Nota: Decidi traduzir os meus fics de Arcane porque sim.

Estão a ficar um bocado parecidos uns com os outros porque estou a explorar os mesmos assuntos, mas eu gosto dos assuntos, por isso aqui estamos.

Disclaimer: Don't own Arcane, unfortunately.

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Nas primeiras semanas depois de a ter adoptado, Jinx exibira muitos problemas a dormir. Evitara deitar-se durante o máximo de tempo que conseguira, mexendo-se e remexendo-se quando caía na nova cama, agora pisos acima da sua antiga. Silco sabia porque a ouvira remexer-se inquieta, ou pior, a chorar. Lutava contra o sono durante tanto tempo quanto o seu corpo conseguia aguentar, com resultados desastrosos na sua capacidade básica de funcionar de manhã.

Silco conseguia identificar-se - também ele se recordava do quão assustador e árduo aquele simples acto se tornara para ele - e por essa razão desejara que ela conquistasse os seus demónios e sofresse o menor tempo possível. Um estranho facto por si só; adversidade era o que os tornava mais fortes que o resto, dificuldades que ele enfrentara haviam sido o que tinham moldado para se erguer com um propósito. Mas olhar para esta criança e testemunhar o seu sofrimento magoava-o algures onde a sua alma deveria estar.

Foi por isso que nem considerara mandar Jinx embora da primeira vez que ela se esgueirara para o quarto dele (não sem o assustar - Silco tinha os seus próprios demónios), demasiado preocupada para pedir se podia ali dormir mas também desesperada o suficiente para tentar a façanha para começar. Quando a menina se enrolou ao seu lado sob as cobertas, Silco conseguira senti-la descontrair como se um peso invisível tivesse sido retirado de cima dos seus pequenos ombros, a sua respiração um suspiro de alívio e exaustão. As lágrimas delas haviam sido silenciosas e Silco só soubera que elas lá estavam porque em tempos fora ele na posição dela, sem ninguém a quem procurar a mais simples forma de segurança. Não soubera se ela estivera a acordada ou a dormir quando ela se aninhara contra o peito dele, o seu braço a segurá-lo no lugar e para junto dela. Sem saber bem como retribuir o gesto, ele tentara apenas não se mover para não a perturbar. Eventualmente, aprenderia a retribui-lo devidamente ao simplesmente imitá-la.

Enquanto cresceu, a ansiedade de Jinx não mitigou e apenas adquiriu novas formas e cores, mas a sua segurança e apoio permaneceram o mesmo, aquela necessidade de conforto na sua forma mais pura de contacto físico, um abraço, a presença, que ele faria tudo para se certificar que ela tinha. Cada nova coisa era suficiente para lançar Jinx numa espiral de preocupação e paranoia que ela combatia arduamente mas que sempre parecia perder, apesar do facto de ela ser na verdade muito mais forte do que qualquer um dos seus medos. Silco sentia-se aliviado que ela já não hesitasse em procurar a sua ajuda ou a sua presença, rastejando para o seu lado na cama apesar do facto de já não ser uma criança mas agora uma adolescente. Nenhum dos dois sentia ou considerava que limites deveriam ser estabelecidos quando aquela sempre fora uma forma de afecto sem palavras que Jinx ansiava e que Silco aprendera a dar apesar das suas próprias limitações.

Apesar de saber que ela iria comportar-se admiravelmente, conversavam sobre as preocupações dela sempre que Jinx se sentia tão arrebatada pelas suas dúvidas que se sentia mal fisicamente e a sua insónia disparava. Percorriam os passos que ela sabia que tinha de dar, pelas preocupações realistas e aquelas tornadas monstros pela paranoia, exorcizando os medos dela. Outras vezes, Jinx ficava calada, apenas saboreando o facto de que aquele peso sem forma ainda saía dos seus ombros sempre que tentava dormir ali.

No dia seguinte, Jinx completava sempre as suas missões sem erros ou falhas, provando que conseguia ultrapassar o pior do que a sua mente tentasse atirar-lhe. Ela sorria e festejava e saltitava, e Silco sentia uma sensação de orgulho com que nada se conseguia comparar.

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fim

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Obrigada por lerem.