiu sair dali, apenas o abraçou e sussurrou palavras de conforto.

— O que houve, Edward?

— Meu pai, Bella. Ele teve uma piora essa noite, estão cogitando que ele pode não sair dessa.

— Você podia ter me contado isso. Eu não sou apenas sua parceira de dança, pode confiar em mim como uma amiga. Tenta compartilhar as coisas com alguém, não vai ficar mais fácil pra você, mas vai ajudar bastante.

— Eu sei que as coisas não são fáceis, mas ninguém me disse que seria tão difícil. — ele se lamentou. — Às vezes eu só tenho vontade de pegar o carro e dirigir por aí mesmo não tendo pra onde ir.

— Há sempre um lugar aonde ir, Edward. É só seguir seu coração. — ela diz passando a mão por seu rosto, levando as lágrimas embora. Percebeu as olheiras abaixo de seus olhos, imaginando que ele ficou a noite inteira acordado. — Imagino que você ainda não dormiu e nem comeu nada né? Eu estava indo comer, quer ir comigo?

— Vamos, claro.

Os dois optaram por comer num bistrô que tinha ao lado do estúdio. Sentaram lado a lado e dividiram uma pizza de quatro queijos, a favorita de Bella.

— Bella, você se importa se eu for pra casa hoje? Fiquei acordado durante a noite toda e tô cansado pra caralho.

— Sem problema, Edward, pode ir. Eu dou conta do ensaio de hoje. Mas fica bem, tá? E se precisar, pode me ligar. — Bella disse e apertou a mão de Edward sobre a mesa.

Edward se inclinou lentamente em direção a Bella, fazendo-a sentir a respiração quente perto de seu rosto. Isabella ansiava por um beijo dele desde que se encontraram, mas não sabia a que pé estavam. Bella não se aguentou e inclinou-se para frente, pegando o ruivo de surpresa e colando seus lábios ao dele.

— Você é maravilhosa. Desculpe por te deixar na mão hoje, mas eu não dormi nada a noite inteira. — ele disse suspirando assim que se separaram. — Prometo que amanhã fico o dia inteiro colado em você. Tão colado que você enjoar de mim.

— Para de graça! Agora vai embora que tô vendo você cair em cima de mim a qualquer momento.

Bella observou Edward caminhar cabisbaixo e sentiu seu coração apertar. Seu dia não havia começado e muito menos terminado bem. Mas naquele momento, a angústia pegava muito mais. Ela estava com um pressentimento apertando seu peito e só rezava para que não fosse uma coisa ruim. Seria mais um baque na vida de Edward caso ocorresse mais alguma coisa em sua vida.

5° DIA

Edward chegou cedo naquele dia, para a alegria de Bella. A promessa que ele havia feito estava de pé e iria passar o dia todo grudado que nem um carrapato nela.

Desta vez a atrasada ela era, já que o ruivo já havia aquecido e estava repassando a coreografia para os dançarinos. Todos já estavam bem afiados e os passos gravados. Agora em diante seria apenas detalhes.

— Bom dia, pessoal! Tô gostando de ver, hein. — Bella disse deixando as coisas no canto da sala e se alongando. — Edward, posso falar com você?

— Claro Bella, o que houve? — ele perguntou se aproximando e dando-lhe um selinho rápido.

— Tá tudo bem? Conseguiu descansar?

— Sim, dormi o dia inteiro. Como eu disse ontem, vou passar o dia todo grudado em você.

— Eu não quero te prender aqui, Edward. Se você precisar ir ao hospital, pode ir.

— Relaxa, Swan. — ele disse. — Tá tudo certo.

— Ok. — Bella assentiu e resolveu chamar o grupo para fazer algo diferente. — Pessoal, cheguem mais perto! Sei que cada um de vocês segue um segmento na dança e por isso, queríamos conversar mais com vocês hoje. Creio que todos estão muito bem ensaiados e acho que precisamos desse tempinho pra nos conhecermos melhor. O que vocês acham?

O grupo todo comemorou e todos se sentaram numa grande roda. Durante toda parte da manhã e boa parte da tarde, Edward, Bella e os outros dez dançarinos se dividiram entre dançar, contar seus medos e brincar uns com os outros.

Por terem encerrado os ensaios mais cedo, Bella dispensou todos e aproveitou para marcar de sair com Rosalie e botar o papo em dia. O dia anterior ainda estava martelando em sua cabeça, tanto sobre sua avó quanto o assunto "Edward", que ainda não havia sido conversado com sua melhor amiga. Edward resolveu ir pra casa, ver se ainda estava inteira ou se Emmett já tinha destruído.

— Pensei que você não viesse mais. Já estava quase te ligando para saber do seu paradeiro. — Rose declarou assim que Bella chegou ao restaurante. — Que carinha é essa?

— Ai amiga, em cinco dias aconteceu tanta coisa, mas tanta coisa, que não sei nem por onde começar.

— Que tal começar pelo Edward? Vocês tão se entendendo?

— Acho que sim. A gente se beijou anteontem, ontem, hoje... — Bella sorriu sem graça. — Mas ele tá com uns problemas pessoais, se abriu comigo, mas eu sinto que ele não está sendo cem por cento sincero. Tô com um sentimento ruim, sabe?

— Emmett me disse que ele quase não fica em casa e que só dá uma passada lá pela manhã, troca de roupa e sai de novo.

— Você sabe que eu já achava ele interessante antes disso tudo, mas conhecer ele agora tá sendo bem diferente. Edward é fechado demais. Eu tenho vontade de contar sobre a minha vida toda pra ele, mas ele não dá abertura. Não sei o que eu faço.

— Tenta focar só nesse concurso, tá faltando pouco. E quando ganharem, vocês sentam, conversam e colocam os pingos nos i's. E depois é só curtir os seis meses morando em Nova York.

— Vamos pedir? Tô morrendo de fome e tô louca pra pedir o carbonara daqui.

Bella e Rose comeram em silêncio e de vez em quando faziam comentários sobre assuntos aleatórios. A morena mostrou alguns vídeos dos ensaios e a loira parabenizou a coreografia. Rosalie estava ansiosa pra ver a apresentação toda. Sabia que a amiga ia arrasar.

— E o Emmett, hein? Tá rolando algo que eu não tô sabendo?

— Nada demais. Estamos nos conhecendo, mas ele é muito mulherengo amiga, não dá pra mim.

— Sabe que ele é bem afim de você também né? É bem capaz de vocês darem mais certo do que eu com o Edward.

— Mudando de assunto... O que foi que houve ontem que você chegou toda murchinha em casa e não quis nem falar comigo?

— Ah, é que ontem fez três anos que minha avó morreu. Eu sempre acordo feliz, porque ela me fez prometer isso, mas vai passando o dia, a saudade vai aumentando sabe? E ontem eu tive uma pequena DR com o Edward, aí cheguei exausta em casa.

— Abriu a caixa de pandora? Sempre que você abre aquilo lá, fica triste durante dias.

— Abri e continua aberta lá em casa. Esses dias eu tô tão atarefada que não consigo ter tempo pra ficar triste. Tá foda. — Bella gostava de chamar o objeto de caixa de lembranças, mas sua amiga apelidou de caixa de pandora, já que sempre ficava acabada toda vez que abria. — Ontem passei o dia inteiro escutando as fitas dela. Sinto tanta falta, tenho medo de um dia esquecer ela.

— Você não vai esquecer dela, Bella. Ela te deixou cheia de lembranças justamente pra isso.

— Enfim... Vai ensaiar hoje ainda?

— Na verdade, eu vou pra casa do Emmett. Passar a noite lá, se importa?

— Aff, claro que não! Alguém tem que ser feliz nessa amizade. Só toma cuidado com os barulhos porque Edward falou que ia pra lá hoje.

— Idiota. A gente só vai ver um filme.

— Sei. Eu vou pra casa me afogar mais um pouco na minha desgraça e depois fechar a caixa de pandora.

xxx

Bella estava distraída com seu walkman, escutando pela milésima vez a fita que sua avó gravara contando histórias divertidas de sua infância, quando seu celular piscou, revelando três mensagens não lidas na tela.

EDWARD

Oi Bella, você tá em casa?

EDWARD

Tô vendo a luz acesa, mas ninguém atende a porta.

EDWARD

Tá chateada comigo? Se quiser, eu posso ir embora.

Bella virou seu rosto em direção a porta e viu a sombra por debaixo dela. Tateou o botão pause do walkman e guardou as coisas dentro da caixa, deixando-a em cima da mesa de centro. Não dava tempo de colocar uma roupa mais apresentável e nem passar uma base pra disfarçar sua cara de choro, então foi assim mesmo.

— Oi. — ela cumprimentou ofegante. — Eu tava com fones, não escutei você batendo.

— Eu trouxe comida, uma chantagem clara pra você poder me desculpar por ontem.

— Não precisava, eu disse que te desculpava por chegar atrasado, mas entra.

— Não é por isso. Ontem eu chorei no teu ombro por causa dos meus problemas e nem perguntei o motivo de você ter acordado triste. Me desculpa por isso. E aparentemente você estava chorando. Quer me contar o que houve?

— É só que ontem fez três anos que minha avó morreu e eu era muito ligada nela. Agora mesmo estava escutando ela contando uma história minha de quando eu era criança.

— Ela gravou áudios pra você?

— Não. Minha avó não sabia mexer em celular, computador e nem nada disso. Ela gravou quinze fitas e me deu um walkman para escutar elas.

— Por que você não converte e passa essas gravações pro seu celular?

— Acho que vai perder a magia, foi assim que ela quis que eu escutasse. Eu vou fazer o que ela pediu.

— Entendi. E qual é a história que você estava escutando?

Bella se animou e começou a contar da vez que acordou de madrugada quando tinha sete anos, subiu na cadeira da cozinha, pegou o pote de biscoitos, levou pra sala e comeu tudo enquanto via Padrinhos Mágicos. No dia seguinte ela não conseguia dormir de jeito nenhum de tanto açúcar que havia comido.

— Jesus Bella, então você era encapetada desde pequena.

— Hoje eu tô um pouquinho melhor, mas ainda continuo me metendo em confusão de vez em quando.

— Eu trouxe um doce pra você comer e uma garrafa de vinho. Vir pra cá também foi uma desculpa pra não ter que ficar ouvindo sua amiga e Emmett fazendo certos tipos de barulhos.

— Eu avisei pra ela tomar cuidado já que você estaria em casa, mas quem disse que ela me escuta? Vou pegar o vinho pra gente, já volto.

Bella aproveitou que Edward estava distraído na sala e deu um pulo no quarto para verificar sua aparência. Aproveitou para prender o cabelo e no caminho de volta, passou na sala e pegou o vinho e as taças.

O que era pra ser apenas uma taça de vinho acabou evoluindo e três taças e um cheesecake depois, os beijos que começaram lentos logo se tornaram fugazes.

Suas bocas se encaixaram e Edward gemeu quando sua língua fez contato com a de Bella. As mãos de ambos se atrapalhavam a cada toque. Por mais que ele quisesse muito aquilo, o ruivo diminuiu a intensidade dos beijos até parar para ter certeza de que Bella estava na mesma página que ele.

— Bella? — ele a chamou em um sussurro. — Você tem certeza? Não quero que pense que vim aqui só pra isso...

— Sim, eu sei. — Bella respondeu beijando o pescoço de Edward, parando sua boca próxima ao ouvido dele para sussurrar: — E eu tenho certeza.

Edward sorriu e subiu sua mão direita até alcançar a nuca de Isabella enquanto o braço esquerdo agarrou sua cintura, puxando-a para si. Em contrapartida, Bella percebeu que teve autorização para explorar todo o corpo do ruivo como bem entendesse. E foi isso que ela fez.

Isabella percorreu com as mãos os ombros e peito de Edward sobre a camisa branca. Ela sabia aonde tudo aquilo iria parar. Queria tentar desacelerar aquela pegação e ir mais devagar no que eles estavam construindo, mas seu corpo sentia falta demais daquele tipo de contato físico.

Roupas foram jogadas ali mesmo pela sala e os dois se amaram como se nunca mais fossem se ver. O desejo de ambos era aproveitar durante a madrugada inteira, mas o futuro deles era incerto, chamando a atenção deles para algo que iria mudar tudo.

As respirações ofegantes foram se acalmando lentamente. Os dois se desvencilharam e assim que Bella se ajeitou sobre o peito de Edward, o telefone dele tocou, fazendo-os pularem de susto.

— Alô?

Edward, precisamos de você no hospital.

6° DIA

Edward havia sumido. Bella sabia que ele não apareceria após esperá-lo durante uma hora. Mesmo que seus sentimentos lhe dissessem que tinha acontecido alguma coisa muito grave para ele não aparecer, Isabella não conseguia esconder sua raiva.

Bella estava puta.

Muito.

Puta porque se deixou levar. Puta porque acreditou em Edward. Puta porque ele ia foder com a oportunidade da sua vida. Puta porque ela finalmente descobriu estar apaixonada pelo ruivo.

Isabella esperou mais uma, duas, três horas. Mandou cinco, dez, quinze mensagens, e só então que caiu sua ficha. Ele havia a abandonado. Literalmente. Ele nem teve a capacidade de dar uma desculpa.

Com um último suspiro, Bella se deu por vencida e levantou-se para ir embora. Respondeu algumas mensagens no grupo da dança e confirmou a apresentação do dia seguinte. Apagou as luzes e olhando para o escuro, pensou se o seu futuro com Edward seria tão incerto quanto o espetáculo marcado.

xxx

Bella acabou indo parar em frente a casa de Emmett e Edward, na esperança de encontrar o ruivo lá. Tocou a campainha três vezes, mas ninguém atendeu.

— Bella? — Emmett chegou quando ela se virou para ir embora. — Tá tudo bem?

— Edward apareceu aqui?

— Eu pensei que ele tivesse contigo. — Emmett suspirou. — Ele não apareceu aqui desde ontem.

Porra.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu que o seu amigo me deixou esperando por mais de três horas e não apareceu no ensaio. Aconteceu que o babaca do seu amigo me levou pra cama e me deu um bolo no dia seguinte. Não atende nenhuma ligação e nem responde nenhuma mensagem minha.

— Bella, eu não sei nem o que dizer...

— Não precisa falar nada, mas se ele aparecer por aqui, avisa a ele que não fui eu quem dificultei as coisas.

xxx

Edward estava tão afoito ao chegar no hospital que nem se quisesse iria lembrar do celular. A única coisa que passava pela cabeça dele era que seu pai poderia ter morrido e isso seria algo que o destruiria para sempre.

— Edward, querido! Que bom você chegou. — Esme disse assim que encontrou seu filho na recepção do hospital.

— Mãe, o que houve? Papai piorou? Me fala, por favor.

— Filho, seu pai acordou. O médico tá lá dentro fazendo algumas perguntas para ele, mas ele está lúcido. Lembrou de mim, perguntou de você. Ele tá bem, filho, seu pai tá bem.

Edward desabou ali mesmo, no chão, quase levando sua mãe junto. O ruivo se culpou tanto pelo acidente de seu pai que quando a notícia foi dada, ele só queria chorar abraçado a sua mãe.

Quando o médico chamou e permitiu a entrada deles na sala, Edward ficou com medo. Será que seu pai lembraria o que ocasionou o acidente?, ele pensou.

Dr. Caius avisou que aparentemente ele não havia apresentado nenhuma sequela, mas que ao longo do dia iria fazer exames mais completos para confirmar seu diagnóstico, e que se tudo desse certo, em breve ele sairia do hospital.

Edward abriu a porta do quarto e quando viu o sorriso que seu pai deu a ele, o alívio foi instantâneo. Carlisle o havia perdoado.

Não muito longe dali, Bella chorava copiosamente no colo de sua melhor amiga. Rosalie não sabia mais o que fazer. Isabella chorava há mais de duas horas, seu rosto já estava inchado e bastante vermelho e ela não havia comido nada.

— Bella, por favor, eu tenho certeza que ele vai aparecer amanhã e vocês dois irão dançar lindamente.

— Eu só queria uma mensagem, Rose. Uma mensagem e eu o deixava em paz. Ele não teve nem a capacidade de visualizar as mensagen. Isso é sacanagem.

— Eu sei, Bella, eu sei. Mas come alguma coisa, senão amanhã você vai acordar fraca e nem dançar você vai conseguir. Se você quiser eu faço a parte dele, tudo bem que não sou um gostosão igual a ele, mas acho que dou pro gasto.

Isabella conseguiu rir pela primeira vez no dia graças a sua amiga. Bella não sabia o que faria sem Rosalie. Resolveu levantar e comer alguma coisa. Rose estava certa, ela ainda precisaria dançar no dia seguinte e fazer greve de fome não seria algo responsável da parte dela. Ela ainda devia aquela apresentação aos seus companheiros de dança. Se Edward não se importava, ela sim iria dar tudo de si naquele concurso.

E foda-se o Edward!

DIA DA APRESENTAÇÃO

Aquele sábado amanheceu atipicamente quente, contrastando com o humor de Bella. Ela não havia dormido quase nada durante a noite e no tempo em que passou acordada, olhava quase sempre para o celular à procura de alguma resposta de Edward.

Nada.

Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nem mesmo as mensagens de Bella estavam visualizadas. As cinco últimas pareciam nem ter chegado para ele ainda.

O sol entrava entre as cortinas e batia em seu rosto. Rose estava em seu lado direito, passou a noite consolando a amiga e acabou dormindo por ali mesmo.

— Bom dia, Bells. Como você tá? — Rose falou assim que despertou, encontrando sua amiga mexendo no celular. — Nada ainda?

— Bom dia! Nada. — ela respondeu se alongando e levantando para começar a se arrumar. — Você vai comigo hoje?

— Com certeza. Vou passar lá em casa pra me arrumar e te encontro aqui em uma hora, pode ser?

— Ok, vai lá.

xxx

O caminho para o teatro onde iria acontecer o concurso foi feito em silêncio pelas amigas, apenas sendo quebrado pelo som ligado no carro.

— Você vai tirar de letra, Bella. Fica tranquila. — Rose disse tirando a mão do volante e apertando a mão esquerda de Bella.

Apesar do calor que fazia no dia, Bella se sentia fria. Sem esperanças nenhuma, a morena desceu do carro assim que chegaram e passou direto pelas pessoas que ali aguardavam. Seus companheiros de dança já estavam a espera e estranharam quando Isabella apareceu sozinha e com cara de choro.

— Oi pessoal. Sem enrolação. Edward não vai dançar mais conosco. Nossa coreografia permanecerá a mesma, eu vou me adaptar a falta dele na hora, espero que dê certo. Então vamos nos arrumar e se preparar para daqui a pouco.

Bella encontrou um canto na coxia e lá colocou suas coisas enquanto se preparava para sua apresentação. Eles seriam os últimos a se apresentar, então daria tempo para se arrumar com calma.

Diante de uma penteadeira, a morena terminava de se maquiar quando viu Edward através do espelho. Os dois ficaram se encararam durante um tempo até que Bella desviou o olhar e voltou a se arrumar.

— Bella...

— Qual vai ser a desculpa agora, Edward? Sinceramente, eu não quero saber...

— Eu vim pra dançar. E se quiser, eu gostaria de conversar com você.

— Eu não tenho nada pra falar mais, mas se você quiser dançar, é seu direito. Agora, é melhor ir se arrumar pra não atrasar.

Edward ainda queria falar mais alguma coisa, mas Bella voltou a ignorá-lo e começou a fazer seu cabelo. O ruivo foi para um outro canto começar a se arrumar enquanto alguns dos dançarinos paravam-no para saber se ele iria dançar com eles, sempre comemorando com a resposta positiva.

Não muito tempo depois, o casal e os dez dançarinos estavam de mãos dadas e prontos para entrar no palco.

— Agora a última e não menos importante apresentação... Com vocês, Isabella Swan e Edward Cullen.

Isabella lançou um olhar para Edward e assim que as primeiras batidas da música soaram pelo local, o casal entrou com seus dez dançarinos. A sincronia entre os dois era visível, assim como a tensão era palpável, mas isso só deixava a dança mais harmoniosa. Quem via de longe sabia que havia algo entre os dois jovens.

Os dançarinos que acompanhavam o belo casal também faziam seus passos perfeitamente.

A música chegou em seu ápice no refrão e o temor de Bella durante todos os ensaios passou. Edward a segurou como se não fosse soltá-la nunca mais. O ruivo a olhou com tanta adoração que Isabella se sentiu a mulher mais segura do mundo, não se importando de estar a dois metros do chão enquanto Edward a rodopiava.

Laurent, da plateia, assistia extasiado. Ele sabia que o ambos eram bons, mas juntos, eram inigualáveis. Tanya, ao seu lado, teve a certeza de que aqueles seriam os ganhadores.

Ao término, o casal agradeceu juntamente com seus outros dez parceiros de dança e foram pra coxia. Todos se abraçaram, inclusive Edward e Bella, que no calor da emoção se envolveram no calor dos braços um do outro.

Os primeiros dez minutos foram de tensão. A espera estava matando a todos. Por diversas vezes, Edward tentava se aproximar de Bella, mas ela sempre arranjava um jeito de puxar conversa com alguém.

O anúncio de quem havia ganhado o concurso foi feito nos bastidores. Tanya e sua equipe reuniu todos os participantes para fazer a grande revelação. Sem muitas surpresas, Isabella e Edward eram os ganhadores.

Bella não estava afim de muitas comemorações., então agradeceu a todos, aceitou algumas bajulações e foi embora não dando nem tempo de Edward puxar assunto com ela.

Rosalie estava saindo do teatro quando deu de cara com Edward andando de um lado para o outro, com as mãos no bolso.

— Ei Edward, tá tudo bem? — Rose disse parando próximo a ele.

— Bella... A Bella tá com você? Eu preciso falar com ela. Ela tá lá dentro ainda?

— A Bella já foi pra casa, Edward. Faz pouco tempo que ela saiu. Eu estava indo pra sua casa ficar com o Emmett, mas se você quiser, eu te deixo lá antes.

— Eu vim de carro, pode deixar. Obrigado Rosalie!

xxx

Bella voltava para casa andando quando deu de cara com Edward sentado no banco de madeira que havia no pátio. O ruivo aguardava a morena de cabeça baixa e não a viu chegar.

— O que você tá fazendo aqui? — Bella se aproximou de Edward.

— Bella, eu queria falar com você, te pedir desculpas, explicar o que aconteceu.

— Eu não quero saber Edward. Eu só te pedi uma coisa, uma coisa: ser sincero comigo. E você o que fez? Na primeira oportunidade, você sumiu sem me dar nenhuma explicação.

— Bella, senta aqui pra eu te explicar.

— Edward, melhor você ir embora...

— Meu pai sofreu um acidente há dois meses e ficou em coma. A culpa foi minha, eu pedi pra ele me pegar numa festa, mas ele acabou sofrendo um acidente. — Edward a silenciou com suas palavras. Bella esperava qualquer coisa, menos aquilo. — A última semana foi difícil, ele deu uma piorada, mas ele nos surpreendeu e na quinta-feira de madrugada acordou. Por isso que eu não queria ir para Nova York e deixar minha mãe sozinha aqui. Por isso que eu chegava atrasado em todos os ensaios. Por isso que eu não respondi suas mensagens. Minha bateria acabou, fiquei ocupado cuidando das documentações e porque eu senti vergonha, Bella. Vergonha porque eu escondi de você tudo isso.

— Por que você veio até aqui? Só pra me pedir desculpas? Se for só pelo meu perdão, você tá desculpado, pode seguir em frente.

— Eu vim aqui, Bella, porque depois dos meus pais, você se tornou a pessoa mais especial pra mim. — Edward esticou sua mão e puxou-a para sentar ao seu lado no banco. — Vim porque eu me apaixonei por você. Eu quero continuar nossa relação de onde a gente parou, sem mais mentiras, sem coisas escondidas. Eu quero namorar você. E quero ir para Nova York com você.

— Mas... E sua mãe? E seu pai? Eu não quero dificultar mais a sua vida, Edward.

— Você não dificulta, muito pelo contrário. Você trouxe luz para minha vida. — Edward respondeu. — O médico me garantiu que ele não tem sequelas, por algum milagre divino. E minha mãe me mataria se eu desistisse dessa oportunidade.

— Não minta mais pra mim e nem suma quando as coisas ficarem difíceis. Você me magoou muito.

— Eu sei, e eu nunca vou me perdoar por isso.

O sorriso de Bella finalmente apareceu e antes que ele pudesse fazer qualquer movimento, a morena avançou em seus lábios. As mãos de Edward agarraram sua cintura enquanto as pequenas mãos de Isabella se perderam no emaranhado de fios cobre. Quando o ar se fez necessário, Bella se afastou do homem à sua frente e olhou em seus olhos.

— Eu também estou apaixonada por você, Edward. E se você tava falando sério, eu topo namorar você.

— Claro que eu estou falando sério. — ele disse e sorriu diante de sua namorada. — Minha namorada.

— Meu namorado.

DOIS MESES DEPOIS

Isabella estava deitada com a cabeça nas pernas de Edward enquanto lia um livro. O ruivo cantarolava baixinho a música que haviam dançado na parte da manhã. De vez em quando ele abaixava e dava um beijo na testa, no nariz ou nos lábios da morena. Quase dois meses haviam se passado desde a mudança para Nova York e o relacionamento estava indo muito bem. Para poupar gastos, o casal resolveu morar juntos na temporada em que passariam na cidade.

O cheiro de comida atraiu a atenção de Bella e fez sua barriga roncar de fome, atraindo também o olhar indagador de Edward.

— Tá com fome? — Edward perguntou dando seu sorriso típico. — Você acabou de comer um donut...

— Amor, eu ensaiei pra caramba hoje, preciso repor todas as energias gastas. — ela retrucou sentando-se no banco de madeira. O dia estava lindo e eles queriam aproveitar ao máximo seus dias em Nova York.

— Então vamos comer. O que acha de irmos naquele restaurante japonês lá perto de casa que você não para de falar?

Edward sorriu carinhosamente e se aproximou para dar um beijo casto nos lábios de Isabella. Levantaram-se de mãos dadas e decidiram ir caminhando, aproveitando a vista daquela cidade que seria moradia deles pelos próximos quatro meses.

— Edward? — Bella disse enquanto se agarrava mais ainda nele. — Obrigada.

O ruivo não teve tempo de responder. Seus lábios foram atacados pelos de Bella. Ele já sabia como se sentia em relação a sua namorada. Todos os dias ele agradecia por ter tido coragem de se abrir com ela e esperava que todas as suas noites terminassem como aquele dia, cheio de luz e com a garota que ele amava em seus braços.


Ufa! Consegui!

Depois de mudar meu plot três vezes, finalmente consegui terminar tudo a tempo.

Foi um pouco mais difícil do que eu imaginava, tem muito tempo que não escrevo, então espero ter entendido bem a proposta das fotos.

Quero fazer um agradecimento especial para a Ana Pascuim por ter salvado minha vida. Sério, muito obrigada pelos comentários, pelas sugestões. De verdade!

Espero que tenham gostado!

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#FICAEMCASA