AROMAS E ZUMBIDOS

Presente para Pink Ringo

Epílogo

Não foi exatamente um choque descobrir que tanto eu como Shino somos contra a instituição do casamento. Eu tenho uma boa explicação para isso, que são vários e vários anos convivendo com uma mãe megera, casamenteira e demoníaca. Ele tirou da minha imaginação todo o deslumbramento da coisa. Hoje, os meus únicos pensamentos sobre o casamento e sua festa eram todos os gastos que eu teria para alimentar todas aquelas pessoas que vieram ali para verificar o quanto eu me encontrava feliz.

Eu não precisava mostrar pra ninguém o quanto eu estava feliz. Com uma festa cara, quero dizer.

Shino, simplesmente, disse que detestava multidões.

Então nós decidimos apenas nos juntar definitivamente, como um casal. E, para isso, limpamos e enfeitamos a estufa e convidamos todos os nossos amigos para irem até em casa, para uma refeição de junção. Muitos deles nos levaram presentes, muitos não levaram. Nada disso importava realmente.

Era primavera de novo. Uma boa época, quando todas as minhas flores se abriam e os insetos de Shino se espalhavam pelo ar. Sakura ficava espantando-os como uma louca, o barrigão pronto para dar a luz a qualquer hora e os nervos mais a flor da pele do que nunca. Naruto, ao seu lado, tinha olheiras horríveis. Sakura devia estar mandando-o buscar as mais absurdas coisas nos mais absurdos lugares.

Akemi ora engatinhava, ora dava uns passinhos vacilantes por aí sob o olhar preocupado de tio Kankurou. Temari e Shikamaru ainda estavam juntos, aos trancos e barrancos, como normalmente é a relação apaixonada deles.

Hinata e Sasuke ainda não tinham conseguido um filho, mas Hinata acabou por nos confidenciar que isso era ótimo, pois a cada vez eles tentavam mais e mais vezes. Com um herdeiro a caminho ou não, isso não parecia diminuir em nada todo amor, devoção e possessão que Uchiha Sasuke sentia pela esposa.

Todos os nossos amigos estavam presentes. Solteiros, casados, com seus parceiros, noivos e namorados, com os seus duvidosos afazeres para ganhar a vida – ainda não descobri se Kiba é mesmo um prostituto, Shino se recusa a me dizer – e todas as suas loucuras. Meus pais também vieram, assim como o pai de Shino. Fiquei realmente chocada quando ele me perguntou se podia convidar o pai. Eu não sabia nem que ele tinha pai. Pra mim ele devia ter nascido como um daqueles deuses gregos, sabe? De uma nuvem ou do barro ou de uma chuva de homens maravilhosos. Com toda a perfeição que eu encontrei nesse entomólogo – tirando esse desgostoso trabalho dele – não pensei que fosse possível que ele tivesse nascido como os outros seres humanos.

Eu coloquei um vestido branco, algo meio simbólico. Uma fita azul era pregada na minha cintura e nas mãos eu não carregava nada. Pintei outra mecha dos meus cabelos de azul e elas ficaram caídas, emoldurando os dois lados do meu pescoço como cachos de céu. O resto do meu cabelo loiro foi preso pra cima.

- Olha aquilo, Inoshi! – ouvi minha mãe falando quando passei – Daqui a pouco ela chega a casa com o cabelo todo azul, com furos nas orelhas, com tatuagens de demônios...

- Querida... – Inoshi sorria, mas sua voz soou firme – Cale-se.

Shino estava do outro lado do corredor de mesas, me esperando com uma calça social e uma camisa verde casualmente aberta. Pela primeira vez em frente a outras pessoas, ele não usava seus óculos escuros. Não havia padre, pastor, oficial de justiça, música, buquê, tapete vermelho, orquestra, nada.

Havia nossos amigos, nossos familiares, as pessoas que nos amavam e a quem nós amávamos. Havia uma estufa de vidro, havia os meus aromas, havia os seus zumbidos. Havia nós dois e duas alianças douradas penduradas em correntes de prata. Nós as trocamos e colocamo-as em nossos pescoços.

Não é que nós queremos ser aquele casal totalmente do avesso, mas é que nós trabalhamos muito com as mãos e não queremos estragar os anéis, então decidimos que desse jeito seria mais prático. Idéia de Shino, é claro!

- Enquanto eu existir – Shino passou o braço pela minha cintura depois de colocar o colar em mim. Arrepiei com sua respiração em meu pescoço e com suas palavras - Vou manter você comigo.

Eu sorri e também o abracei enquanto os aplausos ecoavam. Quando voltei a encará-lo, ainda próximos o suficiente para encostarmos nossas testas, lágrimas finas saiam dos meus olhos:

- Você me faz borrar toda a maquiagem.

- Sua maquiagem sempre é a prova d'água – ele lembrou. Eu ri mais com o intenso conhecimento que ele insistia em manter sobre mim.

- Eu sou uma estabanada, chocólatra, consumista e falida... – comecei – Como você pode querer ficar comigo?

Shino deu de ombros.

- Os insetos mais previsíveis podem voar para as flores mais exóticas – ele respondeu simplesmente, como sempre.

Sobre os insetos eu não sei, mas tem coisa mais estranha do que eu e Shino juntos?

Só as posições sexuais de Sai e Itachi.

FIM


Olá!
Infelizmente, "Aromas e Zumbidos" chegou ao fim. Não sei vocês, mas eu vou sentir falta dessa Ino, gostei muito de escrever essa história, apesar de não ser um casal a qual eu estou acostumada. Os fluxos de pensamento dela, admito aqui, são um pouco da junção de todas as minhas amigas. Várias das coisas que ela dizia e pensava realmente passam pelas nossas cabeças, não é? Bom, passam pela minha.
Agradeço imensamente a todas as pessoas que acompanharam essa fic e tiveram paciência comigo. Infelizmente é um Epílogo curto, mas é eficiente para terminar com essa história. Agora eu preciso me encarregar das outras e das centenas de idéias novas que me ocorrem a todo tempo. Agradeço o carinho, as reviews e as críticas, agradeço a Pink Ringo por ter pedido essa fic e a todos que leram!

AGRADECIMENTOS:

Skadi Drevonuoir, Lell Ly, J P Sarutobi, Nara FC, Lust Lotu's, Camila, Pink Ringo(2), Jade Miranda(2), Nhá T., graci-chan, Luciana Fernandes(2), Luanaa, Hana-Lis, Hime No 01, S_L Mangaká(13) – reviews mandadas em outros capítulos, mas que eu agradeço aqui, V. Lovett(3) e Dika008.

OBRIGADA POR LEREM!
Beijos, Tilim! :)