AN: Oi a todos! Estou de volta!

Alguns que acompanham a minha outra fic, "Por Toda a Eternidade" já sabem disso, mas como não sei se todos que lêem esta fic leem PTE, então vou dar o aviso de novo.

Agradeço a todos pelos reviews, mensagens, etc, de melhoras! Ainda não estou bem, mas estou bem melhor. Infelizmente não descobriram ainda o que eu tenho, mas estou confiante que vão descobrir logo. Já não aguento mais ficar doente...

Então, como estou me sentindo melhor, voltei a poder dedicar tempo as fanfics! Já postei 3 capítulos recentes de PTE, e agora segue o desta fic. Esse demorou pois é enorme, realmente enorme. 75 páginas!

Espero que gostem!


A Cada Outra Meia-Noite

Capítulo 66 - Uma vez Comensal da Morte, Sempre Comensal da Morte

Lily acorda mais cedo do que gostaria, graças aos gemidos do jarvey. Mesmo não estando preocupada que James possa acordar, já que o homem consegue dormir sobre qualquer circunstância, Lily veste as mesmas roupas que vestiu ontem e sai do quarto dele com o pequenino, para se sentar na cadeira dela, para alimentá-lo. Ela suprime um bocejo, interrompendo assim o cantarolar e imagina que horas são.

"Eu acho que você vai ser bem mais gordinho do que seus irmãos, se você continuar a comer desse jeito."

Ele continua a mamar alegremente e Lily sorri sonolenta para ele, o acariciando atrás de suas orelhas pequeninas.

"Quer ficar um pouco com o tio Sirius?" ela pergunta. Se ela vai passar a manhã toda ajudando o James a colocar vários locais de desvio de feitiços, ela prefere não estar com o jarvey próximo ao perigo.

Ela encontra o Peter esparramado no sofá dela, com um dos braços para fora; e a única parte do cobertor que não está no chão, está cobrindo a parte do quadril dele. Enquanto ela caminha pela sala, ela ajeita o cobertor para cobri-lo todo. Os lábios dele se viram em um sorriso sonolento. Por um milésimo de segundo, ela pensa que o gemido baixo veio da lareira, já que ela já ouviu a lenha em chamas fazer barulhos similares, mas quando ela olha automaticamente para a fonte do barulho, ela encontra um enorme cachorro preto em frente a lareira, se contorcendo infeliz no sono.

"Snuffles…" ela sussurra piedosa, se abaixando no chão ao lado do canino convulsivo. Ela passa a mão pelo pelo do pescoço dele, massageando a pele atrás da orelha dele.

Ela gostaria de ter um bichinho. Ela vai ter que abrir mão do Jarvey logo e a Ebony, embora seja uma ave adorável, não é exatamente fofinha. É calmante, acariciá-lo desse jeito, mas não demora muito para que o Sirius acorde em um susto. Vendo Lily ao lado dele, ele se transforma de volta em homem, olhando para ela com um olhar de leve desaprovação, cruzando os braços. Lily suspira desapontada, se encostando na perna da mesa.

"Se você estiver se sentindo um pouco generoso," ela fala baixinho, "você poderia se transformar de volta e me dar mais alguns minutos com o Snuffles."

Ele a observa por um momento e, depois de olhar para o sofá para ter certeza que Peter ainda está dormindo (sem dúvida para não ter nenhuma testemunha desse ato de bondade) se transforma de volta em um cachorro e deita ao lado dela sem falar nada. Ela abraça a enorme besta pelo pescoço, antes de começar a acariciá-lo de novo.

"Eu sempre quis um cachorro," ela diz, surpreendendo a si mesma. Mas como ela foi tão longe, ela decide continuar. "Meus pais nunca nos deixaram ter um, não importando o quanto Petúnia e eu implorássemos. Hoje em dia eu entendo porque não pudemos ter um, mas..."

O rabo dele bate no chão.

"Isso faz tanto tempo..."

Bate.

"E mesmo assim, as vontades de infância nunca são esquecidas, não é mesmo? Mesmo quando são colocadas de lado..."

Bate, bate.

Ela suspira e se abaixa para beijar o topo da cabeça do cachorro, e coça as orelhas dele mais uma vez. Ele coloca a cabeça no colo dela, aparentemente esquecendo que isso é supostamente humilhante e decide somente apreciar a atenção.

"Bom garoto." ela diz, fingindo que ele é só um cachorro e não um dos seus amados mais queridos. Essa afeção sem propósito é somente isso. Sem propósito. A quanto tempo que ela passou o tempo livre com outra pessoa sem ser o James? Ela estava preocupada em estar negligenciando o Hagrid, mas e quanto ao resto? Ela descartou os amigos para passar tempo com o James? Até um certo ponto, ela tem certeza que sim, e está com vergonha de si mesma. De repente, ela quer mais tardes tomando chá com o Hagrid, mais noites de corridas de sapo de chocolate com o Roo, observar mais as estrelas na torre da astronomia com o Sirius, mais conversas longas com o Remus na Casa do Gritos. Não que ela passasse muito tempo com o Remus antes dela e do James ficarem juntos, mas mesmo assim. Depois de ontem, ela só quer abraçá-lo perto, estando mais protetora de repente.

"Se tiver qualquer coisa que você precise ou queira… bem, provavelmente você jamais ousaria me pedir, mas..."

O cachorro se mexe desconfortavelmente.

"Eu sei," ela se desculpa. "Eu só estou dizendo que a oferta é verdadeira. Sempre." Ela beija a cabeça do cachorro mais uma vez, dando um último aperto nele, e se levanta para tomar banho.

Como ela já havia deduzido, Remus foi o sortudo que ficou com a cama. Ele tem uma aparência que aquece o coração, estando deitado ali confortável no meio das cobertas, com o cabelo desarrumado. Pela primeira vez, ela resiste a vontade de passar os dedos pelo cabelo dele. Ela coloca um feitiço de silêncio no banheiro, para que a água corrente não o acorde.

Mas quando Lily sai do banheiro, o lobisomem se mexe, cheirando o ar.

"Volta a dormir." ela diz, retirando a franja da testa dele. "Desculpa ter te acordado."

Ele murmura alguma coisa incoerente e entra mais ainda nas cobertas. Olhando para o relógio, ela percebe que são apenas cinco e meia da manhã. Ela pega o jarvey da cesta e diz para ele, "É culpa sua, e você sabe disso."

"Vagabundo."

Sendo o mais silenciosa o possível, Lily aumenta o fogo da lareira e boceja de novo enquanto caminha pela sala. Abrindo o retrato ela ouve o som de um canino, um tipo de rosnado que termina com um gemido. Ela se vira e vê a cabeça do cachorro virada curiosamente para um lado. Ela bate na perna, o chamando silenciosamente e ele caminha até ela. A primeira intenção dela era ir até a cozinha tomar chá, mas já que tem o Sirius como companhia, ela propões outra idéia.

"Já que você está me acompanhando, se importa de passarmos na floresta rapidinho?"

Ele faz um barulho de cachorro que ela entende como aprovação a proposta dela, então eles caminham pela porta principal e vão na direção na floresta. Uma vez estando bem escondidos pelas árvores, ele se transforma de novo no lindo homem, ainda vestido no uniforme preto e amarelo do Winbourne Wasps. Lily manda o patrono para o Mercúrio e se senta ao lado, enquanto Sirius pega o afazer de encher a mamadeira.

Ela fica feliz em ouvir o barulho de cascos rápidos se aproximando, embora ela ouça Sirius prender a respiração rapidamente enquanto a mão dele se mexe para a varinha, antes de relaxar novamente. O alarme dele passa tão rapidamente que ninguém que não o conhecesse tão bem e estivesse o observando tão de perto, não teria reconhecido o que realmente significava. Ela não afronta o homem por mostrar qualquer conhecimento de ter percebido o pânico momentâneo dele.

Mercúrio está… lindo. Ele sempre foi, mas ele está completamente crescido, e perdeu todo seu carisma infantil. Em vez disso ele tem uma aparência majestosa, madura, poderosa e intocável. Óbvio que mesmo assim ela o toca. Ela nunca foi o tipo de pessoa de manter as mãos longe do que não foi chamada, e o relacionamento atual dela é uma prova suficiente desse lapso no caráter dela.

"Aonde você esteve, garoto?" ela pergunta, colocando o Jarvey no colo do Sirius e se levantando, para que possa olhar o unicórnio nos olhos, acariciando seu longo nariz. Ele pisa no chão, um gesto que ela não sabe interpretar bem. Sem pensar, ela se transforma em uma corça e Mercúrio e ela dão uma volta no ninho dos jarvey, mantendo Sirius em vista o tempo todo.

Ela fica surpresa não só pela mudança na aparência dele, mas por todo o ar dele. Ele está com algo a mais, uma maturidade que vem com responsabilidade crescente e consciência do mundo em volta. O silêncio forte dele é acalmante, sua confiança, confortante. Ele não está só muito maior, mas ele também parece estar mais velho. Afinal, unicórnios são criaturas eternas, inteligentes por natureza e puras pelo mesmo motivo. Meses atrás, ela que foi a pessoa a confortá-lo, e agora parece que a situação está invertida.

Um tempo depois, Sirius se aproxima, lentamente e respeitosamente. Ele pigarreia e se dirige não a Lily, mas ao Mercúrio. "Ela deve retornar agora que o Sol nasceu." As narinas do unicórnio aumentam, mas ele parece entender o pedido, e então toca ela com o nariz e sai cavalgando. Eles o observam sair. Depois que ele está fora de vista, eles retornam ao castelo, sendo que Lily não está preparada para se transformar em humana de novo.

Sirius a inspeciona de perto, e ela percebe que esta é a primeira vez que ele a viu se transformar. Ele acaricia as costas dela e sussurra, "muito menor que o Pontas."

Mesmo quando ela se transforma de volta, a mão dele permanece em volta dos ombros dela e a apertam. No meio do caminho das escadas para as grandes portas de madeira ela pára e gira no lugar, se sentando bem ali. Ele olha para ela curioso e ela só aponta para o Leste, para o sol nascente. Ele sorri calarosamente e se senta ao lado dela, segurando sua caixa prateada de cigarros. Um instante depois, uma nuvem com cheiro de mel sai de seus lábios e ela apoia o rosto nos ombros dele, para apreciar melhor o momento. Ele coloca seu braço casualmente sobre o ombro dela e começa a girar um cacho dos cabelos dela nos seus dedos. Injusto, ela pensa, sabendo que ele jamais deixaria que ela brincasse com os cabelos dele desse jeito. Mas ela não vai reclamar, o silêncio é agradável demais para ser estragado.

Quando as portas de orvalho rugem, Lily segura a varinha e Sirius aperta o ombro dela, se posicionando, conscientemente ou não, entre ela e quem quer que seja que esteja saindo. Ela sai de costas para eles, puxando as grandes maçanetas das portas, fechando-as. Lily relaxa instantaneamente e abaixa a varinha, sua segurança passando instantaneamente para o Sirius. Ela pode não gostar realmente da Professora Dippet, mas a bruxa não merece o mérito de uma varinha apontada. Ela dá um sorriso falso enquanto apóia o rosto no ombro do Sirius, pensando que ela nem mesmo precisa de uma varinha para derrotar a Professora de Estudos dos Trouxas. Lily já a viu tendo dificuldades com um simples feitiço de mudar a coloração. Ela nunca comentou isso com ninguém, ela não quer que outro aluno perca o respeito pela professora só porque ela mesma perdeu. A antipatia dela pela Dippet é quase um ato pessoal e, por mais tentador que seja, ela não vai arruinar a reputação mágica da mulher para seus próprios motivos insignificantes.

Leva um tempo para Dippet perceber que eles estão aqui, e quando isso ocorre, Sirius e ela já estão em uma posição ainda mais aconchegante.

"Oh." É tudo que ela diz, quando vê Lily abraçada com o bruxo solteiro mais cobiçado da Inglaterra. Nem ela e nem o Sirius respondem, exceto pelo ato de olhar impacientemente para a bruxa. Lily não está fazendo nada de errado, e mesmo assim ela só está aguardando que Dippet ameace retirar pontos da casa.

Sirius ergue uma sobrancelha e pigarreia condescendentemente, como se dissesse, 'Você se importa, mulher?'

"Oh, eu… é… Bom dia."

"Estava sendo." ele diz, laconicamente.

Lily engole um sorriso e segura a mão dele na dela e se levanta. "Vamos, vamos voltar para a cama." ela diz baixinho, mas sabendo que Dippet consegue ouvir. Então ela se vira para se dirigir a própria bruxa. "Bom dia, Professora."

Ela puxa o Sirius pelas portas, que ela abre magicamente e sem uma varinha… (não é que ela queira se mostrar na frente da Dippet, é claro que não) e quando as portas se fecham atrás dos dois, ela diz, "Aquela mulher tem um talento inacreditável de arruinar o meu humor."

Sirius, aparentemente nenhum pouco incomodado, ao contrário de como ele agiu, dá um beijo no topo da cabeça dela e sugere, "Chá na cozinha?"

Enquanto eles tomam bebidas quentes, Lily explica seus planos para o resto do dia. "E então Hogsmeade com Frank e Alice Longbottom. Você deveria vir." ela sugere esperançosa.

"Não, Cariad, eu acho que não."

"Por que não?"

"Porque..." Um dos sorrisos famosos e perigosos transformam o rosto dele.

"Por que o quê?"

"Porque eu não gostaria de estragar a tarde deles."

"Mas você não estragaria."

"Oh, eu estragaria sim. Ele me despreza, sabia." ele diz, com um nível de alegria e orgulho que geralmente não acompanham este tipo de afirmação.

"Você não deve se importar com a opinião dele então."

"O quê?" ele pergunta, genuinamente confuso. "Não, eu considero ele e a opinião dele muito importantes. Ele é cara brilhante e eu o respeito tremendamente."

Lily pensa sobre isso, tentando encontrar o sarcasmo nessa fala, mas não consegue encontrar. Ela só consegue ouvir a verdade. "Por quê?" ela pergunta.

"Nós vivemos no mesmo dormitório por 7 anos, Cariad. Ele é uma das poucas pessoas cujos motivos para não gostar de mim são perfeitamente justificados."

"E portanto, você gosta dele?"

"Eu não disse que gosto dele, só que o respeito."

"Porque ele odeia você por ser você?"

"Precisamente."

Sim… ela consegue entender isso, ela pensa, enquanto coloca a xícara de volta no pires. Sirius respeitaria um homem que vê além do sangue e da reputação dele, do rosto e da história familiar, e não gosta dele por causa das ações e do seu caráter. Talvez seja porque Sirius transou com uma das ex-namoradas do Frank enquanto eles estavam na escola, ou talvez porque eles simplesmente não se davam bem. Lily tem que admitir que Sirius pode ser bem difícil. O que foi que ele disse uma vez? 'Eu não sou um homem bom, e você tem sorte que eu gosto de você.' Verdade, Sirius não é o que uma pessoa chamaria de sociável, e mesmo assim ele ganha a afeição e adoração de estranhos completos. Mas ele também não é mal e malevolente, e mesmo assim tem aqueles que pensariam isso imediatamente. Poucas pessoas conhecem o Sirius Black de verdade, e tendo feito uma impressão favorável ou não, ele as respeita por estarem o vendo de verdade.

Lily só pode admirar o Sirius por ter este tipo de atitude. Ela tende a se concentrar nas coisas negativas, não importando quem que fez ou se os julgamentos da pessoa foram justos ou injustos.

"Eu gostaria de ser um pouco mais como você." ela diz de repente.

Sirius joga a cabeça para trás e ri bem alto. "Cariad, eu acho que você é bem melhor do jeito que é." ele diz, dando um tapa nas costas dela.

X

Remus geme e se estica no conforto dessa luxúria da qual ele não está acostumado. Como uma cama do tipo da Monitora Chefe, é de se espantar que a Lily, e claro que James também, consigam sair daqui as manhãs. Ele já estava quase decidido a ficar deitado por mais meia hora quando o aroma e os sons (respectivamente comida de café da manhã e outra discussão da Lily e do Sirius) vindo pela porta o retiram da cama. Descalço e coçando a cabeça, ele caminha até a Sala Comunal. Peter parece que está se servindo de ovos e torradas, enquanto os outros dois continuam a discutir.

"Se você não está trapaceando, você não está tentando o suficiente." Sirius diz, quase que furiosamente.

"Isso não é verdade!" ela grita de volta, como se estivesse ofendida.

"Bom dia." Remus os cumprimenta, sonolento.

"Bom dia." todos os três o cumprimentam de volta. "Trouxe um pouco de café da manhã." Lily diz amigavelmente enquanto fica nas pontas dos pés para beijar a testa dele.

Ele responde o gesto de forma negligente e diz, "Obrigado." Pegando uma torrada, ele pergunta, "Então, qual o motivo do debate?"

"Sirius acha que o único jeito de vencer é trapaceando."

"Não foi isso que eu disse, sua nerdezinha. Eu só disse que se você não está disposto a trapacear, então claramente você não quer vencer tanto assim."

"E que tipo de vitória que isso seria?" ela responde. "Uma aonde você tem uma vantagem clara e injusta sobre o seu oponente."

"Fazer com que você tenha uma vantagem para assegurar uma vitória é simplesmente chamado de boa estratégia."

Lily não responde, seus lábios só ficam unidos em contemplação. Sirius continua, caminhando para se inclinar sobre ela para sussurrar. "O único motivo pelo qual você não trapaceia em jogos é porque a vitória não é atraente o suficiente. Mas pense, minha querida e pequena hipócrita, nas regras que você quebrou porque você queria muito algo. Alguém, eu deveria dizer."

Ela pára de encarar o fogo e se vira para olhar para o Sirius. Ele somente sorri e balança os ombros, e fala com uma voz com uma confiança sedosa, "Tudo é válido..." Ele não termina a frase. Ele não precisa. Nas coisas que são importantes, como no amor e na guerra, qualquer passo, contanto que sejam tomados para alcançar a vitórias, são permitidos. Até um certo ponto, Remus tem que incluir. Ele e Sirius nunca concordam completamente com certas coisas.

De repente, em um vulto de roupa preta e cabelo ruivo, a garota tem o homem de cabelos escuros preso em um abraço e solta uma enxurrada de beijos no rosto dele.

Sirius resmunga furioso e a retira dele, dando um olhar feio merecedor de um prêmio. A risada dela é jubilante enquanto ela caminha até a porta. "Tudo é válido!" ela diz alegremente, e desaparece pelo corredor.

"Mulher atrevida." Sirius murmura baixinho, limpando a bochecha com a palma da mão.

"Eu gosto muito dela." Remus diz, sorrindo. Peter ri.

Sirius rola os olhos e diz, "Ai!" com mais exaustão do que rancor.

X

Naquela neblina sonolenta que ainda confunde a mente que acabou de acordar, James se estica para puxar a Lily para ele, e retornar aos vapores do sono mais uma vez.

Só que ela não está aqui. Depois do meio segundo de sensação de perda e pânico, ele resmunga e rola na cama para verificar a hora. Sete e dez da manhã. O que diabos pode ter arrastado ela para fora da cama antes das sete da manhã numa manhã de Domingo? Ele resmunga e se senta, tentando esfregar o sono dos olhos.

"Oh, eu não achei que você já estivesse acordado." vem a voz da Lily da porta. Ele vira para olhar para ela. Ela parece que estava retirando os sapatos. "Eu ia voltar para a cama, mas se você já está de pé, eu vou tirar o feitiço de imutabilidade do café da manhã e trazê-lo para você." A intonação crescente faz com que isso seja uma pergunta.

"Mmm, faça os dois." ele sugere, sorrindo. Ela sorri de volta e chuta o outro sapato, e simultaneamente convocando uma bandeja do escritório dele. Ela pula na cama, se aconchegando ao lado dele, enquanto o café da manhã pousa no colo dele. "Vem aqui." ele diz, erguendo o rosto dela na direção dele para que ele possa beijá-la antes mesmo de começar a comer a comida que ela trouxe para ele tão consideravelmente. Ou será que realmente foi consideração? Ele imagina se ela pensou nessas ações ou se simplesmente ela é desse jeito. Ele aposta os galeões dele que é a primeira opção, e caso seja a segunda, ele se sente terrivelmente culpado por não fazer o mesmo esforço.

"Lily?" ele começa.

"Sim, James?" O sorriso dela é brincalhão, provocante, como se ela estivesse zoando dele.

"Esquece." Ele dá uma grande mordida na torrada com marmelada. É uma pergunta idiota mesmo. Ela simplesmente fecha os olhos e apóia o rosto nos travesseiros, bocejando.

"Estou tão cansada." ela murmura.

"Então volta a dormir."

"Mas quando você tiver terminado, nós teremos que arrumar a sala de aula para a aula de amanhã, e você tem o Basra vindo meio dia."

"Nós podemos arrumar depois disso."

Ela balança o rosto. "Hogsmeade com Frank e Alice."

"Depois disso então."

"Eu tenho que patrulhar com o Flitwick hoje a noite e eu gostaria de conversar com o Roo antes disso. E é nessa hora que o senhor vai planejar as suas outras aulas de amanhã e de terça."

"Certo." Certo. "E Sirius vai tomar conta dos meus alunos do terceiro ano amanhã, então..." ele pára, pensativo.

"O quê? Por quê?"

Ele conta o que viu na Sala de Pesquisa na sexta.

"Por que você não me contou?"

"Eu acabei de te contar."

"Anotações!" De repente o bloco de notas está sobrevoando o quarto para a mão dela. Ela abre na última página e morde os lábios enquanto pensa nos acontecimentos. "Hmm."

Eles discutem sobre isso quando ele termina o café, e ele reconta todo o trabalho na Áustria enquanto se apronta para o dia. Ele está contando sobre o incidente com o trol montanhês quando estava no banho e incidentemente fez com que shampoo entrasse na boca dele. Ela lhe entrega uma toalha quando ele sai. Embora eles sejam completamente capazes de fazer feitiços para se secar, a maior parte dos bruxos e bruxas ainda mantém toalhas por perto. Ele nunca soube realmente o porquê. Por modéstia, ele acha. E mesmo assim, é só a Lily, então ele não tem que se incomodar. Ele balança os ombros e envolve a toalha na cintura e checa seu reflexo no espelho, arranhando o queixo. Não, ele vai fazer a barba amanhã, não pode se incomodar com isso agora.

"E então o que aconteceu?" ela pergunta.

Ele percebe que parou de falar para ponderar sobre toalhas e giletes. "E depois de nos reagruparmos e interrogarmos os outros, nós fomos encontrados. Gideão que refletiu a maldição que me atingiu. É claro que ele se sente muito mal por isso. Falei para ele que esse tipo de coisa acontece. Acho que eu o poupei mas descontei nos meus alunos do sétimo ano."

"Eles não estão traumatizados, apesar de você ter tirado a sua camisa." ela o assegura, erguendo as sobrancelhas de modo desaprovador. "E é no melhor interesse deles, embora não faça parte do currículo escolar."

"Humm."

"Vamos, então." Ela segura a mão dele e o arrasta para o escritório. Ele dá um último olhar para a cama vazia e a bandeja de café da manhã, antes de seguir atrás dela.

"Certo." ele começa. "A idéia básica é criamos várias estações. Eu estou pensando em talvez me livrar das mesas momentaneamente e ter 1 metro e meio de parede para cada aluno, e colocar um alvo dentro dessa área. Atirar uma maldição contra a parede, ter que a parede reflita de volta, refletir a maldição o mais próximo o possível do alvo."

"E se eles errarem e refletirem para a parede, em vez do alvo?"

"Bom, vai ficar sendo refletido até que eles acertem."

"Ou então até que eles sejam atingidos." ela comenta. Ela tira a varinha do cabelo para começar a trabalhar e um aglomerado de cabelos ruivos cai como consequência. Ele sorri e a beija antes deles começarem.

Duas horas e vários protótipos depois, eles tem um modelo básico. O pedaço de parede de pedras está enclausurado por duas barreiras dos dois lados, invisíveis de tal forma que James possa observar os alunos mais facilmente. Demora ainda mais para fazer o alvo. Levando em consideração que os alunos utilizasse um feitiço de Estupefaça, então o alvo ficará ileso cada vez q seja atingido, embora os estudantes, caso eles não consigam bloquear apropriadamente, vão sofrer com isso. James vai ter que ficar revivendo os alunos constantemente durante a aula. Outras azarações vão estragar o alvo no momento que o acertarem. No final, eles decidem escolher uma simples azaração Ferreteante. O alvo não vai ser afetado por isso e só vai causar um leve desconforto aos alunos.

Outras duas horas trazem um semicírculo de gaiolas de treinamento perfeitas em volta da sala de aula, uma para cada aluno. Eles começam uma competição amigável depois disso. Lily enfeitiçou o alvo, não somente para contar o número de vezes que é atingido, mas para se mover para uma localização diferente. Lançando azarações antes que a última seja defletida, mantendo um jato constante de ataques e defesas. Os dois estão perspirando quando a porta se abre.

"Professor?"

James deflete a azaração final e não atinge uma nova, mas se vira para encarar a aluna. "Só um momento." Ele se vira de volta para a Lily. "Para! Não é justo que você possa continuar, enquanto eu não posso."

"Pior para você." ela diz, e o contador no alvo dela continua a aumentar.

"Trapaceira." ele diz, e atira três azarações diferentes para ela.

Ela grita em protesto e furiosamente, enquanto tenta bloquear todas azarações. Ela consegue, por pouco, mas não atinge todas no alvo, fazendo que ela tenha quatro azarações refletindo na gaiola dela.

Ele caminha pela sala de aula, até Udita Basra, ignorando o grito da Lily de "Maldito seja!", e espera que a Corvinal também esteja ignorando. Mas julgando pela expressão chocada da garota, ela provavelmente não esteja.

"Simplesmente a ignore." James diz para Basra, que parece estar com os olhos arregalados grudados na ruiva. "Projeto de aula do sétimo ano." ele explica rapidamente. "Agora, sobre a sua pergunta..."

Dez minutos depois, ele ainda está conversando com a Basra quando Lily colapsa no chão. Ele se levanta do cadeira no momento que a porta da sala de aula se abre e Sirius, Peter e Remus entram. Todos os três homens absorvem a cena com um olhar.

"O que você fez com ela?" Sirius pergunta. Entretanto, Remus já está cruzando a sala até ela.

"Lily?" ele pergunta, preocupado.

"Sim, Remus?" ela responde conversionalmente, e um pouco ofegante. James suspira aliviado.

"O que aconteceu?"

"James maldito Potter, isso que aconteceu." ela responde. Todos os quatro marotos bufam divertidos.

"Ele te exercitou demais, foi, Cariad?"

"Ele trapaceou." ela conta.

"Você trapaceou primeiro." James se defende.

"E agora eu vou tirar uma soneca." ela explica. O peito dela ainda está mexendo sem parar, em um esforço de recuperar o fôlego.

"Excelente!" Peter diz, que segue o exemplo da Lily, e se deita no chão. "Maldição, isso não é exatamente confortável, não é?" Ele se levanta novamente, olhando crítico para o chão de pedras.

"É se você estiver muito cansado." ela responde, rindo levemente para o Peter.

Sirius ri, com o cabelo escondendo parte do rosto de todos, exceto para a Lily quando ele olha para baixo para ela, no chão.

"Nós viemos dizer que estamos indo embora." Peter diz.

James concorda, já tendo assumindo isso. Ele imaginou a princípio porque eles ficaram tanto tempo, mas achou que fosse devido aos estômagos dos homens e a comida dos elfos domésticos.

"Você precisa de cuidados médicos? Você foi atingida por algum feitiço?" Remus persiste.

"Não, eu estou bem." Ela finalmente se senta e permite que Remus a levante. "Obrigada." Ela se vira para o Almofadinhas. "Sirius, meu querido," ela diz, extendento a mão. Ele a segura na dele, e se vira para o James.

"Nós vamos deixar você com suas atividades pedagógicas. Eu vou garantir que ela coma alguma coisa." O grupo sai, dizendo adeus e ele acena para eles, antes de voltar para sua aluna.

"Desculpa pela interrupção, Srta. Basra. Meus amigos são... um grupo interessante." A garota abre a boa, claramente para perguntar algo, mas a fecha novamente, provavelmente porque a pergunta não tem nada a ver com Defesa Contra as Artes das Trevas.

X

Rupert está sentado na sua sala comunal, cuidando do seu resfriado do melhor jeito que ele pode, adiando fazer seu dever de casa o máximo o possível. Quando ele ouve uma batida na porta ele fecha bem os olhos, desejando que quem quer que seja vá embora e deixe ele ficar miserável em paz. Mas, isso não é algo muito responsável para o Monitor Chefe fazer, então ele está quase saindo de baixo das cobertas para responder quem estiver no retrato, quando ele se abre de qualquer forma.

E entra a Lily, em uma mistura impossível de auto-controle e auto-consciência. "Oi, Roo." ela cumprimenta. "Cheguei em má hora?"

"Mal dia." ele a corrige, apontando para o nariz inchado e vermelho, e para seu estado.

Ela franze a testa instantaneamente e caminha até ele, colocando a mão nas bochechas e na testa dele.

"Hmm."

"É só um resfriado." ele a informa. "A Ala Hospitalar está sem poção Estimulante que você disse ter feito com o Slughorn."

"Já? Isso é... desconcertante." Mesmo assim ela conjura uma flanela fria na testa dele, e chama um elfo doméstico para trazer sopa. É bom ser cuidado de vez em quando. Ele esconde o sorriso por tomar o primeiro gole da sopa.

"Devo dizer que o momento é perfeito, já que eu atingi um bloqueio na redação da poção. Eu escrevi mais 20 centímetros e estou completamente travado."

"É sobre o quê?"

"Sobre o uso de Dictamnus em vez de abissínio em poções antinflamatórias."

O sorriso dela aumenta. "Você mesmo que chegou nesse tema?"

"Sim." ele diz. "Achei que fosse uma boa idéia na hora. Agora eu não tenho tanta certeza."

"É uma idéia brilhante." Ela estica a mão, com a palma para cima, como se estivesse esparando algo. Ele não deveria ficar surpreso em ver a redação dele flutuar perfeitamente para a palma dela. Ela desenrola e começa a ler rapidamente. "Oh, mas Dictamnus albusé que previne cicatrizes, Origanum dictamnus é um afrodisíaco."

Os olhos dele se arregalam enquanto ela risca o erro com o artigo trouxa de escrever dela, e escreve a correção logo acima. "Obrigado!" ele diz, completamente sincero. Ele teria se feito de tolo se ela não tivesse pego aquele erro.

Enquanto o Jarvey sai do uniforme dela e começa a explorar o sofá, Lily continua a ler a redação dele em uma velocidade inumana. "Bem," ela diz quando termina, logo depois. "Eu acho que você poderia escrever mais 20 centímetros se você incluir uma seção sobre como que isso reage a sanguessuga, especialmente se você pegar algumas linhas para descrever as propriedades primeiro. Completamente factível."

"Valeu." ele diz, e entao inclui com esperteza. "E... qual seria a reação disso com sanguessuga mesmo?" É claro que ela sabe o que ele está fazendo, mas não parece estar nenhum pouco chateada com isso. Não é como se ele estivesse pedindo para ela escrever a redação para ele. Ele só está se baseando em uma fonte disponível e confiável... que é a sua melhor amiga gênio em poções.

"Você tem tempo para isso?" ela pergunta, brincalhona. "Eu poderia falar por horas."

"Eu te paro se for necessário."

Ela ri levemente antes de começar no assunto. "Bom, para começar, depende se a sanguessuga é a base, ou se é um ingrediente adicioando mais tarde..." Roo se senta novamente e fica confortável, sabendo que ele tem que se preparar para uma aula. Isso não o incomoda e nem o deixa entediado. Lily sempre explica as coisas de uma forma que não é tediante nem condescendente. Ela tem um dom, aparentemente, para saber o nível da pessoa com quem ela está conversando, e se ajustar a essa pessoa. Ela não faz ninguém se sentir estúpido. Muito pelo contrário, ela faz com que as coisas sejam tão fáceis de entender que a pessoa se sente inteligente. Os conceitos parecem ser mais fáceis de se entender. Rupert, entretanto, sabe que ela está simplificando para ele e todo mundo que ela ensina, mas ele só sabe disso porque ele já ouviu as conversas dela e do Slughorn, onde ele não conseguia entender nada. Ele não tem dúvidas que ela possa escrever uma redação de 120 cm nesse tópico que ele somente tem esperanças de chegar a 40 cm. Ela está dando mais informação do que ele precisa, mas ele não a impede de continuar. O conhecimento não vai lhe fazer mal nenhum e Lily tem um prazer enorme em compartilhar a paixão dela com os outros. Roo tem a impressão que ela não consegue fazer isso muito frequentemente, exceto com o Mestre do Poções. "... mesmo com poções tao simples como uma simples Solução de Encolhimento." ela diz, pausando.

"Certo." Ele percebe que Nostradamus e o Jarvey estão dormindo um ao lado do outro.

"Devo continuar ou eu já te entediei até a morte?"

"Espera só um instante enquanto eu escrevo parte disso." Ele escreve os pontos principais e alguns detalhes que quer colocar na redação e pergunta, "Se eu quisesse chegar essa informação, quais livros que eu precisaria?" Não que ele não confie nela, claro que não, mas ele precisa citar a fonte do material e ele não pode escrever ´Palavras de Lily Evans, 1979´, mas como é para o Slughorn isso até que pode funcionar...

Lily escreve uma bibliografia para ele em uma letra perfeita e se encosta no sofá, mordendo os lábios.

"Tem algo em mente?" ele pergunta casualmente.

"Na verdade, eu vim aqui por um motivo."

"Que seria...?"

Ela respira fundo e expira lentamente, algo típico de quando ela está tentando juntar aquela coragem de Grifinória ou manter o temperamento ruivo dela em paz. Levando em consideração as circunstâncias ele está inclinado a achar que é a primeira opção.

"Desculpa." Levam mais alguns minutos antes que ela se explique. "Você foi maravilhoso, sempre. E eu fui horrível."

"Você acabou de vir aqui me ajudar e com a minha redação." ele diz, mas sabe a direção desta conversa e faz o melhor possível para não parecer muito ansioso. Finalmente, ela finalmente vai se confessar com ele.

Ela retira esse ponto, como se não fosse importante. "Eu confio em você, Roo, implicitamente. Você sabe disso, certo?"

"Claro."

"E eu não te contei isso antes porque... bem, eu confio em você com a minha vida, mas eu não consigo te desapontar."

"O que você poderia ter feito para me desapontar?" Não é algo impossível. Ele não é um tolo, as pessoas cometem erros, mesmo Lily Evans. A partida de Quadribol de ontem foi uma ótima prova disto.

"Eu tenho medo, muito medo, que você não aprove... da pessoa que eu estou namorando." Os olhos dela estão tão arregalados e cheios de apreensão, que ele quase quer... rir. Ele luta contra a vontade e quase que tem sucesso. Ele bufa, consequentemente tirando catarro de suas narinas e ele limpa rapidamente com seu lenço. Lily se engana e acha que isso foi um espirro e diz saúde, o que faz com que ele perca toda a vontade e ri sem parar de qualquer forma. Ele precisa de alguns minutos para se acalmar. Ela interpreta o silêncio dele para raiva. "Eu sei que deveria ter te contado antes que eu estava saindo com alguém, se você estiver furioso comigo você tem toda a razão... Eu só... não quero te perder por causa disso, Rooey."

"Então você não me contou porque achou que eu não aprovaria quem ele é?" ele pergunta. Muito estranhamente, esse motivo nunca passou pela cabeça dele. Ele nunca imaginou que ela tivesse medo dele, ou da reação dele. Ele pensou se ela duvidava da habilidade dele de manter um segredo, o que foi insultante. Pior ainda, imaginava que ele não fosse merecedor da informação, e isso é doloroso, já que ele tentou tanto ser responsável. Saber que ela simplesmente não quer desapontá-lo é um conforto quase que devastador.

Lily concorda, e engole a seco. Pelo brilho nos olhos dela, ele consegue ver o quanto ela realmente está chateada com isso tudo.

"O que eu não poderia aprovar? Ele é um bruxo poderoso, inteligente, Grifinório e um jogador de Quadribol. Alem disso, ele é um Auror, o que é o seu alvo desde o quarto ano. E ele obviamente se importa muito com você, julgando pelo o quanto que ele é protetor."

"Você sabia." ela diz, rolando os olhos e tentando sorrir. Talvez ela esteja tentando impedir que as lágrimas caiam. Rupert suspeita que isso quase saiu como 'É claro que você sabia.'

"Acho que antes de você mesma."

Agora ela ri e limpa algumas lágrimas com a palma da mão. Roo quase lhe entrega o lenço, mas decide não entregar, já que está muito mais sujo do que os dedos dela.

"Nós achávamos que vocês nunca ficariam juntos."

"Nós?" ela pergunta, surpresa.

"Black." ele cospe. "Eu achei que depois do Natal eu não teria mais que me associar com ele, mas ele continua a... aparecer." Ou surgir atrás de mim do nada. Ele ainda está amargurado por não ter visto o final da partida.

"Você? E Sirius?" ela pergunta, incrédula. Está tudo bem, ele mesmo está em negação.

"Acredite, nem eu nem ele estamos felizes com isso. Mas vocês dois não tinham nenhuma chance, então..."

Ela se joga nele, abraçando-o forte e beijando-o. "Eu estou doente." ele lembra.

"Eu não me importo. Você é maravilhoso e eu te amo."

"Eu também." ele diz, divertido. Por sorte, ele já terminou a sopa, ou ele teria que se importar com um líquido escaldante nas pernas.

Ela eventualmente o solta. "Desde quando? E o que você fez? E como que você e Sirius não se mataram?"

"Não sou eu quem deveria estar fazendo perguntas primeiro?"

"Oh." Ela pára de mexer no uniforme e se senta novamente, calmamente. "Pode perguntar."

"Quando você parou de negar tudo e realmente ficaram juntos?"

"No Natal."

Ele sorri. "O que, vocês se viram recebendo presentes anônimos com 'Eu te amo'?"

"Na verdade não. Nós fomos quase torturados-afogados-congelados até a morte e passamos uma noite toda miserável sem as nossas varinhas, praticamente pelados em uma caverna nos abraçando para nos aquecer, nos escondendo do Voldemort e de seus Comensais da Morte."

"Bem, isso... também é romântico... eu acho..."

Mas aparentemente este não é o fim da história. Ela continua, explicando que Black os tirou de Dover, que Black beijou a Lily. Potter viu. Depois de estar curado, Potter foi embora, depois de conversar com Black, com intenções de deixar Hogwards. Black implorou Lily para contar para o Potter, mas Lily recusou. Ela descobriu que Black tentou fazer algo, o que foi ele não descobriu, que quase matou Snape, mas Potter o salvou, e isso tocou a Lily. Ela foi contar a verdade para o Potter, somente para encontrá-lo morto no escritório dele. O Potter verdadeiro veio e lidou com o que ela descobriu ser um bicho papão, e então...

"E então... nós seguramos as mãos." ela termina.

A risada que ele suprimiu antes explode agora. Foi uma história tão séria e excitante até o final, que termina quase que como uma surpresa.

"Eu aposto que sim." ele diz, feliz que Lily não é o tipo de pessoa que compartilha esse tipo de coisa. Rupert não precisa saber mesmo sobre as habilidades do Potter de segurar as mãos, particularmente quando é em relação a garota que é a melhor amiga dele desde que eles tem 11 anos de idade. "E você está feliz?"

"Mais feliz do que jamais imaginei que poderia ser, levando tudo em consideração. Mas as vezes é..." Ela procura uma palavra e chega a, "difícil."

"Eu entendo."

"E você realmente não está desapontado comigo?"

Rupert rola os olhos. "Lils, não é como se você fosse Victoria White."

"E você não perdeu nenhum respeito por ele também?"

Rupert suspira. "Não." Depois de alguns momentos de debate doloroso, ele finalmente decide falar isso, por mais humilhante que seja. A verdade é que quanto mais ele aprende sobre o Potter, o mais ele quer ser que nem ele. Ele até mesmo encomendou um cinto de duelo depois de ver o do Potter na semana passada. Mas ele sabe de fato que vários garotos também encomendaram. "Ele é... praticamente meu herói." ele sussurra, envergonhado.

Lily não ri junto com ele. "Meu também." ela diz, baixinho.

"Você chegou a gritar com ele por quase te reprovar naquele projeto de Defesa Contra as Artes das Trevas?" ele pergunta curiosamente, querendo mudar o rumo da conversa para uma direção menos humilhante.

"O quê?"

"Ele disse que te reprovaria se pudesse, porque, e foram palavras dele, você é uma visão quando está nervosa."

"Ele te disse isso?" ela pergunta, incrédula.

Roo concorda.

"James sabia que você sabia?" O tom e o volume aumentam igualmente, enquanto ela fala.

Recuando, ele concorda de novo.

"E ELE NÃO ME CONTOU?"

"Black também não contou." ele comenta, com os dedos ainda nos ouvidos. Não tem motivo para Potter ficar em apuros quando Black é igualmente culpado, talvez até mais culpado. Ele sorri malvadamente enquanto pensa na Lily gritando para o Black. Para sua tristeza, Lily coloca esse assunto de lado.

"Sirius é assim." ela diz, como se isso o exonerasse.

"Puh."

"Todo mundo sabia, exceto eu? Isso é frustrante!" Ela está resmungando e trincando os dentes.

"Não é uma sensação muito boa, certo?" ele diz, de forma atrevida.

Os ombros dela caem e ela o olha tristemente. "Desculpa. Mas você poderia ter me contado que sabia, e me salvar dessa agonia do tormento de confessar."

"Sim, mas qual seria a graça nisso?" ele pergunta.

Os olhos da Lily brilham com um brilho malevolente. "Você está soando igualzinho ao Sirius."

"Ai." Roo fica com uma expressão de nojo, repulsado pela idéia. "Certo, eu não te contei porque achei que você tinha seus motivos, e estava aguardando até que você mesma estivesse pronta para me contar."

"Isso sim parece com o Roo." ela diz, sorrindo. "Seja verdade ou não."

"Então eu tenho que perguntar uma coisa." Ele se sente completamente culpado por perguntar, mas ele quer saber.

"Pergunte."

"Não me leve a mal por perguntar isso, eu não quero te desrespeitar, mas é excitante? Essa coisa toda, de aluno e professor?"

"Na verdade, é a coisa menos excitante em todo o relacionamento. É a coisa mais difícil que temos que trabalhar. Mas estamos fazendo progresso... Eu acho." Tem uma pausa. "Na verdade," ela admite, culpada. "Nós evitamos isso o máximo o possível."

Na opinião do Rupert, não poderia ter tido uma resposta melhor do que essa, e ele concorda, balançando o rosto.

O tópico sai dela e do Potter, e passa para todas as coisas bruxas e trouxas. Ela não só oferece a nova vassoura dela, como ela tinha dito que faria, mas ela também revela um pouco mais do que ele havia imaginado que ela estava escondendo, alem de outras coisas que ele havia suspeitado. Sem dar detalhes ou nomes, exceto do Diretor, ela admite estar trabalhando junto a uma organização para derrotar Aquele-que-não-deve-ser-mencionado, jurando segredo. Surpreendentemente, não é o segredo que o surpreende.

X

James passa o restante das horas no escritório dele, terminando os planos de aula, e por um motivo ele fica olhando para a porta, esperando que Lily entre e se sente na cadeira dela. Não é tão ruim como costumava ser, ele consegue trabalhar se ela não está no quarto, mas não é tão esforçado. Ele tem duas horas livres antes de ter que ir para Hogsmeade e ele quer gastá-las bem... o que significa que ele quer gastá-las dormindo. Pegando a capa e a bolsa, ele sai do escritório na direção do quarto da Lily.

Ela e Ferris estão sentados na mesa, jogando xadrez, o jarvey está deitado nos ombros dela, olhando para o jogo como se estivesse entendendo o jogo. Ele percebe que os papéis não estão ali, como deve ser quando outra pessoa está por perto.

"Oi." Ele cumprimenta os dois ocupantes quietos da sala.

"Oi." eles respondem, sem olhar para ele, somente olhando fixamente para o tabuleiro.

"Lil, aonde estão minhas-"

"Cabeceira da cama." ela responde.

Ele retira a capa e joga no sofá, antes de se abaixar e beijá-la. "Eu vou tirar uma soneca. Me acorde quando for hora de irmos."

"Nós vamos na cozinha primeiro?"

"Não, nós vamos comer fora."

Ela sorri para ele. "Mmm, bife e torta de rins, meu predileto." Os olhos dela estão brilhando alegremente e ela se levanta para dar um leve beijo nele mais uma vez, antes dele entrar no quarto, colapsando no conforto. Ele imagina por quanto tempo Ferris vai ficar por aqui. Ele não pode expulsar o cara, embora ele queira muito a Lily para ele mesmo agora. James retira os óculos e esfrega os olhos. Tecnicamente, já que ele tem duas horas livres, ele deveria juntar os documentos da cabeceira e levá-los para Londres e trabalhar. Mas se ele for trabalhar no escritório, Moody provavelmente não vai deixá-lo sair. Ele pode simplesmente entrar correndo, pegar as coisas e voltar correndo de novo.

Ou ele pode dormir pelas próximas duas horas e a pilha de documentos na cabeceira pode esperar...

Ele resmunga, pensando que vai ter tempo para dormir mais tarde. Ele fez uma promessa no dia anterior de não deixar o trabalho para depois. Ele está sentando quando Lily entra na ponta dos pés.

"James, você recebeu uma coruja." Ela morde os lábios e olha para o chão. "É do Moody."

"Eu já deveria saber." O homem tem um dom de impedir James de ficar muito confortável.

Ele segue a Lily de volta para a sala e abre a carta.

Venha.

~M

Ele está grato por ter decidido trabalhar, porque caso tivesse decidido dormir, ele estaria se sentindo frustrado.

"Você volta hoje a noite?"

Ele só entrega a carta para ela. Ela lê e fecha a cara.

"Bem, isso não é muito explicativo." ela diz, suspirando. "Pobre Frank."

Ele xinga baixinho, desejando poder falar livremente. Como se Ferris pudesse sentir, ele se levanta da cadeira e diz, "Eu tenho que terminar um trabalho, eu tenho que ir."

Vendo o quanto que o garoto é compreensível, James se sente levemente culpado por sempre querer empurrar Ferris para longe, como se ele fosse uma perturbação, em vez de um amigo e aliado. O que é pior, o garoto já demonstrou diversas vezes uma lealdade imperturbável, e mesmo assim, ele, James, o retribui por machucar o orgulho do jovem Grifinório repetidamente. E mesmo assim, ele nunca reclamou. Lily não reclama também, mas ele percebe que isso o incomoda, pelo estreitamento dos lábios dela. Os dois compartilham um olhar que somente os melhores amigos podem interpretar, e Ferris balança os ombros e lhe dá um pequeno sorriso, antes de se virar e sair.

"Você não tem que ir." James diz. "A não ser que realmente precise. Mas eu preciso falar uma coisa com você. Pode ser amanhã?" Vai ser muito mais simples para a vida deles se ele aceitar o garoto e confiar nele.

"Pode ser antes ou depois do treino de Quadribol?"

"Perfeito." Ele se vira para a Lily, lhe entregando a capa da invisibilidade. "Leve isso. Passe as minhas desculpas, embora eles com certeza vão entender. Tente fazer a vontade do Frank, respondendo qualquer pergunta que ele tenha, e Alice vai estar feliz em te ver, eu estando presente também ou não. Eu não acho que preciso te dizer para usar a passagem secreta."

"Não precisa."

Os olhos dela estão baixos e ele ergue o queixo dela com um dedo. "Desculpa, amor." ele sussurra.

"Não, eu não me importo." ela se apressa em assegurar. "É que eu sei o quanto você e Frank estavam querendo isso."

Consciente, mas decidindo não se impedir pelo fato que Ferris ainda está no quarto, James se abaixa e a beija na boca. É uma de suas melhores performances, ele pensa, o que é algo impressionante. O registro dele é bem grande e bem louvável. A cor rosada nas bochechas dela é um testemunho suficiente e ele sorri a essa pequena vitória.

"Você é minha hoje a noite." ele fala, ainda fingindo corajosamente que ele não se importa com a audiência. Ele suspeita que Ferris está fingindo corajosamente que não está desconfortável e Lily está envergonhada, mas por motivos pelos quais James só pode ter orgulho. "Vista a capa."

Ela sorri e rola os olhos. "Claro." ela diz, sem dúvida cansada de ouvir a mesma coisa repetidamente. Não é por manter o relacionamento deles em segredo, como ela parece pensar. James não esqueceu que ela quase foi assassinada por Mandrágoras algumas semanas atrás. Como que ele poderia esquecer? Saber que ela está no castelo com alguem que provavelmente quer vê-la morta (de novo) é preocupantes o suficiente durante o dia, com outras pessoas por perto. Pensar nela sozinha nos corredores escuros durante a noite é... desagradável, no mínimo. Ele também não gosta de ficar longe do castelo quando ela tem que fazer patrulhas nos corredores. Tanto ela como Flitwick são seres mágicos poderosos que podem cuidar de si mesmos, mas essa certeza não o impede de se preocupar.

"Toma cuidado hoje a noite durante a patrulha." ele não consegue deixar de ser cuidadoso. "Por favor."

"É claro." ela responde, com mais sinceridade do que antes. Inconscientemente ou não, as pontas dos dedos dela tocam o Olho do Dragão apoiado no seu peito. Ele não consegue ver, já que está escondido embaixo do uniforme dela, mas ele consegue sentir quando ele apoia a mão em cima da dela. "As aulas de amanhã?" ela pergunta.

"Já fiz." ele conta e vê que ela está satisfeita. Ela teria oferecido fazer os planos de aula, caso ele não tivesse feito, ele sabe disso, e tem vergonha em dizer que teria deixado ela fazer.

"Bom." A mão dela sai do peito e começa a tracejar um dedo para cima e para baixo no cinto dele de duelos de couro. Ele bufa mentalmente em um humor sarcástico, entendendo o gesto como uma metáfora para o sexo que eles dubiamente vão realizar de noite. Esta noção frustrante faz com que ele a queira mais ainda.

"Você pode querer ficar de costas dessa vez, Ferris." ele diz com um sorriso insolente.

O garoto sorri de volta. "Vocês deveriam ir para um quarto." ele diz, indicando a porta aberta do quarto atrás deles.

Pensando que esta é uma sugestão maravilhosa, ele segura a mão da Lily e a puxa até o quarto, fechando a porta. Moody que espere mais alguns minutos...

X

Lily mal consegue olhar o amigo nos olhos quando ela e James re-emergem, quinze minutos depois, mas Roo é muito bondoso sobre isso. Ele não faz nenhum comentário sobre isso, o que ela é extremamente grata. Mas ela pensa que isso justo. A situação foi reversa muitas vezes.

Eles desistem do jogo de xadrez e caminham com os braços cruzados até o Hagrid.

Lily não sabe dizer quem que o Hagrid está mais feliz em ver, ela ou o jarvey.

"Agora sim." ele diz, aprovador. "Esse é o tamanho que ele deveria ter."

Lily sorri orgulhosa até que entende, e não consegue impedir um bico de se formar. "Ele não está tão grande assim." ela argumenta, retirando-o do ombro do Roo e colocando-o no colo dela, acariciando ele. "E os insultos dele ainda são fracos."

Hagrid sorri, inconsciente da expressão triste da Lily. "Não tem problema. Eles aprendem como insultar corretamente com as mães."

"Oh." ela diz lastimosamente, olhando para as mãos. Roo coloca um braço em volta dos ombros e aperta levemente.

"Você sabia que não podia ficar com ele, Lils."

"Eu sei disso. Eu estava pensando nisso essa manhã mesmo, mas eu não achei que seria hoje."

"Vagabundo?"

"Não pergunta para mim." ela fala para o bicho. "Com certeza eu não sei."

Rupert ri com o que ele acha ser uma tentativa de humor da parte dela. Mal ele sabe que ela está sendo completamente séria. Ela deixa o jarvey morder seus dedos, embora sinta a dor característica por causa dos dentes dele.

X

Ele percebe que passou do ponto de simples oclumência, que é simplesmente fechar a sua mente para os outros. Ele aprendeu a manter sua mente desbloqueada, mas descobriu como esconder certas memórias para que o Lorde das Trevas não as veja. Muitas das suas memórias de infância estão completamente escondidas, mas seu mestre não procura muito no seu passado. Mas ele removeu o fato que a viu naquela noite no Caldeirão Furado quando ele foi procurá-la lá. Isso não foi muito difícil porque ele só olhou para ela por um instante. Remover um segundo de sua memória não é detectado pelo Lorde das Trevas. Mandar aquele feitiço de cura e receber o agradecimento também são coisas que estão escondidas na sua mente. Mais importante ainda, ele bloqueou a memória de encontrá-la presa naquelas cordas de fogo e de libertá-la. Isso foi mais fácil de bloquear, porque ele não quer se lembrar daquilo. Foi naquele momento, no fundo das minas dos duendes, depois que ele a libertou que percebeu que se ele quiser bloquear aquela memória, ele teria que fabricar uma nova. Um minuto depois, ele virou e caminhou de volta pela passagem e quando chegou no lugar aonde ela deveria estar, óbvio que viu que ela não estava mais lá. E ele tem uma imagem para que seu mestre veja que não o incrimine.

Naquele momento, ele pensou em também esconder aquelas vezes no sexto e sétimo anos que ele leu indiferentemente sobre oclumência. Quando Severus encontrou com o Lorde das Trevas para sua iniciação, ele pode sentí-lo preenchendo sua mente. Todas aquelas horas que ele passou na biblioteca foram vistas, mas ele não corre nenhum risco agora. Se o mestre dele tiver noção que Severus está escondendo coisas dele, a punição será severa.

O Lorde das Trevas sabe que realmente é Aberforth Dumbledore, o irmão do grande Diretor, o dono do Cabeça de Javali. Como tal, ele tem frequentemente um dos seus fiéis Comensais da Morte posicionados lá dentro, assim como tem conhecimento que membros daquele grupo secreto que luta clandestinamente contra ele, também se encontram aqui. Ele se senta, escondido pela sua capa que possui um capuz volumoso, que também é comum entre a clientela do Cabeça de Javali, tomando uma bebida.

Quando o famoso casal auror, Frank e Alice Longbottom entram, Severus sabe que seu mestre vai ficar satisfeito. Ele faz um feitiço muito sutil para escutar a conversa e o resto do barulho do bar parece muito baixo então ele pode focalizar muito mais facilmente na conversa do casal, mesmo que os dois estejam sussurrando. É uma conversa sem importância no início, só papo inútil sem importância. O que o interessa é que parece que eles estão esperando mais pessoas, o que só pode significar que a conversa de verdade deve começar com os outros. Até então, ele vai ter que sofrer na troca banal deles. Frank Longbottom sempre teve pouca personalidade, Severus pensa. Ele é o esteriótipo Grifinório cabeça dura, nobre e leva tudo muito a sério. Mesmo quando era mais novo na escola ele sempre foi meticuloso. E é claro que ele está com a mesma mulher desde o quinto ano. Depois de tanto tempo, e tão pouca personalidade entre eles, não é de se surpreender que a conversa deles seja tão imbecil. Se eles conversarem sobre o trabalho ou a organização, então as coisas seriam sem dúvida alguma muito mais interessantes, mas parece que eles estão evitando esse assunto, mas Severus tem que adimitir de má vontade que isso não é burrice. Ele só pode esperar que ele tenha algo de útil para levar para o mestre, esperando que os recém chegados, sejam quem for, tragam uma informação melhor, merecedora do tempo dele.

Assim que os pratos são colocados na frente dos dois, a mulher diz, "Ela chegou! Mais dois, Aberforth!"

"Eu receio que é só um." o recém chegado diz. O estômago do Severus vira com a voz. Um olhar questionador do par é respondido com um simples, "Ele teve que trabalhar. Recebeu uma coruja a pouco tempo e saiu quase depois."

Frank Longbottom fica mais triste.

"Mas eu recebi ordens para responder qualquer pergunta que vocês possam ter sobre ontem."

'Você não!' Severus grita furiosamente na sua mente. Garota estúpida! Por que ela? De todas as pessoas, por que ela?

"Quem venceu?"

"Os Harpies." ela responde. "Mas os Wasps brigaram muito."

Ela está falando sério? Lily Evans está realmente conversando sobre Quadribol ou isso é algum tipo de código?

"Continua." o auror insiste.

Ela entra em um detalhe que confunde Severus e impressiona os Longbottoms. Ela fala sobre quem fez qual gol, e como, quais jogadas eles utilizaram e com quanta frequencia os apanhadores foram bloqueados, conta todas faltas e quantos jogadores receberam um cartão.

"Lily, eu não tinha idéia que você era tão entusiasta." comenta a mulher do Longbottom.

"Bem, eu não sou mesmo. Mas até eu consigo apreciar um jogo fantástico. Alem do que, não é difícil perceber o que está acontecendo quando você tem quatro homens loucos gritando cada jogada da partida."

Isso trás risadas dos ouvintes. Severus tem quase certeza que ela está, na verdade, só conversando sobre Quadribol. Esse desenvolvimento, embora seja surpreendente, vem como um alívio enorme. Seu mestre não tem nenhum motivo para ir atrás dela. Isso é bom, porque recentemente o Lorde das Trevas decidiu que ela caiu várias posições na lista de prioridades dele. Eles tem coisas mais importantes a fazer do que se vingar de uma garota que estragou um ou dois planos. Do jeito que as coisas estão indo ultimamente, eles estão indo muito bem e ela não é mais um problema. Isso veio como um alívio para o Severus, e ele deseja arduamente que ela mantenha a cabeça baixa de hoje em diante. Tendo visto ela entrar no Cabeça de Javali hoje a noite poderia ter significado a sua sentença de morte, mas por sorte isso é completamente inocente.

"Eu trouxe meus omniculares, se você quiser rever algumas das jogadas." ela diz, e Severus vê ela esticar uma mão pálida na capa e retirar um instrumento de cor de latão.

"Brilhante!"

Severus então pensa que toda a conversa pode ter sido uma armação, uma jogada, uma desculpa para passar o omnicular das mãos dela para as dele, e o que Frank Longbottom está assistindo não tem absolutamente nada a ver com Quadribol. Com arrependimento, ele sabe que seu mestre vai assumir a mesma coisa, e não o desculparia por não descobrir.

Ele tem que se fixar a esperança de que se eles forem transmitir algum tipo de informação, eles não fariam desta forma. Uma demonstração tão pública não seria necessário para passar um par de omnicular de um indivíduo para o outro. Tem jeitos melhores e menos perceptíveis de se fazer isso, e Severus está se baseando na inteligência da Lily, que ela não utilizaria uma tática nada sutil como essa. O medo no seu estômago diminui um pouco ao ouvir o primeiro "UHU!" do Longbottom, enquanto ele dá um soco vitorioso no ar. Claro que pode ser uma armação, mas isso permite um pouco de esperança ao Severus.

As mulheres, praticamente sozinhas para todos os propósitos, já que a outra companhia delas está completamente ocupada, começam a conversar entre si mesmas. Severus admite ouvir mais atentamente por motivos que não tem nada a ver com espiar para o seu mestre.

"Então Lily, como estão seus ouvidos?"

"Meus ouvidos?" ela pergunta, surpresa.

"Você já esqueceu que quase foi assassinada por Mandrágoras?"

"Oh, isso. Sim, acho que esqueci. Muita coisa pode acontecer em duas semanas." ela responde, soando estar cansada de repente.

"Eu sei que você passou por muita coisa, e aquele Weyland Euphrates era um amigo íntimo."

Euphrates? O vampiro? Um amigo íntimo? Severus arrisca olhar para o rosto da Lily, para ver se é verdade. Os dedos dela estão massageando a testa, como se ela estivesse com dor de cabeça. Elas estão caminhando para um território perigoso. De novo. Se ela estiver ligada ao vampiro e seus 'noticiários', então ela pode ser colocada de volta no topo da lista de pessoas irritantes a serem eliminadas pelo Lorde das Trevas.

"Eu tenho muito trabalho para manter a mente ocupada."

Com isso, Alice ri agradavelmente. "Ele diz que você é pior do que ele mesmo em relação ao trabalho."

Quem é esse 'ele' que elas ficam mencionando?

Lily simplesmente balança os ombros. "Como você está? Vocês dois não tem muito tempo para si mesmo nos dias de hoje, tem certeza que gostariam de desperdiçar a sua noite comigo?"

A mulher mais velha sorri para ela. "Eu acho que Frank está se divertindo." Ambas viram o rosto para observar um Longbottom excitado e riem. "Além do que, nós tivemos o dia todo para nós mesmos para... para nós dois." Severus quase sorri no sorriso familiar que aparece no rosto da Lily. Ele já viu esse tipo de sorriso quando ela aprende algo que não deveria ter aprendido.

"Estou feliz em ter ouvido isso." Ela continua a comer em vez de fazer qualquer comentário baixo ou sem gosto. Severus está feliz por isso, ele não sabe como se sentiria com Lil Bit fazendo piadas sexuais.

Como se a mulher Longbottom soubesse a direção precisa que Severus não gostaria que a conversa tomasse, ela pergunta, "E você?" Severus treme mentalmente em expectativa.

Lily ri de forma vazia. "Ah, sim. Eu vou passar muito tempo útil com Flitwick e Slughorn." ela brinca. Então continua, explicando. "Monitora Chefe, eu estou patrulhando hoje a noite. E, como você já sabe, eu passo muitas das minhas noites fazendo poções com o Mestre de Poções. É bom ser a predileta."

"Sim, eu ouvi. Mas poções? Mesmo?"

Lily bufa. "Grifinórios." ela diz, rolando os olhos, o que faz com que os olhos do Severus se curvem. "Esta é uma ótima oportunidade. Eu sou a única aluna que pode fazer poções."

"Você diz isso como se fosse uma coisa boa." Frank adiciona, aleatoriamente, com os olhos ainda grudados nos omniculares.

Lily o ignora. "E enquanto nós podemos discordar em alguns pontos..." Severus fica intrigado pelo tom na voz dela, e imagina que pontos sejam esses. "Ele ainda é um Mestre de Poções brilhante e bem associado. Ele me ajudou a vender a primeira patente de uma poção minha." Leva um instante para ele digerir isso. Orgulho. É isso que Severus sente. Pela primeira vez em anos o peito dele se enche de calor e orgulho. "E adivinha só, nessa semana eu vou me encontrar com Damocles Belby" E inveja. Belby é brilhante e completamente contra os objetivos do Lorde das Trevas. Eles nem mesmo tentaram recrutá-lo. O que, Severus tem que admitir, funcionou a favor dele mesmo. Mas mesmo assim, Severus tem inveja do encontro dela.

"Quem?"

Lily parece estar um pouco envergonhada por ter tocado no assunto. "Ninguém. Esquece. Só é um excelente oportunidade..." E então ela continua baixinho, "... para conversar com alguem que sabe a diferença entre suco de sanguessuga e suco de limão." Severus quase rir alto. Graças a Merlin por feitiços de escutar conversa despercebido. Quando foi a última vez que ele sentiu a vontade de rir? Ele não consegue se lembrar.

"Bem, você é uma excelente fazedora de poções."

"Eu fui bem ensinada." Lily fala baixinho, e o desejo de rir sai do corpo dele completamente, assim como o orgulho. Ela admite isso com vergonha. Sim, ela tem vergonha dele, ele sabe que ela tem. Do mesmo jeito que cada vez que ele se encontra com o Lorde das Trevas, ele tem vergonha dela. Eles são uma mancha preta um no registro do outro.

"Não é de se espantar que você foi escolhida para ser a nossa Mestre de Poções."

Severus se sente doente. Isso com certeza vai chamar a atenção do Lorde das Trevas, e coloca Lily no topo da lista de pessoas que ele precisa eliminar. Por favor, parem de falar. Só parem de falar. Não mencionem isso novamente. Se elas mudarem de assunto, então ele vai poder esconder essa frase horrível sem levantar nenhuma suspeita com seu mestre, que ele esteja editando algo. Vamos Lily, muda de assunto, fala sobre outra coisa, algo inocente, algo inócuo, algo que não me force a entregar você para ele.

Ela inala e seus lábios se partem. Palavras, palavras potencialmente incriminadoras estão a ponto de serem liberadas quando Frank Longbottom apoia o omnicular na mesa e diz, "Obrigado, Lily. Isso foi incrível. Sabia aquele último lançamento com..."

Severus respira novamente. Ele nunca achou que veria o dia que gostaria de abraçar Fank Longbottom, mas nesse momento... bem, não, ele ainda sente repulsão pela idéia, mas ele está estupefato com gratidão pelo chato e sente uma onde de apreciação por Quadribol. Quadribol é inofensivo. Quadribol provavelmente acabou de salvar a vida dela.

Ele não está mais curioso sobre o resto da vida dela. Ele só quer que ela termine com a estúpida torta de rins e vá embora. Não conversem mais. Nada. Já tiveram vários acidentes. Só cala a boca e saia.

Ela não sai, para seu desgosto, mas pelo menos a conversa é dominada pelos times Ingleses e pelas faltas dos apanhadores. Ele permite que a sua mente divague um pouco. Lily está como a Mestre de Poções do grupo deles? É cruel de certa forma, mas mesmo assim apropriado que seu próprio pupilo tenha a mesma posição que ele mesmo tem no lado oposto. Como as peças brancas e pretas de um jogo de xadrez. Severus tem que assumir que ele ainda é o melhor fazedor de poções, na verdade, é mais seguro para ela que ele seja melhor. Ela não é uma ameaça. Ele não está fazendo nada contra o seu lado deixando-a sobreviver.

Ele não sabe porque suas mãos começam a tremer, mas ele precisa parar com isso. Sinais físicos de qualquer fraqueza, física ou emocional, não podem acontecer. Se ele continuar assim, ele vai causar seu próprio assassinato, e por quê? Porque um miserável garoto de 10 anos foi retirado do frio e recebeu um chocolate quente de uma família de simples trouxas. Suas sobrancelhas se unem como se ele estivesse sentindo uma dor física. Lily Evans vai causar a sua morte.

Rapidamente e efetivamente, aquela memória é guardada para nunca mais o importunar novamente. A tremedeira cessa e ele se sente sobre controle de si mesmo novamente. Ela não é nada para ele. Nada.

A tensão nos seus músculos diminui quando eles se levantam para se despedir.

"Você tem certeza que não quer que acompanhemos você até o castelo?"

"Não precisa, eu vou ficar bem. Eu já providenciei isso." Mas ela nem mesmo explica que providências são essas.

"Nós dois nos sentiríamos melhor se você deixasse."

Lily se inclina sobre a mulher, e sussurra algo no ouvido dela. Um olhar de surpresa e compreensão passa pelo rosto da Longbottom. "Certo, então. Até logo." Elas se abraçam e Frank Longbottom também a abraça, mas desajeitado.

"Até logo."

Tanto Lily como Severus vêem o casal desaparecer no fogo. Agora o omnicular está escondido cuidadosamente na sua capa e aparentemente Lily percebe. Dando um sinal quase imperceptível para o Aberforth, que retribui com um sinal igualmente minuto, ela sai. Ele não tem ordens de seguir ninguém ou nada, além de ouvir. Então ele continua a ficar sentado e observar, caso algo merecedor de sua atenção aconteça.

Ele nunca utilizou omniculares antes, mas não parece ser muito complicado. Ele encontra o botão de repetir e, com um alívio profundo, só vê um jogo de Quadribol. Outros clientes vem e vão, mas como ele já imaginava, Lily reaparece meia hora depois, sem dúvida procurando pelo o que ela havia 'esquecido'. Ele rapidamente enfeitiça o omnicular de volta a mesa aonde ela e os amigos estavam sentados, que ainda está vago. Um instante depois, ela os encontra ali, e pega o omnicular com uma expressão curiosa, mas os coloca no bolso e sai mais uma vez.

No seu lado direito, Severus ouve alguém cheirando o ar. O homem ao lado dele lambe os lábios, solta um rosnado e sai rapidamente de seu banquinho.

X

"Oi Ruiva, lembra de mim?" Lily imagina reconhecer aquele sotaque Irlandês. Com certeza, quando ela se vira e vê o mesmo homem imundo de antes, embora tenha o nariz quebrado e menos dentes. Lily imagina se isso é devido ao Remus.

"Eu sugiro que você coloque o rabinho entre as pernas e saia." ela diz.

"Eu não vou te machucar, jovem." O homem passa a língua pelos lábios mais uma vez, e ela segura a varinha mais apertado. "Eu só quero conversar."

"Desculpe-me, mas na última vez você não pareceu ser tão tagarela."

"Eu estava errado e admito." ele diz. "Deixe-me compensar por aquilo, te pagar uma bebida."

Lily ergue o queixo, indignada. "Desculpa, eu sou uma garota de um lobisomem só." ela fala com orgulho.

"Eu sou mais lobo do que ele, pode ter certeza. Eu posso provar." Ele dá um passo na direção dela.

"Eu disse para você chegar para trás. Volte e me deixe em paz, antes de sair machucado."

O homem bufa pelo comentário e continua a se aproximar dela. "Eu não vou te fazer mal."

"Gostaria de poder falar o mesmo."

Lily observa enquanto o homem tenta pegar a sua varinha.

"Agora, você não precisa ser desagradável."

"Se me lembro bem, na última vez que nos encontramos, você tentou -"

"Eu já pedi desculpas, não foi? Estava muito perto da Lua Cheia, eu tenho certeza que você entende isso, com o seu bichinho e tudo mais."

"Eu entendo perfeitamente, e é por isso que estou recusando a sua oferta."

Em seguida, um feitiço sai da varinha do homem e cordas saem voando para capturá-la. Tem um barulho alto, o som que um feitiço faz quando atinge seu alvo, e um corpo, preso em cordas mágicas, cai no chão. Capturado por sua própria maldição, ele fica indefeso enquanto ela o joga de qualquer jeito 10 metros mais longe.

Garantindo que não tem ninguém por perto, ela entra na passagem que a leva de volta a Hogwarts.

.

Ela precisa diminuir o passo para que Flitwick consiga acompanhá-la durante a patrulha. É claro que deveria estar completamente vigilante durante a patrulha, mas isso não significa que eles não possam conversar e observar ao mesmo tempo. Além do que, seria bem estranho caminhar em silêncio um ao lado do outro por várias horas. Feitiços é um tópico tão leve que ela pode simplesmente aproveitar, e Flitwick é um homem tão bom. Levando tudo em consideração, ela não pode reclamar sobre seu parceiro de patrulha. Poderia ser muito pior. Dippet, como o pobre James, ou até mesmo McGonagall. Lily respeita sua professora de Transfigurações, mas uma conversa nunca é fácil com a mulher severa. Vector e Sinistra, embora sejam boas, seriam conversas igualmente estranhas. Realmente, ela não se arrepende de passar tempo com o Professor Flitwick.

Como sempre, eles entram na Ala Hospitalar para checar e ficam desencorajados com a cena. Embora o horário de recolher já tenha passado a muito tempo, a Ala Hospitalar não está silenciosa e escura como é de costume, mas acesa e todas as camas estão ocupadas. Uma Madame Pomfrey apressada está correndo de uma cama para a outra, tentando fazer o melhor para cuidar de todos sem reclamar. Naturalmente, sem poções, não tem muito o que ela possa fazer para eles.

Lily se sente instantaneamente culpada por não estar ajudando muito, especialmente agora que ela claramente é muito necessitada. Vendo Lily e Flitwick, Madame Pomfrey vem até os dois e suspira cansada. "Machucados tão simples e mesmo assim não tem nada que possa ser feito."

"Quantos tem machucados mágicos?"

"Praticamente metade. O resto só está doente. É essa época do ano, é claro, mas sem tratamento..."

"E medicamento trouxa? Você encomendou algum?"

"Não seja ridícula." a curandeira diz. Lily se irrita com isso.

"Pode não ser ideal, mas os trouxas conseguem se curar sem magia. Geralmente leva mais tempo, mas pelo menos você não teria seus pacientes deitados aqui, miseráveis." Madame Pomfrey solta um sorriso desconsolado. "Quais são as outras opções existentes? Isso não pode continuar. Pelo menos dê uma chance aos remédios."

"Muita pessoas ficariam desconfiadas em tomar uma medicina trouxa. Não tem como saber o que eles usam."

'O que quer que seja não é tão nojento quanto rabo de rato, girinos ou olhos de besouros esmagados.' Lily pensa.

Depois de quinze minutos de discussão, Madame Pomfrey concorda em manter um estoque de remédios trouxas para as reclamações menores, como dores de cabeça e doenças de época. Não somente isso, mas Lily se vê prometendo dar uma parada na próxima noite para ajudar, uma oferta que é recebida de muito bom grado. Lily percebe que a pobre curandeira emana todos os sinais de exaustão e excesso de trabalho, e isso é algo que a Lily consegue se simpatizar extremamente.

Quando a patrulha termina, as duas da manhã, Lily e Flitwick se despedem. Ela vê que James ainda não retornou. Ela não fica surpresa, somente desapontada. O pobre coitado ainda está trabalhando duro. Se lembrando da noite anterior, que ela passou sentada acordada no escritório dele, esperando, ela decide trabalhar no quarto. Mudando de roupa para o que está disponível para ser um pijama, ela se recolhe em baixo das cobertas, levando uma pilha das coisas do Weyland junto com ela. Ela não acha que nada daqui seja útil, mas continua a se atormentar mexer nelas diversas vezes. A únicas coisas que ela aprendem não são de importância nenhuma, para ninguém alem dela mesma. Ela se lembra da pontada de dor que sentiu quando encontrou as cartas que ela mesma havia escrito para ele. Ele guardou todas. Ele também guardou suas outras correspondências, mas a maior parte é relacionada a trabalho. Ela percebe que não tem nenhum tipo de carta de fã, embora ela saiba que ele recebia diversas corujas semanalmente.

Inicialmente ela ficou furiosa e envergonhada em pensar que Moody ou algum outro auror tenha as lido. Mas depois de um tempo ela começou a achar que Moody talvez não tenha lhe designado esta tarefa pelos únicos motivos que ele disse. Talvez Olho-Tonto estivesse respeitando a privacidade deles, por ter entregado isso a ela? Ou ela está dando mais crédito ao Chefe dos Aurores do que ele merece...

A mente dela divaga ao vampiro em Azkaban, enquanto ela relembra a lista de perguntas. O coração da Lily vai para ele, mesmo que ele seja culpado (o que ainda não foi provado, na sua opinião). A única coisa sobre ser beijado é que, caso ele realmente seja tão malvado quanto eles afirmam, então talvez ele nem mesmo ainda tenha uma alma, que já deve ter sido quebrada várias vezes com seus inúmeros assassinatos. O dementador não vai ter nenhum efeito nele, e ele vai escapar a punição que mereceu receber. Entretanto, se ele não for tão culpado assim, e sua alma ainda estiver intacta, então os dementadores seriam capazes de sugar a alma dele. Eles não vão saber da sua verdadeira culpa ou inocência até que o beijo seja dado. Então, seja qual for o resultado, não vai ter justiça. Ou um inocente será punido, ou um culpado vai escapar.

Lily bate a cabeça gentilmente no encosto de madeira da cama, controlada pelo ressentimento da prisão de Azkaban e as leis bruxas atuais. Cansada em vários níveis, ela move gentilmente a pilha do colo e apaga os castiçais.

Embora esteja cansada, ela ainda está acordada quando James chega meia hora depois. Ele se aproxima da cama e olha para ela. Ela se senta e pergunta. "Tem alguma coisa errada?"

"Eu só estava querendo ver se você estava dormindo ou não." ele fala, baixinho. "Me ajuda?"

"Com o quê?" ela pergunta, ansiosa de repente.

"Fui chamado para uma prisão. Foi uma quebra no trabalho monótono burocrático, pelo menos. Mas não capturamos ninguém de qualquer jeito. Os Prewetts ficaram bem machucados. Eles estão na Madame Pomfrey agora. Eles preferiram Hogwarts ao Mungus. Eu não estou muito ruim, não queria incomodá-la mais ainda, ela já estava bem atrapalhada."

Enquanto ele fala, ele tira a roupa, e sua única expressão de dor são respirações rápidas. Lily acende os castiçais novamente e olha para ele, quase tremendo com uma antecipação preocupante do que ela possa encontrar. Para seu alívio, James não está sendo bravo ao falar que não está tão ruim assim. Ele não foi atingido por nenhuma maldição maléfica, só está machucado por tentar escapar delas e dos detritos. Até hoje nada pode se comparar ao dia que ele chegou depois de ficar com o Remus durante aquela lua cheia, a não ser por aquele encontro com o Fofo na floresta, mas ela não viu aquilo, somente as cicatrizes que ficaram.

Depois de terminar o trabalho, ela beija o ombro nu dele. "Eu estou feliz que você esteja bem."

Apagando as luzes mais uma vez, eles engatinham de volta na cama, e como geralmente fazem, sussurraram uma para o outro, até caírem no sono.

.

No amanhecer cinzento eles fizeram amor ainda meio sonolentos, antes de cair no sono mais uma vez. Quando eles acordam mais uma vez, faltam apenas 20 minutos para a aula começar. James murmura um palavrão e tenta se cobrir novamente, mas Lily não aceita isso. Em dez minutos, os alunos provavelmente vão estar chegando cedo na sala para se sentar, o que significam 9 minutos para tomar banho, mudar de roupa e sair daqui.

Ela está correndo na direção do banheiro quando fala para ele, "Pede para a Poppy trazer alguma coisa para comermos, ok?"

Bocejando, James comenta sobre como eles poupariam tempo se tomassem banho juntos, então ela tranca a porta, protegendo-a com uma senha. Ela sabe por experiência própria que o plano, embora faça sentido na teoria, na prática é mentira. Ela tem certeza que banhos separados são mais econômicos.

Depois de tomar um banho de 3 minutos, ela faz um feitiço refrescante no uniforme que vestiu no dia anterior, pega uma banana e dois pedaços de torrada, pega suas coisas, dá um beijo nele e sai correndo pela porta. Ninguém ainda está no corredor, mas ela tem certeza que vai cruzar com um de seus colegas de turma, caso continue naquele caminho, então ela entra na passagem secreta no final do corredor e se senta ali, para comer o café da manhã até que a hora da aula.

James ainda não está na sala de aula quando ela entra, um minuto atrasada. Ela larga a mochila na frente da sala, junto com a de todo mundo, e fica parada ao lado do Rupert perto da janela, aonde a mesa deles geralmente fica.

"Bom dia."

"Bom dia, Lily. Como foi a patrulha ontem a noite?"

"Tranquila, ainda bem. Você terminou a redação?"

"Sim, obrigado. Potter está aqui?"

"Oh, ele está aqui sim. É melhor que ele não tenha caído no sono de novo." ela fala baixinho. Roo ri.

Mas ele está bem acordado quando abre a porta do escritório no segundo seguinte, e caminha para a sala de aula. "Bom dia, turma."

"Bom dia, Professor Potter." todos respondem de volta, menos a Lily, que recentemente se viu relutante em falar a frase 'Professor Potter' exceto seja absolutamente imperativo.

"Eu acredito que todos vocês conheçam o Princípio de Belvedere agora, certo?" Todos concordam. "Ótimo. Todos me sigam até a primeira estação."

Ele faz uma demonstração explicativa antes de mandar todos para suas gaiolas para praticar. James caminha pela sala, observando cada aluno cuidadosamente, dando dicas quando necessário.

Roo está indo admiravelmente bem, e seus colegas de Quadribol também não estão nada mal. Lily imagina se o atletismo tem fator na habilidade das pessoas, pois os reflexos são treinados a um padrão mais alto do que os dos outros alunos. Quando James chega ao lado dela, ele atira mais duas azarações para ela batalhar. Ela resmunga baixinho, o que faz com que ele ria e dê um tapa condescendente nas costas dela. Ela teria ficado indignada com essa demonstração grosseira, mas imagina que todos estejam tão ocupados como ela está. James não teria feito isso se pensasse se alguém estivesse assistindo.

Ele não fica muito tempo e continua a fazer sua caminhada, inspecionando a técnica de todos. Ela consegue lidar as maldições extras e está trabalhando com uma apenas quando alguém grita. Ela vira imediatamente, sabendo que o colar vai refletir a azaração por ela. Ela sente refletir no momento que vê Victoria White no chão. A azaração que bateu nela por causa do Olho do Dragão retorna depois de bater na parede, e ela reflete rapidamente ao alvo antes de se juntar ao James, que está ao lado da Victoria. Roo está lá antes dela, com uma aparência nada boa. Pelo menos White não está inconsciente, e também não parece estar muito machucada. Nem mesmo parece estar machucada, pelo que a Lily consegue ver. James está ajoelhado no chão, ao lado dela, colocando-a sentada.

"Você está bem?" ele pergunta. Ela olha para ele confusa.

"Eu acho que sim."

"Que feitiço você utilizou? Eu disse para usar só um feitiço Ferreteante."

"Eu realmente usei um feitiço ferreteante." Ela para, e James simplesmente espera por uma explicação. "Alguém deve ter utilizado outra maldição."

O braço do James aperta o braço da garota, enquanto ele se vira para olhar de cara feia para todos alunos, que agora pararam para assistir a cena. Victoria parece estar bem feliz com a atitude protetora do professor com ela. Lily vê que a mente dele está trabalhando, com os olhos procurando a turma e retirando da possível lista aqueles que estavam do outro lado da sala. Em vez disso, ele focaliza naqueles perto dele, que podem ter jogado uma maldição casual perto deles. Os olhos dele estreitam infelizes e ele se levanta. Ajudando-a a se levantar, ele a coloca atrás dele, enquanto se dirige a turma.

"Quem fez isso? Se você confessar agora, eu vou ser muito mais leniente do que serei quando descobrir mais tarde."

A turma se olha em volta nervosamente, mas ninguém fala nada. James fica com o queixo fixo e uma pequena cova se forma na bochecha dele. Um péssimo sinal.

Já que ninguém se acusa, James decide dar uma lição sobre a covardice, estupidez e insolência de atacar qualquer aluno desse jeito. "Eu não me importo se você acha que isso é engraçado, ou que eles mereceram. Você. Não. Ataca. Outros. Alunos. Nunca. Especialmente não durante essa recessão, já que o tratamento está tão difícil. Estou sendo claro o suficiente?"

"Sim, senhor." a turma murmura, onde todos estão levando bronca por algo que só um fez.

"A punição para atacar outros alunos aumentou dramaticamente, como eu tenho certeza que vocês já sabem. Então eu não consigo entender por que diabos vocês tentariam fazer um truque tão estúpido." ele fala, furiosamente.

"Não foi tão ruim, Professor." Victoria diz, com calma. "Só me jogou no chão, eu não estou machucada."

"Isso não importa."

"Eu devo levá-la a Ala Hospitalar, Professor?" Roo sugere.

"Eu realmente não preciso -" ela tenta dizer, mas Ruperte a interrompe.

"Eu insisto. Mesmo que você não esteja machucada fisicamente, pode ser algum tipo de feitiço da memória ou algo que você mesma não consiga detectar."

James olha para o Roo e concorda, não somente com a sugestão, mas com o próprio garoto. Rupert pega Victoria pelo ombro e a leva para fora da sala de aula, com uma expressão bem rígida no rosto.

X

"Você acha que é muito esperta, não é?" Rupert diz, furioso. "Você percebe o que fez com essa peça?"

"O que você quer dizer com isso?"

Ele rola os olhos. "O professor já tem muito com o que lidar, sem esse tipo de merda. Você não tem prioridades? Você realmente azaria a si mesma, deixaria que todos os seus colegas levassem a culpa por isso, faria com que o professor se preocupasse e não confiasse mais em nenhum de nós, só para ter um pouco da atenção dele? Que porra é essa, White! Você percebe que o cara que matou a Abbot fazia parte da nossa turma? Ele vai suspeitar de todo mundo agora, só porque você destruiu a confiança que ele é tão hesitante em dar."

Ela fala entre lágrimas, "Não foi nada disso que aconteceu." ela fala, com a voz tremida. Ele a fez chorar. Que bom.

"Esclareça então." ele resmunga.

"Eu não me azarei. Eu não bloqueei o feitiço e me assustou quando me atingiu, tropecei e caí no chão. Eu tentei falar para ele que foi só o feitiço Ferreteante, mas..."

"Mas..." ele diz, suavemente embora esteja furioso. Ele sabe que se continuar a gritar com ela, ela vai ficar envergonhada e não vai falar a verdade. Ele tem que agir como se entendesse e simpatizasse.

"Mas ele ficou tão preocupado comigo. Eu..."

"Continua."

"Ele teria achado que eu sou uma tola se eu contasse a verdade. A outra história saiu do nada. Eu não sabia que ele reagiria tão fortemente."

"Por que você não o corrigiu, quando viu o quanto que ele estava chateado?"

"Porque..." Ela inspira e limpa as lágrimas com a manga do uniforme. "Foi tão bom... ver ele tão preocupado comigo."

Ele reprime outro rugido. "É claro que ele estava preocupado. Ele se preocupa com todos os alunos. Ele está aqui para nos proteger e lutar contra aqueles que tentam nos machucar." Ele não consegue deixar de incluir, de forma malévola, "E agora você não só o fez pensar que ele falhou em nos deixar protegidos, você lhe deu um inimigo fantasma para caçar, enquanto ele tem muitos de verdade."

Ela começa a chorar mais fortemente, o que o irrita e o alegra.

"Vai lavar o seu rosto. Eu trago as suas coisas para cá para a sua próxima aula."

"Você não vai contar para ele não, não é?"

"Não." ele mente. "Mas você deveria."

Na verdade, ele planeja contar tudo para o Potter. Quanto mais cedo ele souber da verdade, melhor. Rupert não é o tipo de pessoa que guarda coisas importantes para si mesmo, assim como sua melhor amiga.

Ele a deixa na frente do banheiro feminino e retorna a sala de aula. A atmosfera está muito diferente agora, muito mais fria e severa. Potter não está mais caminhando entre os alunos. Ele está sentado na frente da turma, observando todos com um olhar penetrante e antipático. Roo caminha até ele.

"Como ela está?" ele pergunta, ainda olhando diretamente para os alunos, enquanto fala.

"Ela está bem, exceto pela inabilidade de fazer boas decisões, é claro."

"O quê?"

"Ninguém a atacou. Eu suspeitei isso e a levei para fora e perguntei. Ela estava muito envergonhada para contar a verdade para você, que ela simplesmente se atacou e caiu. Eu acho que ela planeja te contar, ela só está tentando juntar coragem para isso. Mas eu não sei quanto tempo isso vai demorar, então pensei em te acalmar agora, para que você não passe os próximos dias se incomodando em tentar encontrar um agressor que não existe."

O homem mais vez suspira e passa os dedos pelos cabelos bagunçados. "Obrigado, Rupert. Você me poupou horas de agonia."

Ele concorda, se sentindo um pouco orgulhoso que Potter utilizou o nome dele. Eles ficam em silêncio por um tempo, observando todos praticarem a deflexão dos feitiços até a aula terminar.

"Te vejo no treino de Quadribol, senhor."

"Obrigado mais uma vez."

"Não foi nada."

Lily espera ele juntar as coisas dele e da Victoria parada na porta da sala de aula, e eles saem juntos, com a Lily olhando para o Potter com um olhar curioso mas confortante. Ele sorri de modo tranquilizador.

Ele larga a mochila da White em frente ao banheiro das garotas e bate rapidamente duas vezes na porta, antes de voltar a caminhar, explicando tudo o que aconteceu no caminho até as masmorras. "Oh. Bem, isso é um alívio." ela diz, com sinceridade.

"Você realmente não está chateada?"

"Não. Todos sentem vergonha. No final, tudo terminou bem. Melhor ser uma menina envergonhada do que um colega irresponsável, ou pior ainda, malicioso."

Ela abre uma passagem secreta e com um gesto de mão, o manda ir primeiro.

"Eu concordo com você, mas essas tentativas estúpidas e desesperadas dela, em relação ao Potter, não te incomodam?"

"Não o suficiente para eu admitir isso."

Que resposta bem Lily. Mais uma vez, o bom senso prevalece, mas não acaba com todo o ciúme. Mesmo assim, é divertido incitar ela, só um pouco.

"Em que estágio que isso te incomoda?"

Ela trinca os dentes e olha direto para a frente.

"Fala." ele intriga.

"Quando ela olha abertamente para a bunda dele, e olha para mim como se eu não fosse nada porque eu sou uma aluna, e age como se ela tivesse direitos sobre ele, embora ela seja bem mais velha do que ele. Ui, e quando ela acha que ele gosta dela, então ela caminha com um olhar tão convencido, quando ela mesmo nem consegue fazer um feitiço de coloração! Não sabe absolutamente nada sobre o estilo de vida dos trouxas e age como se estivesse fazendo um favor de verdade aos nascidos trouxa, que ela está sendo muito bondosa. Vaca condescendente."

Roo morde os lábios de um jeito muito sincero, mas também em uma tentativa um pouco dolorosa de não sorrir. As bochechas dele estão começando a doer por causa do esforço.

"Eu acredito que não estamos mais falando da White?"

"O quê? Oh. Não, White é inofensiva. Eu não acho que ela acredita realmente que vai conseguir conquistá-lo. Ela fantasia isso, mas ela não... persiste."

"E Dippet persiste?"

Lily fecha a cara. "Eu posso ser capaz de ignorar o flerte e os olhares dela. Mas ela não gosta de mim."

"Victoria também não gosta de você."

"Obrigada." Ela diz, sarcasticamente.

"Então qual é a diferença entre as duas?"

"Dippet tenta constantemente me menosprezar, me lembrando que ela é uma professora e que eu sou só uma aluna. Ela sempre tenta me fazer sentir pequena." ela admite.

E aparentemente ela teve um pouco de sucesso, Roo pensa. Ele imagina se Dippet tenta colocar a Lily para baixo constantemente porque ela mesmo se sente inferior, e então utiliza a única carta que possui (seu papel como uma figura autoritária), ou se ela sabe que está atingindo a Lily com as inseguranças dela. Também são as inseguranças dele. Querendo ser tanto mais do que só um aluno, querendo ter uma função, querendo ser merecedor, mas tantos são cegados pelo uniforme. Mais uma vez ele pensa no Potter, e ele consegue ver a Lily pelo o que ela é, e ele ousa imaginar que também veja nele mesmo. Ela está certa. Não tem nada mais irritante do que ser negligenciado por ser um aluno.

Ele pensa em algo. "Você acha que ela suspeita de algo?"

"Eu acho que não, por quê?"

"Bem, eu estava pensando, se Victoria não gosta de você porque você é a predileta do Potter, talvez Dippet também não goste pelo mesmo motivo."

"Ela já não gostava de mim muito antes do James começar a dar aula aqui." ela diz.

A conversa é cortada porque eles chegaram ao final da passagem secreta e tem que ir para o corredor aonde este tipo de conversa não pode ser mantida.

X

Lily e Sirius caminham pelos terrenos durante o almoço antes dele ter que dar aula para o terceiro ano.

"Eu pensei no que você disse, e decidi que concordo com você."

"Bom. Sobre o quê?"

"Que se você não estiver disposto a trapacear para ganhar, então você não quer realmente ganhar."

Sirius sorri triunfantemente para ela e morde a banana com uma mordida satisfatória. "Então, se você tivesse que escolher entre salvar uma pequena menina trouxa inocente, ou James, quem você salvaria?"

Ela se faz este tipo de pergunta o tempo todo. Ela já imaginou hipotéticos cenários imaginários. Ela já conseguiu justificar escolher o James por motivos que não envolvessem o amor dela por ele.

"Tem um ditado trouxa. Dê um peixe a um homem e você o alimenta por um dia. Ensine um homem como pescar e você o alimenta pelo resto da vida."

"Então você está dizendo que escolheria o James porque por estar salvando ele, você estaria salvando inúmeras outras pessoas inocentes?"

"Bem, sim. Ele não é só um grande professor, mas ele também é um grande auror. Ele faz muitas coisas boas."

"E se fosse aquela garota ou a sua irmã? Você consegue admitir que é egoísta ou também vai dizer que salvando-a, você estaria salvando mais vidas."

"Eu salvaria uma vida a mais, pelo menos. Petúnia está grávida."

Ele arregala as sobrancelhas levemente, e ela percebe que nunca contou isso para ele.

"Isso e porque eu sou egoísta." ela admite. Sirius sorri aprovador. "Você é praticamente um gasto de espaço desnecessário, mas eu faria coisas vergonhosas para manter você por perto." Ela pega a maçã da mão dele e dá uma mordida.

"Vergonhosa?" ele pergunta intrigado com o prospecto da Lily e de atos tão chocantes.

"Sim." ela diz. Já que ela está começando a se sentir envergonhada, ela conclui que também pode deixá-lo envergonhado junto. "Porque eu te amo, Sirius Black. Muito."

Aparentemente ele sabe o que ela está tentando fazer, porque ele vira para ela, sorrindo em tom de brincadeira."E eu te amo, Lily Evans. Muito, muito mesmo."

O plano saiu pela culatra, e agora ela está corada, mesmo com o jeito cheio de sarcasmo com o qual ele disse. Ele só admitiu que a amava uma vez e ela suspeitou que foi mais para confortá-la até que ele chegasse em Dover para buscá-los. Pelo menos funcionou. Ela olha o chão mover embaixo dos seus pés enquanto dá outra mordida na maçã, antes de devolver ao Sirius, sem olhar para ele, claro.

"Você acha que vai chegar alguma vez que não vai ser envergonhoso dizer?" ela pergunta honestamente. Por que é tão difícil? Ela falava isso diariamente para seus pais quando estava com eles. Ela consegue falar isso para o Roo. O que torna isso ser tão difícil de se falar para outras pessoas?

Ele não responde.

Ela não achou mesmo que ele fosse responder.

Enquanto ambos amem muito seus amigos, eles não são exatamente os mais vocais sobre isso. Ela pensa que a única coisa que pode fazer é praticar, e então treme com a idéia.

"Você poderia começar a escrever para o Semanário das Bruxas de novo?" ela pergunta, mudando de assunto.

Ele bufa. "Eu não estou surpreso, mas estou curioso. Como você ficou descobriu?"

"Depois que demos aquela entrevista, é óbvio que eu li a reportagem. Parecia muito de bom gosto para Goodspeed. Precisaria de alguem influente para manter daquele jeito. Eu encontrei mais exemplares e reportagens daquele mesmo autor e... bem... ela tem o seu estilo."

"Eu estou feliz que os caras não estão dispostos a ler revistas femininas." ele fala sorrindo, mas o sorriso logo some. "Mas seja o que for, eu não posso voltar."

"Por que não? Sirius, desde que Weyalnd..." 'morreu' não é a palavra certa, e ela não consegue falar 'foi exterminado' "se foi, não tem mais ninguém para espalhar a palavra."

"Eu duvido que o Semanário das Bruxas se arriscaria. As coisas estão muito pior do que estavam no Natal, como você sabe muito bem. Além do que, eu não sou mais... bem vindo."

"O que aconteceu?"

"Só uma pequena diferença de opinião, Cariad."

"Você não pode colocar suas diferenças de lado pela causa?"

"A causa é aonde as nossas opiniões diferem." ele fala simplesmente.

"Oh."

Eles viram e caminham na direção do castelo novamente. O almoço está quase no fim. Já que a sala de aula de Transfiguração é quase que no caminho da de Defesa Contra as Artes das Trevas, ele a caminha até lá. Em silêncio.

X

Embora James devesse estar só supervisionando o treino da Grifinória, ele não consegue deixar de oferecer alguns conselhos humildes...

"Vocês têm que ser mais fechado na sua organização, Artilheiros! Vocês não podem ficar abertos! Façam de novo! E você, apanhador! Suas descidas falsas tem que ser mais acreditáveis, senão não vai funcionar. Batedores..." Não tem muito o que falar com eles. "Continuem batendo!"

Mas os garotos não parecem se incomodar, na verdade, eles o agradecem sem parar depois do treino e falam que mal podem esperar até o próximo. Ele fica perdido em uma fantasia momentânea de ser o treinador de um time nacional, quando Rupert Ferris o chama.

"É... senhor?"

"O quê? Desculpa, minha mente estava... é..."

"Pensando em quadribol. Todos nós conhecemos esse olhar." ele responde com um enorme sorriso genuíno que James nunca tinha visto nele.

"Você quer jogar Quadribol então? Depois da escola?"

"Isso seria bom, caso eu pudesse entrar em algum time, mas não. Minha família quer que eu consiga um emprego no Ministério."

"Em qual departamento?"

Ele balança os ombros. "Qualquer um que me contratar."

"Você já pensou em trabalhar exercendo as leis mágicas?"

"Com certeza. Convivendo com a Lily é difícil não ter pensado nisso. Nós discutimos isso tantas vezes quando éramos mais jovens. Parece que ela só falava sobre isso no quinto ano. Nós falávamos que íamos virar aurores juntos."

"Por que não? Junte-se ao programa de treinamento de aurores então."

"Eu vou tentar, mas acho que a minha família ficaria mais feliz com um trabalho de escritório."

"Você? Atrás de uma mesa?" James pergunta, descrédito.

Ele balança os ombros mais uma vez. "Não é o que eu prefiro, mas não posso desapontá-los."

"Mas você também não pode desapontar a si mesmo."

"Mas eu te digo que eu não me importaria em ser um Inominável." James treme, e então se xinga por isso. "Senhor?"

"Se é isso que você deseja." ele diz, rigidamente.

"Você não aprova?"

"Eu só quero dizer que se você se importa em manter a sua família feliz, trabalhar no Departamento de Mistérios seria... contraproducente."

"Oh?"

"Você teria que trabalhar várias horas e não seria capaz de conversar sobre isso com seus amigos ou família. Por isso o termo 'Inominável'. Aqueles que trabalham naquele departamento não possuem uma vida social estelar."

Um momento de silêncio se segue, e James consegue ver que Ferris tem tato demais para perguntar, então desiste e fala. "Meu pai era um Inominável."

"Oh. Ele... não é mais um?" ele pergunta, incerto.

James utiliza sua voz de auror, brusca e profissional. "Ele morreu. Morreu no trabalho."

"Como?"

Ele é incapaz de reprimir o bufo amargo. "Como no departamento no qual ele trabalhou a vida inteira, é um mistério." ele diz, sarcasticamente. "Pelo menos para a família dele. Informação confidencial e aparentemente nós não precisamos saber." Inacreditável, James pensa, como que depois de tantos esses anos ele ainda está tão amargurado.

Parecendo querer mudar de assunto tanto quando ele mesmo, o garoto pergunta, "Então, você acha que eu poderia ser um auror?"

"Eu acho que você seria um excelente auror." ele diz, com honestidade.

"Era sobre isso que você queria conversar? Escolhas de carreira?"

"Na verdade não." Ele está acalmando, ficando mais confortável de novo, retornando ao seu elemento. "Eu queria que você desse uma olhada em alguns arquivos no meu escritório. São algumas pessoas que eu gostaria que você ficasse de olho por mim."

O garoto arregala as sobrancelhas.

"Se você quiser." James continua, atrasado. "Eu não quero te impor com mais responsabilidades, mas está muito difícil encontrar pessoas de confiança. Eu estou tendo que sair do castelo cada vez mais hoje em dia, e eu preciso de alguém que seja capaz de ficar de olho nas coisas enquanto eu estiver fora."

"E você está pedindo para mim?" Ele soa tanto duvidoso quanto esperançoso.

"Você e Lily. Vocês trabalham bem juntos."

"Por que nós dois? Por que não outro professor?"

"Dumbledore e Minerva já estão fazendo mais coisas do que aguentam. Os outros professores..."

"O quê?"

"Exceto pelo Flitwick, McGonagall, Dumbledore, e Pomfrey, existem muitos poucos que eu posso contar que vão agir sensivelmente durante uma crise. Eles ou são complacentes ou são muito sérios com a autoridade deles. A escola é sobre os alunos, e eles te respeitam, eles vão ouvir você. E você consegue manter um segredo." James pisca para ele e o garoto rola os olhos.

"Então, o que você quer que eu faça?"

"Esteja preparado e pronto para responder o meu patrono quando quer que eu mande para você. E também, quando eu não estiver por perto, merda, mesmo quando eu estiver por perto, fica de olho na Lily. Eu sei que estou soando super protetor, mas não é isso." Bom, vamos ser honestos. "Não é isso." ele corrige. "Eu estou pensando como um auror, não um noivo preocupado."

"Noivo? Ela não me disse que você a pediu em casamento."

"Porque eu ainda não pedi."

"Ah."

"O importante é, e você vai ver nesses arquivos em um instante, ela está em mais perigo do que qualquer um nesse castelo."

"Eu não preciso de um arquivo para saber disso." Ferris diz, com a voz aparentemente seca e com o olhar fixo em algo que parece estar bem distante, passando pelo castelo e muito além dele, como se estivesse se aproximando neste momento. Olhando para baixo, ele vê que o garoto está segurando a varinha muito apertado, com os dedos brancos e as veias saindo pela pele.

Não existem palavras para a gratitude e afinidade que ele está sentindo neste momento. Então ele não fala nada.

X

É estranho, não ter nada para fazer. Sem nenhum garoto para se distrair, Lily faz todo o trabalho e pesquisa na biblioteca. Será que os treinos de Quadribol vão ser um espaço de ouro no horário dela? Duas horas e meia de produtividade perfeita? Ela ama James e Roo, é claro, mas fazer trabalho ao lado deles frequentemente é cheio de interrupções e distrações, as vezes agradáveis, outras vezes nem tanto.

Ela vê James rapidamente, e somente de longe no Salão Principal no jantar. Ela se senta como sempre ao lado do Rupert e do time da Grifinória. Não é nenhuma surpresa que eles estejam falando sobre Quadribol, mas aquece o seu coração ouvir eles falarem como que o professor de defesa deles foi brilhante. Por um momento, ela quase deseja que tivesse ido assistir o treino naquela tarde, mas mesmo tendo sido tão interessante assim, ela não abriria mão das horas que passou na biblioteca.

Os garotos também falam poesias na velocidade, aceleração, precisão de curva da vassoura que Rupert usou. Ela quase fecha a cara quando percebe que ele foi o primeiro a usar a vassoura dela, mas ela coloca este pensamento de lado. Não importa. Mesmo assim, ela imagina se realmente zumbe embaixo do toque da pessoa, como eles falaram que faz. Ela segura o pulso do Roo, que agora segura uma faca cheia de batatas nela, e chega para perto dela, para checar a hora.

"Ei! Tô comendo!" Roo reclama. Ela se levanta e o beija na bochecha.

Ela solta a mochila no quarto e rapidamente pega um recado que Ebony trouxe, e deixa no próprio quarto para esperar na frente das escadas de pedra, do lado de fora das portas do castelo. Ela sabe que ele vai vir.

X

Ele está a ponto de comer um terceiro prato de cozido quando um rebuliço entre os alunos fazem com que ele erga a cabeça. Uma coruja entra voando no Salão Principal. Realmente, não é o horário das corujas, mas não é tão incomum assim. Ele estreita as sobrancelhas quando percebe que é a Ebony. A mensagem não está presa na pata dela, e sim presa nas garras. Quando ela está voando em cima dele, ela solta o recado, que desce para cair no molho, mas James, sendo um jogador perfeito de Quadribol, pega no ar antes que caia. Ele se levanta e dá alguns passos para trás para que ninguém possa ler.

~Vem voar comigo~

Não tem nenhuma assinatura, exceto um pictograma da pata de uma corça.

James sorri e guarda o pedaço de pergaminho no bolso, enquanto sai do Salão Principal.

Ela está esperando por ele nas portas frontais. Ele sorri abertamente e joga a capa para ela, e caminham juntos até o campo.

Eles correm, sobrevoam, sobem e descem. É estimulante.

"Nós não fazemos isso o suficiente." ela comenta, quando sobrevoa ao lado dele. Eles estão dando voltas casuais enquanto conversam. O vento passa por eles, então eles tem que aumentar o tom de voz para serem ouvidos.

Mas é verdade. Desde o Ano Novo, ele não teve tempo livre para voar. Isso limpa a mente e eleva os espíritos. Ela dá um sorriso maroto e passa rápido por ele, com o cabelo ruivo balançando loucamente atrás dela. Tem algo nessa visão que é tremendamente erótico na mente do James.

Ele acelera atrás dela, seguindo cada loop, volta e giro, alcançando-a lentamente. Ele suspeita que isso é porque ela quer ser capturada. Ela fica olhando para trás, zombando ele com aquele sorriso maroto... como um pomo com um apanhador.

150 pontos para o James.

Eles ficam deitados felizes no chão, abraçados juntos na capa da invisibilidade. O céu está muito nublado, então não tem muitas estrelas para serem vistas, mas James não se importa com isso mesmo. Lily coloca a cabeça no ombro dele, provavelmente porque não consegue ver o céu.

"Que horas são?" ela pergunta, baixinho.

"Nós temos tempo." ele assegura, bem suavemente. Depois de fazer amor eles falam as coisas como se fossem segredo.

"Que bom." Ela se aninha mais perto dele e o aperta. Uma dor sombria aparece no peito dele, uma dor causada apenas por manter isso em silêncio. Ele não quer manter o segredo, ele não quer ter que sussurrar, ele quer gritar o mais alto o possível, o máximo que os pulmões dele deixarem, o quanto que ele a ama. Mas ele não pode. Ele só pode sussurrar durante a noite, quando ninguém mais pode ouvir. Algo tão grande não foi feito para ser deixado em segredo. Mesmo assim, aqui estão eles, embaixo da capa de invisibilidade, se escondendo de todo mundo.

"Eu amo você." ele diz, e a dor melhora momentaneamente. Ele não pode gritar, mas ele não tem que manter isso completamente para ele mesmo. Ela se mexe para poder beijá-lo. Esses próximos minutos são completamente pacíficos e ele praticamente flutua por eles. Por mais clichê que seja, ele não sabe como que viveu sem ela, não consegue imaginar uma vida sem a Lily junto dele. Não, ele consegue imaginar, e não é nada agradável. Trabalho, trabalho, trabalho, e no final do dia ele iria colapsar na cama, sozinho, desamparado, sem ser amado. Nenhuma luz para lutar contra a escuridão.

Eles estão perdendo, ele sabe disso. Todos sabem. Eles conseguem sentir isso. As pessoas estão se preparando para épocas mais obscuras ainda, como se elas fossem inevitáveis. Com esta sensação coletiva de desgaste constante, como que as pessoas se mantem em sucumbir a depressão? Ele tem a Lily, mas como que todo mundo consegue? Nem todos conseguem, ele se lembra. Muitos desistem, se entregam, se sentam nas suas casas e esconderijos, tremendo de medo.

Os dedos dele passam pelo cabelo dela, prendendo-os, mantendo-o ancorado a ela para que ela não seja varrido pelo pessimismo. Ele tira os lábios do dela para poder falar algo, mas descobre que não tem as palavras. Ela o beija rapidamente mais uma vez.

"Obrigada." ela fala. Sim, é isso. Ele deveria agradecer a ela por mantê-lo equilibrado. Ele rola os dois, de tal forma que ela fique embaixo dele, e ele apoia o rosto no peito dela. Como sempre, os dedos dela passam pelo cabelo dele e seus olhos se fecham. Paz completa. Não existe nada tão calmante quanto isso. Não existe nada pelo o que ele desistiria disso. Nada que possa ultrapassar a calma que ele sente quando eles ficam deitados desse jeito.

"Não." ele sussurra de volta. "Obrigado você."

Ele imagina se ela sabe que casca patética de homem que ele seria se ela se negasse a ele agora. Ele não fala nada disso. Claro que não. Ele só deixa a mão dele procurar por calor, parando finalmente na pele nua do estômago dela.

A cabeça dela se apoia na dele, enquanto ela começa a cantarolar.

.

Ele deve ter cochilado, porque logo depois ela está cutucando ele para acordar. "James, amor, nós não podemos ficar aqui."

A parte infantil dele, aquele tipo que pode argumentar qualquer coisa, independente de saber que está errada, quer protestar. Entretanto, ela tem que ir a Ala Hospitalar agora e ele tem que patrulhar daqui a quarenta e cinco minutos mais ou menos. Por mais agradável que seja continuar a ficar aqui deitado um ao lado do outro, ele sabe que nenhum dos dois vai fazer isso. Ambos têm afazeres que não vão fugir jamais.

Ele rola, saindo de cima dela, e se levanta, estendendo uma mão, que ela segura e ele a levanta do chão.

Ele se sente tão próximo dela quanto sentiu no Sábado, e não quer parar de tocá-la, mesmo que seja somente a mão dela na dele. Eles ficam parados em frente a enfermaria, escondidos pela capa da invisibilidade, relutantes em partir. Eles ficam até duas crianças passarem correndo por eles, para ver a curandeira. Isso faz a Lily acordar e o beija rapidamente e, tendo certeza que ninguém está por perto para ver, sai de baixo da capa e corre para ajudar a Madame Pomfrey.

Resignado, James meio que suspira e meio que resmunga, e sai para esperar para a Dippet. Ele fica surpreso em ver que ela já está lá, mesmo sendo tão cedo.

"Boa noite, Professor Dippet." ele cumprimenta. "Eu estou atrasado? Eu achei que fossemos nos encontrar mais tarde." Ele olha para o relógio, para checar a hora. Talvez ele tenha passado mais tempo com a Lily na frente da Ala Hospitalar do que havia pensado. Não, ainda faltam quinze minutos.

Ela ri, talvez um pouco entusiasmadamente demais para ser natural. "Quantas vezes eu tenho que falar para você me chamar de Darlene? E não, eu estou adiantada. Vamos começar, já que nós dois estamos aqui?"

"Com certeza." Ele começa a caminhar, rolando a varinha entre os dedos por alguns instantes até segurar bem apertado.

"Então... Como foram as aulas de hoje?" ela pergunta.

"Produtivas." ele responde. James não consegue deixar de pensar que se ele fosse fazer a patrulha sozinho, que seria muito mais eficiente. Ele poderia ficar embaixo da capa e realmente seria capaz de pegar alguém. As chances de pegar alguma pessoa que não esteja fazendo algo de bom diminui muito quando está caminhando ao lado de uma bruxa que ri de tudo que ele fala, seja engraçado ou não. Para dissuadí-la com sutileza da conversa, as repostas dele são as mais curtas possíveis. Seus esforços são recompensados (punidos?) por ela tomar controle da conversa por si mesma. O monólogo dela é apressado e ansioso, ávido para agradar.

Eles não encontram ninguém. Não é tão estranho. Afinal, é segunda-feira. Mesmo assim, James está tenso. Seja porque ele tem uma intuição, ou porque a voz da mulher é áspera, ele não sabe.

Uma hora depois, eles passam pela Ala Hospitalar.

"Eu vou dar uma entrada rápida. Ver se Poppy está bem." James diz.

Embora seja meia-noite, a Ala ainda está cheia. Ele vê Lily sentada ao lado da cama de uma garota, falando baixinho com ela, mas Madame Pomfrey a chama do outro lado da ala e Lily, se desculpando e tirando os dedos do cabelo da menina, vai imediatamente para a curandeira. James não é capaz de ler lábios, mas ele entende que isso é uma lista de instruções, porque a Lily balança a cabeça algumas vezes antes de desaparecer para o estoque. Ela retorna balançando o rosto, segurando somente duas garrafas e balançando o ombro. Madame Pomfrey também balança o rosto e cobre o rosto com a mão. Lily diz algo que parece assustar a curandeira, porque ela retorna rapidamente para a ruiva, com choque escrito claramente na sua expressão facial. Lily faz um sinal para a curandeira chegar para o lado. Ela se abaixa para falar com o garoto na cama e transfigura um balde. A próxima frase que ele é capaz de entender é, 'Você está pronto?' O garoto concorda e Lily aponta a varinha para ele. James reconhece o feitiço, mas não pelos movimentos do braço dela ou porque ele leu os lábios, mas pela reação do garoto. Ele começa a vomitar no balde que ela havia entregue. Lily esfrega as costas dele, enquanto ele vomita. Depois de três vezes, ela termina o feitiço e entrega um pouco de água para o menino, que faz um gargarejo e cospe novamente. Ela desaparece com o conteúdo do balde. Os dois trocam algumas palavras e o rosto da Lily solta um sorriso fraco, porem sincero. O lábio da curandeira estão finos, enquanto ela concorda relutantemente com o cuidado não ortodoxo, antes de passar para a próxima cama. Lily fica ao lado do menino por um instante, e James percebe que ele aprecia isso. James também fica grato por isso.

Ela finalmente percebe que ele está aqui, e o rosto dela fica ligeiramente mais suave. Os olhos dela nunca saem dos dele enquanto ela caminha instantaneamente até ele. Quanto mais perto ela chega, ele consegue ver mais claramente o desespero e a tristeza em seus olhos. O único motivo do brilho deles é a presença dele.

"Oh, James, é um desastre!" ela sussurra desesperadamente, com cuidado para não deixar com que os outros alunos a ouçam. "Não temos nenhum suprimento, os alunos estão sem ajuda, não tem nada que possamos fazer por eles, e estou preocupada com a Madame Pomfrey. Ela está tentando se esforçar, mas eu sei que ela está deprimida, e eu não sei o que fazer! Eu sou completamente inútil e essa situação é... é..." O rosto dela começa a contorcer e seus olhos brilham. Ela não vai chorar, ele sabe disso, mas só porque ela se recusa a mostrar qualquer fraqueza em público. Mesmo assim, se ele não a parar agora, ela vai ter um ataque nervoso e vai começar a vomitar como o garoto que ela acabou de ajudar.

"Calma, amor." ele a acalma, colocando as mãos nos ombros dela. "Você está fazendo maravilhas."

"Eu não estou fazendo nada." Ela geme, olhando para os pés.

"Ei." Ele levanta o queixo dela. "Não é nada. Mesmo que você não possa lhes dar as poções que eles precisam, isso significa que você se importa, que você fica ao lado deles."

Ela inspira. "Não é o suficiente." ela sussurra triste.

"Não, não é." ele concorda. "Mas isso não é realmente culpa sua, minha querida."

"E quanto a Poppy?"

Ele fecha a cara enquanto olha sobre a cabeça da Lily para estudar a curandeira. Ele não consegue pensar em nada. Imagina que a única coisa que possa fazer com que ela se sinta melhor seria a habilidade de curar apropriadamente seus pacientes. Deve ser horrível ver seus pacientes sofrerem.

"Ajudando a eles você estará ajudando a ela. Faça companhia a ela, deixe-a saber que não está sozinha. Você sabe, o tipo que coisa que Lily Evans é boa para fazer."

Ela sorri com isso, mas o olhar dela focalizam atrás dele e o sorriso cai, e de repente ela chega para trás. "Boa noite, Professora Dippet."

A bruxa balança o rosto muito pouco em resposta.

"Eu tenho que voltar." Lily diz, sem jeito.

"Que horas você vai estar liberada aqui? Eu posso vir te buscar."

Ele lê medo e incerteza nos olhos dela. Claramente ela não gosta que ele fale este tipo de coisa na frente da outra bruxa. James não se importa com isso.

"Você não precisa fazer isso. Eu nem mesmo sei quando estarei liberada."

"Que besteira. Eu não vou deixar que você caminhe sozinha pelo castelo a noite. Você sabe que eu tenho o dever de te manter protegida." Ele pisca para ela. "Você conhece o Moody, vigilância constante e tudo mais."

"Pode ser bem tarde quando eu terminar."

"Besteira, Evans. Já está tarde. Depois que eu terminar a patrulha, eu tenho que ficar de pé a noite toda mesmo fazendo trabalho burocrático."

Ela procura nos olhos dele pela resposta a pergunta que ela não ousa fazer em voz alta. A resposta é não, ele não recebeu nenhuma coruja do Moody. Ela suspira aliviada.

Ele quase se abaixa e dá um beijo de adeus. Por sorte, ele percebe a tempo e chega para trás, antes de arruinar tudo. Lily, sabendo claramente o que ele quase fez, dá um olhar repreensivo. Ele responde silenciosamente com um olhar de cachorrinho triste, o que a suaviza o suficiente para ela ter que lutar contra um sorriso. Ele sorri, sabendo que está desculpado.

"Te vejo daqui a pouco então. Mande um patrono." Ela concorda e vira, para continuar o trabalho. "Só mais um minuto." ele fala para a professora de Estudos Trouxas, que está assistindo com os braços cruzados de maneira desaprovadora. James não dá a mínima se ela aprova ou não. Ele se aproxima da cama mais perto dele e se abaixa ao lado dela. Ele reconhece o garoto da turma do primeiro ano. Um Grifinório chamado McEwen. Ele pega um sapo de chocolate e entrega ao menino.

"Você coleciona os cards?" ele pergunta.

O garoto sinaliza que sim.

"Bom, abre então. Vamos ver quem você tirou."

McEwen sorri e desembrulha o doce rapidamente, deixando o sapo dar um bom pulo antes de mastigar a sua cabeça, retirando o card da caixa enquanto mastiga. James fica aliviado em ver que não é um card que ele já não possui.

"Morgana." ele fala feliz. James se levanta e bagunça o cabelo do garoto.

"Melhoras, Marcus." Ele sorri rapidamente antes de retornar a sua companheira de patrulha.

Eles estão caminhando pelos corredores por mais meia hora, terminando o trajeto. Mais dois lances de escada e ele vai deixá-la no dormitório dela, e então talvez vá se sentar e ler, ou fazer planos de aulas em frente a lareira do dormitório da Lily até receber o patrono dela.

"Sabe, você não deveria falar com ela daquele jeito." Dippet afirma, do nada.

"Não deveria falar com quem de que jeito?"

"Lily Evans. Falar coisas tipo, 'amor' e 'minha querida'. Essas aluninhas vão interpretar isso erroneamente."

James sorri. "Ela é uma garota inteligente. Não vai interpretar errado." Ela sabe que eu falei sério.

"Mesmo assim, não é apropriado."

"Provavelmente." ele concorda.

"Você vai parar então?"

"Provavelmente não."

"Existem regras. Regras de conduta. Você não pode tratá-la como uma... como uma..."

"Como uma o quê?" A pergunta bate como um chicote e Dippet treme.

"Eu sei que ela está, bem, relacionada com o seu amigo, mas isso não é desculpa para dar um tratamento preferencial para ela, ou para ser muito amigável."

"Amigável." James repete, com a expressão amargurada.

"Oferecer caminhar com ela de volta ao dormitório. É... Se alguém fosse fazer isso, eu acho que seria melhor se fosse eu mesma."

"Você acha que você é mais capaz de protegê-la do que eu sou?" Julgando pela coloração rosada, ela entendeu o insulto.

"Eu acho que seria mais apropriado."

"Eu acho que nós dois temos padrões diferentes do que é apropriado." ele diz friamente.

"Claramente." ela responde. "Você não parece perceber como que as pessoas veem a sua interação."

"E você não percebe como que seria tolice mandar uma bruxa altamente não qualificada para guardar um alvo de alta prioridade."

"Eu não vejo porque você ou qualquer um tem que acompanhar ela. São poucos minutos de caminhada, dentro de Hogwarts."

"O fato é que já tiveram três tentativas de assassinato dentro dos terrenos de Hogwarts, apesar disso, você não acha que eu estou em uma posição melhor para saber quem está em perigo e qual é a melhor maneira para protegê-los?"

"Sim, mas você tem certeza que não está motivado por algo alem do dever? Você tem certeza que não tem outro motivo para ter um interesse tão ávido?" ela pergunta de forma significativa. Ele a encara de volta de forma significativa.

"Você tem?" Ele segura o olhar dela por um longo momento, até que ela olhe para baixo.

Ele estava muito feliz em ignorar a atração da colega de trabalho por ele, mas agora, depois de meses de insinuações, ele finalmente tocou no assunto e imagina que não foi do jeito que ela esperava. Ele reconhece os sentimentos dela somente secundariamente, como um resultado de a reprimir nos ciúmes dela.

"Olha aqui, Dip. Como eu trato os meus amigos é problema meu. Como eu trato os meus afazeres como Auror. Como eu trato os meus alunos na escola. Só que acontece que ela se enquadra nessas três categorias. Eu entendo a sua preocupação, então deixe-me te assegurar que o meu trabalho, meus trabalhos," ele se corrige, "são a minha prioridade número um. Eu não tenho tempo para nenhuma bruxa. Aluna ou não." Ele fala isso com um peso particular, para colocar a ênfase devida. "Então você pode descansar em paz e parar de se preocupar com as suas alunas. Eu não sou o promíscuo malicioso que você parece pensar que eu seja."

"Eu não... quer dizer, eu não quis dizer... Eu só quis comentar como que parece ser."

"Eu não me importo, Dippet." ele fala, realmente irritado e não tentando esconder. "Nós passamos por muitas coisas, ela e eu, e eu devo muita coisa para ela, até a minha própria vida." Ele para, deixando a raiva sair dele em um suspiro longo, e então afirma com firmeza. "Ela faz parte da minha família." Seus pensamentos vão rapidamente para sua mãe e pai falecidos, e então para Sirius, Remus e Peter. "Junto com os muito poucos que ainda estão vivos. Então sim, eu vou ter a certeza que fique desse jeito, sendo apropriado ou não."

Ela não fala nada em resposta.

"Então você pode ir correndo para o Diretor se quiser, mas se você tentar me impedir..." A ameaça não poderia ter sido mais eficiente se ele tivesse completado. Simplesmente fica ali, pairando na frase.

A voz dela finalmente soa fraca e pequena no grande corredor escuro. "Então a sua motivação não é inteiramente profissional." ela diz, nervosa.

"Não." Ele responde, com uma resignação cansada.

Nesse momento, uma corça translúcida prateada aparece, tão amável como sempre. Os dois olham enquanto uma voz estranha da Lily emana etereamente do patrono brilhante.

"Estou pronta quando você estiver. Cega por sua própria hipocrisia, Poppy está me forçando a ir para a cama."

Ele sorri para ela, sabendo que a Lily provavelmente falou isso próxima ao alcance da curandeira. Reverenciando educadamente, ele diz, "Boa noite, Professora Dippet." e caminha rapidamente até a Ala Hospitalar.

X

Já que James não tem aula nas terças de manhã, Lily o deixa continuar a dormir.

Poções mais uma vez é outra aula, mas ao contrário dos outros dias, ela não se senta no lugar de costume na frente da sala de aula. Em vez disso, ela coloca sua pena de transcrever anotações na mesa de costume enquanto ouve do fundo da sala, prestando atenção pela metade enquanto ela testa, limpa e pole o caldeirão de cobre número dois, e o peltre número quatro que serão utilizados hoje a tarde durante a seção de poções. Levam duas horas para fazer isso corretamente, e ela perguntou para o Slughorn se podia fazer durante a aula, para que eles tivessem mais tempo para fazer as poções. Alguns alunos olham para trás, para ver o que ela está fazendo, mas acham as atividades dela ainda menos interessantes do que a aula e viram de volta para frente, para ouvir o professor.

Sem ter certeza que James não vai dormir durante o almoço e as lições da tarde, ela se vê caminhando de volta ao seu dormitório. Felizmente ele já foi. Quando ela retorna ao Salão Principal para almoçar, Roo não está ali, nem James está na mesa dos professores. Confusa, mas sem estar completamente preocupada, ela sai para a aula de Transfiguração.

X

James está descendo as escadas correndo quando começa a mover. Ele não tem tempo para perder planejando uma rota alternativa quando ela parar em outro lugar, então ele utiliza o seu próprio momento e pula do lado da escada, parando na plataforma no quarto andar. Os alunos em volta dele prendem a respiração, impressionados.

"Movam-se, por favor!" ele grita e felizmente eles fazem o que lhes foi pedido.

X

Lily está caminhando vagarosamente na direção da sala de aula de Transfiguração, quando vê James descendo correndo pelas escadas, pulando os degraus de dois em dois, as vezes de três, e as vezes até de quatro. Ele não diminui a velocidade quando a encontra.

"James, o que está..."

"Meia volta volver, Evans!" ele grita enquanto passa voando por ela. Obedecendo, ela dá uma volta de 180 graus e começa a correr atrás dele. Eles vão ter tempo para perguntas depois. O cervo prateado sai da varinha dele, e ele manda a seguinte mensagem, "Preciso de você nos terrenos, Ferris. Agora." O patrono sai correndo rapidamente e Lily quase se vira para observá-lo desaparecer. Ela está tão desesperada por informação, ela não tem idéia de que crise é essa, e a ignorância sempre a deixa nervosa. Mesmo assim, ela corre atrás do James, tendo enfeitiçado sua mochila para a Madame Pince na biblioteca, para que fique bem guardada, enquanto ela segura a varinha em suas mãos.

As portas do castelo se abrem com um barulho ensurdecedor que ecoa na entrada pela qual eles correm. James pula os degraus, parando no chão, enquanto Lily desce de um em um. Finalmente ela vê. Vê o homem.

Um homem sem braço está andando na direção do castelo, quase que como estivesse bêbado. James diminui o passo um pouco, e então mais ainda para uma posição de defesa. O estômago da Lily vira quando ela percebe que este homem sem braço deve ter sido um desenvolvimento recente. Jorra sangue junto com o pulso e sua capa está encharcada de sangue. O primeiro pensamento que passa por ela é que ele precisa de tratamento imediatamente, e James, embora estando na frente dela e não possa ter visto, estiva um braço para impedir a aproximação dela. Ela fica confusa por um momento em porque ele a pararia. Ela não consegue acreditar que não havia percebido antes, a capa dos Comensais da Morte.

"Dumbledore!" ele grita desesperadamente. "Preciso falar com o... Dumbledore!" Ele dá mais dois passos antes de cair, aparentemente inconsciente, no chão.

Ela ouve uma respiração ofegante por trás e sabe que é o Roo sem ao menos olhar para trás. James estupefaz o homem, antes de olhar para os dois.

"Podem haver mais! Isso pode ser um truque!" Ele conjura um patrono que vai chamar o Hagrid até ele. "Nós vamos formar dois grupos quando Hagrid chegar aqui."

"Mas James, esse homem precisa de tratamento! Ele vai morrer!" Ela se ajoelha no chão e chega a capa do homem para trás, transfigurando um torniquete e flanela para estancar o fluxo de sangue. "Ele queria conversar com o Diretor, deve ser importante se ele veio até aqui neste estado. Eu vou levá-lo para a Ala Hospitalar."

"Você não vai levá-lo para dentro do castelo!" ele comanda.

"Mas-"

"Ei!" O chão treme abaixo dos pés deles enquanto Hagrid vem correndo, com o guarda-chuva rosa na mão. Ele olha a cena enquanto James explica rapidamente. Enquanto isso, Lily observa a respiração do homem ficar mais lenta e mais fraca.

"James! James, ele está morrendo!"

"Bom."

Ela treme e James conta o plano. Lily tenta a continuar seus esforços para curar o homem, mas James a levanta pelo colarinho. "Lily e Hagrid, trabalhem daquele lugar. Ferris e eu vamos para Hogsmeade. Você," ele fala para ela. "Faça um feitiço de barreira contra inimigos mais forte o possível. Tente mantê-lo até terminarmos."

Ela pode ver no rosto dele que ele sabe que afazer enorme que ele está pedindo, e concorda. Ela não tem tempo de se regozijar na confiança que ele possui nela.

"Mas não podemos deixá-lo aqui para morrer." ele insiste.

"Ele já está morto." Roo diz. Lily prende a respiração e olha para baixo. Roo falou a verdade, não existe mais vida nenhuma no homem.

Lily fecha os punhos mas não tem tempo para mais reação nenhuma porque James grita, "Movam-se!"

Mantendo o plano, Lily e Hagrid começam do ponto aonde estão, caminhando pela fronteira da floresta na direção da escola. Nada. Hagrid fica atrás dela enquanto ela começa a barreira contra inimigos. É claro, Hogwarts já está equipado com uma 'linha contra inimigos' elemental, mas está presa a escola e não a uma pessoa. Se Hogwarts receber uma ameaça vai informar ao Diretor ou Diretora em poder. Eles compartilham uma ligação com a escola que governam, o que faz a Lily imaginar aonde Dumbledore está agora, e porque ele não foi chamado. Fazendo o melhor possível para focalizar na linha enquanto eles caminham, ela faz esta pergunta ao Hagrid.

"Ele foi ao Ministério." ele responde. Ela concorda e continua a trabalhar. Ela sabe que não vai ser capaz de pegar a escola toda, e que o ponto mais fraco são os barcos da escola, ancorados embaixo da caverna do castelo. Ela faz o melhor que pode. O portão daquele ponto já está trancado mas ela fortifica o melhor que pode, antes de continuar ao restante do castelo. Ela se sente poderosa, com um choque extra em sua magia que não havia sentido antes, mas agora ela sabe o motivo.

Eles retornam as portas da entrada antes do James e Roo, o que a deixa preocupada. Ela manda o patrono para checar nele, pedindo que eles mandem uma resposta. Lily segura a mão do Hagrid. Realmente é tolice, tentar segurar a mão enorme dele na mão pequena dela. Na verdade, ela só segura o dedão dele, percebendo a diferença que a barreira faz dentro dela quando ela toca outra pessoa. Se ele também sentiu, ele não fala nada. Ela está grata por ter Hagrid ao lado dela. Ele pode não ser um bruxo completamente qualificado, mas existem poucas pessoas das quais ela se sente segura ao lado. Talvez seja o tamanho dele, ou sua força bruta, ou aquele amor protetor que ele sempre mostra. Talvez seja tudo. Ela aperta a mão dele bem apertado e ele aperta de volta.

Enquanto estão esperando uma resposta, duas garotas do sexto ano (que estariam na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas caso o Professor delas estivesse lá) saem, com a intenção aparente de dar uma caminhada no lago. Lily gira e elas olham assustadas, vendo-se na frente da ponta da varinha da Monitora Chefe.

"Voltem para dentro!" ela ordena. As garotas olham confusas para ela, mas não se movem. "Agora! Ou então são 20 pontos a menos para Lufa-lufa e Corvinal!"

Isso as faz entrar em movimento e retornam rapidamente ao castelo. Lily solta um suspiro agravado, mas se sente melhor quando vê uma raposa prateada caminhando até eles.

"Estamos bem. Não achamos nada. Estamos voltando agora." A voz do Roo ecoa, e então a raposa deixa de existir.

Minutos depois, ela vê seus dois amados se aproximando pelo caminho de Hogsmeade. Os dois homens aparentam estar frustrados e aliviados. Talvez eles estejam assumindo que estejam fora de perigo, mas ainda assim receosos de abaixar a guarda.

X

Hagrid e Lily estão esperando por eles nas escadas da entrada. Antes que qualquer um dos dois pergunte, ele diz. "Estamos bem. A barreira?"

"Já está funcionando. É a mais forte que eu já fiz." ela responde. James concorda, feliz que ele tem a bruxa mais forte do castelo no mesmo time que ele. Exceto talvez pelo próprio Dumbledore, ele não acha que ninguém mais seria capaz de fazer uma barreira tão boa quanto a Lily dele. Ele se sente mais seguro, mais calmo, sabendo que os alunos estão sobre a proteção pessoal dela. Ele sabe que isso é um fardo incrível de se colocar em qualquer pessoa, mas ele também sabe que pode depender dela. Que Lily vai utilizar isso com graça e determinação.

"Nós devemos informar a Professora McGonagall." Rupert intervem. Todos concordam. Ela é a Vice-Diretora e está no poder na ausência do Dumbledore.

"E quanto ao corpo?" Lily pergunta. "Não podemos simplesmente deixá-lo aqui."

"Hagrid?" James diz, e isso é tanto uma pergunta quanto um comando.

O meio gigante simplesmente concorda, balançando o rosto e soltando a mão dela, enquanto sai.

Juntos, os três correm até a sala de aula de Transfiguração, com a Lily ofegante descrevendo detalhadamente o que ela e Hagrid fizeram na ausência deles. Lily e Ferris esperam no corredor enquanto ele chama a Vice Diretora. Parece que McGonagall está pronta para dar uma bronca, mas vendo que é ele com a Lily e Rupert atrás, e os três com expressões igualmente fechadas, a reprimenda morre em seus lábios.

"Minerva." James a cumprimenta, e caminha até ela, apoiando a mão nas costas dela, gesticulando que ela o siga para fora da sala para aonde ele quer falar com ela. Ele explica sussurrando tudo que aconteceu e as precauções que já foram tomadas. Ouvindo sobre a barreira, Minerva olha para longe dele, para estudar a Lily, que agora está sussurrando com o Ferris sobre alguma coisa a alguns passos de distância.

"Vai, por favor? Eu me lembro da última vez." Ferris diz.

"Agora é diferente." Ela fala baixo de volta.

"Eu sei. Na minha opinião, isso é mais motivo ainda. O esforço..."

"São barreiras completamente diferentes. Além do que, a minha magia protetora está mais forte, não mais fraca. Eu te falei sobre as ondas."

"Por favor?"

Ela resmunga como um gato. "Mais tarde. Eu prometo que vou mais tarde."

"Eu vou também."

"Tá bom."

"... reunião de professores de emergência."

James percebe que perdeu a maior parte do que a Minerva acabou de falar.

"Agora não. Nós deveríamos esperar o Albus retornar. Isso pode ter sido um acidente isolado e eu não quero deixar os professores preocupados a toa."

"A toa? Eles têm o direito de saber, sendo uma ocorrência particular ou não."

James suspira. "Muito bem." Ela é a Vice diretora e ele não pode contrariar o jeito dela coordenar a escola. Ele é somente o auror residente, e não possui nenhuma autoridade sobre ela em Hogwarts. Mesmo assim, ele acha que fazer uma reunião de emergência com os professores agora vai fazer mais mal do que bem. Tirar os professores das aulas vai fazer com que os alunos se preocupem e que os professores entrem em pânico. Se eles esperarem o retorno do Dumbledore, e os alunos já estiverem em seus dormitórios, então menos pessoas ficariam sabendo e se preocupariam. James tem certeza que a presença do Diretor seria benéfica para esta reunião, e a ausência dele só vai causar agonia.

Ele comenta isto rapidamente e ela afina os lábios ainda mais. "Cinco da tarde." ela decide. Ou seja, depois das aulas.

"Vocês dois."

Lily e Rupert parecem saber automaticamente que a professora de Transfiguração está se referindo a eles, e dão alguns passos na direção deles.

"Sim, Professora?" Ferris pergunta.

"Avisem ao Hagrid para trazê-lo a Ala Hospitalar para Madame Pomfrey inspecioná-lo." ela fala para o Rupert, e depois se dirige a Lily. "Você diz para a Poppy o que ela deve esperar, e para arranjar um jeito de manter os alunos que estão dentro da Ala Hospitalar incapazes de detectar qualquer coisa. A reunião é no escritório do Diretor as cinco da tarde."

"Sim, senhora." eles respondem juntos, se virando para fazer o que lhes foi mandado. "Oh!" Lily fala repentinamente, e se vira para encará-los mais uma vez. "Será que algum de vocês dois poderia avisar ao Professor Flitwick que eu preciso falar com ele?"

"Certamente, Srta. Evans, mas por quê?"

"Eu só acho que seria melhor se o Mestre de Feitiços verificasse a barreira antes da reunião. Eu acho que colocaria... os professores mais tranquilos."

"Bem pensado." James não consegue deixar de comentar, mas ele percebe uma amargura, muito pouco visível, nos olhos dela.

"Bem, eu acho que isso é tudo." James comenta.

"Obrigada, Potter." Ela diz, sinceramente.

Ele não sabe o que dizer, então simplesmente balança o rosto e faz uns gestos embaraçados de negação, antes de se virar para seguir Lily e Rupert no corredor. Ele os alcança rapidamente.

"A barreira é demais para você?" ele pergunta.

"Nenhum pouco." ela responde.

Conhecendo a Lily, ela provavelmente mentiria, então ele se vira para o amigo dela para confirmação. "Ferris?"

O garoto aparenta estar bem envergonhado de repente. "Por que você está perguntando para mim?"

"Você que estava preocupado. Você queria que ela fosse a Ala Hospitalar, não é?"

"Sempre bisbilhoteiro." ela comenta, baixinho. "A barreira de proteção é uma magia difícil, mas não é algo que eu não possa lidar. Roo só estava preocupado por causa da última barreira da Floresta Proibida."

"Qual é a diferença?"

"Vamos dizer que aquela foi um rascunho. Eu mesma a configurei, então não era tão... segura de fontes de livro como essa."

James não sabe se ele tem tempo ou não para ficar furioso com ela. "Explique-se. Rapidamente."

Lily faz o tipo de expressão característico de quando ela vai falar algo que ela sabe que ele não vai gostar. "Essa barreira é só manter uma linha, a circunferência. É como um sinal de aviso. A barreira que eu criei era uma espacial, aparentemente."

"O que significa..." Ferris pergunta.

"O que significa que protegia toda a área, e..." Ela parece estar muito relutante em admitir o próximo passo. A antecipação dela faz com que James fique furioso antes mesmo de ouvir. "E todos dentro dessa área. Então não, Roo. Eu certamente não faria isso para todo o castelo, e nem sou louca o suficiente para tentar. Esta barreira de agora é fácil, em comparação." Ela se vira para o James. "E não se incomode em ficar com raiva de mim. Está no passado e já foi feito. Eu estou bem e não vou fazer aquilo novamente sem antes pesquisar mais sobre o assunto."

Enquanto coloca uma ousadia impressionante, ela entra na Ala Hospitalar para evitar qualquer punição rígida, mas não antes de colocar a mão dentro da capa do James, pegar a capa da invisibilidade e jogar na cara do Rupert. Isso é uma indicação nada sutil que ela quer que o garoto a utilize para trazer o corpo. James não tem certeza que queira a capa da invisibilidade dele em um corpo de um maldito Comensal da Morte, mas ela passou pelas portas da ala antes mesmo que ele possa comentar qualquer coisa sobre isso ou sobre a primeira barreira dela. James resmunga e bagunça o cabelo, agitadamente. Eles vão ter que ter uma conversa mais tarde sobre magia experimental. Ele sabe que ela tem uma queda por isso, mas enquanto com poções e feitiços isso seja uma coisa, com barreiras mágicas é completamente diferente.

Ele retira os óculos e esfrega uma mão cansada sobre o rosto. Ele não tem tempo para pensar sobre isso agora. Ele tem outras coisas a fazer.

"Você está bem, Professor?" Rupert pergunta.

"Ah, use o meu nome, ok?" ele responde bruscamente.

O garoto concorda. "Eu vou buscar o Hagrid. Te vejo as 5."

"Certo."

X

Conforme foi instruída, ela informa a situação a Madame Pomfrey e a vontade da McGonagall. Todas as camas estão ocupadas, e Poppy está compreensivelmente adversa a examinar o corpo de um antigo seguidor do Voldemort na cama aonde ela dorme. No fim, ela decide que o melhor (e único) lugar para conduzir a examinação é na mesa do estoque (quase vazio), sobre o qual Poppy faz um comentário desconsolado.

"Não se preocupe, Professor Slughorn e eu vamos fazer poções hoje a noite." ela diz, consoladora.

Lily libera o espaço e está puxando a mesa para longe da parede, para o centro da sala, quando alguem bate na porta.

Rupert está parado com uma aparência quase casual, com a exceção da varinha que está aparentemente apontando para o ar. Hagrid está ao lado dele, tentando aparentar igualmente indiferente.

"Oi, Lily." Roo diz.

"Entra." Ela indica a mesa aonde ele deve colocar o corpo. Hagrid também entra, se apertando pela porta. O pequeno aposento não foi feito para acomodar três adultos vivos, um morto, e um meio gigante, mas ninguém reclama. Eles fecham a porta e retiram a capa, revelando que o homem vestindo a capa branca, que agora está encharcada em sangue marrom. Lily não sabe qual a aparência do seu rosto, mas o do Roo está contorcido em desgosto, mas ela não sabe se é porque é um corpo ou porque é um Comensal da Morte. Madame Pomfrey é completamente profissional o tempo todo. A examinação dela é rápida e precisa. Horário da morte, aproximadamente 13h13. Nenhum sinal de trauma, exceto um braço a menos.

O cheiro começa a ficar forte demais nesse aposento tão pequeno. Lily, e ela suspeita que os outros também, está começando a se sentir um pouco doente.

"Obrigado, rapazes, por sua ajuda. Vocês pondem ir." A curandeira diz. Lily está tanto satisfeita quanto desapontada que Madame Pomfrey quer que ela fique.

Os dois homens se despedem e caminham para sair. Felizmente, o corpo grande do Hagrid bloqueia qualquer oportunidade de alguém ser capaz de enxergar algo enquanto os dois saem. A porta está quase fechada quando Roo coloca a cabeça de volta para dentro do almoxarifado. "Não esqueça da sua promessa."

Ela olha de cara feia para ele, o que faz com que ele saia.

Juntas, elas inspecionam a parte amputada.

"Você acha que foi um feitiço de corte?" Lily pergunta.

"Sim, mas foi um bem mal feito." Pomfrey concorda.

"Bem," Lily começa. "Ele era canhoto, então não é de surpreender que não foi feito perfeitamente. E imagino que você não seria capaz de manter uma mão firme se estivesse cortando o seu próprio braço."

"Por que você acha que ele era canhoto e que fez isso em si mesmo?" Ela não soa céptica, somente sondadora.

"Se ele tivesse sido torturado por outra pessoa, eles teriam feito mais danos do que só isso. Ele estava tentando se livrar da marca, eu acho, que é sempre colocada na mão da varinha. Viu?" Ela rola a manga do braço direito dele, e realmente, exceto por alguns cortes e cicatrizes, não possui marca.

Madame Pomfrey não comenta nada, somente inala lentamente. Lily vê as narinas dela aumentarem.

"Ele estava desesperado. Ele queria falar com o Professor Dumbledore. Essa foi a última coisa que ele disse. Mas nós nunca saberemos o que ele queria..." A mente da Lily tenta pensar no que ele teria dito. Claramente ele odiava tanto ser um Comensal da Morte, que ele tirou o próprio braço para se livrar da marca. E se ele quisesse se juntar a eles? Que informação que ele poderia ter dado? Os punhos dela se fecham tão apertado com a perca de uma possível mina de informação, que os dedos dela estalam. Se ela tivesse tentado mais... Ela balança o rosto. Ela fez tudo o que podia na hora e não adiantou. Mesmo que ela tivesse trazido o homem imediatamente até a Madame Pomfrey, ele ainda assim teria morrido antes deles chegarem aqui.

Ela repete isso na sua mente várias vezes, para se convencer que isso é verdade, que não foi culpa dela. Que nada que ela fez ou não fez teria alterado o resultado final. Ela sabe que ele era um Comensal da Morte e não deveria sentir simpatia por ele.

Mas ele estava claramente arrependido. Ele não queria ser um Comensal da Morte.

Mesmo assim, isso não muda as coisas ruins que com certeza ele fez.

Mas a informação que ele poderia ter provido a Ordem poderia ser valiosa. Mas isso com certeza poderia ser uma confissão.

Ela não tem mais tempo para ficar pensando sobre isso. Elas não podem ficar no estoque para sempre e deixar o resto da ala sem cuidados. Cobrindo o corpo com um lençol branco, ela pega a capa de invisibilidade de volta, a limpa e saem juntas da sala, trancando a sala. Lily verifica os alunos deitados nas camas enquanto Madame Pomfrey termina de escrever o relatório que deve ser entregue ao Diretor. Ou melhor, a vice diretora.

"Tem uma reunião de professores hoje." Lily a informa. "Eu sei que você não pode sair, mas talvez você pudesse mandar um relatório do status da Ala Hospitalar."

A curandeira dá um olhar bem amargo para a Lily. "Fale que tudo são flores." ela diz, sarcasticamente.

"Você e eu sabemos disso, mas eles não." Lily fala e pega a prancheta do ar. Geralmente flutua pela enfermaria, seguindo a curandeira. "Posso pegar isso emprestado hoje a noite?" Parece ser um relatório dos últimos sete dias. Madame Pomfrey balança a mão de um jeito 'faça o que preferir'. Lily faz uma cópia disso e também do inventário do almoxarifado, o que é bem inútil na verdade. Ela consegue listar os itens de cor, já que são tão poucos. Duas garrafas de 350 ml de Esquelece, 120 ml de poção para retirar pelo do nariz, 175 ml de tônico forte de redução de mal hálito, 90 ml de anit-venenos padrões números 1, 3 e 4, e somente 30 ml do número 2...

"Srta. Evans."

A voz aguda a assusta do catálogo.

"Oh, boa tarde, Professor Flitwick."

"Pelo o que eu ouvi do Professor Potter não foi uma tarde nada boa."

"Sim, bem. É..." Ela olha em volta envergonhada para indicar ao Professor de Feitiços que ela prefere não discutir isso na companhia atual. Flitwick a segue enquanto ela caminha de volta a Madame Pomfrey. "Poppy?"

A mulher se vira. "O que é?"

"Obrigada." ela diz, devolvendo a prancheta. "Eu tenho que ir, mas acho que o departamento deve vir buscar o corpo logo."

Ela concorda. "Você pode me manter informada do que for decidido? Geralmente eu sou a última a ficar sabendo desse tipo de coisa."

"Eu volto aqui logo depois. Alem do que, eu prometi ao Roo que deixaria você me checar para ter certeza que a barreira não é..." ela procura uma frase suficientemente inócua. "demais para mim. Ele tem medo que eu me sobrecarregue."

A curandeira olha para ela de cima para baixo com um olhar profissional e parece não estar preocupada. "Sim, bem, nós veremos."

Flitwick decide se intrometer neste momento. "Sim, nós vamos checar as barreiras agora mesmo. E verificações de saúde são procedimentos padrões para aqueles que fazem as barreiras. Não há nada com o que se preocupar."

"Oh, eu sei." Lily responde. "Bem, obrigada por tudo, Poppy. Vejo você hoje a noite."

X

James está parado no escritório do Diretor com os braços cruzados, e o pé batendo em um ritmo impaciente no chão de carpete. Ele descobre que a maior parte dos professores, obviamente em resposta a 'renião emergencial', chegou mais cedo. Ele está no escritório do Diretor desde que terminou de conversar com o Flitwick, passando a maior parte do tempo com a cabeça dentro da lareira, ou falando com o Sirius pelo espelho. Lily e Flitwick são os últimos a aparecer. Ela apoia uma mão nas costas do Rupert cumprimentando-o, balança o rosto para o Hagrid, e cumprimenta Slughorn com um pequeno sorriso, antes de focar a atenção nele. Ela olha nos olhos dele e vira a cabeça levemente, indicando o 'canto silencioso'. Ele concorda e caminha até lá, aonde ela se junta a ele instantes depois, retirando algumas folhas de pergaminho da mochila.

"O relatório da Poppy." ela diz, tirando cinzas dos ombros dele.

Ele tira o relatório da mão dela e dá uma lida rápida.

"Nós achamos que ele fez aquilo nele mesmo."

"Ficou louco e tentou arrancar a sua própria marca?"

"Foi o que eu achei."

Ele só balança o rosto. "Hmm... aproximadamente 43 anos de idade... Ele tinha uma varinha? Não diz aqui."

"Eu não me lembro de ter uma. Posso perguntar para a Poppy."

Ele olha para ela rapidamente. "Lily, eu vou pedir para você fazer uma coisa contra a lei."

Ela olha para ele preocupada na mesma hora. "O quê?"

"Se fossem os aurores que estivessem vindo buscá-lo, eu não me preocuparia, mas como não tem nenhum crime envolvido, o grupo de limpeza padrão está vindo. Ele não está no nosso banco de dados dos Comensais da Morte, e ele não tem marca, obviamente, então está sendo tratado como uma morte de um civil."

"Mas ele está vestindo a capa."

"Isso é evidência circunstancial. Não é o suficiente para colocar no papel. Agora, o procedimento padrão é que o corpo e a varinha vão para o Necrotério de St. Mungus para se identificado e fica lá por um período de 14 dias, para sua família e amigos possam buscar o corpo se quiserem. Considerando que ele provavelmente desertou, eu duvido que os amigos dele vão buscá-lo para dar um enterro apropriado. Os Comensais da morte não tem escrúpulos e deixam os membros caídos para trás, mas eles fazem de tudo para coletar as varinhas, sabia. As varinhas são como uma história pessoal. Para um Comensal da Morte são como um relatório criminal. É uma abundância de informação. Quem ele matou, torturou, colocou sobre imperius, confundiu, obliviou, tudo."

"Mas então os identificadores no St. Mungus não vão descobrir o que ele fez?"

"Você está esquecendo que não há mandado de busca nele. Ele está protegido pela Lei de Privacidade da Varinha de 1813."

"Droga, isso é verdade."

De canto de olho, ele vê McGonagall conversando com um homem na lareira. Ele conhece o homem, já o viu no Ministério e em cenas criminais. Ele até tem um filho na Grifinória. James sai do canto.

"Era o Forsyth, Minerva?" ele pergunta.

"Sim, ele me informou que mandou um time para buscar o corpo. Eles estão aparatando em Hogsmeade nesse momento."

"Maldição!" ele xinga baixinho.

"Corpo? Que corpo?" vários bruxos perguntam, mas James os ignora.

"Lily!" Ele diz, mas percebe que ela ainda está no canto e não o ouviu chamar e nem o que a McGonagall falou. Ele a segura pelo pulso e a tira de lá. "Vai. Agora. Rápido, ou vai ser tarde demais!" ele ordena, e praticamente a joga na direção da porta. Ele vê o cabelo ruivo sumir rapidamente, enquanto ela transforma as escadas em um escorrega para poder descer mais rapidamente. Bom.

'Voa, garota. Voa.' ele deseja.

Se os professores acharam estranho o fato dele chamar a Lily pelo nome, ele consideram isso menos importante do que o assunto do 'corpo'.

"Que corpo?" Pomona Sprout repete insistentemente.

"Você explica, ou eu mesmo?" James pergunta baixinho para a Minerva. Ela abre as mãos, indicando para ele seguir em frente.

Ele pigarreia. "Não se alarmem." ele fala em voz alta e confiante. "Não precisam entrar em pânico, mas um homem desconhecido vestido de Comensal da Morte morreu nos terrenos nesta tarde."

"Você o matou?" Sinistra pergunta.

"Não. Parece que ele morreu devido a algum machucado anterior, tentando chegar ao castelo."

Isso dá vazão a outro alvoroço. As pessoas fazem censuras, suposições, e até mesmo, mais perguntas.

"Se vocês por favor fizerem..." Ele aumenta o tom de voz sobre o barulho. "Se vocês ficarem quietos, eu vou explicar tudo que têm que saber."

Todos ficam em silêncio, e James começa novamente. "Normalmente, quando o Diretor está ausente, os avisos de ativação das barreiras de Hogwarts passam para a Vice Diretora, entretanto, devido aos acontecimentos, Professor Dumbledore alterou as barreiras para mim, que é como eu fiquei sabendo que elas foram ultrapassadas..."

X

Lily vai corre o máximo que pode até a Ala Hospitalar. Ela chega sem fôlego e ofegante, assustando os alunos e a Madame Pomfrey.

"O que foi?" a curandeira pergunta, preocupada.

"Nada." ela ofega. "Eu acho que esqueci alguma coisa no estoque."

Madame Pomfrey parece pensar que isso significa que ela quer conversar em privacidade sobre o Comensal da Morte e a segue. "O que foi?" ela pergunta de novo.

"Ele estava com a varinha?" ela pergunta rapidamente.

"Eu não..."

"Accio!" Ela grita, focalizando os pensamentos no pequeno aposento e na varinha. Somente a varinha da Madame Pomfrey vai até a sua mão. Lily solta uma respiração desencorajada.

"O que diabos?"

"Nada, esqueça. Não está aqui." Ela ainda está tentando recuperar o fôlego. "Desculpa te preocupar desse jeito." ela diz, saindo da enfermaria de novo. "Eles vão chegar aqui logo para-" Mas a entrada do time de retirada faz o resto da frase dela parecer supérfluo. Lily sorri e pica para a Poppy e finge estar com tosse. Agachada e com o cabelo escondendo o rosto, Lily sai da Ala Hospitalar indo para os terrenos de novo. Ela não sabe se eles vão procurar a varinha, mas em caso procurem, ela tem que ser o mais rápido o possível na sua procura.

O primeiro lugar que ela procura é aonde o corpo caiu. É crepúsculo agora, o que significa que é o pior horário para ver qualquer coisa. É claro que ela sabe que ele pode ter vindo sem a varinha, mas 65 porcento das bruxas e bruxos precisam da varinha para aparatar, então tem uma alta probabilidade que ele estava com a variha. O feitiço de convocação que ela tenta não resulta em nada. Gemendo em frustração, ela começa a procurar no chão, pegando o caminho para Hogsmeade, para caso ele tenha deixado cair no caminho. Ela altera procura frenética com olhares rápidos para trás. Ela percorre todo o caminho até Hogsmeade sem encontrar. Ela gostaria que tivesse nevado, assim ela poderia ver com precisão de aonde ele vaio. Mas ela não tem essa sorte e não tem condições dela procurar a vila toda, e já está quase escuro.

É claro, ele estava usando vestes de Comensais da Morte, mas talvez tenham tirado a varinha dele. Não, a mente dela a contradiz. Dessa forma ele não teria sido capaz de cortar o próprio braço. Do jeito que Lily imagina, ele saiu de uma reunião com seu mestre e algo aconteceu. Talvez tenham pedido para ele fazer algo terrível ou impossível. Depois que ele deixou o Lorde das Trevas, ele quebrou, se desesperou e tirou seu próprio braço antes de seguir para Hogwarts. Agora, se ele deixou a varinha cair antes de aparatar, ela nunca vai encontrar, mas se ele deixou cair depois de chegar, então ela está determinada a encontrar.

Ela fecha os olhos, limpa a mente e respira fundo. Feitiços de convocação geralmente funcionam se você souber aonde o objeto estaria. Ela só tem que estender o termo geralmente na mente até que cubra toda Hogwarts e Hogsmeade. Não, melhor primeiro um e depois o outro. Primeiro ela focalizar no caminho de Hogsmeade, imaginando claramente. Accio!

… Nada.

Desencorajada, mas não derrotada, ela tenta de novo, desta vez expandindo a mente o máximo o possível. Em algum lugar em Hogsmeade tem uma varinha na terra. Somente na terra, ela pensa, se lembrando do que aconteceu com a Madame Pomfrey no almoxarifado, e não querendo convocar todas as varinhas do vilarejo. A varinha do Comensal da Morte falecido está em algum lugar no chão. Ela sabe disso. Deseja que isso seja verdade. Desejando que toda a vila de Hogsmeade seja pequena o suficiente para um feitiço de convocação, pequena o suficiente para um simples accio!

Ela prende a respiração e espera... e espera. E então ela ouve, o barulho de um pequeno objeto sobrevoando na direção dela, vindo das árvores. Seu grito de triunfo a deia quando ela vê um grupo de homens se aproximando de longe.

Ela xinga baixinho e sai correndo para a floresta, desejando que não tenham a visto. Ela segura as duas varinhas bem apertado. Se sente como se estivesse quase hiperventilando quando eles entram na parte da floresta aonde ela está. Ela é pega de surpresa quando sente um puxão repentino na varinha que ela acabou de encontrar, mas segura mais apertado, se recusando a liberá-la para o feitiço. Ela pode ver que eles estão movendo em seções, tentando convocar a varinha em intervalos regulares. Ela sente o puxão ficar mais e mais fraco, enquanto eles se movem mais para longe, tentando pegar a varinha enquanto ela está na verdade atrás deles.

Somente quando tem certeza que eles desistiram e aparatam, ela exala. Ela dá um passo para trás para descansar por um instante, se encostando em uma árvore atrás dela, mas ela tropeça em algo que quase faz com que ela perca o equilíbrio. Ela olha para baixo para ver o que é.

Ela prende a respiração, pula para trás e olha mais uma vez para baixo, e imediatamente vomita.

Ela pisou em uma mão humana, presa a um braço humano, com a imagem de uma serpente saindo de uma caveira tatuada na pele.

Ela se senta ofegante, tentando não vomitar de novo, tentando olhar para longe. Ela não acha que alguma coisa possa tirar o olhar dela para essa visão horripilante, mas algo consegue.

Uma voz.

Uma voz familiar.

Uma voz que ria alegremente enquanto a tinha sobre o Cruciatus.

"Continua procurando, Rastaban!" ela cospe. "O mapa não mente. Ele aparatou aqui, deve estar por perto."

Rápido, ela tem que fazer alguma coisa. Pode ser qualquer coisa, mas tem que ser agora!

Seu corpo continua congelado.

As vozes e passos chegam mais perto e ela sente o pulmão comprimir e queimar porque ela não está respirando.

'Você tem a minha capa, então use-a!' diz uma voz na mente dela. James. A assusta e ela entra em ação, e mexe no uniforme até que retire a capa e tremendo, a joga em cima de si mesma. Ela balança para longe do braço amputado, como se estivesse sobre a azaração de pernas bambas.

"O que foi isso?"

Ela treme de novo. Uma raposa, bem ao lado dela, está assustada. Sem saber se deve sair correndo agora, ou se deve pegar o braço e então correr.

"Avada Kedavra!"

Um jato verde passa tão terrivelmente perto dela, que ela sente o vento da maldição imperdoável pela perna. Vendo a luz se aproximando, a criatura guincha mas não se move mais.

"Só uma raposa." o homem diz. "Por Morgana!" ele exclama. "Bella, vem ver isso aqui! Eu achei uma parte dele."

E então os dois se movem de trás dela e finalmente ficam em sua linha de visão.

"Traidor maldito!" Bellatrix grita apaixonadamente ao ver sua amada marca descartada no chão, desprezada. Lily observa enquanto a mulher enrola a manga e acaricia sua própria marca com carinho. Parece acalmá-la.

"Está bem óbvio o que ele estava tentando fazer. Ou ele está morto ou está com o velho tolo." o homem diz.

Com a expressão louca ainda estática no lugar, Bellatrix se abaixa e pega o braço amputado, olhando a marca nele e... a lambe.

Lily, com os olhos arregalados em descrença violenta e ainda segurando forte a varinha do morto, morde o dedão, tentando utilizar a dor para suprimir a vontade de gritar ou vomitar.

A louca começa a rir e a segurar a ponta cheia de sangue como faria com uma varinha ou espada, e começa a tocar de brincadeira no homem com o braço. Ela até mesmo utiliza a mão do morto para bater no rosto do vivo.

"Já chega, Bella!" ele diz, revoltado. "Accio varinha!" Embora o homem esteja tão perto, a sua tentativa de convocar a varinha é completamente ineficiente. Lily está segurando aquele coisa como se a vida dela dependesse disso, com os dentes ainda mordendo a mão que a segura. "Não tem mais nada para fazermos aqui."

"E quanto a isso?" ela pergunta, acariciando mais uma vez a marca do braço do morto.

"Deixe para os lobos." Ele pega da mão dela e ela faz um pouco de bico. "Vamos."

Ele espera a Bellatrix desaparatar primeiro. Tendo a certeza que ela não vai tentar voltar e pegar o braço para ela, ele joga de qualquer jeito para o chão e desaparata. O braço atinge a Lily no estômago. Ela vomita de novo, na capa da invisibilidade.

Ela provavelmente fica parada ali por uns cinco minutos antes do bom senso fazer com que ela se mexa. Ela vai ter tempo para entrar em choque depois, ela fala isso para si mesma. Nesse momento, ela precisa voltar ao castelo. Ela precisa ver o James.

Lily limpa a si mesma e a capa o melhor possível, e depois de um minuto debatendo com seu estômago, ela conjura uma flanela, envolve a mão e a varinha nela, e leva o pacote para Hogsmeade.

Ela decide utilizar a lareira do Cabeça de Javali para retornar ao James o mais rápido o possível. Ela entra no bar, com uma consciência doentia do que está segurando na mão esquerda. Ela faz contato visual com Aberforth.

"Eu preciso usar o seu pó de flu." ela fala, ofegante. Ele permite, parecendo entender que tem algo de errado. Ela cruza o bar, com os olhos fixados na lareira como se fosse sua única salvação. Ela caminha pelas pessoas, tentando chegar o mais rápido o possível. Ela quase consegue sentir os braços do James em volta dela quando alguém pára na frente dela.

Agora é a primeira vez que ela realmente tem medo do Severus Snape.

Ela não tem idéia de o que ele vai fazer, se ele souber porque ela está aqui, se ele tiver que impedí-la. Nesse momento, no seu cérebro alterado pelo pânico, ela acredita que ele é capaz de qualquer coisa. Os olhos dele penetram nos dela e ela treme, fechando bem os olhos e com os braços cruzados de forma protetora na sua cintura, e espera, seja lá o que ele for fazer.

Quando o ataque finalmente vem, ela fica surpresa. Ela não esperava que ele a batesse fisicamente no rosto. A dor é ofuscante. Ela perde o equilíbrio e dá alguns passos para frente mas não cai. A mão dela vai para a parte de trás do seu rosto, aonde ela consegue sentir aonde a maior parte da dor está concentrada. Mesmo assim, por algum motivo, ela ainda está rejeitando o que acabou de acontecer.

Sua mente está revirando. Como que ele a atingiu por trás? Ele está parado vários passos na frente dela. Ela vira e abre os olhos, piscando várias vezes, tentando colocar a imagem em foco.

"Dessa vez não." ele diz.

"Severus?" Não parece em nada com o Severus. Nem soa como ele. Severus não tem um sotaque irlandês.

Em um momento tudo faz sentido e ela está ciente de novo. Ela está a ponto de xingar o lobisomem que a atacou por trás, enquanto ela estava distraída com o Severus, mas então tudo se transforma em um vulto confuso mais uma vez enquanto ela está sendo arrastada para trás, tropeçando e caindo, até que sente o mundo finalmente parara, firme e sólido nos pés dela. Nauseada e com a cabeça doendo, ela se força a levantar de novo e a lutar corretamente desta vez... só para se encontrar apontando a varinha na lareira do escritório do Dumbledore.

Leva mais um segundo para ela processar tudo. Alguem, Aberforth ou – por Merlin, talvez até mesmo o Severus – pensou rapidamente e jogou o pó nas chamas e a jogou de volta na escola e fora do perigo.

Ela encara a lareira por um instante, tendo a certeza que ninguém vai seguí-la. Quando finalmente desvia o olhar, ela vê James parado na frente dela. Ela quer colapsar nos braços dele. Ela está em casa. Ela está segura. Ela é amada. Ela é...

Estão gritando com ela? Isso com certeza não está nada bem.

X

James deixa os outros discutirem sobre o que deve ser feito com os eventos recentes. Ele não acha mesmo que algo a mais possa ser feito, exceto por acompanhar os alunos entre as aulas e mantê-los trancados nos dormitórios o restante do tempo, mas isso é um pouco extremo. Na semana passada, eles implementaram um novo horário de recolher e patrulhas mais rigorosas, junto com inúmeras coisas. O que mais eles podem fazer? Não, ele vai deixar que os outros professores discutam isso, ele está ocupado demais contemplando outras coisas.

Como aonde diabos a Lily se meteu. Ela saiu a mais de uma hora, que é tempo suficiente para ir e voltar da Ala Hospitalar. A imaginação dele começa a pregar peças de novo. Embora eles tenham se assegurado de que saberiam caso um Comensal da Morte entrasse na escola, isso não leva em conta a pessoa ou pessoas sem identidade que já estão dentro dessas paredes, e que querem fazer mal a ela. Ele está ocupado aqui e quase todos os adultos da escola estão nesse escritório. Ele começa a andar de um lado para o outro, atrás da mesa do Dumbledore.

Alguns minutos depois, Pomona pergunta, "O que você acha, Potter?"

Ele pára de andar por um instante, "Eu acho que só porque um Comensal da Morte decidiu aparecer não significa que devemos alterar o nosso sistema atual. Os alunos não estão menos a salvo agora do que estavam antes. Isso mal pode ser considerado um acidente." Isso só significa mais papelada para ele porque o Comensal da Morte decidiu morrer no terreno dele. Mas pode compensar se ele conseguir a varinha. Maldição, cadê aquela garota!

Ele volta a andar de um lado para o outro e ignora seus colegas. Ou tenta ignorar. Ele está se saindo muito bem até ouvir seu nome.

"Tem algo errado, Potter?" Hooch pergunta bruscamente. Ele já percebeu que ela fala tudo bruscamente.

"O quê? Não, nada."

ele não para de andar até vários minutos depois quando a lareira explode em verde e Lily Evans entra tropeçando. Ele fica parado ali, olhando para ela descrédito, enquanto ela se levanta do chão.

Ele caminha até ela. "Aonde diabos você esteve?" ele ordena.

Por um instante ela parece estar completamente chocada, como se nunca tivesse o visto na sua vida, mas então ela grita, lívida de repente. "Aonde eu esteve?" ela grita. "Eu estava fazendo justamente o que você mandou eu fazer, seu imbecil ingrato. E se as próximas palavras forem algo diferente de, 'Obrigada, Lily Evans', então James, eu vou te cortar em pedacinhos e te usar como ingrediente de poções!" ela grita. Ela tem uma aparência completamente séria enquanto faíscas saem da ponta da sua varinha e magia furiosa irradia dela em ondas, como acontece geralmente quando ela está com raiva. Então, de repente, as faíscas cessam e ela fica pálida e começa a tremer violentamente, largando um pacote enrolado em um pano no chão. Ela encara para o pacote, e depois para ele. "Eu não quis dizer isso!" ela diz desesperadamente, balançando o rosto sem parar. "Eu não quis dizer isso."

Talvez seja a forma que ela esteja olhando para ele, mas ele começa a absorver tudo, a juntar tudo. Um grande machucado está aparecendo na bochecha dela, os olhos dela estão fora de foco, ela tem sangue nas mãos, cheira como vômito e deve ter saído de Hogwarts para voltar por flú.

Toda a raiva preocupada que ele estava sentindo parece derreter e quase que entra em pânico de preocupação. Algo não está certo. Lily não deveria aparentar tão estupefata e confusa, tão preocupada, perdida e machucada. "Shh... shh..." ele diz, dando outro passo na direção dela, e colocando as mãos nos ombros dela. Lentamente e calmamente ele diz, "Obrigado... Lily Evans. Está tudo bem agora." ele sussurra. "Eu estou aqui. Você está bem."

Ela cai de joelhos e a mão dela vai mais uma vez para a parte de trás do rosto. Ele também se ajoelha.

"Está doendo." ela murmura.

"Você vai ficar bem." ele diz para ela, sem ter noção do que está doendo ou porque, ou até mesmo se pode ser curado. "O que aconteceu?"

"Ela lambeu aquilo." Lily diz, atordoada.

"Quem? Lambeu o quê?" James pergunta confuso, tentando ao máximo ser paciente e não ficar frustrado com essas repostas sem sentido.

"Bellatrix." ela responde. O coração do James quase pára. Imagens do passado da Bellatrix e da Lily passam pelos seus olhos.

"Ok, amor." ele diz, com a voz tremendo enquanto fala. "Eu vou te levar agora para a Ala Hospitalar." Se Bellatrix Lestrange estiver envolvida, então é bem provável que ela precise desesperadamente de cuidados.

"Ela lambeu a Marca das Trevas." Lily diz, ignorando ele. Ela tira as mãos do rosto de novo. Elas estão cheias de sangue agora. Ela olha para as mãos enquanto fala. "Ela simplesmente tirou de chão e lambeu."

James está tendo dificuldades em respirar. "O que ela fez com você?" ele pergunta, impressionado que a sua voz soe tão normal agora, quando há um segundo atrás estava tremendo.

"Nada. Ela não me pegou. Não desta vez. Errou. Matou a coisa... a... a raposa em vez disso."

Ele passa os dedos gentilmente pelo machucado no rosto dela. Ela disse que não foi atingida, mas é óbvio que foi. As mãos dele descem, para ver se ela ainda está vestindo o Olho do Dragão. Ele está quase desapontado em vê-lo ali. Isso significa que falhou em proteger o que quer que seja que a atingiu. Porque é óbvio que ela foi atingida por algo, ela só está muito confusa mesmo.

"Lily," ele diz, pacientemente. "Você está machucada."

"Eu sei," ela diz, com a mesma paciência. "Por isso estou com dor."

Ele esfrega o rosto com a mão, desejando desesperadamente que eles estivessem no mesmo ponto. "Você não está fazendo muito sentido, coração."

"Eu estava tentando voltar para você, mas ele..." Ela divaga, sem terminar a frase.

"O que ele fez?" Novamente, esta paciência está acabando com ele. Ele deveria ter levado a Lily para a Poppy no momento que ela saiu da lareira.

"Eu não faço idéia. Eu nem me lembro porque eu estava lá fora."

"Eu... eu pedi para você fazer algo para mim."

Ela sorri. "Oh, é isso mesmo. Eu fiz, James. Eu encontrei." Ela aponta para o pacote que ela derrubou antes. Não parece ser uma varinha. Ele estica o braço para pegar e segura um canto do pano, e puxa, e de dentro sai um braço humano. Ele não precisa adivinhar de quem é pois a Marca está claramente visível. Comentários chocados vem das pessoas, o que o faz lembrar que ele não está sozinho. Ele não contou que o Comensal da Morte estava sem um dos braços, simplesmente que ele morreu nos terrenos. Agora, sem dúvida, seus colegas devem estar pensando que ele mandou a Lily em uma missão para pegar um membro amputado marcado com o sinal do Voldemort.

Mas o que ele havia pedido também está aqui, ao lado do membro morto do seu dono.

Enquanto todos estavam contentes em ficar em silêncio e assistir até este momento, o escritório agora está uma bagunça. McGonagall está tentando acalmar todo mundo.

"Vamos, eu deveria ter te levado para a Ala Hospitalar a muito tempo." Na verdade, não devem fazer nem cinco minutos que ela veio pela lareira. Ele tenta ajudar a Lily a se levantar, mas ela não parece querer ficar em pé sozinha.

"Eu também vou." Ferris diz.

"É claro que vai. Você se importa em pegar aquela varinha do chão? Sim, aquela ao lado do braço."

Rupert não parece estar entusiasmado com a proposta, mas James está feliz em ver que o garoto não é melindroso e pega mesmo assim.

"Obrigado." Ele coloca no bolso antes de pegar a Lily em seus braços. Ele poderia levitá-la, é claro, mas ele quer abraçá-la fisicamente perto dele. Ele se sente melhor assim.

Felizmente, a estadia dela na Ala Hospitalar é bem curta. Leva só um instante para a Madame Pomfrey determinar que o ferimento não foi feito por magia, o que é quase um alívio para o James. Enquanto que a idéia da Lily ser atacada fisicamente não é agradável, e o machucado sangrento é o simples resultado de ter uma pedra quebrada na cabeça dela ser igualmente desagradável, ainda é melhor do que a outra alternativa. Muitas bruxas, e bruxos também, são mais fracos a um assalto físico. Bem, ele tem que ver que ela aprenda com isso.

"Eu receio que você vai ter uma dor de cabeça terrível." Poppy diz.

"Eu sei, obrigada." ela diz secamente.

Madame Pomfrey se vira para ele. "Eu não tenho repositor de sangue, mas ela não perdeu muito para ser preocupante. O ferimento do rosto não é muito ruim, mas tenha certeza que ela coma e descansa. Nunca se sabe quando ela vai entrar em choque."

"Por que você está contando isso para ele e não para mim?" James se lembra de vários meses atrás. Ele fez a mesma pergunta a curandeira quando ela estava contando as instruções do tratamento dele para a Lily.

"Porque, Srta. Evans, assim eu tenho a certeza que será feito. Você se negligencia o tempo todo."

Lily nem mesmo tem chance de argumentar, já que Ferris fala em seguida. "Lils, e quanto..."

Tem uma pausa aonde ninguém fala nada.

"Oh, a barreira." ela diz, finalmente.

"Elas ainda estão ativas?" James pergunta.

"Claro que sim!" ela grita, ofendida.

"Você tem certeza?"

"Sim, eu posso sentir, fazendo cócegas dentro de mim, como se fossem formigas."

"O tempo todo?" ele pergunta, enojado parcialmente pela imagem.

"O tempo todo." ela confirma. "Eu seria uma péssima fazedora de barreiras se eu as largasse no primeiro sinal de perigo. Eu vou te agradecer por ter um pouco mais de confiança em mim."

"Não é isso que eu quis... Eu só estava preocupado, só isso."

"Hmm."

Lily começa a brilhar, e Madame Pomfrey faz um círculo de inspeção em volta dela.

"Tudo certo." ela anuncia, e então coloca a mão no ombro da Lily e aperta. "Está tudo bem."

"Viu só, Roo? Eu te disse."

"Desculpa." ele diz, envergonhadamente. "Eu acho que eu só estava..."

Lily dá um passo na direção dele e o envolve em um abraço apertado. Ele a abraça de volta, sussurrando algo em seu ouvido.

"Eu sei," ela fala baixinho. "Obrigada."

"Quando eu me preocupo, gritam comigo. Quando ele se preocupa, ele ganha um abraço. Isso não parece justo, não é?" ele pergunta para a curandeira.

Ela balança os ombros, com os olhos brilhando levemente ao observar os dois monitores chefes.

Finalmente, Lily o solta. "Nós temos que voltar ao escritório do Diretor então. Eu... é... devo ter causado um alvoroço."

.

Alvoroço não chega nem perto.

Eles caminham de volta a reunião, pensando que pelo menos a Minerva ainda deve estar lá. Ele está com a mão na maçaneta quando ela segura a mão dele para impedí-lo. "James, espera. Antes de voltarmos lá para dentro, eu queria te agradecer." Ela beija a mão dele e olha para ele, com o dedão acariciando o local aonde os seus lábios tocaram. "Você salvou a minha vida na floresta, e você nem ao menos estava lá." Ela coloca a mão dele na bochecha dela. "Obrigada. Você... você..."

Ele está a beijando, com o Ferris olhando ou não. É isso que ele está fazendo. Na verdade, James pensa que ele teria feito isso independente de quem estivesse vendo, mas a mente dele está muito preocupada no momento para perceber que isso é muito imprudência.

Quando eles separam, ele diz, "Pronta?"

No momento que eles abrem a porta, um ruído chega aos ouvidos deles. Entretanto, no momento que as pessoas percebem que eles estão parados ali, elas param a um silêncio tenso, e todos olham para eles esperançosamente.

Para a surpresa dele, Horace Slughorn é o primeiro a falar.

"Você está bem, minha querida?"

Claramente ele está se referindo a Lily, que aparenta estar levemente envergonhada e bem surpresa. "Oh." Ela pisca algumas vezes antes de se restabelecer. "Sim, obrigada. Desculpa ter interrompido a reunião."

Então, Filius Flitwick fala, "E as barreiras?" ele pergunta, ansioso.

"Nunca foram retiradas." ela fala, orgulhosamente. "Eu acabei de ver a Madame Pomfrey. Ela pode confirmar que as barreiras ainda estão fortes, embora..." Ela parece relutante em relatar o que realmente aconteceu com ela. E então ele percebe que ele também não sabe o que aconteceu. Ele ficou tão preocupado com a saúde da Lily, que alem do sucesso da tarefa que ele havia lhe dado, ele ainda não tem noção do que que aconteceu fora de Hogwarts, exceto que de algum jeito Bellatrix Lestrange estava envolvida e outra pessoa desconhecida no Cabeça de Javali.

"Embora... todos os acontecimentos." ela termina.

"Excelente, Srta. Evans, excelente. Eu não esperaria menos."

Ela sorri e sussurra baixinho sarcasticamente. "Viu só, algumas pessoas acreditam em mim." Ele pode ver pelo sorriso dela que ela está brincando com ele.

"Ah, fica quieta. Você sabe que eu acredito em você." ele sussurra de volta, com uma audácia igual.

"Da garota?" Madame Hooch pergunta. "Eu achei que as barreiras fossem suas, Filius."

"Não são." ele diz. "Eu simplesmente expliquei como que esse tipo de barreira funciona."

"Filius..." Professora Sinistra começa, incerta. "Não deveria ser você a colocar as barreiras no castelo? Não quero te desrespeitar, Srta. Evans. Eu entendo que, na hora, você teve que agir rapidamente, mas talvez agora que as coisas estão levemente mais calma, será que não deveríamos mudar para o Mestre de Feitiços?" A professora de astronomia olha em volta do aposento, procurando confirmação.

"Ai." Rupert fala baixinho. James olha para ver o garoto tentando retirar a mão do aperto furioso da Lily.

Ah, sim, ela sabia que isso ia acontecer, e é por isso que ela aparentou estar tão ressentida na frente da sala de Transfiguração. Ela sabia que os professores não confiaram na barreira dela. É por isso que ela insistiu para o Flitwick inspecionar a barreira, porque desse jeito não poderia ser contestado. Ele vê a mesma faísca de amargura e até um toque do que parece ser... resignação triste? A expressão dela continua a piorar enquanto os outros concordam.

"Com certeza."

"Sim, claro."

"Com certeza eu me sentiria melhor."

Lily suspira, com o queixo travado e os ombros caídos por um segundo antes que ela os erga de volta como sinal de profissionalismo. Ela dá um passo para frente e estica a varinha para o pequeno homem. "Estou pronta quando você quiser, Professor." ela diz forte. James imagina se mais alguem consegue ver a derrota nos olhos, ou na postura dela.

Flitwick estica o braço e abaixa a varinha dela. Ela pisca, tentando não deixar a esperança aparecer claramente em seu rosto. "Eu mesmo não poderia fazer melhor." ele diz, dando um tapa fraternal na mão dela. Ela finalmente sorri, embora seja um sorriso tímido e pouco perceptível.

"Isso significa muito, senhor. Obrigada."

"Você tem certeza disso, Filius?" Dippet pergunta.

"Oh, sim. Você pode se lembrar que bruxas geralmente tem magia protetora mais poderosa."

"Então talvez uma mulher da nossa própria equipe..." Ela divaga, olhando para a Minerva, com um olhar implorante.

"Talvez você tenha razão, Professora Dippet." James diz. Lily realmente ofega em voz alta, virando o rosto e olhando para ele com um olhar de completa traição. Ele a ignora. "E se me permitir dizer, é muita bondade sua se oferecer." Ele continua sutilmente.

Tanto Lily quanto Dippet olham para ele com a boca aberta em descrença. Ele estica a mão até a ruiva e fecha a boca dela com o dedo indicador. As duas bruxas sabem o que ele está fazendo e sem dúvida todos também sabem. Ele provavelmente deveria se importar, mas não se importa. Ele está cansado das pessoas duvidarem da compatibilidade dela, e sem dúvida Lily também está, mas ela jamais falaria a favor de si mesma em volta dessas pessoas. Mas ele não deixa de perceber que todos que estão sendo contra são aqueles que nunca foram professores dela em magia aplicada. Herbologia, Astronomia, Runas Antigas, Vôo, e Estudo dos Trouxas são em grande parte matérias que não utilizam varinhas, e também são matérias que a Lily não está fazendo. Nenhum de seus professores atuais, aqueles que já viram o que ela é capaz com (e sem) uma varinha, parecem duvidar da habilidade dela.

Dippet não fala nada, exceto olhar implorando pelo aposento. Ela sabe que não possui este tipo de magia.

"Não?" James pergunta. "Talvez Professora Vector? Ou Sinistra?"

As duas balançam o rosto. Ele não quer pedir a Pomona ou Hooch basicamente porque ele gosta delas e não sente a vontade de envergonhá-las na frente de todos. Finalmente, ele vira para Minerva, a que tem poder de verdade, esperando que ela faça a coisa decente e recuse.

"Professora McGonagall?"

Os lábios dela se fecham por um instante. Ele acha que ela não está impressionada com a atuação dele, mas quando ela fala, ele pode ver que isso é o resultado dela estar suprimindo um sorriso.

"O meu forte é Transfiguração, Potter."

Ele dá um sorriso disfarçado que significa tanto desculpa como obrigado.

"Agora que resolvemos isso, então talvez possamos continuar?" ele sugere com uma impaciência muito mal escondida.

"Sim, nós estávamos discutindo se deveríamos ou não contar para os alunos."

"Não." Vários professores dizem, incluindo James e Rupert.

"Mas," Lily diz, baixinho, como se quisesse falar só para que ele, Ferris e McGonagall possam ouvir. "Com certeza vai aparecer no jornal, se não aparecer amanhã então logo. Vai chocar os alunos ainda mais se ficarem sabendo de uma fonte indireta. Eles podem pensar no que mais não estamos contando. Será que não seria melhor contar do nosso jeito, em vez de deixá-los descobrir no Profeta Diário?" Ela cospe o nome do periódico. "Quem sabe no que eles vão transformar isso. Eles poderiam... ah, eu não sei, intimidar as pessoas fazendo soar que os Comensais da Morte penetrarem em Hogwarts."

"É... eles não penetraram?" Slughorn pergunta.

Mais uma vez, James é lembrado que ele ainda não sabe de toda a história. "Não." Lily responde. "Bem, tecnicamente sim, mas só..." Ela se vira para ele. "Na verdade, eu posso falar com você por um instante?"

"Eu ia sugerir isso agora mesmo. Nos dê um minuto por favor, Minerva?"

A escocesa concorda e eles se retiram para a privacidade do canto silencioso mais uma vez.

X

Eles fingem conversar entre eles enquanto esperam o auror e a ruiva terem a sua conversa, mas a maior parte desiste depois de um minuto e observa o par abertamente, enquanto eles continuam a discutir. É bem fascinante, observar suas expressões faciais sem sem capaz de ouvir absolutamente nada do que eles estão dizendo. Começa bem inocentemente, com Lily explicando, utilizando gestos braçais simples do jeito que geralmente se faz quando se conta uma história. Potter fica parado ouvindo com um olhar profissional, com os braços cruzados, balançando o rosto de vez em quando, enquanto ela fala.

Fica óbvio para o Roo e para todos que assistem quando a história (seja ela qual for) fica interessante, porque a expressão facial dos dois muda. Ela está falando algo que fez o Potter perguntar, o que eh com certeza, uma pergunta furiosa. Lily ergue a cabeça indignada, fica nas pontas dos pés para encarar o auror nos olhos e o cutuca no peito, falando algo que é claro que eles não conseguem ouvir, mas obviamente está jogando a afirmação de volta para ele. Eles olham de cara feia um para o outro por um instante, antes dele fazer um movimento para ela continuar. E ela continua. Parece que nenhum dos dois ficam nervosos um com o outro por muito tempo, porque quando ela continua a contar a história de novo, Lily começa a se mexer, (ou será que está tremendo?) e parece olhar para qualquer lugar, exceto para ele mesmo. Potter, por outro lado, abaixa as mãos e trinca o queixo e fecha os pulsos, encarando-a atentamente. Ele parece forçar uma pergunta, lutando para permanecer calmo. Lily imediatamente faz gestos de negação com a s mãos. Potter respira fundo, se acalmando e Roo consegue ler nos lábios dele a palavra, 'Continua'.

Roo quase começa a tremer com simpatia por ela. Ela aparenta estar tão desconfortável contando a próxima parte. Potter também parece estar nervoso e um olhar de repulsão tão intensa aparece no rosto dele, que ele acha que o auror também vai ficar doente. Lily com certeza parece que vai. Ela enrola as mangas, segura o braço direito pelo cotovelo com a mão esquerda e dá um tapa no rosto do Potter com ele. Nenhum pouco forte. Isso faz com que Potter aparente estar enojado novamente.

Lily continua a história. Roo pode dizer quando ela começa a parte sobre ser atacada no Cabeça de Javali porque a mão dela toca a parte de trás da cabeça dela de novo. Potter choca todos quando um enorme cervo prateado sai da sua varinha e desaparece pela janela. Os dois parecem se acalmar nesse ponto e continuam a falar. Lily está descrevendo algo e, aparentemente, deixa o Potter furioso mais uma vez, deixando Roo (e todo mundo) imaginando o que está sendo dito que poderia enfurecer ele tanto. Suas narinas abrem e ele encara furiosamente para a parede atrás da cabeça dela, mas não fala nada. Em seguida, como se decidisse de repente, ele sai do canto silencioso, caminhando até a porta.

"Não!" Lily grita. Um raio de luz roxa sai da mão dele, batendo na porta. É claro que, quando James chega lá, está trancada. Ele bate o punho na porta irritado.

"Abra!" Ele ordena.

"Não." ela repete. Sua posição é defensiva, com os braços cruzados na mão, de forma teimosa.

Mesmo quando ele caminha na direção da lareira, esta é bloqueada rapidamente por uma parede de tijolos.

"Deixe-me sair, sua mulher irritante!"

"Não."

Eles ficam encarando um ao outro, com ambos radiando energia mágica pura, e parecem estar completamente inconscientes disso.

Potter de repente coloca a mão dentro da capa, tira um pequeno saco, e de dentro disso, um espelho. "Sirius!"

A voz do Sirius Black ecoa um instante depois. "Sim, cara?"

"Remus está por aí?"

"Ele está aqui sim, por quê?"

"Eu preciso que vocês vão ao Cabeça de Javali para procurar um rosto familiar."

"Será que você pode ser mais específico?"

"O cara que atacou a Lily algumas semanas atrás."

"Isso não é uma lista curta, não é?" Roo conhece Black tempo o suficiente para ser capaz de ouvir o perigo escondido atrás do tom de brincadeira.

"Remus vai reconhecê-lo. Afinal, o imbecil quebrou o nariz dele."

"Ah. Ele."

"Sim. Ele."

Lily tenta tirar o braço da mão dele, mas Potter estica um braço e a segura para trás.

"O que ele fez."

"Aparentemente, o terceiro round."

"Terceiro? E quando foi o segundo?"

"Outra hora, Almofadinhas. Só pega o Aluado e vai, antes que o imbecil vá embora."

"Sirius, não!" Lily grita.

"Desculpa, Cariad!" Black diz, não soando nenhum pouco arrependido.

O espelho é devolvido ao seu local original, e Potter se vira para encarar Lily novamente.

"Por que você não me disse que teve uma segunda vez?"

"Porque não quis dizer nada! Eu sei cuidar de mim mesma!"

"Ah, com certeza!" ele cospe. "É por isso que você veio tropeçando aqui, sangrando no rosto! Porque você sabe cuidar de si mesma."

"Eu estava um pouco ocupada na hora! Eu estava muito preocupada com o Comensal da Morte na minha frente, para perceber o lobisomem atrás de mim!" Lily parece perceber tarde demais que ela não queria falar isso.

Outro silêncio forte, porém intenso, se segue.

"Você disse que deixou os dois na floresta. Você está me dizendo que tinha um terceiro na vila?"

Lily engole fundo, mas é momentaneamente salva do trabalho de responder, porque um patrono de formato de bode entra no escritório. "Não me agradeça, foi o outro cara." vem uma voz grosseira que Rupert não conhece.

O bode some e lentamente, perigosamente, Potter vira para encarar a Lily. "Que. Outro. Cara?" ele pergunta.

O peito da Lily está balançando por causa de sua respiração nervosa, mas sua resposta é calma e baixa. "Você não quer saber."

Potter rosna, realmente rosna, e diz, "Eu acho que já sei." Então ele parece compreender, enquanto faz uma conexão que mais ninguém do aposento tem esperanças em fazer. "Você estava protegendo ele?" ele pergunta, incrédulo, em uma voz tão baixa que Rupert duvido que mais alguem tenha ouvido.

"Não! É só que você sabe como que o Sirius iria reagir!"

"Você tentou me impedir antes mesmo que eu falasse com o Sirius!"

"Porque eu sabia que você ia ficar assim, como você sempre fica, e você iria parar na mesma confusão que eu. Você não pensa direito quando fica com raiva, James. Você teria ficado muito ocupado procurando o lobisomem que não teria visto o outro perigo. Ele teria pego você em um instante."

"Ele não pode nem mesmo me tocar. Ele tem um débito de vida comigo!"

"Ele não pode tocar em você, mas e se ele não estiver sozinho? E se Bellatrix e Rastaban tiverem voltado? Ou outra pessoa? E agora Sirius e Remus estão lá e eles não estão protegidos por um débito de vida. Oh, por favor, James, chame-os de volta!" Agora, ela está tremendo com preocupação, com os olhos brilhando com lágrimas frenéticas.

Tem um POP baixo, enquanto alguém aparata para dentro do escritório.

"Será que alguém poderia me explicar por que eu fui trancado do lado de fora do meu próprio escritório?" o Diretor pergunta agradavelmente. Ele dá uma olhada no aposento para ver uma reunião completa dos professores e monitores chefe. Cada um deles está olhando surpreso para o bruxo.

"Não foi feito para te manter do lado de fora, senhor. Somente certas pessoas do lado de dentro." Lily diz, olhando com censura para o Potter, mas retirando as barricadas mesmo assim. "Desculpa, diretor." Ela se vira de volta para o Potter e sussurra desesperadamente, "Por favor, chame-os de volta?"

Potter sussurra de volta, de forma ameaçadora. "Você tem certeza que sabe quem você está tentando proteger?"

"Siiiiiiiim."

"Eu estou certo em acreditar que estamos no meio de uma reunião de professores?" Professor Dumbledore pergunta.

"Sim, senhor. Nós estávamos discutindo se os alunos devem ser avisados do incidente de hoje." Lily responde. A mente do Rupert se revira enquanto ele percebe que era isso que eles estavam discutindo antes disso tudo. É bom que Lily tenha sido capaz de responder, porque parece que mais ninguém seria... ou poderia.

O Diretor, tendo estado no Ministério o dia todo, já está a parte do que aconteceu.

"E?"

"Nós ainda não chegamos a uma decisão." McGonagall finalmente comenta. "Nós estávamos esperando mais informações, quando você chegou, Albus."

Todos os olhares retornam a Lily e ao Potter. Ela está cutucando a manga dele, sem dúvida ainda insistindo para ele contatar o Black.

"Ah." Os olhos do Diretor encontram o membro amputado que foi colocado na mesa dele por enquanto, e sua expressão fica obscura.

Potter explica que a maior preocupação era que os Comensais da Morte tentassem recuperar seu companheiro perdido, de dentro do castelo, sobre a proteção do Diretor. Até que encontrassem o homem que achavam que estar morto em St. Mungus, existia uma possibilidade deles tentarem entrar no castelo para recuperá-lo. Não é provável, mas é uma possibilidade. Ele dá uma versão muito editada do que aconteceu, já que ele não fala nada que mereceria entrar naquele combate de gritos dele com a Lily. Ele somente diz que dois Comensais da Morte foram avistados na Floresta, do lado de fora de Hogsmeade, e outro na vila, mas pelo que ficaram sabendo (e ele olha significante para a Lily) o dever deles era somente recuperar, sem nenhum plano ativo contra a escola ou seus alunos.

Lily fica mordendo os lábios preocupada durante toda a discussão. Eles acabam de decidir contar para os alunos durante a janta, o que significa daqui a vinte minutos, quando Sirius Black sai graciosamente da lareira, retirando cinzas da roupa com facilidade.

"Sirius!" Lily grita aliviada, e sai do lado do Potter para se jogar nos braços do homem que acabou de chegar. Black sorri.

"Olá, Cariad."

"Você não está machucado?"

"É claro que não." ele diz com uma complacência devastadora, e beija a testa dela.

O fogo fica verde novamente, deixando um homem que Rupert reconhece como a paixonite antiga da Lily, Remus Lupin. Logo depois, um homem mais baixo, que Rupert também viu na partida de Quadribol de sábado, de quem ele mal consegue se lembrar do primeiro ano como Peter Pettigrew.

"Lily!"

"Remus!"

Os dois se abraçam apertados.

"Você está bem?" ele pergunta, preocupado.

"Eu ia te perguntar a mesma coisa."

"Nenhuma marca que já não existia." ele diz, com um pequeno sorriso. "Você?"

"Eu já fui na Madame Pomfrey. Ela me analisou em um segundo. Nenhuma lesão permanente. Está tudo bem."

"Bom." Ele beija a testa dela e a solta, permitindo-a repetir a mesma performance com Pettigrew.

"Peter," ela diz, beijando-o nas duas bochechas. "Você não está machucado?"

"Nada." ele diz, sorrindo. "Você com certeza atrai problemas, não é, Lily?" ele comenta, afavelmente. Ela sorri de volta para ele.

"Eu acho que é por isso que os aurores gostam de me manter por perto. Poupa o trabalho deles de procurarem. Mas desculpa arrastar vocês nisso. O imbecil do amigo de vocês te jogou em uma situação, desconhecendo o perigo que estava colocando vocês, porque ele é um estúpido impulsivo e afobado."

"Sim, ele puxou isso de mim." Black diz afetuosamente enquanto volta até ela, colocando o braço sobre o ombro dela. Ela relaxa imediatamente nele, recebendo um conforto óbvio com o abraço. Os olhos dela até mesmo se fecham por um instante e ela suspira. Realmente parece que Black e ela são amantes. Sejam quais forem as demonstrações carinhosas que o auror e a Monitora Chefe tenham demonstrado durante a noite, elas são rapidamente esquecidas com o afeto aberto e óbvio de Sirius Black.

"Perdoe a intrusão, Albus." Black diz suavemente, sorrindo loucamente para o diretor.

Os olhos do Dumbledore brilham de volta. "Sem problema, senhores Lupin, Pettigrew, e Black. Vocês sempre fazem visitas interessantes. Mas será que poderiam aguardar um momento? Nós estávamos para concluir a reunião de diretores."

"Claro." Black diz, gesticulando para que eles continuem. Comparados com o resto da reunião, a conclusão não é nada impressionante. Os horários da patrulha são restabelecidos, Lily faz um relatório da situação atual da Ala Hospitalar, lendo as estatísticas deprimentes, Slughorn comenta que ele vai fazer poções ainda esta noite, após o jantar, e então Dumbledore declara a reunião como terminada. Todos permanecem por mais alguns minutos, já que não tem tempo de voltar a seus escritórios antes do jantar, e estão com muita vontade de discutir os acontecimentos de hoje entre si mesmos. Eles olham para a lareira com curiosidade, onde Lily e Black estão parados, delineados pelas chamas. É uma cena linda. Ele está olhando para ela carinhosamente, enquanto acaricia a bochecha dela com uma das mãos. Roo quer bufar por quanto que Black está brincando com a sua audiência.

"Ele nunca mais vai te machucar de novo, Cariad."

"Sirius, você não..." ela diz, preocupada.

"Não." ele diz, sinceramente. "Eu não fiz."

Lily suspira aliviada. "Então o que você fez?"

"Só coloquei uma boa dose de medo nele, só isso."

O cepticismo dela é claro no seu rosto, e ela olha para os outros dois para confirmação. Eles olham para longe de repente, fingindo estar no meio de uma discussão excitante sobre removedores de verrugas.

Eles não poderiam ter sido mais óbvios se tivessem decidido colocar as mãos nas costas e começado a assobiar.

Potter agora está conversando com McGonagall e Dumbedore em tom baixo, e Black leva Lily até o canto silencioso, aonde podem conversar em paz. Não há dúvidas que ela está contando tudo de novo. Rupert fecha os punhos imaginando quando vai ser a vez dele, quando Lily olha para ele e o chama com um dedo.

"Eu estava contando para o Sirius e achei que você também gostaria de saber."

"É, eu estava um pouco curioso." ele diz, balançando os ombros casualmente, enquanto grita na mente dele para ela começar logo a falar.

E ela começa a explicar, rapidamente e sucintamente, o que ela fez e o que aconteceu. Roo percebe que ela não comenta o nome de nenhum dos Comensais, como havia feito com ele e o Potter, mas talvez isso não seja importante.

"Eles apareceram, encontraram o braço, assumiram que ele estava a salvo ou morto, tentaram convocar a varinha, e quando não conseguiram, eles foram embora. Eu estava tentando voltar para a escola utilizando a lareira no Cabeça de Javali, quando fui prevenida. Isso é tudo, sério."

Bem, isso é uma mentira, sem dúvida alguma. Ele está a passo de dar 'O Olhar' para a Lily, mas ela segura a mão dele bem apertado, sinalizando que ela está ciente que ele sabe, mas o implora para não falar nada. Ele concorda silenciosamente, mas vai tirar essa informação dela depois.

X

Lily se despede do Remus, Peter e Sirius. Roo e ela saem do escritório, e ela o leva rapidamente para seu dormitório. Lá ela conta a história toda, incluindo Bellatrix e Severus. Ela imagina que Rupert é a única pessoa que não tem nojo da amizade antiga dos dois... incluindo ela mesmo e o Severus.

Roo fica sentado ouvindo. É mais fácil contar a verdade para ele, pois ele não vai ter um ataque, e ela não tem que se preocupar em deixá-lo chateado com as novidades de seu parente claramente insano.

"Ele é parente dela? Da mulher que te colocou sobre a Cruciatus em Dezembro?"

"São primos." ela confirma.

"Caramba."

"A família dele é um tópico sensível, então eu não mencionei isso. Severus é um tabu ainda maior. Você viu como James reagiu. Sirius teria sido cem vezes pior."

"Mas... ele te ajudou, não foi? Ele te tirou do caminho." Roo diz, confuso.

"Eu acho que isso é ainda mais imperdoável nos olhos dele." Lily admite.

"Oh." Ele diz, pensativo. "Eu entendo." ele diz, e ela realmente acredita que ele entende. "Você sabe que você tem que ser mais cuidadosa, Lily."

"Eu não fiquei muito machucada." ela protesta. "Madame Pomfrey disse que eu estou bem, e não é como se eu tivesse feito de propósito-"

"Não foi isso que eu quis dizer." ele diz, com severidade. "Se você não for cuidadosa, as pessoas vão perceber. Potter fez um senhor show lá."

Lily esconde o rosto nas mãos. Isso era a última coisa na mente dela. Na verdade, na hora ela nem o viu como o homem com o qual ela compartilha uma cama. Ele só era o James. Predominantemente auror e amigo. Ela resmunga. "Você acha que está muito ruim?"

"Não tem como saber." ele responde, sinceramente. "Mas se você não grita daquele jeito com alguém se você não se importar com essa pessoa."

"Você acha que eles sabem?"

"Eu não sei dizer ao certo. Eles sabem que vocês são mais próximos do que deveriam. Isso é inevitável."

"Merlin, Roo! O que eu vou fazer? Eu não posso ser expulsa de Hogwarts."

"Você poderia dar um beijo no Black em público e retirar qualquer suspeita da mente deles."

Lily fecha a cara com esse pensamento. "Que dia horrível esse tem sido. E ele está tão furioso comigo, por ter ido na floresta sozinha, por ter sido pega de surpresa no Cabeça de Javali, por tentar mantê-los longe do Severus."

"Você estava tentando protegê-lo?" ele pergunta.

"Eu não sei!" ela diz frustrada, e então suspira. "Eu não sei."

O retrato se abre, admitindo a entrada de um James com aparência impressionante. Ele fica parado ali, majestoso e poderoso. "Você poderia nos dar licença, Ferris?" ele pergunta.

Roo olha para ela com um olhar que diz, 'Boa sorte' e sai. Lily gostaria que ele tivesse ficado, porque ela está muito cansada para mais discussões.

Quando o retrato se fecha novamente, James caminha lentamente até ela.

"Olha, James, eu sei que você está furioso comigo, mas será que poderíamos não brigar mais? Ou pelo menos deixar isso para amanhã? Eu só..." Ela se levanta e caminha até a janela, ficando de costas para ele, para que ele não possa ver seu rosto. "Eu não aguento mais ter você gritando comigo." ela admite, fracamente. "Desculpa por tudo, e eu sei que você está furioso. Você já foi bem claro quanto a isso, mas-"

O peito dele é tão quente nas costas dela. As mãos dele são tão possessivas enquanto tracejam as curvas dela. A voz dele é tão profundamente linda enquanto ressoa no ouvido dela. "Eu não vou brigar com você, Lily." O rosto dela cai automaticamente para o lado e ela treme enquanto os lábios dele encontram o pulso dela, bem abaixo da orelha. "James, me desculpa." ela sussurra.

"Shh..." Ele a aperta para mais perto dele e respira fundo. Por um minuto eles ficam assim. Lily não reclama nada. Isso é infinitamente melhor do que gritaria. Infinitamente melhor do que qualquer coisa, na verdade.

E cedo demais, ele a solta. "Eu tenho que ir." ele diz. "Eu só... precisava disso."

Ela também. "Quando você volta?"

"Logo. Eu tenho que estar aqui caso algo aconteça. Eu só vim pegar algumas coisas. Eu vou estar de volta quando você tiver acabado a poção."

"Vai levar quatro horas, então vai ser depois de uma da manhã."

"Certo." Ele a beija gentilmente e se vira para sair.

"Você quer a capa?" ela pergunta.

Ele pára no meio do caminho. "Não." ele diz, finalmente. "Fica com ela. E use."

Ela balança o rosto, concordando, embora ele não possa ter visto, e ele sai. Ela estaria morta se não tivesse aquela capa, e ela sabe que ele estava pensando a mesma coisa. Ela teve tanta sorte hoje. Se ela estivesse parada um centímetro para a direita, a maldição da Bellatrix teria acertado ela. Ou teriam descoberto o corpo dela quando tropeçassem nela, ou teriam passado direto por ela, sem perceber. Ninguém jamais saberia. Ninguém jamais encontraria o corpo dela, ou nem mesmo saberiam que ela estava morta.

Ela treme, se abraçando na cintura, muito grata por estar viva.

A janta ainda vai durar mais trinta minutos, então ela desce até o Salão Principal para comer, como a curandeira e o seu estômago ordenam. Ela se senta no lugar de sempre, ao lado do time de Quadribol. "E?" Roo pergunta.

"Estamos bem." ela diz, e então percebe que seria isso que ela diria se estivesse mentindo, e diz, "maravilhosos, na verdade." O sorriso dela o acalma.

"Lily, você perdeu o anúncio do Dumbledore."

"Nós sabemos." ela diz, esticando as mãos como se quisesse bloquear as palavras dele. Ela não quer mais falar sobre isso. Ela ataca o cozido enquanto a conversa é redirecionada para tópicos menos estressantes.

"Então, Evans, Ferris." Forsyth diz, o batedor do quinto ano. "Como que vai ser o baile?"

"É uma dança, Francis." Roo diz. "Vai ter dança, música, bebida e decorações. Muito padrão."

"Você vai levar alguém?" Lily pergunta, educadamente.

"Sim." ele diz, sem entusiasmo. Lily quase quer rir com o tom do garoto. "Phillipa Cussler. Você sabe, da Lufa-lufa."

"Mas ela é muito doce." ela comenta. Lily conhece bem a monitora do quinto ano.

"Sim, bem. Leona já vai com alguém, então quando a Phillipa perguntou..." Ele balança os ombros, indiferente.

"Eu sei como você se sente, cara." Roo diz. "Eu estou preso com essa bruxa aqui." Ele aponta com o dedão para a Lily, e ela dá uma cotovelada nas costelas dele.

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Por questões de segurança, Lily caminha de volta para o dormitório para colocar a capa, e então vai para as masmorras. Horace está começando a ajustar as chamas.

"Olá, senhor." ela cumprimenta, retirando o feitiço imperturbável dos caldeirões que vão ser utilizados nessa noite. Ele aparenta estar levemente envergonhado, como se não soubesse como se dirigir a ela depois daquela cena horrível que ela fez lá em cima.

"Sim... é... Olá, minha querida."

Ela suspira. "Deixe-me desculpar pelo o que aconteceu durante a reunião. Não foi nada profissional. Foi um dia estressante e uma situação estressante, e nós lidamos mal com isso. Perdoe-me por deixar você e todos os outros desconfortáveis."

"Você não precisa se desculpar por isso." ele diz. "Só estávamos preocupados. Parece ser um grande fardo para vocês, crianças."

Lily está três vezes assustada: primeiro porque ele está descartando o fato dela ter tido uma briga em público, como se não fosse importante, segundo porque parece colocar ela e James no mesmo grupo, e terceiro porque ele vê James como uma criança.

E por que ele não veria? Lily esquece que, enquanto James pode ser mais ou menos seis anos mais velho do que ela, ele ainda é bem jovem. Comparado com o resto dos professores, eles são crianças.

Eles tem idade mais próxima do que ele tem com o resto dos colegas. Ela imagina se isso irritaria o James, ser visto como uma 'criança'.

Ela percebe que tem que responder esse comentário de alguma forma, então sai com uma frase genérica, como, "Em tempos como esses, todos tem que fazer o podem."

"Está certa, minha querida. Está certa. E agora, o que podemos fazer são poções."

"Sim, senhor." Ela responde, sorrindo.

'Bem,' Lily pensa, 'se ele suspeita de algo, com certeza não está deixando aparentar. Eu acho que estou segura por enquanto.'

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Duas horas depois, Lily balança o rosto. "Isto não está certo. Não está fervendo como deveria, a cor está diferente, a consistência não está boa." Ela está aterrorizada que tenha feito algum erro. Algum erro grave, mas quando ela se vira para olhar preocupada para o Mestre de Poções, ela o encontra com a mesma expressão de seriedade da dela, enquanto estuda o conteúdo de seu próprio caldeirão. Ele se abaixa em sua enorme barriga para checar a chama. Ela também faz isso, com cuidado para continua a mexer no sentido horário.

O fogo está precisamente como deveria estar.

Eles olham um para o outro perplexos.

O que está acontecendo?

Os olhos dela voltam a poção. Ela só está na 82ª mexida e ainda está muito ensopado. Ela tenta não entrar em pânico, tenta falar para si mesma que não é culpa dela que os preciosos ingredientes que eles compraram com tanta boa vontade vão ficar arruinados. Que a Ala Hospitalar ainda vai ficar sem poções de cura. Ela tenta. Ela não tem sucesso.

"O que vamos fazer, senhor?"

Ele balança os ombros e a cabeça, tão desnorteado quanto ela. Lily decide continuar, mas não sabe exatamente como. Seguir as instruções não é uma escolha inteligente. Instruções para fazer poções são como livros textos. Eles são a versão média, a mais ampla e mais simples da que pode ser utilizada pelo maior número de pessoas. Na verdade são apenas linhas de orientação, pontos de partida. Magia deve ser mexida e explorada e moldadas para seus próprios propósitos, e não é diferente com poções. Requer instinto. Se diz nas instruções para mexer 150 vezes, isso quer dizer que na média, 150 vezes vão resultar no efeito desejado, mas um fazedor de poções habilidoso sabe quando parar em 145, ou continuar mexendo até 153... até sentir certo.

Mas não tem nada de certo nisso. É como se...

Uma idéia passa na mente dela, e ela testa a temperatura da mistura. Quando ela vê a leitura que a varinha dela prevê, ela resmunga. Está três graus mais alto do que deveria estar.

"Senhor? Qual a temperatura do seu?"

Horace faz o mesmo feitiço que a Lily acabou de fazer, e fecha a cara. "Muito baixa."

Como ela suspeitava. "Senhor, eu acho que esses caldeirões foram revestidos." ela diz.

Juntos, eles colocam um feitiço de imutabilidade nos caldeirões e os levitam para inspecionar o fundo.

É a primeira vez que Lily ouve o Professor de Poções xingar.

"Maldição!"

Ela fica com uma fúria igual quando vê. Não somente o fundo do caldeirão dela está com uma coloração preta desapropriada, o dele está com uma coloração prata brilhante.

"Arruinada!" ele grita, confirmando o medo dela. Ela está furiosa, os dois estão.

Instintivamente, ela manda o patrono para buscar James.

"Problema nas masmorras." ela diz, e sua corça sai correndo.

"Não tem como salvarmos estes ingredientes agora." ele diz derrotado, pegando um lenço e limpando a sua testa suada antes de jogá-lo furiosamente na cadeira ao lado dele.

Lily quer chutar algo, bater em algo, explodir a parede em pedacinhos.

Ela abaixa a varinha só por precaução e começa a andar para lá e para cá, passando as mãos pelo cabelo, segurando o coro cabeludo. Ela pode sentir aonde Pomfrey fez o curativo na cabeça dela e não consegue deixar de pensar em como esse dia continua a ser horrível. A frustração só é vencida pela dor de cabeça. Ela olha de cara feia para a bagunça arruinada, para os caldeirões escaldantes e as chamas, que dançam como se estivessem zoando ela.

De repente elas ficam mais altas, mais forte, pulando e tacando fogo em suas anotações.

"Droga!" Ela apaga as chamas rapidamente, se xingando por não ter sido capaz de controlar seu temperamento ou magia. Se sentindo muito esgotada, ela afunda em uma cadeira.

Ela ouve os passos do James no corredor.

"O que foi agora?" ele pergunta, quando entra.

Lily cruza os braços e as pernas ao mesmo tempo, como se estivesse tentando conter a magia dela de fazer mais demonstrações embaraçosas. "Alguém esteve engrossando os caldeirões."

"O quê?"

"Engrossando os caldeirões, James. Sabotando as poções por mexer com o fundo dos caldeirões."

"Você tem certeza?" ele pergunta cansado. Uma parte dela quer falar que isso foi apenas um acidente, que não tem alguem no castelo arruinando as tentativas deles de reabastecer a Ala Hospitalar de propósito. Ele não tem que se importar em investigar mais crimes. Ele deveria voltar para o quarto deles e ir para a cama. Mas é claro que ela não pode falar isso.

Ela suspira. "Sim. Eu mesma os calibrei hoje. Horace também inspecionou, antes de guardá-los. Eles estavam imperturbáveis para que nada pudesse ser jogado neles por acidente, ou pudesse cair dentro deles e contaminá-los, ou qualquer outro tipo de acidente. O feitiço estava ativo quando eu cheguei aqui. Alguem deve ter retirado o feitiço de propósito, engrossado e colocado eles de volta aonde estavam, deixando imperturbáveis de novo."

James solta uma respiração longa. "Ótimo." ele murmura.

"Quem quer que seja, sabia o que estava fazendo. Você pode engrossar um caldeirão com diferentes tipos de óleos ou ácidos para corroê-lo, ou adicionar unguento para engrossar. Na maior parte das vezes podemos perceber quando ajustamos a chama, devido ao cheiro que geralmente exalam. Eu não sei o que foi usado aqui. Não senti o cheiro de nada. Você sentiu, senhor?"

"Nada."

"E mesmo assim, olha os fundos." Ela ergue os caldeirões para cima, para ele inspecionar.

"Filhos da-" ele para a frase antes de terminar. Ele retira os óculos e esfrega as mãos. "Certo. Vocês dois, encontram uma forma melhor de guardar seus suprimentos, todos eles, caldeirões, facas, tudo. Dêem uma olhada nisso." Ele indica a caricatura da poção deles. "Veja se conseguem encontrar alguma indicação em quem ou o que fez isso. Eu vou contar para o Dumbledore e preencher outro relatório de incidente e mandar para Londres." Ele pára por um instante e bagunça o cabelo. Ele olha para cima de novo, diretamente para ela. "Nós não precisávamos disso essa noite, não é?"

"Desculpa."

Ele dá uma leve risada enquanto bagunça o cabelo dela, da mesma forma que fez com o dele a um segundo atrás. "Não é culpa sua."

Tem um instante de silêncio antes que ele fale novamente.

"E agora nós temos que decidir quem vai ter o trabalho difícil."

Ela abaixa os ombros. "Eu faço." Ela oferece com tristeza.

"Eu não estou falando isso para me escapar do trabalho. Eu realmente acho que você faria melhor do que eu."

"Eu sei. Eu sei. Ai." Ela coloca o rosto nas mãos, sabendo que isso vai ser difícil. "Eu vou embora depois de terminar aqui."

James concorda com simpatia, sem ter inveja da tarefa. "Mais uma noite longa. Posso usar a Ebony? Não consigo achar o Dragão."

"É claro."

"Certo. Vejo você mais tarde."

Ele ajeita o cabelo dela como geralmente faz antes de beijar a testa dela, mas ele não termina o gesto.

"Qual é o trabalho difícil que você tem que fazer?" Slughorn pergunta, quando eles começam a limpar e a procurar por algo que possa dar alguma luz na situação. "Eu ficarei feliz em ajudar da forma que eu puder."

"O quê? Oh, não, tudo bem. Ele só quis dizer que era para contar as novidades para a Poppy Pomfrey. Eu não espero que ela vá aceitar muito bem. É muito difícil para ela, sabe, não ser capaz de ajudar as pessoas que precisam de ajuda."

"Eu entendo."

Eles continuam a limpeza meticulosa.

"Você consegue pensar em alguem em Hogwarts que saiba o suficiente sobre caldeirões para fazer isso?" ela pergunta. Ele, entre todas as pessoas, seria o melhor conhecedor das habilidades dos alunos de fazer poções.

"Hoje em dia não." ele responde.

.

Lily sabia que isso não seria agradável, mas a teimosia da Poppy faz ser pior ainda. Ela leva a expressão 'de queixo erguido' um pouco a sério demais. Lily pensa que se ela tentar erguer o queixo um pouco mais alto, seu pescoço vai quebrar. Somente mais tarde ela pensa que talvez a mulher esteja fazendo isso para impedir as lágrimas de caírem.

Lily pede para a Poppy, a elfa doméstica, trazer um pouco de chocolate quente, o que parece acalmar um pouco a curandeira. Chocolate geralmente faz as pessoas se sentirem melhor, e Lily sugere que talvez a elfa devesse servir uma xícara para todos pacientes da ala.

"Eu sei que não é uma comida de hospital saudável, mas vamos deixar eles terem um agrado." ela diz.

"Sim." Poppy diz. "Sim, eu acho que eles merecem sim. Pobrezinhos."

Alguns minutos depois, cada criança está assoprando alegremente os vapores de chocolate quente, com sorrisos no rosto, seja qual for o problema que tenham.

"Obrigada, Madame Pomfrey." diz uma aluna do segundo ano da Lufa-lufa.

O restante da ala, depois de ouvir isso, fala em coro, "Obrigado, Madame Pomfrey."

O queixo da curandeira treme e ela o ergue tão alto que está encarando o teto agora. Lily finge não ouvir a respiração característica de choro.

.

O horário de recolher já passou a bastante tempo e a biblioteca está fechada, mas nenhum dos fatores a impedem de recuperar a sua mochila. Minerva liberou ela e Rupert do dever de casa, mas ela ainda tem História da Magia bem cedo amanhã. Quando ela entra no quarto, a primeira coisa que vê é James sentado na mesa trabalhando.

Ele olha para ela quando ela entra. "Oi." ele a cumprimenta.

Ela joga a mochila na mesa e se abaixa para beijá-lo. Ele aceita o beijo, mas quando ela tenta mais uma vez, tentando levar mais para longe, ele é receptivo, mas só permite que vá a até um certo ponto. Ela pode sentir pelos próprios lábios como que sua vontade luta com a relutância, sente como as mãos dele a apertam, e depois soltam, e depois apertam de novo.

Bem quando ela achou que teve sucesso em convencê-lo em esquecer do trabalho um pouco, ele solta. "Estou ocupado." ele diz, empurrando-a gentilmente para longe dele. Ela concorda, aceitando a derrota e volta para o lado dela da cama, para trabalhar. Ela percebe que Ebony ainda está no lugar dela, então ele não deve ter mandado nada ainda.

Depois de terminar o dever de casa, ela dá mais uma olhada nas coisas do Weyland, mas descobre que ver isso hoje é doloroso demais. Em um jeito estranho, o comensal da morte de hoje a fez lembrar do Weyland. Weyland que virou as costas para seu estilo de vida antigo, mas morreu mesmo assim por causa disso.

"Você já fez?" ela pergunta, quebrando o silêncio.

"Fiz o quê?" ele pergunta.

"Priori Incantatem."

Essas palavras parecem cair como um bloco de concreto, batendo pesado e duramente no silêncio.

"Não." ele responde, com os dentes trincados.

"Por que não? Era para isso que fizemos isso tudo, não é? A história daquela maldita varinha?" Ela está ficando furiosa de novo. Talvez ela esteja de mal humor porque está cansada, hormonal, com dor de cabeça, frustrada, machucada, e completamente abalada, sem mencionar o estresse adicional de manter a barreira. Mas ela quase morreu por aquela varinha, e sente um pouco de direito sobre isso.

"Porque." ele responde, soando tão cansado quanto ela sente estar. A conversa acabou. Lily dá uma de Madame Pomfrey e estica o queixo para o teto, só por precaução, mas não. Não tem lágrimas. Ela realmente deveria ir para cama, mas ela não quer ir sem ele. Desde que ela passou aquele tempo na floresta ela disse para si mesma que quando estivesse com o James, ela iria se sentir melhor. Que o desconforto no seu estômago iria diminuir. Ela poderia fechar os olhos sem se preocupar. Ela poderia esquecer de tudo por alguns poucos momentos e se lembrar do que é o prazer. Isso é tudo que ela deseja.

Ela toma banho e se apronta para ir para a cama, e volta para a sala de estar só para ficar perto dele. Ela trabalha no plano de aula dele pela próxima uma hora e meia, não que ele saiba que ela esteja fazendo isso, quando ele finalmente se levanta e manda um maço de pergaminho com a Ebony.

Ele observa a coruja da janela por um tempo antes de se espreguiçar, bocejando alto.

"Cama?" ela pergunta, não querendo soar muito esperançosa.

"Sim."

Lily se senta na janela, olhando para os terrenos, deixando sua mente divagar enquanto espera James sair do banho.

Quando ela ouve a água ser desligada, ela sente um alívio no coração, um conforto. Então, quando ele caminha até ela, beija o ombro dela e pergunta, "No que você está pensando?"

"Eu estou pensando que é uma lástima..."

"O quê?"

"Que ele morreu."

O calor dele a deixa e ele fala friamente. "Guarde a sua piedade, ele era um Comensal da Morte."

"Mas está bem claro que ele não queria ser mais um. Ele mudou."

"Ele era um Comensal. Da. Morte!" ele ruge de repente. "As vezes eu acho que você não entende o que isso realmente significa! Comensais da Morte não mudam! Talvez ele tenha sido levado pela dor, talvez pela loucura, mas provavelmente pelo medo, mas só porque ele desertou, isso não faz dele uma boa pessoa. Pára de ter esperanças, Lily. Uma vez Comensal da Morte, sempre um Comensal da Morte. Então simplesmente... pára." Ele estava gritando antes, então a forma como ele sussurra implorante a última palavra, com aquela expressão dolorosa no rosto, faz com que a garganta dela se aperte.

Toda tristeza, todo vazio, toda infelicidade que ela sentiu no dia de hoje, retorna, sabendo que eles não estão mais falando do Comensal da Morte sem braço que morreu nos terrenos hoje. Não, James está falando diretamente para ela.

Esqueça Severus Snape.

Ela não fala nada enquanto ele se afasta, deita, se cobre e joga a cabeça no travesseiro. Algum tempo depois, ela vai silenciosamente para a cama, virando de costas para ele e encarando a janela. Sua cabeça palpita, suas entranhas se contorcem, seu coração dói e algumas lágrimas frustradas finalmente escorrem por seus olhos.

Que dia horrível.


A/N: Por favor, deixem reviews... :)

Estou precisando de um beta para essa fic... alguém se disponibiliza?