A/N: Desculpem a demora desse capítulo, o meu trabalho não tem me dado nenhum segundo de descanso. Mas, aí está… o último capítulo postado da nossa linda história. Espero que gostem.

Já comecei a tradução do primeiro capítulo da minha próxima tradução : "A Cada Outra Meia-Noite", que devo colocar online em uns 3 dias. Os capítulos dessa fic são muito maiores do que da "Exceção a Regra", tendo alguns com quase 40 páginas! Então as atualizações não vão ser tão rápidas quanto dessa fic, porém prometo atualizar constantemente.


EXCEÇÃO A REGRA

Chapter 21: Tremo pelo Meu Amor

'My hands float up above me

And you whisper you love me

And I begin to fade

Into our secret place

The music makes me sway

The angels singing say we are alone with you

I am alone and they are too with you'

"All Around Me"-Flyleaf

James's POV

10 de Dezembro de 1976

Quinta-Feira

Tem vezes quando você tem que dar um passo para trás, e fazer uma pequena procura na sua alma. Quando certos eventos acontecem, e te forçam a olhar a sua vida sobre uma nova perspectiva.

O que costumava ser trivial, se torna o centro do seu universo.

Você se apega as coisas que você dava como certas na sua vida, você têm aspirações maiores, e melhores.

É no momento quando você percebe o quanto excessivamente volúvel você tem sido. Que os objetos materiais - dinheiro, ouro, vassouras sofisticadas (ou carros) - significam muito pouco em relação ao grandioso esquema das coisas.

É o momento quando você compreende o que realmente importa: as pessoas, e bens, que você não pode repor. As coisas que, caso sejam perdidas, deixariam um buraco enorme dentro de você.

É o segundo, minuto, hora, ou dia, que define o resto da sua vida, uma ocorrência que você jamais vai esquecer, enquanto você viver.

Eu estou experimentando um desses momentos, nesse instante, enquanto os meus dedos percorrem os cabelos ruivos sedosos da minha namorada adormecida.

Desde o primeiro dia que eu a encontrei nessa cama, eu tenho feito a mesma rotina.

Eu quero gravar na minha memória cada linha, cada centímetro, da impecável pele de porcelana dela… até mesmo as marcas vermelhas, que estão sumindo, produzidas por uma única varinha. Eu quero memorizar cada textura que o corpo dela tem a oferecer. Eu quero aprender o ritmo do pulso dela nas pontas dos meus dedos.

Eu quero ter a maldita certeza de que ela está segura, que ela está aqui, que ela está comigo, ou com outra pessoas que a ama muito.

A realidade de quantos segundos preciosos a Lily estava de ser torturada além da sanidade… a realidade de quão próximo eu estive de perdê-la para sempre...

Eu sempre fui super-protetor, até um certo ponto. Mesmo quando ela me recusava, e dizia sim para outros garotos, mesmo assim, eu fiz a minha missão deixá-la saber da reputação de cada um deles. Para deixar com ela soubesse quando deveria tomar cuidado, ou quando parar por completo.

Mas, depois que ele a machucou naquela primeira vez, depois que ele chegou tão próximo de estuprá-la, depois que ela acordou quase todas as noites, por meses sem fim, tendo o mesmo pesadelo… eu fiquei obcecado em defendê-la de todo o perigo.

Eu observei cada sombra, e caminhava com ela para todas as classes que eu podia. Eu gastei quase todo o momento que eu estava acordado me devotando a ser o guarda-costas pessoal dela. E, talvez, eu tenha me afastado dos meus amigos. Talvez.

Mas quando ela terminou comigo, eu abaixei as minhas defesas. E, quando ela me disse que eu era muito super-protetor, eu parei de observá-la completamente.

Eu abaixei a minha guarda, eu esqueci momentaneamente sobre o perigo que o Evan Rosier representava, quando dado a menor das oportunidades, ele escorregou da minha mente e, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava preparado para o que a vida resolveu me dar.

Um sinal de aviso que deveria ter sido um alerta: ele a perturbou antes, me chantageou, e então a perturbou mais uma vez. Eu deveria ter sabido que ele jamais iria renunciar às armas dele sem dificuldade.

Mas eu não dei importância ao sobre-aviso, e agora, o amor da minha vida, está sofrendo as conseqüências.

Mais uma vez eu olho para baixo, e a boca dela está ligeiramente aberta, liberando um rouco baixinho de vez em quando. Eu sorrio à feição tranqüila dela, enquanto ela usa o meu peito, e o meu ombro, como travesseiros. Esse é o melhor sono que ela teve em muito tempo.

A Madame Pomfrey nos disse o que ia acontecer. Ela nos avisou dos efeitos colaterais de cada poção. Ela nos avisou que o trauma do evento iria irromper periodicamente, seja na forma de sonhos, ou se afastando das pessoas.

Mas a legitimidade dos cuidados dela ainda não amadureceram, não inteiramente.

Essa é a minha Lily, a lutadora, a ruivinha determinada que consegue tudo que ela deseja. A pessoa mais teimosa que eu conheço, a personificação da perfeição, a perfeição alcançada, a guardiã do meu coração.

O gosto dela pela vida é maravilhoso. Ela defende os inocentes de Hogwarts, faz todo o dever de casa, e ainda obtém sucesso nos deveres dela de Monitora Chefe com graça suprema. Tão saudável e tão irritável.

Então, vê-la se remexendo e gritando nos sonhos… passando os meus dedos pelos cortes profundos no estômago dela, nos braços dela, nas pernas dela, no pescoço dela, cortes que ainda não sararam completamente… segurando as mãos trêmulas dela nas minhas, enquanto os músculos dela se contraem… tudo isso é muito mais do que eu imaginei. Isso é inconcebível.

Não era para ser assim.

A mulher que eu amo é cheia de vida, saudável, feliz, e não tem nada nesse mundo que eu não daria para conseguí-la de volta.

Alguém na nossa esquerda, um homem, pigarreia, me trazendo de volta, com sucesso, para a realidade.

"Ela está, finalmente, conseguindo dormir?"

Em geral, eu não tenho medo de figuras autoritárias. Eu posso levar uma conversa normal com o Dumbledore, contar uma piada leve sobre a McGonagall, ou ter uma discussão séria com qualquer funcionário do Ministério que cruze o meu caminho.

Mas o Daniel Evans não é uma figura autoritária ordinária.

E, francamente, a idéia de ter uma conversa com ele, como a que eu tenho na minha mente, me assusta terrivelmente.

"É… sim." Eu gaguejo, tentando me compor pateticamente. "Eles deram uma poção do sono sem sonhos, para que ela possa descansar sem se lembrar… de certas coisas."

"Por que eles não deram essa poção a ela antes?" As sobrancelhas pretas dele se juntam, e eu posso sentir um certo grau de irritação no tom de voz dele. Francamente, eu não o culpo. É tremendamente frustrante ver alguém que você ama sofrer, quando você sabe que existem métodos para prevenir isso.

"Eles deram, mas precisa de uns ingredientes específicos para fazer. Eu acho que, em algum ponto, os ingredientes principais acabaram. O Professor Slughorn, o nosso mestre de Poções, fez uma nova hoje de manhã."

Ele acena com a cabeça, e se encosta no assento dele, tentando absorver toda a informação. Eu somente posso imaginar como ele está se sentindo nesse momento. Deve ser como se tirassem a minha varinha de mim, e me jogassem em um hospital trouxa. Que merda.

"Eu não tenho certeza se eles te disseram, durante o tempo que você está aqui, mas… obrigado. Por estar aqui para ela, por..." Ele pára, "… amá-la. Eu sei da história de vocês dois juntos, e não foi exatamente tranqüila. E eu sei que recentemente, as coisas não estavam boas entre vocês dois, e que ela partiu o seu coração."

Os lábios dele se viram, e os dedos dele apertam a ponta do nariz dele, os olhos dele variam de mim para a filha preciosa dele, no meu abraço.

"Honestamente, depois que eu ouvi tudo, eu não achei que você fosse aparecer. Você trouxe uma certa normalidade de volta a vida dela. Você a fez sorrir, e rir. Eu não acho que eu consiga colocar em palavras o quão grato eu sou."

Eu nunca testemunhei um homem adulto chorar, mas eu posso ver as lágrimas ameaçando cair dos olhos esmeralda do Daniel Evans. Essa é a filha mais nova dele, e ele está sendo forçado a vê-la batalhar os efeitos de algo que ele, sendo um trouxa, não tem noção nenhuma do que se trata. Ele se sentiu inútil e confuso, o tempo todo, e é incrível que ele ainda não tenha desmoronado.

Sem saber o que mais eu posso fazer, eu simplesmente sorrio e dou os ombros. Eu finjo que eu não estava esperando um agradecimento, mas as palavras, e as ações dele, realmente me comoveram. Eu nunca esperaria que esse homem viesse a se abrir comigo, alguém com quem ele mal falou uma frase inteira, durante todo o tempo que eu e a Lily estamos juntos.

"Você realmente não precisa me agradecer. Você nem me conhece muito bem, e você tem me tratado muito bem nos últimos dias. A sua bondade já é o suficiente. Mas realmente, ela tem feito quase tudo sozinha. Ela é uma mulher forte. Eu estou aqui, assim como o resto de vocês, para dar o máximo de suporte o possível para ela."

Uma risada fraca atinge os meus ouvidos, e eu olho para ele, e o encontro sorrindo abertamente para mim.

"Você realmente não sabe o efeito que você tem nela, não é?"

Eu seguro uma zombaria. O efeito que eu tenho nela…

Um pensamento rápido entra na minha mente. Eu não tenho certeza de quando vou ter outra chance de compartilhar uma conversação como essa que estamos tendo, já que ele e a Rebecca estão partindo amanhã. Eu sei que, o que eu vou fazer vai ser arriscado, já que o assunto vai estar ao alcance de nos ouvir, mas é agora ou nunca.

"Senhor, eu gostaria de falar contigo mais tarde, sobre algo que tem estado na minha mente por…" Eu me repreendo por quase ter bagunçado o meu cabelo, "… bem, vamos dizer que já faz algum tempo."

Os olhos sábios dele observam cada movimento meu, mas eles não mostram nenhum sinal de raiva, que eu tinha antecipado.

"Não precisa dizer mais nada, James. Eu sei o que você vai me perguntar."

Alterando o olhar entre a Lily e eu, ele engole o nó que estava preso na garganta dele.

"Você tem certeza que ela está dormindo profundamente?" Ele pergunta, levantando uma sobrancelha, e virando a cabeça para observar a Lily.

"Eu tenho certeza. Eu já tomei essa mesma poção antes, e eu fiquei dormindo por horas sem fim, mas eu suponho que varia."

"Mesmo assim, eu acho que nós dois devemos conversar em outro lugar, para não atrapalharmos ela."

Eu concordo silenciosamente, e a retiro de cima de mim, e dos meus braços, colocando, gentilmente, a cabeça dela no travesseiro frio. Eu sigo os passos do Daniel, caminhando para próximo da janela, que vai até o teto, aonde ele está parado.

"Antes de irmos à razão do problema, têm algumas coisas que eu gostaria de dizer para você. Coisas que eu quero dizer, desde os primeiros dias da nossa estadia aqui."

Ele cruza os braços, e as pernas, enquanto se encosta na parede, com a aparência séria, repentinamente. Num instante, a posição de um pai amedrontador, que estava ausente minutos atrás, retornou novamente.

"Eu nunca gostei muito de você. Os pais são dessa forma, quando as filhinhas deles crescem, e arranjam namorados. Nós sempre somos super-protetores, se tratando das nossas filhas, e muito desconfiado de qualquer garoto que ela leve para casa. Porque, para nós, ela ainda é aquela garotinha de maria-chiquinha, que sentava no nosso colo, e ouvia as nossas velhas histórias, só para que ela pudesse ouvir a nossa voz. E eu não estava pronto para deixá-la ir, e até alguns dias atrás, eu nem tenho certeza se eu jamais conseguiria.

"Mas, quando eu vi o rosto dela se iluminar, quando ela olhou para você pela primeira vez, naquele dia, você me conquistou. Eu nunca a vi tão empolgada em ver alguém na minha vida. E na minha opinião, qualquer um que consiga fazer que aquela expressão no rosto dela seja permanente, a merece. Eu posso ver que você é diferente dos outros garotos com quem ela saiu, ou que conversou. Você a faz feliz. Você a trata muito bem. Você a ama incondicionalmente. Você é, sem dúvida nenhuma, uma exceção a regra, e eu me sinto honrado de te chamar de genro."

Ele não consegue mais esconder as emoções dele, e uma lágrima escorre pela sua bochecha, mas ele ainda está me olhando carinhosamente. Os olhos amigáveis dele brilham com aprovação e gratitude, o seu resplendor me lembrando tanto do da Lily.

Ele ri quando, eventualmente, se vira de costas para mim, dirigindo a minha atenção para a garota na cama.

"Aparentemente você fez o dia dela."

Eu sorrio, enquanto olho para ela, com os seus olhos verdes arregalados de alegria. O sorriso brilhante nos seus lábios rosados, fica mais proeminente, enquanto eu saio do lado do Daniel, que está convenientemente, se dirigindo à saída, e caminho em direção a ela.

Rapidamente, ela se inclina para a frente, e estende os seus braços doloridos, esperando eu ir para o lado dela, e puxá-la para mim. Eu faço justamente isso, abraçando ela, e nos balançando para uma melodia inventada.

"Eu não sabia que você estava aqui. Há quanto tempo você está esperando?" ela pergunta, e eu sinto os lábios dela se mexendo, enquanto eles fazem pressão na pele morna, do meu pescoço.

"Ah, pelas últimas três horas. Você estava completamente desmaiada. Babando, roncando… eu acho que você até falou o meu nome uma vez ou duas." Eu brinco com ela, e ela coloca a língua para fora, para mim, mas a linda coloração nas bochechas dela é a prova que ela não conseguiu ficar completamente desafetada pelo meu comentário.

"Na verdade, eu cheguei aqui há uns trinta minutos atrás. Eu estive te observando desde que e cheguei."

"Ah! Adivinha só? A Madame Pomfrey vai me deixar voltar para os dormitórios! É claro, eu vou ter que continuar a tomar as poções. Aparentemente os cortes foram muito profundos para um feitiço da cura normal, e eu ainda estou bem dolorida do Cruciatus. Mas, mesmo assim, eu vou voltar a ficar com você no Dormitório dos Monitores Chefes."

O sorriso alegre que estava emplastrado no rosto dela, desde que ela testemunhou o pai dela e eu, juntos, ainda está firmemente no lugar. Quando ela passa os dedos dela pelo meu cabelo desarrumado, causando que alguns fios caiam sobre os meus olhos, eu libero uma respiração tremida, que eu nem sabia que eu estava segurando.

As palavras do pai dela se repetem na minha mente…

Você realmente não sabe o efeito que você tem nela, não é?

"Isso pode parecer muito estranho, e um pouco clichê até, mas eu pude sentir que você estava aqui. Eu fico com essa sensação estranha no meu estômago. Só aparece quando você está por perto. Mesmo quando que estava dormindo e não podia sonhar, eu podia dizer que você estava próximo."

Ela altera o peso do corpo dela sobre o meu, e as nossas testas se juntam.

"Você sabe o quanto eu te amo, não é?"

Eu aceno que sim, e fecho os meus olhos, saboreando esse momento. Somente Merlin sabe que nós não tivemos muitos momentos agradáveis, como esse, nas últimas semanas.

"Eu sei, mas não dói ouvir uma lembrança de vez em quando."

Ela envolve os braços dela na minha cintura, assim como eu faço com ela, nos apertando ao máximo.

"Se isso é tudo que você precisa ouvir, então… Eu te amo, James."

"Eu também te amo, Lil."

Nós ficamos envoltos um nos braços do outro por alguns minutos, até que ela se afasta, dando um passo para trás, e olhando para o chão. E, quando ela levanta a cabeça, o rosto dela não tem nada além de dor.

"Eu conversei com o Severus."

"Hum?" Eu pergunto, com uma sensação enjoada crescendo na minha garganta, e eu esfrego a palma da minha mão nas minhas calças compridas.

"É. Como você já pode ter adivinhado, não foi muito bem."

O olhar ansioso no rosto dela suaviza levemente, mas eu a conheço bem. Eu não entendo completamente a filiação dela com o Snape. Nunca entendi, e quase que com certeza, nunca vou entender. Eu não confio nele, e eu não consigo entender como que eles desenvolveram uma amizade, para início de conversa.

Ela me disse que eles moravam próximos um do outro, quando eram menores, e que ele foi o primeiro a introduzir a magia na vida dela. Ele foi o melhor amigo dela, assim como a Petúnia.

Mas o tempo muda tudo, virando todas as pedras no caminho. Mudou a Petúnia, me mudou, mudou a Lily, e mudou o Severus Snape.

Em algum ponto da vida dela, ele significou muito para ela. E talvez, embora eles quase não se comuniquem mais, ele ainda signifique. Entretanto, o grupo de pessoas que ele acompanha, ficaram mais sombrios, a atitude dele ficou mais ameaçadora.

Eu estaria disposto a apostar que, depois da graduação, ele vai se tornar um Comensal da Morte… se ele já não for um.

"Eu agradeci ele. Eu queria que ele soubesse o quanto eu sou grata pelo o que ele fez. Eu não entendo completamente o porque ele fez aquilo, mas eu sou grata."

Ela engole, olhando para baixo, para seus dedos longos, e elegantes, mexendo nas suas unhas.

"E eu perguntei - eu perguntei para ele, se tivesse sido você… ou qualquer outra pessoa… se ele teria agido da mesma maneira para eles. Ele não me respondeu, e então, nesse momento, eu sabia que nada havia mudado. Ele ainda está sendo envenenado por aqueles brutos que ele chama de amigos."

Eu envolvo um braço na cintura dela, e beijo a cabeça dela, ouvindo, e observando-a atentamente, enquanto ela fala.

"Eu não sei o que eu estava esperando. Eu achei que talvez… ele havia mudado. Como você mudou."

"Ele mudou sim." Eu murmuro para mim mesmo, mas ela ouviu, e me manda um dos seus olhares malignos famosos.

"Desculpa, não consegui me controlar. Eu sei o que você quer dizer. Dói para caramba quando s seus amigos mudam." Eu paro e recuo, sabendo no mesmo instante como que as minhas palavras se aplicam a uma situação com um certo amigo, nesse momento.

"Chega. Podemos mudar de assunto, por favor? Eu já fiquei triste o suficiente, e eu quero ser apenas sorrisos quando eu estiver com você."

Eu chego mais próximo, até que os meus lábios toquem a orelha dela, e eu sorrio quando sinto ela se arrepiar.

"Eu posso pensar em algumas coisas que eu poderia fazer para te animar."

Ela ri e bate brincando no meu braço. Eu seguro o lugar aonde ela acertou, fingindo que realmente doeu.

"Ai, garota! Até mesmo quando você está na ala hospitalar, e ainda tremendo quando dorme, você ainda consegue arranjar formas de me machucar!"

"Ahhh, coitadinho do pobrezinho do Potter. Será que eu deveria dar um beijinho para melhorar?"

Com um sorriso maroto eu, de repente me jogo nela, e ela grita enquanto eu fico em cima dela. Por um momento, eu vejo algo nos olhos dela. Rapidamente, vai embora.

Medo. Eu assustei ela.

Sem demora, eu me ajeito, e chego para trás. A última coisa que eu quero fazer é espantá-la de mim.

"Meu amor, me desculpa. Eu não pensei quando eu fiz aquilo..."

Ela balança a cabeça fervorosamente, e coloca um dedo fino nos meus lábios, para me silenciar, mas não muda a sensação no meu coração. Eu não consigo acreditar que eu fiz algo tão estúpido. Ela foi atacada e eu vou e faço algo desse jeito…

"Shhh, James. Está tudo bem. Eu não -" Ela corta, suspirando alto, e girando o lençol fazendo nós, "Eu não tenho medo de você. Eu sei que você jamais me machucaria, sobre nenhuma condição, e eu me arrependo se aparentou dessa forma para você. Eu acho que tudo ainda está na minha cabeça… você sabe. Geralmente, não me incomoda, como quando estávamos conversando, antes disso. Mas quando as pequenas me pegam de surpresa, as lembranças começam a voltar, uma por uma."

Eu aceno, para que ela saiba que eu entendo, enquanto gravo essa informação na minha mente para o futuro. Com um suspiro, eu beijo a testa dela.

"Eu realmente gostaria de poder passar mais tempo contigo, mas eu tenho um treino de Quadribol para liderar. Eu volto a te visitar mais tarde. E vou trazer alguma comida comigo."

Ela sorri, e eu dou um beijo de despedida, antes de empurrar as portas. Eu me viro pelo corredor, quando uma mão segura o meu braço.

Com uma mão na minha varinha, eu me viro e vejo o Daniel e a Rebecca Evans, parados diretamente na minha frente, com sorrisos melancólicos idênticos.

"Como eu te disse, você, com certeza, não foi o primeiro garoto a cruzar a nossa porta para tentar conquistar a nossa menina." O Daniel declara.

Os seus olhos tristes, se viram para a direção do aposento que contém a garota que nós dois amamos muito. Então, ele se move de volta para mim, com uma emoção diferente, irreconhecível, queimando neles.

"Mas nós esperamos que você seja o último."


14 de Dezembro de 1976

Segunda-Feira

Eu tenho tido muitas coisas na minha mente, ultimamente.

Lily. O Evan Rosier ainda vagando pelas ruas e pelo país. Os exames. Lily. Quadribol. Tendo deveres dobrados como Monitor Chefe. Sirius. Ah, e a Lily.

E nesse momento, eu me focalizo no futuro.

Eu vou me casar com a Lily - eu não tenho dúvidas disso. Eu vou fornecer uma casa segura para ela, seja aonde for. Mas tem uma preocupação na minha mente, um pensamento pequeno e chato que não sai da minha mente.

Começar uma família.

Eu quero ter filhos. Ela quer ter filhos. Os nossos pais querem netos. Mas não importa o que ninguém queira. Como eu disse para ela, se acontecer, aconteceu. Está fora do nosso controle.

Eu não posso girar a minha varinha e solucionar tudo. Ela não pode beber uma poção que vai reverter os efeitos.

E me mata saber que ela quer isso, tanto quanto eu quero. Que, a única coisa, que ela mais deseja, pode ser a única coisa que eu não posso dar para ela.

Então, eu estou tentando uma nova abordagem, uma que eu não tento desde pequeno.

Eu não sou, e nunca fui, uma pessoa espiritual. Têm tantas perguntas que não podem ser respondidas, e é difícil para mim, colocar a minha fé em algo que varia de cultura para cultura.

Mesmo assim, aqui eu me encontro, numa madeira velha e fria, da arquibancada do campo de Quadribol, apertando, nas minhas mãos, fortemente, o pequeno rosário de contas, que a mãe da Lily colocou ao lado da cama dela, e estou me perguntando porque o peguei.

Eu não sei aonde começar. Eu não sei como expressar os meus pensamentos através das minhas palavras, especialmente não para um 'poder maior'. A religião nunca foi a minha especialidade.

Uma serenidade estranha me percorre, e eu fecho os meus olhos, limpo a minha mente, e deixo o diálogo vazio escorrer abundantemente pela minha língua.

"Eu sou um homem de sorte. Eu tenho tudo o que eu poderia querer - uma família maravilhosa, os melhores amigos que alguém poderia querer, e eu tenho algumas das credenciais para me tornar um Auror - mas eu também tenho ela. Eu tenho o amor dela, e se no final de tudo, eu somente tiver isso, vai ser o suficiente."

Pouco a pouco, eu abro os meus olhos, e olho para o pequeno artefato de madeira na minha mão, indagando se isso é somente uma perda de tempo, se o meu apelo desesperado vai obter qualquer resultado.

"Vê-la passar por tudo isso não tem sido fácil para mim. Se eu pudesse mudar de lugar com ela, e retirar toda a dor dela, eu faria, em um piscar de olhos. Se tivesse qualquer coisa que eu pudesse fazer para ajudá-la, eu não hesitaria em fazer. Mas eu não posso. A única coisa que me tranqüiliza é saber que ela está nas Suas mãos. Que talvez Você possa zelar por ela, e fazer com que as coisas dêem certo para nós. E, quando ela recuperar a força dela, por completo, eu Te dou a minha palavra que eu vou tratá-la com todo o carinho por enquanto eu viver, e depois, se for possível. Eu nunca vou deixá-la escorrer pelas minhas mãos novamente. Eu nunca vou partir do pressuposto com ela, nunca. Eu quero viver uma vida completa… eu não posso fazer isso sem ela. Eu quero dar para ela tudo que o coração dela deseja. Amor, segurança, felicidade… e uma família."

A minha cabeça cai em minhas mãos, e os meus óculos escorregam no meu nariz. Mesmo com a minha visão embaçada, eu posso ver a pequena poça de lágrimas em cada uma das lentes. Mesmo com o meu desespero, eu sei que eu tenho companhia. Eu não me importo em levantar a minha cabeça para olhar, eu posso sentir quem é.

O homem que ficou ao meu lado nos piores momentos da minha vida. O homem que sentou comigo por incontáveis horas, em situações parecidas a essa, e ouviu as minhas reclamações, e então me ofereceu o seu melhor conselho. O homem que, a partir desse momento, eu considero o meu amigo mais leal.

Remus.

Lágrimas silenciosas escorrem pelas minhas bochechas, e ele espera, até que eu esteja pronto para falar. Tendo que agüentar os meus colapsos recentes, agora ele está acostumado a esse cenário. E ele sabe que, quando eu estiver pronto para falar, eu vou falar. Mas, nesse lugar, o meu paraíso, as lágrimas embutidas de frustração, e preocupação, deve ser liberadas. Quando eu caminhar de volta para Hogwarts, eu vou ter que ser forte novamente. Eu vou ter que suprimir as minhas lágrimas, enquanto eu limpo as dela.

"Eles vão encontrar o Rosier. O Dumbledore não vai deixá-lo escapar impune. E, mesmo que ele não o encontre, o velho Voldi não vai ficar muito feliz em saber que o seu pequeno servo falhou, não é?"

Enquanto sorrio para ele, eu percebo que essa é a primeira conversa de verdade que nós tivemos, desde o dia em que tudo se revelou. Na verdade, entre estudando para os exames que os professores estão nos jogando sem parar, e apoiando a Lily, eu não tive muito tempo para mais nada.

"Você está preocupado com ela, eu sei. Isso tem sido difícil para todos nós, mas especialmente para vocês dois. Mas você não pode colocar o resto da sua vida em espera. A Lily vai ficar bem. Ela vai sair daquele lugar, e vai voltar a ser como era antes, e ela vai ficar com você."

O Remus se joga no assento de madeira atrás de mim, cruzando os seus tornozelos, e seus braços, enquanto ele encara o céu, pensativamente.

"O Sirius nos contou."

Mesmo sabendo que ele não pode me ver, eu respondo com um aceno, da mesma forma. Eu não tinha certeza de quem sabia de tudo, se eram somente os nossos amigos mais próximos, ou toda a escola, mas eu não esperava que o Sirius fosse tão direto.

"Eu não estou dando desculpas ao o que ele fez, porque o que ele fez foi horrível. Mas, se tem alguém que pode te dizer o quanto tudo isso está afetando ele, esse alguém sou eu. Ele está arrependido, James, ele realmente está. Mais do que você queira acreditar."

É claro que ele está arrependido. Em algum lugar, dentro do coração bagunçado dele, ele está. Mas como eu já disse para ele, eu não perdôo e esqueço facilmente.

"Eu honestamente o odeio agora, Remus. Eu juro que o odeio."

Ele pára, absorvendo a severidade do meu relato, mas ele não se opõe. Não tem nenhum grama de simpatia no meu corpo pelo Sirius, e o Remus é consciente disso. Eu sei que, em algum momento, ele também se sentiu da mesma forma sobre ele.

O meu amigo aparenta estar doente, um sinal certo de que a lua cheia está se aproximando. As cicatrizes na pele dele aparentam incandescer no sol de inverno. A postura dele, que nunca foi completamente ereta, está mais curvada do que o normal. Olheiras de tons de machucados circulam os seus olhos ocos, mas eu posso ver uma seriedade, e sabedoria, dentro deles, que somente ele pode transmitir.

"Você tem toda razão de estar furioso com ele. Eu não te culpo. Quando ele me contou, eu fiquei irado, e eu nem estava envolvido. Mas ele está tentando melhorar. Ele está vivendo o erro dele, e isso está acabando com ele. Ele está pagando o preço, ele estava pagando o tempo todo."

Ele respira profundamente, e senta um pouco mais reto, sem dúvida agitado pelo fato que as suas palavras de sabedoria não estão me afetando, como normalmente afetam. Um pouco de tempo passou, mas não é o suficiente. Não é o suficiente para derreter a minha tendência gélida sobre o meu antigo melhor amigo.

"Se a Lily estivesse nessa situação, se tivesse sido a Marlene, ou a Alice, ou qualquer amigo próximo a ela, o que você acha que ela faria?"

Imediatamente, eu me lembro da conversa que eu ouvi, entre a Lily e o Sirius, no dia da primeira visita dele.

"Eu acho que é bem óbvio, considerando que ela já o fez." O meu tom está um pouco mais severo do que eu pretendia. "Ela se recusa a afastá-lo… ela o ama. Mas é muito difícil para mim, olhar para ele e não pensar da merda que nós passamos. É inevitável. Eu olho para ele, apenas uma vez, e eu a vejo no dormitório, o olhar nos olhos dela na noite em que nós patrulhamos, o rosto dela, quando ela me viu na ala hospitalar. E, quando eu olho para ela, eu também vejo isso tudo. E então, eu percebo que tudo isso aconteceu por causa dele."

"Me diga," ele fala, olhando de propósito para a frente, para os gols no campo, "Por que você acha que a Lily o perdoou?"

A pergunta simples é seguida por uma resposta fácil.

"Ela o ama. Ele é praticamente da família."

"Exatamente. Ela realmente o ama. Mas o cara que ela ama não é o mesmo que nós vemos agora. Ele não foi o cara que partiu o coração dela."

Ele se vira para mim, com uma expressão profunda entalhada em cada fenda do rosto dele, e ele aprimora.

"Ela ama o Sirius que a ajudou a se preparar para o exame de Transfirguração, no último minuto. Ela ama o Sirius que contou piadas imbecis para ela, somente para colocar um sorriso no rosto dela. Ela ama o Sirius que ensinou a ela como jogar Quadribol, somente para que ela pudesse voar com você. Ela ama esse Sirius, o que ela conhece há seis anos, não o homem que se materializou do nada nesse ano, e fez isso tudo com ela."

Eu digiro as palavras dele, optando por mover os meu olhos para as bandeiras que se mexem no ar, enquanto eu sinto um tapa forte nas minhas costas.

"Mas, você que tem que saber, e você tem todo o tempo do mundo para tentar entender. Por que nós dois não voltamos para a Sala Comunal? A Alice ainda estava com a Lily antes de eu sair, então eu tenho certeza que elas já devem ter voltado. Eu tenho certeza que você quer vê-la."

Nós caminhamos o longo caminho de volta para o castelo usando todos os atalhos que nós nos lembramos. Eu sou tão familiar com esse lugar, como sou com a minha própria casa. E, enquanto nos aproximamos da Mulher Gorda, que nos espera na entrada da Sala Comunal, eu espio o meu amigo que está ao meu lado.

"Me desculpa por não ter conversado muito ultimamente. Ninguém está chateado não, certo?"

Ele sorri, me olhando desacreditadamente.

"Pontas, para de ser ridículo. Nós entendemos que você tem outras coisas acontecendo. Diabos, até a McGonagall está sendo mais boazinha com você. Ela nunca faz isso. Todo mundo sabe que o seu lugar é com a Lily, e nós estaremos aqui para te dar todo o suporte que pudermos."

"Obrigado, Aluado."

Nesse tumulto todo, eu não havia considerado o impacto que isso teve em todo mundo, os sacrifícios que eles estão fazendo por nós dois.

Eu entro primeiro, e vejo a Alice e a Marlene paradas ao lado da escada que leva ao dormitório feminino. Um pouco confuso em saber porque a Lily não está com elas, eu caminho lentamente até elas, com o Remus me seguindo de perto.

"Eu achei que você tivesse ido a ala hospitalar?"

A Alice, igualmente confusa, balança a cabeça.

"Não, eu tentei, mas a assistente da Madame Pomfrey disse que ela precisava conversar com a Lily sozinha."

Me sentindo um pouco inquieto, eu me viro imediatamente para o Remus. Ela me disse que seria rápido, somente um gole de uma poção, e pronto.

"Eu tenho certeza que ela está bem, James. Eles provavelmente estão deixando ela descansar dos efeitos da poção. Não se assuste."

Eu olho para o buraco do retrato, debatendo se devo ou não, ir até ela, e, ao mesmo tempo, esperando que a Alice esteja certa.

"Pontas..." A voz calmante do Remus vem por trás de mim, "A Lily tem tomados todos os remédios, e feito tudo que eles a mandam fazer. Nós saberíamos se fosse alguma coisa de errado."

Eu olho os outros, e abaixo a minha cabeça. Eu estou sendo irracional, eu sei, mas eu não consigo evitar. Antes que eu possa entender o que está acontecendo, eu sinto um par de braços me abraçando, e eu olho para baixo e vejo o topo da cabeça da Alice.

Ela se afasta, e dá uns tapas nas minhas costas, enquanto ela sorri.

"Então, você vai nos contar o que você vai dar de presente de Natal para ela, James?"

Eu não resisto, e rio da ânsia emplastrada no rosto de formato de coração dela. O meu sorriso não se altera, enquanto eu respondo ela, e meus pensamentos se alteram para o objeto guardado de modo seguro no meu bolso de trás.

"Eu tenho uma pequena coisa em mente."


"Você está indo para casa, ou vai ficar aqui para o recesso?"

A Alice se aninha mais próxima do Frank, na frente da lareira, pensando na resposta para a minha pergunta.

"Eu não tenho certeza. Já que esse é o nosso último ano aqui, eu meio que quero ficar, você entende? Eu quero dizer, essa é a nossa última chance de passar o Natal em Hogwarts… a não ser que nós nos tornemos professores, e eu não quero isso de jeito nenhum. "

Ela tem razão. O nosso último recesso de Natal em Hogwarts. A nossa última chance de comer a deliciosa comida preparada pelos elfos domésticos. A nossa última oportunidade de observar a neve realística, caindo no tento encantado do Salão Principal.

"É sim. Eu vou sentir falta desse lugar. Tanta coisa aconteceu aqui, tanto ruim como boa. É difícil imaginar que nós vamos deixar isso tudo para trás, que no ano que vem, nessa época, nós não estaremos aqui."

Eu olho para os rostos sérios do meu pequeno círculo de amigos, cada um deles compartilham das minhas reflexões, cada um deles está revivendo os seus próprios momentos memoráveis, do nosso lar longe de casa.

Tapeçarias marrons e douradas. Corrimões, mesas e cadeiras, de mogno e cerejeira. Sofás confortáveis e escrivaninhas adequadas. Isso é tudo que nós conhecemos desde a doce idade de 11 anos. E, em poucos meses, nós todos teremos que dar um adeus apreciador para tudo isso.

Os nossos pensamentos são interrompidos pelo barulho baixo do retrato da Mulher Gorda se abrindo, os passos quietos do nosso visitante faz com que todos fiquem de pé.

O Dumbledore se agacha, enquanto ele entra, quase perdendo os seus óculos de meia-lua no caminho. Ele está impassível, mas os cantos da sua boca estão estremecendo levemente.

E então, ele olha para mim, sem se importar em esconder o seu divertimento.

"Feliz Natal, Sr. Potter." Um sorriso enorme aparece no rosto dele, e seus olhos azuis elétricos brilham vibrantemente, enquanto ele percebe a minha confusão, o que produz uma leve risada dele.

"Eu tenho um presente para você. Eu espero que você não se importe que eu te entregue ele com antecedência." Ele se vira de costas para mim, olhando para a entrado do retrato, mais uma vez.

O meu coração bate de modo errático, enquanto eu disparo da minha cadeira, e corro para o lado dele para ter uma visão melhor.

Respira, James, respira.

Ela está aqui.

Minha querida. Meu anjo. Meu amor.

Não tem cicatrizes, não têm sinais aparentes de machucados, ou sinais visíveis de dor, que foram substituídos por um sorriso, gentil, porem dolorosamente lindo, que faz que o meu coração pare de bater por um instante.

O tom de verde que eu amo tanto, reflete as chamas, iluminando o aposento, aumentando o seu brilho natural.

E então, os meus braços estão em torno da cintura dela, e a minha cabeça está enterrada no seu cabelo ruivo, parecido com o momento quando os nossos olhos se conectaram na ala hospitalar, a um pouco mais de uma semana atrás. De maneira similar a todos os dias que eu a abracei, desde então.

Só que dessa vez, é melhor.

Eu sinto os lábios dela entrarem em contato com o meu pescoço, e eu engulo, tentando ter algum controle sobre as minhas emoções desenfreadas, e a abraçando mais apertado ainda. Eu não poderia largar ela, nem mesmo se eu quisesse.

Esse é o momento que eu estive esperando. O momento onde eu posso olhar para ela, e não ver a sua pele arruinada por uma azaração, não me preocupar com a lesão ou a falta de sensação dos membros dela.

E agora, ela está aqui. Ela está aqui.

O meu amor retornou, aparentando ilesa, e absolutamente maravilhosa. A pele dela está apenas um pouco mais pálida que o normal, mas, de qualquer forma, ela aparenta estar nova em folha.

Ela venceu isso, e por fazer isso, ela fez um relato poderoso.

Para mim, para Hogwarts, para todo o mundo mágico, e - acima de tudo - para o Voldemort e seus fanáticos.

Façam o que quiserem, eles não vão destruí-la. Eles podem jogar quantas azarações e maldições nela. Eles podem chamá-la de todos os nomes existentes. Mas eles nunca, jamais, vão matar o espírito dela.

Isso não é sobre eu mesmo, não é nem sobre eles, sério. É sobre ela, e a força de vontade dela.

Eu ouço o conselho do Dumbledore, as recomendações dele, enquanto ele está atrás de mim. Eu ouço, enquanto ele diz algo sobre a procura pelo Evan Rosier, e a aliança dele com o Voldemort. Eu ouço, enquanto ele fala de uma recuperação futura, e a chance que ela ainda tenha momentos de fraqueza. Eu ouço, enquanto ele a elogia pela cura rápida, a vontade de ferro dela, e ouço os nossos amigos, enquanto eles conversam entre si.

Mas ela é tudo que eu vejo.

"Acabou, amor." Eu murmuro no ouvido dela, enquanto eu suavemente acaricio o rosto dela com as pontas dos meus dedos, mal acreditando que isso seja real, "Você está sã e salva."

Ela está brilhando, enquanto os suaves lábios dela encostam na minha bochecha, e os braços dela circulam o meu pescoço.

Somente se eu pudesse congelar o tempo…

"Eu te amo, James." A voz dela quebra, e lágrimas de felicidade estão molhando a minha camisa, mas eu não me importo.

Os nossos corações batem sem parar nos nossos peitos, o rito lento, e firme do dela, se misturando com o meu.

O meu mundo está certo.

O meu coração está completo.

O meu amor por essa mulher nunca foi tão forte.

E agora, só me resta uma coisa a fazer.


A/N: Aí está, espero que tenham gostado. Assim que a autora original postar o próximo capítulo, eu traduzo para vocês.

O que acham que resta para o James fazer? Eu, sinceramente, não sei, mas tenho uma idéia, então quero saber as idéias de vocês.

Beijos a todos os leitores, e até o próximo capítulo!

Cris