Nota: Decidi traduzir os meus fics de Arcane porque sim.

Este fic é uma mistura de inspirações como o fic "Five Feet of Blue Hair" de isindismay e fanarts no twitter como

twitter (ponto com /JWiesner_Art/status/1515487437497249798?t=FE6Lp98FgA6UsQpLFPllNAs=19

and twitter (ponto com /shiball_inu/status/1491301404576972802?t=l55J0-iFneIgooBdjOWlEws=19

E um tweet de texto que não consigo achar sobre a razão para o cabelo da Jinx crescer tanto.

Disclaimer: Don't own Arcane, a forever shame because if I could write stuff like that, holy shit.

.


.

Andar descalça logo depois de tomar um banho não era a ideia mais inteligente mas Jinx está a tentar ser mais furtiva do que o habitual enquanto serpenteia pelas vigas do telhado desde o seu quarto até ao escritório de Silco. Apesar da sua destreza, ainda assim é difícil evitar pisar a cascata literal de cabelo solto e húmido que fica pendurado dos lados do seu corpo com cada movimento e que se acumula ocasionalmente sob os seus pés quando ela se dobra e torce o corpo à volta das vigas de madeira.

Encontra-o no sítio do costume, sentado à secretária com os seus relatórios e documentos, curvado sobre si próprio com a cabeça apoiada numa mão e um copo na outra, uma pose que se está a tornar o novo normal. Jinx morde o lábio, sentindo uma ligeira pontada ao constatar algo que não compreende totalmente; mas depressa abana a cabeça, decidindo que o seu plano era tão bom para este humor preocupado que ele está a demonstrar como já era de começo.

Ciente do facto que as pontas do seu cabelo deixam um rasto de pingas que trai o que de resto é uma emboscada furtiva, Jinx gasta pouco tempo à espera depois de se posicionar sobre o seu alvo, acocorando-se com um sorriso maroto. Por um momento entretém-se com a ideia da imagem de se ver pendurada de cabeça para baixo, com o corpo suspenso pela parte de trás dos joelhos apoiados na viga de madeira e deixando-se simplesmente cair para trás com os braços e o cabelo totalmente esticados como um monstro pronto para raptar criancinhas inocentes e levá-las para o seu domínio das vigas do telhado. É divertido, mas ela decide manter-se pelo plano original, fecha as cortinas azuis à sua volta e salta em queda livre, aterrando no centro da mesa com uma pancada espectacular e uma onda de choque que atira papéis para todo o lado.

- Boo! - diz ela com os braços abertos e um grande sorriso que Silco na verdade não consegue ver por causa do cabelo que lhe esconde a cara por completo. Ela ri-se e não resiste muito tempo antes de enterrar as mãos e escancarar as cortinas que se agarram à sua pele. - A monstra está aqui para te arrastar para a cama.

Silco sorri, aparentemente incapaz de reunir energia para muito mais.

- Tu é que devias estar na cama. É tarde.

- Não vais mandar-me para a cama e para depois ficares de pé a divertir-te! - respondeu Jinx ironicamente, dando uma palmadinha nos documentos que tinham sobrevivido à queda dela e provocando mais um daqueles sorrisos em Silco. Bateu então palmas. - Vamos lá, 'bora, 'bora!

- O teu cabelo ainda está molhado - diz Silco enquanto apanha alguns dos papéis que ela atirara ao chão. - Precisamos de o secar antes de adormeceres. Não quero que te constipes.

- Pffft, como se isso fosse acontecer.

- Se queres que eu oiça a monstrinha no telhado, também precisas de ouvir o monstro na água.

Jinx sorri até ouvir as exigências do monstro: secar, pentear, entrançar, agora.

- Estou a tentar fazer-te ir dormir, não ficares de pé mais uma hora!

- Vai ser mais difícil de pentear de manhã - diz Silco ao emborcar o resto da bebida e se levantar. - Vamos lá.

Jinx bufa mas concorda, deslizando de cima da mesa com o 'au' quando coloca acidentalmente a mão sobre um bocado de cabelo e o corpo o puxa. Corre para o quarto e salta para a cama, rebolando e embrulhando-se num casulo azul. Um pequeno percalço da sua parte, já que precisa de se remexer e debater um pouco para se desenrolar (além disso, um rápido arrepio percorre-a quando o seu pijama húmido apanha frio, mas ela disfarça) quando Silco coloca uma toalha sobre a cabeça dela e começa todo o processo de esfregar e secar antes de lhe entregar uma escova para ela. Afasta cuidadosamente cada madeixa de cabelo antes de se sentar.

- Vamos tratar deste monstro agora - anuncia ele sinistramente. Jinx festeja e eles começam.

Cada um deles toma conta de metade do cabelo, a atenção de Jinx flutuando enquanto ela tagarela sobre ideias e invenções e histórias, interrompida ocasionalmente quando Silco se debate com um nó mais complicado.

- Au! - gane Jinx com o puxão.

- Desculpa.

- Por mais que adore cabelo comprido - começa Jinx, tentando não se deixar levar pelos pequenos movimentos que lhe puxam a cabeça -, às vezes tem as suas desvantagens.

Demora mais tempo a acabar de pentear o seu lado do que Silco, mas entrança-o mais depressa do que ele porque sabe que estão a demorar muito tempo e a sua intenção era que ele fosse para a cama mais cedo, não às tantas como de costume e só substituindo os seus planos de crime e independência que lhe davam dores de cabeça com uma sessão de pentear.

- Pronto, já está!

- Estás a fazer à pressa de propósito. Faz de novo.

- Aaaaa, vá lá!

- Vá.

Jinx bufa e refaz a trança, fazendo movimentos propositada e exageradamente lentos. Silco assente e faz um ruído de aprovação, concentrado na sua própria trança. Aguarda que Jinx acabe e faz a 'inspecção' que ela exige depois de lhe entregar a longa trança de cabelo.

- Muito melhor - comenta Silco. Jinx ouve o cansaço na voz dele e torce o rosto pela teimosia do monstro na água. Segura as duas tranças nas mãos como armas e atira-as à volta dele num abraço que completa com os braços fortemente apertados. Sente o riso no peito dele. - O teu cabelo cresceu tanto.

- Raiva pura - diz Jinx com um sorriso orgulhoso. - E despeito. Como um bom monstro.

Silco sorri e aconchega-a na cama depois de ela desenrolar as tranças dele e se retorcer à procura da posição perfeita sob os cobertores. Ele planta um beijo no topo da sua cabeça.

- Perfeita.

.

fim

.


.

Obrigada por lerem.