Fic: God Save the Lover (Not the King)
Plot: Reis servem para fazer sucessores; Rainhas para dar à luz aos sucessores. O casamento é mera formalidade, não há amor - nem esperança de amor - por isso ela precisou tanto de uma "válvula de escape". Com o tempo ele passou a ser o motivo dela continuar vivendo.
Cap. 1: Cuidador de Cavalos
A chuva lá fora apertava em quanto eu tentava dormir em vão. Ao meu lado Jacob conseguia tirar um sono tão profundo e tranqüilo que eu chegava a invejá-lo. Nunca fui fã de trovões muito menos os das chuvas bizarras e contínuas de Londres - provavelmente dos meus últimos três agradáveis anos aqui, passei um e meio com água caindo das nuvens. Nenhuma surpresa para os britânicos, um mundo novo para mim.
Jacob era o único filho homem do rei. Ele seria o herdeiro por direito se não fosse o pequeno detalhe de ser bastardo. Filho do falecido rei com uma índia trazida do novo mundo, ninguém o via com bons olhos até ele provar que era o melhor que esse povo ingrato jamais teria (ou mereceria). Tendo que achar uma esposa com pressa, para que nenhuma de suas irmãs - verdadeiramente filhas da rainha - levasse o trono da família. Foi assim que ele me achou.
Eu, uma francesa, com títulos herdados dos pais seria a pessoa considerada digna de me casar com o futuro rei da Inglaterra.
Pode parecer até sonho, mas não era para mim.
Sair da mordomia da minha casa de veraneio no sul da França - com aqueles verões maravilhosamente quentes - e abandonar minha casa luxuosa em Paris para viver em meio aos cavalos de pólo e seus cavaleiros (cavalheiros) e o clima inconstante de Londres?
Não, obrigada. Isso não era pra mim. Pelo menos era o que eu pesava.
Há exatamente três anos fui trazida para cá, casei-me com Jacob Black II (seu avô fora o primeiro) e tornei-me a seu lado rainha da Inglaterra. Assumi, porém não sozinha, a responsabilidade de engravidar para garantir um herdeiro em menos de um ano, ou então Jacob perderia seu próprio trono. Uma tarefa que foi cumprida com mais rapidez do que eu imaginava - depois de três meses de casamento eu já estava esperando um bebê - e que me provou que reis servem para fazer sucessores; Rainhas para dar à luz aos sucessores.
Meu filho chamado Emmet nasceu e com o tempo, me conformei, mas não concordei, nem mesmo após o nascimento de meu segundo filho Jasper.
E são nas noites exatamente como essas, chuvosas e cheias de trovões, que me lembro direitinho de tudo acontecendo. Continuei lembrando por mais alguns minutos, antes que meus olhos já pesados demais se fechassem sem permissão para abrir só algumas horas depois, com empregadas chamando-me.
- Senhora Isabella? - Eu podia sentir as mãos frias de Esme me chacoalhando mesmo com o lençol de algodão me cobrindo, mas não me atrevia a abrir os olhos.
- O que foi? - respondi abrindo apenas o olho direito.
- Já passa das dez, a senhora não pode continuar dormindo.
- Tudo bem, tudo bem. Já estou de pé. - fiz exatamente o que falei, e Esme retirou minha fina camisola branca para que outras duas me vestissem.
Como me irritava usar aquelas armações, os corpetes, os espartilhos e as ancas, mas o que eu podia fazer?
Fui tomar o brunch sozinha, pois Jacob já estava resolvendo seus "assuntos reais". Não me inquietava o fato de ele me trair, desde que não engravidasse a moça estava tudo bem. Não havia amor entre nós, tudo era um simples acordo, mesmo assim ele era meu melhor amigo.
- O novo cuidador de cavalos está aqui para ver o Rei. - anunciou uma voz.
- O rei não está. Terá de ser comigo - respondi imponente ao homem que já adentrava a sala.
Meu coração falhou naquele momento e eu não gostei nada do fato de dele ter pulado aqueles dois batimentos. Quando ele voltou a bater breves segundos depois meu coração estava num ritmo tão acelerado que eu contraí minhas mãos em punho para tentar acalmá-lo.
O cabelo dele era sedoso e meio desarrumado, num tom quase que bronze. Sua pele, quase tão branca quanto neve, era diáfana a tal ponto de permitir-me ver algumas de suas veias e tendões nas mãos, os braços eram muito bem trabalhados. Seus olhos eram cor de mel, quase cor de topázio - meio verdes quando alguma luz batia neles. Eu deixei meu queixo cair um pouco por causa da sensação de superioridade que ele me passava, devo ter ficado admirando-o por algum tempo antes de ser tirada de meu devaneio.
- É um imenso prazer estar aqui, vossa majestade. - ele educadamente se curvou - Meu nome é Edward Cullen. Vim aqui para oferecer meus serviços como cuidador de cavalos para a coroa.
- Seja muito bem vindo, senhor Edward. - vesti minha típica máscara e sorri, admito que foi difícil iniciar a frase - ainda me sentia sufocada pela presença dele.
- Obrigada, rainha Isabella.
- Como deve saber meu marido, o rei Jacob não está, porém como os cavalos são meus não vejo o porquê de não poder incumbir-me eu mesma da tarefa de averiguar a qualidade de seus serviços, afinal os cavalos são meus. - por alguma razão não conseguia tirar dos lábios o sorriso que estava estampado, e por essa mesma razão ele não parecia ser tão falso.
- Como desejares. - ele que sorriu dessa vez, cordialmente. O sorriso era lindo - como tudo mais nele - e um pouco torto. Permitia que dentes perfeitamente alinhados e branquíssimos ficassem expostos como que a se exibir.
- Me acompanhe. - eu o guiei até o cercado onde estavam os cavalos, nós dois sem dizer uma palavra.
Chegamos ao estábulo, os cavalos estavam soltos no grande cercado que existia. Tudo aquilo era parte do quintal do enorme palacete e a grama rala, que ficava mais alta - quase uma relva - dentro dos limites estipulados pela cerca servia não só de alimento, mas de diversão para os pequenos potros.
Ele sorriu ao ver os cavalos, demonstrando uma paixão por aquilo que fazia - mais tarde pude ver que possuía também muita destreza. Pulou o portão e foi atrás dos animais, manuseava os cavalos com muita cautela e seus olhos esbanjavam carinho para eles. Senti uma pontada de inveja daqueles bichos magníficos que recebiam olhares cheios de afeto - como eu sentia falta disso. Da paixão, do carinho e dos sorrisos até. Eu não tinha nada disso como rainha.
- O que achou de meus cavalos? - perguntei realmente curiosa.
- Lindos e bem cuidados. Quem cuidava deles foi despedido? - ele respondeu sem me olhar e ao me questionar ainda não me dirigia seus olhos dourados.
- Não houve outro. Eu sempre cuidei deles. - fiquei surpresa com o tom de indignação contido em minha voz, mas eu sabia que se eu não fosse da realeza ele não teria assumido que eu jamais cuidei de meus próprios cavalos.
- Vossa majestade que cuidou deles? - ele estava de olhos arregalados.
- Eu mesma. - falei firme.
- Está de parabéns, não sei por que chamaram alguém, então.
- Porque o rei não acredita que o estábulo seja lugar para a rainha. - aleguei não evitando demonstrar minha raiva. - Ainda mais porque ele acredita que os cavalos possam ferir meus filhos que me acompanham sempre.
- Compreendo. Pois eu creio que não há lugar mais apropriado para uma dama que aquele em que ela deseja estar - este normalmente é ao lado do que ela mais ama e cuida. - ele se aproximou mais de mim, me senti presa por um encanto aos seus olhos. Ele ainda estava dentro do cercado com os cavalos e eu fora, mas seguindo aquele encanto eu chegava mais perto do cerco de madeira bonita.
- Amo aos meus filhos mais que tudo, depois deles amo mais meus cavalos. É, talvez você esteja certo, porque depois disso amo meu povo mais, o que me permite continuar a viver neste castelo. - levantei meu vestido para diminuir a dificuldade do andar e me aproximei mais ainda dele.
- Não consigo imaginar vossa majestade presa a um lugar. - ele se inclinou na cerca aproximando seu rosto perigosamente do meu. Somente nesse momento reparei em como ele era alto, mesmo curvado sobre a madeira continuava a ser mais alto que eu - e olha que eu estava usando um de meus saltos mais altos.
- Pareço tão selvagem assim? - não sei se demonstrava ofensa meu tom de voz, mas esperava que não, só para não romper o momento.
- Talvez. Só quis dizer que vossa majestade não parece ser o tipo de mulher que se submete. - ele inclinava o rosto perto do meu, o lábios quase se tocando, mas não passava de uma provocação e eu sabia disso.
- Você tem seu emprego. Faça bom proveito. Esme, minha dama de companhia, lhe mostrará seus aposentos, a partir de amanhã morará no palácio. Creio que Carlisle pode lhe ensinar os horários e tudo mais. Não se esqueça que ainda está sob observação, pode ser que seja um assassino, não é verdade? - quem quebrou a distancia fui eu, se ele sabia provocar, eu também sabia.
Fui cuidar de meus filhos e de minhas tarefas. Naquela noite dormi um sono muito profundo mesmo com a chuva que caía.
Sonhei com ele.
Nós andávamos a cavalo no meu sonho e ele me sorria muitas vezes. Sorria para mim e não para os animais. Acordei pela manhã em puro estado de êxtase, sem poder esperar para ver o que aconteceria. Minha juventude que havia sido sugada pelos deveres estava de volta; com vinte e dois anos eu me sentia uma adolescente de dezesseis, no máximo. Logo notei: Ele me fazia bem, ele poderia ser minha "válvula de escape".
Olá para todos! É um prazer estar aqui pela primeira vez escrevendo uma fic! Se vocês derem uma olhada no meu perfil poderão ver que tenho conta nesse site desde 2005, mas é que eu finalmente criei coragem para escrever algo, por isso estou muito aberta criticas e sugestoes! D
Obrigada por lerem e/ou deixarem reviews!
Beijos e abraços
Louise