Olá, pessoas!
Como está sendo o novo ano aí para vocês? Espero que muito bom. Sei que o Natal já passou, mas que tal continuar com essa mentira... Quer dizer, com essa fanfic? hehe Boa leitura!
Capítulo Dois
17 de Dezembro
x
Marquei de tomar café-da-manhã com Edward em uma cafeteria perto da minha casa, meus pais não ficaram nada felizes com isso, porém saí assim mesmo. Cheguei no ponto de encontro primeiro, já pedindo comida para nós dois, eu estava meio enjoada após vomitar no comecinho daquele dia, mas faria todas as refeições naquela sexta-feira.
Ia me cuidar direitinho, não queria ter nenhum problema durante a gestação. Meu bebê nasceria saudável, após um parto sem complicações, isso já me ajudaria com os problemas financeiros que iria enfrentar, especialmente se meus pais decidissem parar de pagar minha faculdade, apartamento, alimentação e outras contas em Boston.
Senti um aperto na garganta, vontade de chorar por conta do jeito que minha vida mudaria, porém fui rapidamente distraída. Mãos se colocaram na frente dos meus olhos, eu logo soube que eram de Edward.
— Adivinha quem é — brincou, fazendo com que eu risse.
— Ed Sheeran! — brinquei de volta, citando o apelido que usava para provocá-lo.
No seu aniversário em 2019 Edward tinha ficado muito, sério muito, bêbado e ficou cantando os maiores sucessos de Ed Sheeran no karaokê que estávamos, por toda a noite. Meu amigo tinha uma voz linda, menos quando estava sob efeito de álcool. Eu, sabiamente, gravei vários momentos dele no palco e usava quando queria o irritar.
— Ainda canto melhor que você — respondeu, tirando suas mãos de mim e indo sentar na minha frente. Ele usava um suéter preto, que destacava ainda mais sua pele branca e seus cabelos ruivos, os olhos também pareciam mais verdes.
— Ei, essa doeu — resmunguei e empurrei um prato com panquecas para ele. Edward não podia ficar muito tempo sem comer, tinha quedas de pressão, na maior parte das vezes motivadas por falta de ingestão de água e comida.
— Ainda tá cedo, é muita comida — resmungou. — Só um café…
— Se eu tenho que cuidar para não ter pressão alta, você tem que cuidar para a sua não ficar baixa. — Peguei meu copo de leite gelado e bebi um pouco.
— Tá, que seja. — Ele regou as panquecas com calda de chocolate. — Como você está? Dormiu bem?
— Foi a coisa que mais fiz. — Dei de ombros.
— Não mudou de ideia?
— Não — neguei. — Eu não vou mesmo contar para James sobre meu filho ser dele, você vai ficar calado?
— Vou, né? — Suspirou, estava irritado. — É sua escolha, mas saiba que julgo muito ela. Esse cara devia pagar pensão, pra aprender a não sair por aí fazendo filho.
— Eu também ignorei a camisinha aquela noite — sussurrei, o maior erro da minha vida. — Tenho tanta sorte dele não ter me passado nada. — Bebi mais um pouco de leite, querendo distrair minha cabeça e não chorar.
Eu tinha feito exames quando descobri a gravidez, e não tinha nenhuma IST, o que foi uma verdadeira benção.
— Viu? Se você tivesse lido aquele livro que minha mãe te deu teria aprendido muito sobre contracepção — falou em tom de brincadeira, o que me fez esticar uma mão e bagunçar seus cabelos, ele apenas riu e começou a comer suas panquecas.
— Eu deveria mesmo usar dois contraceptivos juntos, a combinação teria diminuído as chances de acabar grávida, especialmente transando com metade dos homens de Boston, como a vagabunda que sou — resmunguei, Edward largou os talheres e olhou para mim com raiva.
— Você não é uma vagabunda, Isabella.
— Não sou? Com quantos eu já transei desde que pisei em Boston? Nem consigo contar. Sabe como minha religião desaprova isso? Eu deveria me guardar para meu marido.
Ele revirou seus olhos.
— Olha, nem adianta a gente entrar no mérito da sua religião, porque da última vez que falei sobre você sair disso ficou muito revoltada comigo.
— Eu não vou sair — sussurrei, já tinha pensado em sair diversas vezes, porém não, não seria o certo a se fazer. E meu pai surtaria.
— Você discorda de um monte de coisa desta religião, nos últimos meses mente pro seu pai que está indo para cultos em Boston, quando passa os domingos assistindo Greys Anatomy.
— São muitas temporadas. — Olhei para meu prato com torradas.
— O que estou querendo dizer é que você não se sente mais parte dessa religião, por mais que fale em voz alta que sim. Eu te conheço bem pra caramba, sei que você se sente na obrigação de continuar por conta do seu pai. Agora, esquecendo isso, você não é uma vagabunda. Tá, sua religião diz que você devia esperar o casamento para transar, que seja. Porém, transar com quantos quiser, não te faz ser uma vagabunda. E eu nem deveria estar falando sobre isso, sou só um cara branco extremamente privilegiado, entretanto, cresci com Esme Platt e ela desde cedo me fez saber que…
— Mulheres podem fazer o que quiserem com seus próprios corpos — murmurei a fala que sua mãe sempre repetia.
— Bingo.
Franzi o cenho e acrescentei:
— É uma fala para mulheres brancas, né? Outras mulheres não podem dizer isso, porque com certeza não podem ter toda essa autonomia.
— É, claro. Minha mãe também é só uma irlandesinha rica e branca.
— Cadê ela mesmo?
— New York, vai dar uma festa de Natal no dia 24 na loja de lá, algo relacionado a um dos livros dela. Vai tentar vir no Ano Novo. — Deu de ombros.
Os pais de Edward se divorciaram poucos meses antes dele se formar no colégio, ela foi morar na Europa e ele continuou com o pai em Chicago. Esme passava muito tempo viajando, então mal via Edward, sabia que isso o chateava, mas ele amava a mãe e nunca ficava bravo com ela por muito tempo.
— Queria que você passasse o Natal comigo — comecei a comer de fato, parando de apenas beber o leite. — Não quer mesmo ir para a igreja comigo dia 25? Meu pai pode gostar mais um pouquinho de você com isso.
— Até parece que isso o faria parar de enxergar a mim e a minha família como um pecado com pernas. E vou ter que negar, não me sentiria confortável participando desse tipo de celebração.
— Tá bom — concordei.
Edward não era ateu como seus pais, até mudar para Chicago tinha frequentado uma igreja católica com sua avó paterna, Charlotte, em New York onde moravam. Ele frequentou uma ou duas missas quando se mudou, mas sozinho, acabou parando de ir. Em Boston frequentou templos de budismo, centros espíritas e até foi para a igreja comigo uma vez, só que nunca se sentia realmente pertencente a nenhum desses lugares.
Acreditava em Deus, mas gostava de se conectar com ele sozinho. Especialmente em lugares mais afastados do centro da cidade, fazia muitas trilhas e era onde se sentia mais envolto de uma figura divina, era onde se sentia em paz e conseguia orar.
Eu não costumava o acompanhar nessas trilhas, odiava estar no meio do mato, mas fui uma vez e quando paramos no topo de uma montanha vi meu melhor amigo chorar por longos minutos apreciando à vista. No dia seguinte ele procurou uma igreja católica, disse estar com muitas saudades da avó, que tinha falecido anos atrás, conseguiu um terço lá e o tinha em sua mochila desde então. Edward não usava o terço, mas eu sabia que para ele era uma forma de se sentir mais protegido e perto de Charlotte Cullen.
— Não fica chateada comigo por eu não ir, Amendoim — pediu.
— Não, eu entendo, sério. — Deslizei minha mão sobre a mesa e afaguei a sua. — Hum, aproveitando o papo de religião e igreja, falei ontem que você com certeza seria o padrinho do amendoinzinho, mas isso é por consideração. Não temos padrinhos de batismo na minha igreja, como você deve ter visto nas católicas.
— Ok, por mim uma celebração é o menos importante. Vou ser o padrinho para apoiar seu bebê no que for preciso, cuidar dele junto com você.
Aquilo me fez sorrir, mas me aterrorizou. E se um dia nos afastássemos? Ele também se afastaria do meu bebê. Edward acabaria casando, poderíamos acabar não morando mais na mesma cidade, ele teria seus filhos e poderia não ter mais tempo para seu afilhado.
— Consigo ouvir sua cabeça pensando muito daqui, Bella — falou, puxou minha mão e beijou entre meus dedos. — Para, vai ficar tudo bem.
Assenti e falei baixinho:
— Ok.
xxxx
Na hora de pagar a conta, Edward insistiu em não me deixar dar nenhum dólar. No entanto, ele teve uma surpresa desagradável.
— Esqueci minha carteira em casa. — Deu um sorrisinho sem graça, tateando seus bolsos.
Eu arregalei os olhos e abri a boca, em choque.
— Tá, eu sei, vivo te julgando por esquecer e perder as coisas por aí, parece que o jogo virou — resmungou.
Tirei meu cartão da bolsa e abanei na cara dele.
— Lá lá lá, você esqueceu a carteira e eu não.
— Você não é engraçada.
— Sou sim. — Joguei o cartão na mesa. — Você sabe a senha, paga que vou no banheiro fazer xixi.
— Tá, a gente vai ter que passar na minha casa para pegar a carteira antes de ir para o aeroporto, não posso ficar dirigindo sem minha habilitação. Também esqueci meu celular.
— Aham, sem problemas, ainda temos tempo até o voo de Irina e Laurent chegar. Paga aí.
— Posso comprar mais cookies para levar?
— Meu cartão, seu cartão. Até o dia do vencimento da fatura, quando chegar eu te cobro.
Ele riu, eu levantei e fui para o banheiro. Depois encontrei com Edward já na porta da cafeteria, vestimos nossos casacos, ele colocou suas luvas e fomos para o Volvo que meu amigo estava usando.
— É do seu pai? — perguntei me referindo ao carro cinza, colocando o cinto após retirar o casaco.
— Não, ele alugou para eu usar enquanto estiver em Chicago. Liga o aquecedor — pediu, puxando as luvas de suas mãos com a boca, muito higiênico da sua parte. Liguei o aquecedor, ele tirou se casaco e colocou o cinto. — Foi bem generoso alugando um Volvo desses, estou completamente apaixonado — disse em um suspiro, deixando a vaga onde tinha estacionado. — Sabe quanto custa um desses? Um valor que só meu rim esquerdo cobriria. Talvez eu deva fazer chantagem emocional com a minha mãe para ela me comprar um assim, o que acha? — Eu apenas ri, Edward esticou uma mão a colocou entre meus cabelos e massageou meu couro cabeludo.
Aquilo era muito bom, me deixava sonolenta, porém também me dava vontade de tirar o cinto e aproximar meu corpo do seu. Edward continuou o carinho, precisando só de uma mão para dirigir.
Não falamos muito no caminho para sua casa, mas ele também — infelizmente — não ficou todo o tempo com a mão em mim. Chegando lá saímos do carro correndo para o interior da sua casa, para não precisarmos colocar nossos casacos. Ele, por sorte, não tinha esquecido suas chaves.
— Isabella! — Carlisle apareceu na sala enquanto seu filho procurava pela carteira, o celular já tinha sido encontrado, estava no sofá.
O pai de Edward era um homem de 48 anos, alto — Edward herdou a altura dele —, cabelos loiros bem claros e lisos, olhos azuis. Usava óculos e sempre exalava cheiro de café e cigarros.
— Carlisle, oi! — exclamei animada e fui lhe dar um abraço, ele carregava uma xícara de café em mãos, claro. — Como você está? Faz tanto tempo que não te vejo. — Mais precisamente desde o aniversário de Edward daquele ano, quando Carlisle foi ver o filho em Boston.
Nos soltamos e o homem sorriu para mim.
— Estou bem, apenas sobrecarregado de trabalho. Vocês ainda querem ser jornalistas? É um inferno! — declarou, isso fez com que Edward e eu rissemos.
Carlisle era o editor chefe do Chicago Tribune, foi por conta do trabalho lá que ele se mudou com o filho e a ex-esposa para a cidade anos atrás. O fato de Edward querer ser jornalista também tinha relação direta com o pai, ele sempre gostou de visitar Carlisle no trabalho, desde que o Cullen trabalhava no New York Post.
— Infelizmente sim. — Sentei no braço de uma poltrona, meu amigo continuava procurando sua carteira.
— Como está no seu estágio? — Carlisle perguntou, sentando-se em outra poltrona, ele usava roupas sociais e deveria estar saindo para trabalhar, mas não parecia com pressa naquele momento.
— Tudo indo bem, mas como você disse, é um inferno — brinquei, isso o fez rir.
Estagiava em um jornal de TV da cidade onde morava, trabalhando na redação, tinha sido indicada para o cargo por Carlisle, que conhecia o meu chefe. Eu gostava muito de jornalismo televisivo, era onde queria continuar atuando após formar na faculdade. Isso é, se eu me formasse.
Edward, por outro lado, estagiava para um pequeno jornal de Boston, unicamente online, que focava mais em política. Um dia meu amigo acabaria indo trabalhar em Washington DC, eu não tinha dúvidas quanto a isso. E sem usar os contatos do seu pai, apesar do mesmo sobrenome, ele sempre desconversava quando alguém perguntava se ele era filho de Carlisle Cullen, queria crescer na carreira sem a ajuda do nome da família.
Eu não era filha do Cullen, então não me importei em pedir que ele me indicasse para o estágio, precisava muito dele para me inserir no mercado e estava muito difícil conseguir isso só. Talvez Carlisle pudesse me ajudar mais e fazer eles me efetivarem, quem sabe um belo aumento para que eu conseguisse sustentar meu amendoinzinho com mais tranquilidade.
— Harold e eu conversamos em New York mês passado, em um congresso que ambos estávamos, ele disse que você tem sido a melhor estagiária — Carlisle disse se referindo ao meu chefe, Edward se aproximou e começou a procurar a carteira na poltrona onde eu estava. — Se continuar assim irá ser efetivada depois do final do seu contrato.
— Falei que você era a melhor daquele lugar — meu amigo falou e depositou um beijo na mão que eu tinha apoiada em minha coxa.
Aquilo me fez corar, nós éramos carinhosos um com o outro na frente do seu pai, apesar de Carlisle sequer suspeitar que o filho dele e eu já tivéssemos evoluído nossa amizade para uma colorida. Porém, um beijo quase na minha coxa era algo bem mais íntimo.
— O que você está procurando? — Carlisle perguntou para Edward, fingindo ignorar o contato entre nós dois.
— Minha carteira, você viu?
— Está na cozinha.
— Ah claro, vou buscar. — Edward saiu da sala, eu ainda sentia minhas bochechas vermelhas quando Carlisle perguntou:
— Como seus pais estão?
— Bem, bem — sussurrei.
Ainda sentia vergonha pelo o que tinha acontecido no meu aniversário, todos aqueles anos atrás, com os presentes sendo queimados e eu proibida de ver os Cullen.
— Seu pai foi convidado para dar uma entrevista ao Tribune mês passado, mas recusou.
— Qual era o tema?
— Era uma matéria bem geral sobre religião em Chicago, ele mandou uma carta recusando.
— Mencionou seu nome? — questionei, Edward estava voltando para a sala naquele momento.
— Não, porém alegou que não era um leitor do Tribune e não compactuava com pessoas importantes dentro dele.
— Desculpa, sério — pedi.
— O que foi? — Edward perguntou, apoiando uma mão no meio das minhas costas, isso fez com que eu corrigisse minha postura na hora. Era bom porque eu tinha há alguns anos dores na coluna graças a má postura, ele bem sabia disso, me escutava reclamar sobre direto.
— Meu pai, recusou dar uma entrevista para o Tribune.
— Não é nada — Carlisle afirmou e conferiu a hora no relógio em seu pulso. — Preciso comer algo antes de ir para o trabalho, vocês tomam café comigo?
— Já tomamos na rua — Edward respondeu, ainda com a mão em minhas costas. — Vamos buscar Irina e Laurent no aeroporto, só vim buscar minha carteira e celular que esqueci. — Isso fez Carlisle lançar um olhar surpreso para o filho.
— O que está acontecendo? Você não esquece esse tipo de coisa importante assim.
— Sei lá. — Edward tirou a mão de mim. — Acho que só estou cansado.
— E estressado, te ouvi entrar e sair do quarto várias vezes durante a noite. — Carlisle se colocou de pé. — Bella, se você souber o que está deixando meu filho uma pilha de nervos me conta, tá?
Olhei para Edward, sabia que a culpa era minha, ele estava ansioso por conta da minha gravidez e todos meus problemas.
— O que acha de jantar aqui hoje, querida? — Carlisle continuou.
— Ela vem, se você fizer Ravioli — Edward disse intervindo, eu salivei só de imaginar comer aquilo.
Carlisle riu.
— Ok, eu faço.
— Então, eu venho jantar! — Fiquei de pé também.
O jornalista tinha aprendido a fazer Ravioli com a ex-esposa, infelizmente Edward era terrível na cozinha, diferente dos seus pais.
— Posso te ajudar, Carlisle — me voluntariei. — Edward fica longe para não causar um incêndio.
— Ok, chega, vamos logo. — Edward cutucou meu braço, mas ele sorria para mim. — Tchau, pai. Bom trabalho.
— Dirija com cuidado, Edward — Carlisle pediu e se despediu da gente.
Nós deixamos a casa e corremos de volta para o carro, já que todas nossas roupas de frio estavam lá. O aquecedor foi ligado rapidamente, enquanto eu ajustava a temperatura, Edward comentou:
— Você nem devia tá correndo, pode fazer mal.
— Edward, você não precisa ficar preocupado comigo e com o bebê, tá? Principalmente perdendo o sono por isso, não é responsabilidade sua.
Ele não disse nada, apenas começou a dirigir.
xxxx
No aeroporto, enquanto esperávamos Irina e Laurent, aproveitei para postar nos stories do Instagram a foto que tirei do carro. O foco era no retrovisor, algumas árvores e a neve que tinha começado a cair. Marquei o perfil de Edward, também coloquei um gif da Anna de Frozen comemorando e escrevi na foto que estava indo buscar Irina. Com isso feito guardei meu celular na bolsa.
Edward e eu estávamos sentados lado a lado, ele tinha a cabeça recostada em meu ombro e também mexia em seu celular. Só que, diferente de mim, não estava no Instagram, sim jogando Tetris, era um vício estranho que ele tinha.
Escondi meu rosto entre seus cabelos, inspirando seu cheiro que estava uma bagunça de fragrâncias, uma vez que no aeroporto ele foi comprar um suco para si numa farmácia e fez seu já conhecido teste de perfumes. Algum deles, um meio floral, me enjoou.
— Hum, preciso vomitar. — O afastei rapidamente.
Ele me seguiu, ficando na porta do banheiro quando entrei. Peguei fila, diferente do dia anterior, mas consegui aguentar e não tive de correr para a pia e vomitar lá.
— Ei, segundo vômito no aeroporto, se o pessoal da limpeza descobrir que é você vão te barrar na entrada — falou, tentou tocar em mim, mas o afastei.
— Seu cheiro.
— Eu tô fedendo? — indagou em choque.
— Um dos trinta perfumes que você passou — reclamei. — Pode não fazer mais isso quando for ficar perto de mim?
A mania de sair testando todos os perfumes ele tinha conseguido com sua mãe, algo que eu nem tentava entender, mas sempre aceitei. No entanto, isso não poderia continuar enquanto eu estava toda suscetível a enjoos.
— Claro — concordou, dando um passo para longe de mim. — Tudo para você não vomitar em mim de novo.
— Foi um acidente — protestei, tinha acontecido dois dias antes de voarmos para Chicago.
Ele estava jantando comigo no meu apartamento e eu acabei vomitando pizza nele, não foi um bom momento da nossa amizade.
— Que seja, o avião já pousou, vamos voltar para onde estávamos, amendoim.
Eu segui na frente, sem querer que o cheiro dele viesse contra mim. Na frente do portão que estávamos antes, Edward se posicionou deixando uma pessoa entre nós dois, isso ajudou muito com a fragrância enjoativa, mas senti falta dele ao meu lado.
Então, eu contornei o homem entre nós dois e fui para perto de Edward. Segurei em seu braço, estava próxima, mas o cheiro não me nauseou o suficiente daquela vez para eu querer ir vomitar correndo.
Por fim, Irina surgiu. Ela era uma garota alta, mais alta que Edward, longos cabelos loiros, gorda, pele extremamente branca, olhos claros e maquiagem sempre impecável.
Eu me soltei de Edward e corri até minha amiga, nos abraçamos com força e começamos a falar juntas sobre como estávamos sentindo falta uma da outra. Comigo morando em Boston e Irina em Seattle, mal nos víamos pessoalmente.
— Ai, você ainda não tem nada de barriga! — ela exclamou, me afastando e segurando em minhas mãos. — Pensei que já conseguiria tirar fotos.
— Fala baixo e não, são só nove semanas, o bebê ainda é minúsculo. — Temi que alguém perto me conhecesse e descobrisse sobre minha gravidez.
— Não importa, eu já comprei várias roupinhas para ele ou ela.
— Você pode ser madrinha comigo — Edward falou, ele estava ali perto da gente com Laurent, o namorado de Irina.
Laurent tinha conhecido Edward e Irina alguns meses depois de eu ir para o colégio interno, quando foi a vez dele de mudar para Chicago. Ele se tornou amigo do meu amigo, e Edward falava sempre com Irina querendo informações minhas, o que ela não tinha muito fora da época que eu voltava para casa, já que eu não podia ligar para amigos do telefone do internato e fiquei sem celular até me formar.
Laurent e Irina começaram a namorar dias depois da formatura, e como os dois iam para a universidade em Seattle foi fácil continuarem juntos. Ambos eram da mesma religião que eu, ela desde criança, ele quando começou a namorar minha amiga e acabou indo para a igreja com a namorada.
Eu não era tão próxima de Laurent, mas ele era um dos melhores amigos de Edward e um namorado maravilhoso para Irina. Cursava física, enquanto ela biologia, já moravam juntos em Seattle, o que os pais dela aceitavam de boa, o que meu pai não aprovou quando descobriu no último Natal.
— Como assim madrinha? — Irina indagou para Edward, enquanto Laurent e eu nos cumprimentavamos.
Ele era ainda mais alto que Irina, negro, cabelos raspados, olhos escuros e estava um pouquinho mais musculoso do que da última vez que o vi.
— Bella disse que posso ser padrinho de consideração, sendo assim você pode ser madrinha.
— Perfeito, eu quero. — Irina voltou a me abraçar. — Ai como senti sua falta, Bella. Vem morar em Seattle depois da faculdade, eu te ajudo com o bebê.
— Não sei… Quer dizer, sei lá. Vamos logo — falei nervosa, pensando em como seria minha vida sendo uma mãe sem um marido.
xxxx
Seguimos para um restaurante que eu conhecia muito bem, o restaurante dos meus avós maternos, que vinha sendo tocado apenas por minha avó desde o falecimento do meu avô. Marie Bernard casou com Marcus Higginbotham e juntos em Chicago abriram o Bernard, um pequeno restaurante francês perto da casa dos meus pais.
Marie era francesa, tinha se mudado para os Estados Unidos ao fazer 18 anos e logo conheceu meu avô, Renée era a filha mais velha de três garotas. Uma das minhas tias, Alice, faleceu alguns dias depois de nascer. Minha outra tia, Camille, morava na Nova Zelândia com o marido e os filhos, fazia séculos desde que os vi pela última vez.
— Cadê sua avó? Vamos falar com ela — Irina disse quando sentamos a uma mesa.
— Ela tá viajando — respondi tirando neve dos ombros de Edward sentado ao meu lado. — Foi visitar minha tia na Nova Zelândia, volta em alguns dias.
— Poxa, que pena — Laurent se queixou. — Queria treinar meu francês com ela.
— Pode treinar comigo — eu disse, Edward engasgou em uma risada. — Ei, sei falar um pouco.
— Aham, bem pouco. — Meu amigo beliscou minha bochecha, eu afastei sua mão.
— Olá, é bom ver vocês! — o garçom se aproximou da nossa mesa, ele era Michael Newton, tinha frequentado a mesma escola que todos nós ali em Chicago, mas era dois anos mais velho. Era da mesma turma que Jessica, a namorada do pai daquele bebê em minha barriga.
— Oi, cara! — Edward esticou uma mão para Michael, ou Mike como costumávamos chamá-lo. — Como você tá? — O garçom devolveu o aperto de mão.
— Bem, bem, o restaurante tem estado bastante movimentado nos últimos dias. Mas sentimos falta da sua avó aqui mandando em todos nós — ele disse a última parte para mim, aquilo me fez rir.
— Logo ela volta para gritar com todos — falei e pensei que comigo também, a senhora francesa iria surtar quando descobrisse que eu estava grávida, mas com certeza bem menos que meus pais. Vovó Marie não era tão conservadora quanto meus pais, ainda que também fosse muito religiosa, mas no caso dela, católica.
Mike nos entregou os cardápios, deu as sugestões e se afastou, indo buscar nossas bebidas. Laurent, Irina e eu pedimos refrigerante, Edward pediu água, disse estar com dor de cabeça e não queria exagerar no açúcar.
— Quando o Jasper chega? — Laurent perguntou para Edward.
Jasper Whitlock era amigo deles, também estudou na mesma escola ali em Chicago. Até eu reencontrar Edward nunca tinha falado com Jasper, quando estudamos juntos na escola, antes de eu ser mandada para o internato, o garoto tinha um grupo social diferente com o pessoal dos esportes.
— No domingo, vai ter algum evento em Columbia no sábado e ele precisa estar lá.
— Alice disse que é uma festa de Natal — completei, minha irmã caçula também estudava na universidade de New York, mas não sabia se ela sequer conhecia Jasper, até por Alice ser dois anos mais nova que ele e eu.
— Ok, agora podemos conversar sobre o bebê? — Irina indagou em voz baixa. — Por que ainda não contou para seus pais? — Eu tinha lhe dito, por mensagem no dia anterior, que eles ainda não sabiam da grande novidade.
Respirei fundo, larguei o cardápio e falei de uma vez:
— Sabe a Jessica? A minha prima? Bom, ela namora um cara desde julho. Ontem, quando cheguei a casa dos meus pais, ela tava lá com esse namorado. Era o James, o cara com quem transei, o pai do bebê, que traiu ela comigo naquele estacionamento. Ah, ontem ele pediu ela em casamento.
— Puta merda — Laurent murmurou. Ele sabia da história, quando contei para Irina sobre a gravidez estava junto dela e enquanto eu surtava não me importei em pedir que o namorado da minha amiga saísse da chamada de vídeo.
— Pois é! — exclamei e bebi o resto do meu refrigerante, Irina estava em choque.
— Quando você vai contar que ele vai ser pai? — Laurent perguntou.
— Eu não vou. — Edward bufou, mas não disse nada. — Eu não quero que ele saiba que teremos um filho, vou ter esse bebê sozinha, direi para meus pais que é de outro cara, sei lá. — Suspirei.
Naquele instante Irina acordou do seu choque.
— Tá doida, Bella? Ele precisa assumir, tem que pagar pensão, te ajudar a criar. Não importa que vá casar com sua prima, precisa ter as responsabilidades dele. Você não fez esse filho só, não pode sofrer todas as consequências sozinha. E fez de tudo para descobrir quem era esse cara, o Edward… — Apontou para ele. — Perguntou por Boston inteira se alguém conhecia um cara com aquela aparência, bem padrão, tentou até conseguir acesso às câmeras do bar…
— Mais de uma vez — Edward murmurou.
— Sim, mais de uma vez, só para tentar encontrar esse cara. E agora ele aparece na casa dos seus pais e você irá isentá-lo das responsabilidades de pai?
— Vou! — exclamei decidida. — Não quero que minha família surte ainda mais, não quero criar um caos generalizado envolvendo meu tio, minha prima, não quero um homem escroto como James sendo pai do amendoizinho.
— Pai de quem? — Irina questionou confusa.
— É como eu chamo o bebê — Edward disse, ainda estava bravo, mas tinha um tom de orgulho na voz.
— Claro. — Irina riu. — Mas o que importa aqui é que você precisa dizer a verdade para todos, Isabella.
— Eu não vou — teimei. — E essa é minha história, esse é meu bebê, todos vocês estão proibidos de contar qualquer parte disso tudo para quem quer que seja.
xxxx
A casa dos Cullen era grande, bonita e tranquila. Eu sabia que Esme tinha muita grana e que o cargo de Carlisle também fazia com que ele tivesse um excelente salário, ainda assim quando se mudaram para Chicago eles não compraram uma casa, ou apartamento, em um bairro luxuoso da cidade, preferiram um lugarzinho mais barato.
Edward dizia que seus pais não foram ricos na adolescência e infância, sendo assim poupavam bem mais do que gastavam. Era uma forma de garantirem que não iam ter problemas financeiros, após o divórcio Carlisle seguiu gastando moderadamente, mas Esme parecia estar aproveitando mais a grana que seus negócios rendiam.
Ainda assim, eles tinham transformado uma das salas em um cinema residencial, era um lugar ótimo para relaxar. Foi para onde Edward e eu seguimos depois de deixar Laurent e Irina na casa dos pais dela após o almoço.
Meu amigo tinha ido tomar um banho, para tirar o cheiro dos perfumes e eu fiquei preparando a sala para assistirmos Grey 's Anatomy, isso incluia fazer pipoca. Estava terminando aquilo quando Edward apareceu, ficando atrás de mim, cheirando a seu shampoo de coco.
Ele depositou um beijo demorado na parte de trás da minha cabeça, antes de pegar uma barra de chocolate perto da pipoqueira e se afastar de mim. Respirei fundo, me convencendo que era só um beijo entre amigos, não indicativo de que Edward queria transar.
— Pensei que fosse pegar leve nos doces hoje — comentei quando levei o balde de pipoca até o imenso sofá que tinha na sala.
— Já estou melhor, era só dor depois de uma noite mal dormida. — Esticou a barra de chocolate em minha direção e eu mordi um pedaço. — Greys Anatomy? — Gesticulou para a parede onde estava sendo projetada a série, naquele momento pausada.
— Sim, você precisa voltar a assistir comigo. — Puxei a manta para cima das minhas pernas cobrindo-as.
Edward riu suavemente e se cobriu também.
— Você sabe, são muitas temporadas e eu não tenho paciência.
— Para, vamos assistir. — Peguei o controle do projetor e dei play.
No meio do primeiro episódio Edward tinha dormido, eu não ousei acordá-lo, já tinha sido o motivo da sua insônia na última noite, queria que ele descansasse. Eu acabei dormindo na metade do terceiro episódio, minha cabeça sobre seu peito, um dos lugares onde mais me sentia segura, perto do meu melhor amigo.
xxxx
Acordamos minutos antes de Carlisle chegar, depois dele trocar de roupas ajudei o pai de Edward a cozinhar nosso jantar. Meu amigo estava contando histórias do trabalho para o jornalista, enquanto eu tentava não dormir em pé, ainda cansada mesmo após dormir por horas.
— Vou pegar um vinho para acompanhar o jantar. Edward, você vai querer? — Carlisle perguntou ao filho quando acabamos de preparar a comida.
— Não, eu vou levar Bella para casa de carro — respondeu, ele tinha sido encarregado de arrumar a mesa da cozinha para jantarmos ali.
— Você e eu Bella, ganhei um vinho…
— Na verdade não estou bebendo — neguei, completando antes que ele desconfiasse de algo. — Não gosto de beber quando vou para a casa dos meus pais, eles podem sentir o cheiro de álcool em mim e iriam encrencar.
— Claro, entendo — Carlisle concordou. — Então, tem suco de uva na geladeira para vocês, eu vou mesmo pegar um vinho. — Ele deixou a cozinha indo até sua adega.
— Mal vejo a hora de poder voltar a beber — reclamei, Edward me lançou um olhar compreensivo.
Meu celular tocou, era minha mãe, respirei fundo e atendi.
— Oi, mãe.
— Você não vem jantar comigo e com seu pai? Já passou o dia com esse garoto, agora vai jantar com ele também?
— Estou com a Irina, mãe. — Tinha pedido para minha amiga me dar cobertura, sabendo que meus pais detestariam que eu ficasse o dia inteiro com Edward.
— Ah, se é assim, tudo bem — ela falou e parecia menos irritada comigo. — Vou falar para seu pai que você está com a menina Denali, só não chegue muito tarde, tá?
— Ok. Tchau, mãe.
— Tchau, Bells.
Finalizei a chamada e joguei o celular no balcão da cozinha, Edward estava calado, mas tinha uma expressão furiosa no rosto.
— Bella, depois do jantar podemos jogar Xadrez, quero saber se você e Edward tem praticado como prometeram. — Carlisle reapareceu, carregando sua garrafa de vinho.
— Eu venço ela todas as vezes — Edward contou ao pai, me lançou um rápido olhar, ainda chateado por eu estar mentindo para minha família sobre não estar jantando com ele.
— Boa, garoto! — Carlisle parabenizou e foi abrir seu vinho.
Caminhei para perto de Edward, tocando em seu braço e murmurando:
— Me desculpa, você sabe que assim eles pegam menos no meu pé.
— Não estou com raiva de você, estou com raiva deles por quererem te manter longe de mim, é ridículo. Ok, minha mãe escreve livros eróticos, tem uma rede de sex shop, é ateia como meu pai e blá blá blá. — Passou a mão por seus cabelos. — Nada disso deveria ser motivo para eles desaprovarem nossa amizade, mas é, porque seu pai é um babaca. Desculpa dizer isso.
Eu concordava, meu pai era um controlador conservador, obcecado em ter os filhos seguindo suas regras. Porém, o que eu poderia fazer? Ele era meu pai, eu nunca teria um pai tranquilo, preocupado na medida certa, como Carlisle era.
— Esquece, vamos jantar. — Edward beijou minha testa. — Depois vou acabar com você no xadrez, amendoim.
xxxx
Acabei ficando até mais tarde do que o planejado na casa dos Cullen, mas estava tão divertido bater papo com Carlisle e jogar xadrez com ele e Edward, ainda que eu só perdesse para os dois. Quando finalmente entrei no Volvo, com meu amigo, faltava pouco para dar meia-noite.
Nós fomos até a casa dos meus pais escutando música, uma playlist que ele tinha feito dias atrás com canções que estavam em alta quando éramos adolescentes. Isso nos fez ouvir Shut Up and Dance da banda Walk the Moon, assim como eu ele conhecia a música muito bem e cantávamos ela alto, isso me fazia ignorar as ligações do meu pai e as mensagens da minha mãe que faziam meu celular vibrar sem parar na bolsa, eu já estava indo, eles logo poderiam relaxar.
— Oh, don't you dare look back. Just Keep your eyes on me. I said: You're holding back. She said: Shut up and dance with me. This woman is my destiny. She said: Oh, oh, oh. Shut up and dance with me.¹
Edward estacionou na frente de casa, beijei sua bochecha, coloquei meu casaco e deixei seu carro após desejarmos boa noite um para o outro. O Volvo ainda estava ali quando toquei a campainha, ainda sem chaves para entrar, Edward iria me esperar estar em segurança dentro de casa para poder partir.
— Você traiu minha confiança, Isabella! — meu pai exclamou quando abriu a porta, isso me chocou, sem entender porque ele estava tão furioso comigo.
— Pai, o quê? — perguntei confusa, olhei para minha mãe atrás dele e a vi pálida, olhos cheios de lágrimas, então notei algo em suas mãos.
O ultrassom, o primeiro e até então único que tinha feito. A ultrassonografia realizada dias antes de viajar para Chicago, com um laudo anexado dando mais informações sobre a gestação, um exame que levei em minha mala para mostrar aos meus pais quando contasse da gravidez, algo que foi parar nas mãos deles antes de eu falar sobre estar grávida.
— Você está grávida, Isabella — minha mãe afirmou, completamente devastada. — Fui arrumar seu quarto e encontrei isso na sua mala. Quando iria nos contar?
Não consegui responder, senti meu corpo amolecer em meio ao desespero, a náusea me atingir com força, assim como um aperto no peito. Estava muito nervosa, tremendo dos pés a cabeça, não por frio, sim por medo.
Ao longe ouvi o barulho de uma porta batendo, mas não consegui olhar em direção ao som.
— Quem é o pai dessa criança? — meu pai indagou entre dentes, arrancando o exame das mãos da minha mãe. — Com quem você se deitou antes de casar, Isabella? Você me decepcionou tanto.
Eu era uma decepção para ele, sempre fui, não? Não era a filha perfeita que ele queria que fosse, nunca fui.
Passos se aproximaram de mim, eu senti o cheiro de shampoo de coco antes dele se colocar ao meu lado.
— Vamos, Isabella. Diga! — Charlie exigiu. — Quem é o pai?
Não poderia dizer que era James, não conseguia falar. Queria que meu bebê tivesse um pai legal, mas caso não pudesse, era melhor não ter pai nenhum, ainda que eu fosse sofrer por negar um pai a ele. Era desesperadora, aquela situação em que me encontrava.
— Eu sou o pai do bebê.
Aquilo me despertou, olhei para Edward, que encarava meu pai. Sua mão se encontrou com a minha, um aperto seguro.
— O filho que Bella está esperando é meu.
¹Ah, não se atreva a olhar para trás. Apenas mantenha seus olhos em mim. Eu disse: Você está se segurando. Ela disse: Cale a boca e dance comigo. Essa mulher é o meu destino. Ela disse, ah, ah, ah. Cale a boca e dance comigo.
Beijão!
Lola Royal.
04.01.22