A gripe
Capítulo 1 ~ Encontro.
A menina andava atrás de Sesshomaru e Jaken, até não conseguir mais. Caiu na grama e de lá não se levantou. Fome, cansaço e frio fundiram-se para se tornar um enorme empecilho, que não a deixava continuar. Sesshomaru e seu fiel servo viram-se para a pequena, após escutarem o barulho de sua queda.
Jaken enche-se de alegria. Era uma chance para livrar-se do estorvo que, desde então, fazia questão de roubar a atenção de seu mestre.
- Ssenhor Ssesshomaru, deisxe esssa essquisita folgada aí!
O youkai não respondeu, o que deixou Jaken um pouco irritado por estar sendo ignorado. "Aquela pirralha é maiss importante que eu?", ele pensava, extasiado com sua descoberta. Rin tossia.
Não que fosse importar-se com algo tão insignificante como uma criança humana, mas algo o deixava totalmente desconcertado, ao vê-la deitada no chão. Já fazia um tempo considerável que Rin dava pistas de que estava ruim, porém, ele não tinha nem tentado descobrir do que se tratava.
Claro. Ela era só uma garotinha e não tinha nada de especial. Mas, mesmo assim...
Para Sesshomaru, era tudo muito estranho. Desconhecia aqueles sintomas, pelo fato de nunca ter ficado doente, e tampouco sabia como tratá-los.
Se quisesse curá-la, sabia muito bem aonde devia ir. Entretanto, preferiu nunca ter cogitado essa possibilidade.
Existia uma grande chance dos "humanos do Inuyasha", como apelidava carinhosamente Kagome, Sango e Miroku, conhecerem um modo de tratar aquela doença. Só que, para o grande Sesshomaru, isso seria humilhação demais.
Escolher entre Rin e sua reputação. Típico de seu gênio. Egoísmo? Hum, talvez. Se bem que ele nunca havia garantido a ninguém que cuidaria dela. Não era sua responsabilidade e muito menos seu dever mantê-la mesmo.
Será que Rin poderia morrer daquilo? Arregalou os olhos, temeroso. A idéia de perder aquela fonte de vida infinita que adorava pular ao seu redor era mais do que poderia agüentar.
- Rin, - chamou autoritário, logo ganhando seu olhar - o que está sentindo?
A menina deu uma fungada com o nariz e respondeu:
- Frio... E um pouquinho de dor na cabeça...
Ele olha instintivamente à sua volta. Não havia casas ou vilas nas proximidades, apenas um imenso e verde gramado, cercado por uma ou duas árvores. Suspirou. Era o preço que Rin pagava por querer tanto andar atrás dele. Voltou a atenção para ela, que abraçava aos joelhos. Seu peito subia e descia lentamente, provavelmente porque estava difícil de respirar.
'Estou ficando sentimental demais'. E, finalmente, decidiu-se.
Chegou perto da criança e agachou-se, para poder alcançá-la. Com muita delicadeza, pegou-a no colo. Rin encaixou-se confortavelmente nos braços de seu acolhedor, enquanto Jaken permanecia boquiaberto. Como ainda não lhe havia sido concedido o dom de leitura da mente, o monstrinho esforçava-se a entender aquela situação, sem muito sucesso. Sesshomaru, com a mesma calma e paciência de sempre, pôs a mão sobre a testa dela. Sua pele estava quente, como se Rin estivesse queimando.
- Ma... Ma... Mass! – Gaguejava.
- Vamos. – Sesshomaru o repreendeu rispidamente. – Não podemos perder mais tempo.
- Ah, que calmaria!
Kagome dá um bocejo e joga o livro de matemática longe. Já fazia três longas horas que ela não desgrudava dos números. "Para que finalidade, meu Deus, vós inventastes provas semestrais?", reclamou, enquanto esfregava os olhos.
- De vez em quando é bom ficar na vila, né?
Sango apoiava-se no peitoril da janela. Vendo que a amiga terminara suas obrigações estudantis, caminhou até a colegial. Kagome não era muito receptiva enquanto estudava, e muito menos aceitava ser interrompida. Por essa razão, Sango sabiamente manteve distância da garota, evitando possíveis chiliques.
- Aonde foram Miroku-sama e Inuyasha?
- Estão lá fora. Parece que estão ajudando a senhora Kaede com as ervas.
Kagome tentou visualizar um único momento em que Inuyasha tivesse colaborado com alguém por livre e espontânea vontade. A pergunta agora era quem o havia forçado a ajudar nos trabalhos domésticos.
Resolve ir até o lugar para comprovar.
- Ah Miroku, seu maldito!
Inuyasha bate o pé no solo de raiva. – Você me disse que tinha alguma coisa de interessante aqui! Mentiroso!
- Ei, Inuyasha. Em vez de reclamar, você podia nos dar uma mão. – Kaede pega a cesta que Miroku segurava e coloca algumas plantas dentro.
- É, afinal, a gente praticamente mora aqui... E de graça!
Já fazia meia hora que Miroku tentava fazer Inuyasha cooperar. O monge perde a paciência e atira a cesta que seria de Inuyasha na cabeça do mesmo. Suspira.
- Por que fez isso?
- Ah, Inuyasha. Desisto. - Miroku revira os olhos, como se estivesse lidando com uma criança de dois anos.
- Por que me jogou esse olhar de tédio, hein Miroku? – Inuyasha revida, profundamente ofendido.
- Você tem menos sensatez que o Shippo. Tsc, tsc, tsc... Sinceramente.
- O quê? Você ousa me comparar com aquele filhote de raposa!
- Quietos! – A senhora Kaede entra no meio da discussão, com a intenção de esfriar os nervos alheios. – Não vejo razão nenhuma para ficar brigando logo de manhã.
- Diga isso ao Inuyasha...
- Dizer o que, monge de araque? Pelo menos eu não fico passando a mão nas mulheres da vila!
- Não tenho culpa de você não apreciar o sexo feminino.
Kaede ri baixinho da piada de Miroku, mas Inuyasha era muito inocente para entender.
- Keh! Tenho mais o que fazer. Dão licença, vocês dois.
Naquele exato momento, um vento frio soprou. As folhas das árvores remexeram-se de forma sinistra, criando um estranho clima de história de terror. Inuyasha pára, estático. Suas orelhas viram-se involuntariamente, procurando por algum som.
Logo, seu nariz percebe um cheiro familiar...
- Mas que droga é essa agora! – praguejou.
- O que foi?
Miroku e Kaede não entendiam o porquê de tanta desconfiança. Os olhos de Inuyasha estavam arregalados, como se tivesse sido surpreendido com algo. Mas os dois não receberam resposta.
- Inuyashaaaa!
Kagome acabava de chegar, ansiosa por falar com seu meio youkai preferido.
- Fique aqui, Kagome. – e saltou furiosamente, em direção à floresta. A menina ficou preocupada.
- Esse Inuyasha... – Sango meneia a cabeça, da porta da cabana onde ela e Kagome estavam.
- Vou até lá. Esperem-me, por favor. – Kagome corre, seguindo o mesmo caminho que Inuyasha havia tomado segundos atrás.
Inuyasha olhava para todas as direções, atento a qualquer movimento ou mínima agitação. Ele estava ali, tinha certeza.
- O que você está fazendo aqui!
Sesshomaru gruniu desgostoso, amaldiçoando a si próprio. Não havia pensado em como reagiria quando topasse com seu meio irmão. Ele sempre deixava para pensar nesses pequenos detalhes mais tarde.
- Inuyasha, você está aqui?
O rosto de Kagome aparece detrás de uma árvore. Ela abafa um grito de espanto ao ver que Sesshomaru estava ali. E pareceu ainda mais surpresa por notar algo que Inuyasha ainda não tinha visto. Sesshomaru carregava uma criança.
- Eu te disse pra ficar na vila!
Kagome aponta para a pequena, que ficava escondida em meio à grandeza de Sesshomaru.
- O que vai fazer com essa menina? – Inuyasha grita, depois de ver Rin.
- Sesshomaru-sama, onde estamos?
O rostinho branco de Rin estava vermelho, e seus olhos cansados. Kagome sente um aperto no coração ao ver a menina tossir violentamente.
- Você negaria ajuda aos seus semelhantes? – Sesshomaru pergunta, olhando fixamente para a colegial. Na mesma hora, Kagome caminha até o youkai.
- Sai já daí, Kagome!
Ela pega Rin suavemente dos braços de Sesshomaru. Kagome não era médica, mas sabia exatamente do que ela sofria. – Ela está muito gripada. Precisa tomar algum remédio agora.
Rin demorou a perceber o que estava acontecendo a sua volta. Vendo-se separada de Sesshomaru, ela procura por ele como um filhote que fora desprendido de sua mãe.
- Sesshomaru-sama vai abandonar Rin? Rin quer ficar com o Sesshomaru-sama!
Inuyasha resiste o máximo que pôde para não rir, ficando inchado de tanto esforço, mas acaba explodindo. Dá uma gargalhada zombeteira de alto e bom tom, atingindo em cheio o meio irmão. Já estava preparada a manchete do jornal de amanhã: O mais que poderoso Sesshomaru agora adota crianças humanas!
- Eu não posso ir até o vilarejo. – Ele responde, indiferente às risadas grosseiras de Inuyasha.
- Se não causar problemas, pode sim. – Kagome conserta. – Não é mesmo, Inuyasha?
Apesar de fazer bico e cara de não-to-nem-aí, Inuyasha consente com a cabeça. Os três seguem para a casa da Kaede, com Kagome andando na frente e Sesshomaru a acompanhando, logo atrás. Ambos não arriscariam trocar sequer uma sílaba. O youkai esforçava-se para não reclamar da lentidão da menina.
Já Inuyasha reclamava e os seguia, simultaneamente, como de costume. Os passos largos de sempre. O "feh" esnobe de sempre. "Não estou fazendo isso por você" de sempre.
Minhas amadas- N/A: Primeiramente, olá a todos ^_~ Isso aqui era pra ser um fic one-shot, mas aí acabou crescendo, cresendo... o_o Heheh, mentira, nem ta tão grande assim. Mas achei que ia ficar cansativo de ler se fosse uma coisa enorme, né? Bem, vamos às origens ._. Já fazia séculos que eu queria colocar a Rin e o Sesshomaru em um fic ^^ Só que eu consigo escrever sobre o Sesshomaru de jeito nenhum... Não da maneira que eu quero (Ainda não alcancei meu objetivo... Mas um dia chego lá u_u). Sei lá, tipo um draminha básico ^_^. Foi então que, neste momento angustiado, meu vizinho resolveu colocar um forrozão nas alturas... O quê? Idéia? Sayo começou a escrever? Heheh.
É bem capaz de ser coincidência, mas só por via das dúvidas... Lembrem-se de nunca subestimar o forrozão do vizinho (Já dizia a sábia professora Mizuki, "Não existem coincidências neste mundo").
Sayo *que agora acredita no poder da música regional*.