AN: Drama, drama e mais drama nesse capítulo...

Alguns reviews acertaram o motivo da Lily estar daquela forma! Se bem que um deles teve um pensamento que eu realmente não havia pensado, de ser um bicho-papão! AMEI a idéia, embora não seja um bicho-papão... :D

Não vou mentir quando digo que eu esperava mais reviews pelo capítulo anterior, mas eu realmente não tenho posição de exigir nada. Não depois de ficar meses sem postar e depois fazer um capítulo com um final daquele.

Espero que as atualizações constantes que estou fazendo sejam uma boa demonstração de como eu estou melhor e de que como essa história nunca saiu da minha mente.

Bom, para encerrar essa Nota do Autor enorme, espero que vocês gostem desse capítulo e que eu não faça ninguém chorar com todo o drama dele... eu sei que eu mesma já chorei em frente ao computador lendo fics – sim, Kathryn, se você estiver lendo eu estou falando da sua fic...


Por Toda a Eternidade

Capítulo 22 – Efeitos Colaterais

"All I know

time is a valuable thing

Watch it fly by as the pendulum swings

Watch it count down to the end of the day

The clock ticks life away"

Linkin Park - "In The End"

James POV

"LILY!" Eu grito, enquanto corro até o corpo dela, que está a poucos metros de mim.

Eu não acredito no que eu estou vendo. Eu não quero acreditar no que eu estou vendo.

Eu me ajoelho ao lado dela e a primeira coisa que faço é segurar o punho dela, a procura de um pulso. Felizmente eu sinto o pulso dela. Um pulso fraco. Mas tem pulso. Ele está presente, me deixando um milésimo mais tranqüilo.

Ela está viva.

Ainda bem que ela está viva.

Mas ela está desacordada, deitada de barriga para baixo e com muito sangue em volta dela. "Lily! Lily!" Eu falo o nome dela repetidamente, enquanto a viro com muito cuidado e vejo que ela tem mais sangue na camisa e no rosto. Mas eu não consigo ver a fonte desse sangue todo. Eu não sei aonde alguém a machucou. Depois de tudo que ouvi hoje, os meus olhos vão automaticamente para as pernas e a virilha dela, tentando ver algum indício que tenha acontecido com ela o que aconteceu com a Emily. Mas o sangue está bem espalhado. Eu não consigo ter certeza do que causou isso nela. Eu não consigo saber se alguém a machucou, eu não consigo saber de nada...

"Lily!" Eu a chamo, tentando acordá-la. "Vamos, Lily, acorda!"

Mas ela não acorda. Eu chamo o nome dela mais vezes e nada. O pulso dela está ficando mais fraco.

"Vamos, amor, acorda." Eu imploro e até chego a dar alguns tapas no rosto dela, forçando-a a acordar, mas não adianta de nada. Sabendo que eu tenho que fazer algo, eu a seguro no colo e falo com ela, como se ela pudesse me ouvir, "Eu vou te levar para a Ala Hospitalar. Madame Pomfrey vai saber o que vai fazer." Ela tem que saber o que fazer.

Enquanto corro até a Ala Hospitalar eu me forço a manter a calma. Eu tenho que manter a calma. Se eu entrar em desespero, como entrei quando a vi no chão depois de cair da vassoura, vai ser pior ainda. Quando eu chego em frente as portas fechadas da Ala Hospitalar eu as abro com um chute forte, já que meus braços estão ocupados.

"Madame Pomfrey! Madame Pomfrey!" Eu grito.

Ela responde, virada de costas para mim, ao lado da cama de algum aluno. Não sei quem é. Não me importo."O que é isso!? Isso não é jeito de..." e ela se vira e vê a Lily. Os olhos dela se arregalam na mesma hora. "O que houve?"

"Eu não sei..." Eu falo, balançando o rosto sem parar. "Eu encontrei ela assim."

"Coloca ela aqui! Rápido, Sr. Potter!" Ela aponta para uma cama e eu deito a Lily com muito cuidado. Afinal, eu não sei aonde ela está machucada. "Targeo!" Ela fala, apontando a varinha para a Lily, para sumir com o sangue dela e descobrir a fonte desse sangue todo. Como fez quando a Lily caiu da vassoura, depois que recebeu uma porrada do balaço.

Mas diferente daquela vez, não parece existir uma fonte.

"Não parece ter nenhuma ferida visível." Ela diz, olhando espantada para a Lily. Ela olha para mim e pergunta mais uma vez, "Você realmente não sabe o que aconteceu?"

"Não! Eu entrei no meu dormitório e ela estava assim!" Eu seguro acaricio a cabeça da Lily enquanto pergunto, "O que ela tem?"

"Pode ser um veneno..."

"Veneno?" Eu falo, espantado. Alguém envenenou a Lily? Quando conseguiram fazer isso? "Acho que não. Ela estava no meu dormitório. Só ela, os outros Marotos e eu temos a senha. Ninguém mais sabe. Ninguém mais conseguiria entrar."

"Nem todo veneno age na mesma hora, Sr. Potter." Ela diz, enquanto aponta a varinha para várias partes do corpo da Lily. "Alguns demoram horas para dar o primeiro efeito. Seria muito mais fácil se eu tivesse a fonte do que causou isso nela."

"Eu não sei o que foi..." Eu falo, bagunçando o meu cabelo sem parar e me sentindo cada vez mais e mais inútil. Se alguém a envenenou durante a janta, seja na bebida ou na comida dela, é impossível de se conseguir agora. "Eu não sei..."

"Chame o Prof. Slughorn! Agora!" Ela ordena.

Eu olho para a Lily. Eu não quero deixá-la aqui. A sensação que eu tenho é que eu vou deixá-la aqui e que eu nunca mais vou vê-la. Mas eu tenho que deixá-la, eu tenho que buscar o Prof. Slughorn. Ele pode ser a única chance dela.

"Sr. Potter, busque o Prof. Slughorn!"

Eu respiro fundo e forço as minhas pernas a se moverem para longe dela e depois pelas portas da Ala Hospitalar. Enquanto eu subo correndo as escadas, na direção do escritório do Prof. Slughorn, eu pego o espelho."Sirius! Sirius! Sirius!" Eu chamo meu melhor amigo sem parar. "Porra, atende! Sirius!"

"Calma Pontas, já estou aten-" Ele olha para mim pelo espelho em movimento na minha mão e arregala os olhos na mesma hora. "O que houve?"

"Lily, cara." Eu falo, tentando controlar a minha voz, "Eu voltei para o quarto... ela estava caída no chão..."

"O quê?"

"Cheia de sangue..." As lágrimas que eu venho segurando desde que vi o meu maior pesadelo se tornar verdade começam a escorrer.

"Como?" Eu ouço agora a voz do Remus.

"Ela está na Ala Hospitalar."

"O que aconteceu, James?" Remus diz.

"Eu não sei. Madame Pomfrey também não sabe. Acha que ela foi-" A minha voz falha, fica presa na minha garganta. "envenenada."

"Envenenada?" Almofadinhas diz, espantado.

"Estou indo buscar o Prof. Slughorn."

"Você está aonde?" Remus pergunta e eu olho em volta.

"Terceiro andar. Cortando caminho para o quinto andar."

"A gente vai encontrar com você." E desliga o espelho.

Quando estou subindo as escadas do quinto para o sexto andar, os três me alcançam e continuamos a subir.

"Prof. Slughorn! Prof. Slughorn!" Eu chamo, enquanto esmurro a porta do escritório dele sem parar! "Prof. Slughorn!"

Depois de um tempo a porta se abre e ele aparece, surpreso. "Sr. Potter!" E olha para os três garotos atrás de mim. "O que houve?"

"É a Lily, Senhor. Ela está na Ala Hospitalar. Parece que envenenaram ela."

"Srta. Evans!?" Ele pergunta, surpreso.

"Sim, senhor. Madame Pomfrey pediu para eu te chamar. Vamos rápido, ela não está bem."

"Sim, sim, claro!" Ele diz, fechando o enorme roupão que ele está vestindo. Eu saio correndo para voltar para a Ala Hospitalar, com os Marotos logo ao meu lado, e o velho professor fica para trás, tentando correr atrás de nós.

Em poucos minutos, nós quatro entramos na Ala Hospitalar e vejo que as cortinas em volta da cama da Lily estão puxadas. Eu nem olho para o outro aluno.

"Madame Pomfrey!" Eu chamo, andando até a cama aonde sei que a Lily está deitada.

Ela abre um pouco as cortinas e sai, olhando para nós quatro e diz, "Onde está o Prof. Slughorn?"

"Ele deve estar vindo." Sirius responde por mim. Eu, que já cheguei ao lado da cortina, coloco a mão nela para abrir, mas a curandeira coloca a mão na minha e diz,

"Você não pode entrar aí."

"Como não?" Eu falo indignado, com o tom de voz mais alto. Ela não vai me impedir de ver a Lily.

"Minha paciente está em estado grave e não está em condições de ver ninguém."

"Eu vou ver a Lily!"

E coloco a mão na cortina de novo.

"Sr. Potter, eu preciso que você se retire! Você já fez o que podia pela paciente. Agora ela precisa de cuidados profissionais e adequados." Ela olha para a porta e eu olho para trás e vejo o Prof. Slughorn completamente sem fôlego entrando na Ala.

"Eu só quero ver a Lily." Eu praticamente imploro.

"Eu já disse que não pode."

Eu sou consumido pela raiva contra essa bruxa que não me deixa ver como a minha Lily está e pego a minha varinha e aponto enfurecido para a bruxa, sem nem pensar no que eu estou fazendo.

"Calma, Pontas." Sirius diz, segurando o braço que segura a minha varinha. Remus segura o outro braço e também fala para eu me acalmar.

"Vocês quatro, se retirem!" A curandeira diz, "Que bom que chegou, Horace, eu preciso que você veja isso..."

"Isso o quê? O que está acontecendo com ela?" Eu falo, tentando me soltar dos braços dos meus amigos.

"Vamos, James." Almofadinhas diz.

"Me soltem!" Eu digo, mas não consigo me soltar e ele e Aluado me carregam para fora da enfermaria, enquanto eu me debato sem parar. Quando saímos, Peter fecha a porta da ala.

"Por que vocês me tiraram de lá?" Eu grito. "Eu preciso ver como ela está."

"James," Remus diz, colocando uma mão no meu ombro. "Madame Pomfrey precisa trabalhar. Você ia atrapalhar lá. Todos nós íamos atrapalhar."

"Eu tenho que vê-la... Eu preciso vê-la. Vocês não viram o estado dela."

"O que aconteceu, James?" Aluado pergunta.

"Eu te disse... eu cheguei no quarto e ela estava caída no chão... cheio de sangue... eu achei que alguém tivesse atacado ela... Mas a Madame Pomfrey acha que é veneno."

"Veneno?" Aluado diz, pensativo. "Acho que não. Mas pode ser..."

"Pode ser o quê?" Eu pergunto.

"Talvez..." ele continua.

"Porra, Aluado, se você sabe de alguma coisa fala logo!" Almofadinhas perde a calma por mim.

"Talvez ela não tenha sido atacada, mas talvez também não seja veneno..." Aluado diz.

"O que você quer dizer? Você sabe o que aconteceu com a Lily?"

"Não..." Ele balança a cabeça. "Mas... E aquela poção que ela estava fazendo?"

E ele começa a correr.

"A poção?" Eu pergunto, saindo do transe e correndo atrás dele. Será que foi a poção? "Mas a Lily é ótima em poções para fazer uma poção que desse errado desse jeito! E ela jamais faria algo de propósito contra ela mesmo!"

"Pode ter sido algum acidente." Remus diz, correndo. "Algo que ela não esperasse."

Quando entramos no meu dormitório Remus e eu vamos correndo até a mesa aonde a Lily estava trabalhando. O fogo não existente embaixo do caldeirão, cheio de poção, mostra que ela terminou de preparar o que quer que seja que estivesse preparando.

"Eu não reconheço isso." Eu falo, olhando para a poção. Não adianta eu tentar identificar a poção pelo cheiro, porque ainda estou sobre o efeito do feitiço da Lily de retirar o olfato. Alem do que, eu não sou muito bom em poções...

"É uma poção anticoncepcional." Remus diz, e eu olho para ele espantado. Então era nisso que ela estava trabalhando. Será isso que a deixou nesse estado?

"Olha isso!" Almofadinhas diz e nós dois olhamos para trás. Ele está parado em pé apontando para uma taça virada no chão, com líquido esparramado dela. Bem ao lado de aonde a Lily estava sangrando. Como eu não vi essa taça antes?

"Com certeza foi a poção!" Eu falo, vendo que o líquido que está no chão é idêntico ao que está dentro do caldeirão.

"Madame Pomfrey precisa saber disso!" Aluado diz.

Eu pego um frasco e coloco um pouco de poção dentro dele. Fecho e saio correndo mais uma vez na direção da Ala Hospitalar, só que agora com os meus 3 amigos ao meu lado.

X

"Madame Pomfrey! Madame Pomfrey!" Eu grito mais uma vez, assim que abro as portas da enfermaria.

Ela sai de dentro das cortinas que envolvem a cama da Lily com uma aparência horrível. Será que ela piorou? Eu não posso pensar nisso agora, eu preciso me focalizar. "Foi isso que ela tomou!" Eu falo, com o pequeno frasco bem preso entre os dedos da minha mão esticada.

"Você descobriu o que a envenenou?" Slughorn diz, também saindo das cortinas. "Isso é ótimo! Porque o Bezoar não funcionou nela! E são raros os venenos em que não funciona!"

Mas a Madame Pomfrey não parece ouvir o professor. Ela já tirou o frasco com a poção da minha mão e está o analisando. "Isso aqui é..."

"Poção Anticoncepcional." Eu falo.

"Mas..." Madame Pomfrey parece confusa. "Ela não é uma das alunas que veio pegar essa poção comigo." E olha para o frasco. "E eu preparo uma poção anticoncepcional diferente."

"Ela mesmo que fez." Aluado diz. "Fez hoje."

"Deixe-me ver isso." Prof. Slughorn diz, incrédulo, pegando o frasco da mão da curandeira. "Não acredito que Lily Evans tenha errado uma poção."

Ele abre o frasco e cheira a poção, depois gira o frasco com a poção dentro, e diz, "Está perfeita. Absolutamente perfeita. Uma obra de arte. Não é possível que isso seja a causa."

E a pouca esperança que eu tinha é completamente destruída por essas palavras dele. "Não..." Eu praticamente imploro, "Tem que ser isso. Tinha um copo no chão com essa poção e ela estava caída logo ao lado."

"É verdade, professor." Aluado diz. "Parece que isso foi a última coisa que ela bebeu."

Mas Prof. Slughorn simplesmente balança o rosto sem parar, dizendo, "Não, não... isso está absolutamente perfeito... não... não é isso..."

"Tem que ser isso!" Eu grito. "Não tem outra explicação!"

"A não ser..." Slughorn diz, pensativo, mexendo sem parar no bigode dele.

"O quê?" Eu pergunto, novamente me deixando ficar esperançoso.

"Existem várias poções anticoncepcionais. Vários tipos de poções que tem que ser administradas diferentes. Temos que saber da onde ela tirou essa poção. Porque não é normal uma poção dessas causar o que aconteceu com essa garota."

"Eu sei de qual livro ela pegou!" Aluado diz, e todos olhamos para ele.

"Então pega esse livro, garoto!" Slughorn diz.

"Vamos, Remus!" Eu falo, pegando o meu amigo pelo braço e saímos correndo mais uma vez, só que agora na direção da biblioteca.

Quando chegamos em frente a porta da biblioteca, vemos que está trancada. "Alohomora!" Eu falo, e a porta se abre.

"Na Seção Restrita!" Aluado diz, enquanto Almofadinhas acende algumas das velas da biblioteca.

"Qual livro?" Eu pergunto para ele.

Ele olha em volta sem parar.

"Qual livro, Remus?"

Ele não me responde, só olha em volta, balançando o rosto. "Não estou achando. Não está aqui."

"Como!?"

"Alguém deve ter pego! Não está aqui!"

"Porra!" Eu falo, e chuto uma estante de livros.

"Achei! Achei!" Ele diz, pegando um livro e saindo da área da Seção Restrita.

"Porra, Aluado!" Almofadinhas diz, "Assim o Pontas tem um treco!"

"Foi mal!" Aluado se desculpa, "Mas eu também estou nervoso!"

Ele coloca o livro em cima de uma mesa e o abre, enquanto Peter segura uma vela acesa bem próximo, para que ele consiga enxergar. Ele folheia as páginas do livro rapidamente, procurando a poção que a Lily fez.

"Aqui!" Ele pára em um página, com o dedo em cima das palavras Poção Anticoncepcional.

"Finalmente!" Eu falo, e faço uma orelha na página e fecho o livro e saio correndo da biblioteca para a enfermaria, mais uma vez. Quando eu entro, eles não estão a vista de novo. Com certeza estão dentro das cortinas que fecham a cama da Lily.

"Madame Pomfrey!" "Professor Slughorn!" Nós quatro chamamos e os dois saem das cortinas.

"Conseguiram?" Prof. Slughorn pergunta. "Acharam?"

"Sim!" Eu falo, abrindo o livro em cima de uma cama vazia, na página que eu havia marcado. "Aqui!" Eu aponto para o título e Slughorn tira o livro de cima da mesa e começa a ler.

"Hmm... Hmm..." Ele diz lendo e o meu nervosismo só aumenta. "Pode ser isso..."

"Isso o quê?" Eu pergunto.

"Mas eu não suponho que vocês saibam..." Ele olha para nós quatro duvidoso, "Quando o ciclo da Srta. Evans começa?"

Essa é uma pergunta que eu realmente não esperava ouvir.

"Como?" Eu pergunto, perplexo, "Qual a importância disso?"

"É que está escrito aqui, meu garoto," E ele lê um parágrafo do livro, "Porem, esta poção tem que ser administrada pela primeira vez no primeiro dia do ciclo menstrual, senão a bruxa poderá sofrer de severos efeitos colaterais."

"Severos efeitos colaterais!?" Eu pergunto, assustado.

"Eu acho que ela deve estar quase no ciclo." Almofadinhas diz e eu olho para ele espantado.

"Como você sabe disso?"

"Ela pareceu estar com TPM hoje mais cedo, Pontas." Ele diz, balançando o ombro.

"Como?"

"Você sabe... Ela estava com muita alteração de humor. Você sabe disso. Além do que, ela estava muito mais chorona do que normalmente é. Afinal, você raramente vê Lily Evans chorar. E também..." E ele pára.

"Também o quê?" Eu pergunto.

Ele dá alguns passos para trás, para longe de mim e diz, "Você não vai gostar de ouvir isso..."

"Sirius, desembucha!" Aluado diz, também nervoso.

"Os seios dela estavam inchados."

"O QUÊ? O que você estava fazendo olhando para os seios da minha namorada!?"

E, somando com tudo que já aconteceu nessa noite, eu avanço no meu melhor amigo, mas sou segurado na mesma hora pelos outros dois Marotos.

"Eu disse que você não ia gostar! O que eu posso fazer se eu sou muito observador com as mulheres, e ela é uma mulher? Mas é verdade! Ela com certeza estava com TPM hoje."

"Isso não é jeito de agir dentro de um hospital!" Madame Pomfrey diz, olhando para mim espantada.

Eu respiro fundo e me controlo. Ignoro a curandeira e olho para o Prof. Slughorn, ainda sendo segurado pelos dois. "E se ela realmente estiver com TPM?"

"Aí, meu garoto..." Ele respira fundo, olhando para o livro, e fala mais baixo. "complica..."

"O quê?" Eu grito de novo. "Complica o quê?"

"Já chega!" Madame Pomfrey diz, "Agora já chega! Vocês quatro! Para fora! Vocês ajudaram muito, mas agora para fora! Prof. Slughorn e eu temos que trabalhar!"

Então eu sou carregado para fora da Ala Hospitalar pelos três marotos e vejo a porta sendo fechada magicamente pela curandeira.

"O que será que ele quis dizer com complica?" Rabicho pergunta.

"Não sei, Peter." Aluado responde.

Eu fico parado olhando para a porta fechada, e a única coisa que passa pela minha mente é, 'Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo...', repetidamente. "Eu tenho que ver como ela está."

"Pontas, ela está bem." Almofadinhas diz, colocando uma mão no meu ombro.

"Vocês não viram como ela estava." Eu coloco a mão dentro do meu uniforme, pegando a capa da invisibilidade. A capa que a Lily usou a poucas horas, mas parece que foi a tanto tempo. "Eu preciso ver se ela está bem." E sumo embaixo da capa.

Eu abro a porta lentamente, com muito cuidado para ela não fazer nenhum barulho e entro mais uma vez na enfermaria. Parece que o aluno da outra cama está dormindo e eu caminho até a cama da Lily, que ainda está fechada pela cortina que a envolve. Madame Pomfrey e o Prof. Slughorn estão conversando lá dentro, então eu não posso entrar sem chamar atenção dos dois para uma cortina se abrindo sozinha. Mas eu posso ouvir o que eles estão conversando.

"Já é complicado fazer com que ossos cresçam novamente," Madame Pomfrey fala, "Mas órgãos inteiros é muito mais complicado."

Órgãos? Quais foram os efeitos dessa maldita poção, afinal?

"Alguns órgãos estão só comprometidos, mas outros estão completamente afetados." Madame Pomfrey diz, e eu tenho que me sentar na cama ao lado para não cair no chão. "O estômago dela está muito comprometido. Eu consegui parar o sangramento interno com um feitiço, mas eu preciso de uma poção para restaurá-lo completamente. Será que você pode fazer essa poção, Horace?"

"Claro! Claro que eu faço!"

"Eu poderia pedir de St. Mungus, mas com a guerra eles estão muito mais burocráticos e com o estoque muito baixo. Demoraria muito até chegar aqui."

"Vou começar agora mesmo."

"Também preciso de uma poção para restabelecer as funções do útero e dos ovários dela. Como eram o alvo da poção, foram os órgãos mais comprometidos. Muito comprometidos."

"Sem nenhum problema, Poppy. Eu faço as três poções ao mesmo tempo. Só que elas não vão ficar pronta ao mesmo tempo."

"Eu acho que eu tenho a quantidade necessária de vias de poções de repor o sangue, mas ela pode precisar mais. Ela perdeu muito sangue. Se o garoto Potter não tivesse agido tão rápido..."

Eu não quero nem pensar no que teria acontecido com a Lily se eu tivesse decidido ficar no dormitório dos garotos, ajudando o Sirius a aperfeiçoar as novas peças que ele pensou hoje. Não quero nem pensar no que eu faria se eu chegasse no nosso dormitório tarde demais, só porque estava trabalhando em azarações a fazer nos Sonserinos idiotas.

"Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me avise Poppy." Então ele hesita e fala, "Quando você acha que ela vai sair do coma?"

Coma?

"Não sei, Horace. Só o tempo dirá. Ela pode acordar amanhã, assim como pode acordar daqui a uma semana, ou mais. É natural que isso ocorra quando o corpo sofra do jeito que o dessa menina sofreu. Mas eu acho que quando ela se estabilizar por completo, ela vai acordar."

Essa noite só fica pior...

"Bom, eu vou ao trabalho então." Ouço o Slughorn respirar fundo, e falar, "Não consigo entender isso. Uma aluna tão brilhante cometer esse erro tão grave. Não dá para entender." Então ele abre a cortina para sair e eu aproveito que ele é bem largo para entrar rapidamente, antes que ele a feche novamente.

Mesmo com a pouca claridade fornecida pelas velas eu vejo que a Lily está muito mais pálida do que o normal. Além disso, tiraram o uniforme dela e a vestiram em um jaleco branco do hospital, o que a deixa com o aspecto mais pálido ainda. Eu focalizo no movimento do peito dela, que sobe e desce com cada respiração dela. Já é uma respiração mais forte do que quando eu a trouxe aqui, e isso é um pouco consolador. Mas depois de tudo que eu ouvi a curandeira dizer, isso me consola muito pouco, porque afinal, ela não está nada bem internamente.

Madame Pomfrey pega uma poção bem vermelha da mesinha ao lado da cama da Lily e abre a boca dela com a outra mão.

"Vamos, menina." Ela fala, "Beba isso." Enquanto ela joga o líquido aos poucos, ela move a mão que estava abrindo a boca da Lily para o pescoço e começa a fazer alguns movimentos. Provavelmente ela está ajudando a Lily a engolir a poção. Ela repete esse ato algumas vezes, até que a Lily tenha engolido todo o líquido do frasco, e depois ela sai do lado da cama, abrindo e fechando a cortina novamente, e eu fico sozinho com a Lily.

Eu me sento no canto da cama, ao lado dela, e acaricio o rosto dela levemente. Eu consigo sentir pelo fino tecido que separa a minha mão da pele dela que a temperatura das bochechas dela está muito baixa, e isso me assusta. Eu seguro a mão direita dela, também sobre a capa da invisibilidade, e também percebo que a mão dela está tão gélida quanto suas bochechas. Olho em volta e vejo um coberto embaixo da mesa que fica ao lado da cama. Eu esforço a minha audição, para tentar ouvir se a Madame Pomfrey está caminhando para cá, só que não ouço nada. Então eu retiro a capa da invisibilidade rapidamente, pego o cobertor e cubro a Lily com ele. Mas logo depois eu visto a capa novamente. Não quero correr o risco de ser visto sem ela e ser retirado daqui mais uma vez.

Lentamente a temperatura da Lily vai subindo, e nesse tempo eu penso em quanto eu estive perto de perdê-la. Na verdade, eu penso que eu ainda nem a tenho de volta. Pelo que me parece, ela está em um estado estável, mas ainda precisa de muita atenção. Precisa de muitos cuidados.

Mas pelo menos eu não a perdi.

E pensar que eu quase perdi a Lily por causa de uma poção anticoncepcional. Porque queremos fazer sexo sem ter as conseqüências de um filho. Maldita foi a hora que eu perguntei para ela se ela conhecia algum feitiço ou poção para isso. Será que ela se sentiu forçada por mim a fazer sexo? Será por isso que ela resolveu fazer essa poção tão rápido, e ainda por cima tomar a poção antes do período inicial indicado pelas instruções?

Mas eu nunca achei que isso fosse acontecer. Lily é tão boa em Feitiços e Poções que eu achei que ela não teria nenhum problema. Nunca passou pela minha cabeça que teríamos uma conseqüência desse tipo.

Nessas horas, um filho como conseqüência parece algo maravilhoso. Mesmo estando na escola, mesmo que o pai dela me esganasse por engravidar a filhinha dele, mesmo que a minha mãe também me esganasse depois que o pai dela terminasse o serviço, seria uma junção de nós dois. Em vez dessa poção maldita que por muito pouco não foi a destruição da Lily.

Além do que, nós dois podemos esperar. Afinal, existem outras formas de nos divertimos sem fazer sexo. Ela não precisa dessa poção. Nós podemos esperar.

O que eu não posso é perder a Lily. E jamais por culpa minha. Jamais por algo que eu insisti.

X

Eu passo a noite ao lado dela. Quando dá meia noite eu me sento no banco ao lado da cama e encosto a cabeça no colchão e adormeço como fiz a poucas semanas, em um acontecimento muito similar. Por volta das duas da manhã, o Prof. Slughorn aparece com mais uma das poções que a Madame Pomfrey havia pedido e eu acordo. Novamente a curandeira força a Lily a tomar a poção, mas ela não tem nenhuma reação. Simplesmente continua dormindo.

Quando amanhece, sou acordado do meu sono leve pelos dois de novo.

"Alguma melhora?" Prof. Slughorn pergunta.

"No estômago dela sim. Mas vai demorar ainda para que se recupere por completo."

"A poção do útero já está pronta." Ele entrega um frasco para ela, e ela mais uma vez abre a boca da Lily para colocar a poção, mas quando ela ergue a Lily ela começa a tossir sem acordar. Mas está tossindo sangue. E ela tosse sem parar. Na mesma hora eu me levanto, ainda invisível, e deixo a cadeira cair no chão. A curandeira e Slughorn olham rapidamente para mim, mas quando não vêem nada, voltam a cuidar da paciente deles.

"Cospe tudo menina." Madame Pomfrey diz, virando o rosto da Lily para o lado e o sangue cai no travesseiro dela. "Coloca para fora."

"Isso é normal?" Slughorn pergunta, tirando as palavras da minha boca.

"Mais ou menos. O melhor seria que isso não acontecesse, porque isso significa que ela vai precisar de mais poções de repor o sangue. Mas também não é muito grave. Assim que o estômago dela se restabelecer por completo, isso vai parar."

Eu respiro aliviado enquanto assisto a Lily cuspir mais e mais sangue. Por mais que a curandeira tenha dito, isso não parece ser normal e me deixa nervoso.

"Só tenho que tomar cuidado para ela não engasgar com o sangue," ela diz. Quando a Lily finalmente pára de tossir, ela tira o travesseiro, colocando-o no cesto de roupa suja e pega outro para a Lily. "Isso sim pode ser perigoso." E então ela coloca a poção que o Prof. Slughorn entregou antes dela começar a tossir na boca da Lily. Depois ela passa a mão pela testa da Lily e diz, "Também preciso de uma poção para abaixar a febre. Essa menina está ardendo de febre."

"Não seria melhor se a Srta. Evans fosse removida para o St. Mungus?" Slughorn pergunta.

"Seria, mas eles não tem vaga. Estão lotados e alem disso disseram que não tem as poções necessárias para cuidar dela lá. Albus insistiu muito ontem a noite mas eles negaram, dizendo que ela estaria muito melhor aqui. Mas eu sou uma só para cuidar de todos os alunos, e ela tem que estar em observação constante."

Eles saem pela cortina e eu fico parado olhando de novo para a Lily. Se eu já não queria sair daqui antes, agora então que tem o risco dela se sufocar enquanto a Madame Pomfrey auxilia outro aluno, que eu não saio mesmo.

Algum tempo depois, eu ouço a voz do Aluado e do Almofadinhas do lado de fora da cortina.

"Nós só queremos ver como ela está." Aluado diz. "Não vamos demorar."

"Ela não está em condições para receber visitas." A curandeira responde.

"Não vamos atrapalhar a recuperação dela." Almofadinhas tenta argumentar. "É rápido."

"5 minutos. Não mais do que isso!"

"Obrigado." Aluado agradece, e ouço os passos deles se aproximando e logo depois eles abrem a cortina. Depois que Almofadinhas fecha, Aluado faz um feitiço de silêncio, e fala, "Pontas?"

Eu tiro a capa da invisibilidade de cima de mim, mas não me levanto, simplesmente continuo sentado em cima da cama dela.

"Como que ela está, cara?" Almofadinhas pergunta, colocando uma mão sobre o meu ombro e olhando para a Lily.

"Estável." Eu paro de olhar para a Lily e olho para os meus amigos. "Ela está em coma. Mas está muito mal. Alguns órgãos dela pararam de funcionar. Ela deveria estar em St. Mungus, mas eles não tem vaga..." Meus olhos começam a arder e eu passo os dedos por eles, por baixo do óculos. Parece que contar o que está acontecendo com ela faz com que eu perceba o quanto isso é verdade e o quanto a vida dela está por um fio.

Almofadinhas aperta o meu ombro, e diz, "Ela vai sair dessa, Pontas, você vai ver."

"Ela tem que sair dessa."

"Mas você mesmo disse que ela está estável." Aluado diz."Isso é uma boa notícia."

Depois de um tempo Aluado pergunta, "Você passou a noite aqui?"

"Aham."

"Mas você tem que comer alguma coisa. Mudar de roupa pelo menos."

"Não. Alguém tem que ficar com ela. Eu não vou deixá-la sozinha."

"Madame Pomfrey com certeza vai cuidar dela."

"Mas a Lily pode precisar de cuidados imediatos," como precisou a poucas horas atrás, "E a Madame Pomfrey pode estar ocupada."

"Pontas..."

"Eu não vou sair daqui."

"Pontas, você pelo menos tem que se alimentar. Senão vão ser dois doentes aqui. Ela e você."

"Não estou com fome."

"Você vai assistir as aulas?"

"Não."

Vendo que não adianta argumentarem comigo, eles não falam mais nada. E quando os cinco minutos deles passam, eles desfazem o feitiço, eu volto para baixo da capa da invisibilidade e eles saem da enfermaria e eu fico aqui.

Algumas horas depois, perto da hora do almoço, Prof. Slughorn aparece com a terceira poção e a Madame Pomfrey administra na Lily. E algumas horas depois disso, Prof. Dumbledore entra pelas cortinas. Só que em vez dele olhar para a Lily, ele olha diretamente para onde eu estou, sentado na cadeira ao lado da cama dela e completamente invisível.

Assim como os meus amigos fizeram, ele também faz uma poção de silêncio, e diz, "Boa tarde, Sr. Potter."

Como não tem mais jeito, eu tiro a capa da invisibilidade e falo, "Boa tarde, professor."

Ele olha com um brilho no olhar rapidamente para a minha capa e diz, "Magnífica capa."

"Está na minha família a gerações."

"Acho que isso explica muitas das peças que não podemos provar que foram de autoria dos Marotos."

Eu não falo nada, só balanço os ombros.

Ele olha para a Lily e diz, "De acordo com as histórias que vem corrido pela escola desde ontem, eu deveria assumir que encontraria o Sr. Black aqui."

Até o Diretor ficou sabendo dos boatos?

"Mas de alguma forma eu não consegui acreditar naquelas histórias." ele olha para mim, e continua, "E parece que eu estava certo."

O que ele quer? Que eu discuta a minha relação com a Lily com ele? Com o Diretor? Não mesmo. Por mais que ele seja meio doido, eu não vou falar nada, então eu balanço os ombros mais uma vez.

"Sabe, está no horário de visitas." Eu sei disso, está no fim do horário do almoço. Uma Mary em prantos também já veio visitar a Lily. "Você não precisava estar invisível."

Eu ignoro os comentários dele e pergunto. "Por que ela não está no St. Mungus? Ela deveria estar lá."

"Sim, deveria." O brilho no olhar dele some. "Mas eles me disseram que estão super lotados. Eu tentei uma transferência, James. Mas a Srta. Evans também está sendo muito bem cuidada aqui, eu tenho certeza disso."

"Mas a Madame Pomfrey pode estar ocupada com outro aluno enquanto ela-"

"Você pode ter certeza que a Srta. Evans é a prioridade aqui. Alem do que, só tem ela e o Sr. McCarty aqui na enfermaria."

"Gregory está aqui?" Eu pergunto. Será ele o aluno que estava sendo atendido pela Madame Pomfrey quando eu cheguei com a Lily ontem? Eu nem olhei para a cara dele. Bom, depois de tudo que ele ouviu ontem a noite, com certeza os boatos da Lily estar com o Sirius vão acabar.

"Ele estava treinando sozinho ontem com balaços e acabou se ferindo." Ele sorri e diz, "E mais uma vez a Poppy me diz o quanto é perigoso ter esse esporte em Hogwarts. Mas ele já vai ser liberado, e a Srta. Evans vai ter atenção exclusiva. E eu acho que estou certo em supor que você não saiu do lado da Srta. Evans a manhã inteira." E ele olha para mim, e continua, "Com essa sua capa magnífica talvez a noite inteira também. Mas realmente seria uma tragédia se a Srta. Evans acordasse para ver que você está na cama ao lado, desnutrido por causa dela."

"Não tenho fome."

"Eu imagino. Mas tente, pelo menos. Ainda está na hora do almoço e eu também não me almocei. Você me acompanha?" Eu pego a minha capa, para eu voltar para cá assim que entrarmos no Salão Principal, mas ele me impede. "Visível, Sr. Potter. Os alunos já acham que eu tenho alguns parafusos a menos. Imagina o que achariam se me vissem entrando pelo Salão Principal conversando sozinho e sem nenhum fantasma por perto. Não seria nada bom para a minha reputação, certo?" E o brilho no olhar dele retorna.

No caminho para o Salão Principal passamos por alguns alunos, que olham assustados para o estado do Monitor Chefe. Com certeza ainda não começaram os novos boatos, já que o Gregory ainda está na Ala Hospitalar.

"Eu sei que isso deve ser difícil para você, James." Dumbledore diz, enquanto caminhamos lado a lado pelos corredores. "Mas você não pode parar a sua vida. Você tem as suas responsabilidades a cumprir. Afinal, você é o Monitor Chefe, e não é um exemplo muito bom ter o Monitor Chefe matando aulas. Você vem fazendo um trabalho muito bom, e eu odiaria ter que te repor como Monitor Chefe."

"Imagina o susto da Srta. Evans ao acordar e perceber que você não é mais o Monitor Chefe e ela tem que dividir as tarefas com outro aluno. Talvez um Sonserino... Mas eu odiaria ter que fazer isso... Bom, pense bem nisso..."

Nesse ponto já estamos no Salão Principal e ele sai do meu lado para se sentar na mesa dos professores. Mas eu olho para ele espantado. Ele está ameaçando colocar o Snivellus na minha posição?

Eu vou direto para a mesa da Grifinória, ignorando o silêncio repentino que se criou assim que eu entrei. Eu me sento ao lado dos meus amigos, ainda em silêncio. Eles não falam nada enquanto eu como rapidamente.

Quando me levanto para voltar a enfermaria, me deparo com uma aluna do sexto ano atrás de mim. Jennifer, uma das amigas da Emily.

"Posso conversar com você, James?" Ela pergunta, com a voz muito baixa. Vejo que os olhos dela estão muito vermelhos.

"Claro, Jennifer."

E entramos em uma sala de aula vazia, próxima ao Salão Principal.

"Eu sei que parece que eu estou me intrometendo..." Ela começa, falando muito baixo. "Mas depois do que aconteceu com a Emily e eu não vi a Lily hoje, e a Mary não pára de chorar, e você apareceu nesse estado no Salão Principal... Aconteceu alguma coisa com a Lily?"

"Sim."

E ela começa a chorar, "Eu sabia que a Emily deveria contar. Ela não quer contar, mas as pessoas tem que saber. Tem que saber que tem que tomar cuidado."

Como teoricamente eu não sei de nada, já que o Aluado disse que não ia contar para ninguém, eu me faço de desentendido. "O que aconteceu com a Emily?"

"O que aconteceu com a Lily?" Ela sabe que, se fosse a mesma coisa, eu ligaria uma coisa a outra.

"Foi efeito de uma poção mal feita." Eu minto. A poção estava excelente, a administração da poção que foi completamente errada. "Mas o que aconteceu com a Emily?"

"Eu não posso falar." Ela fala.

"Acho que você não precisa falar." Eu finjo ter descoberto o que houve pela reação dela. "Ela tem que contar para o Diretor, Jennie."

"Eu sei, mas ela não quer."

"Você é amiga dela, tenta convencê-la a falar. Não foi isso que aconteceu com a Lily, mas poderia ter acontecido. Ou com outra garota. Os professores tem que estar cientes disso."

"Eu vou tentar." Ela diz e depois olha para mim e pergunta, "Mas a Lily está bem?"

"Médio."

"Isso deve estar sendo horrível para você. Eu sei o quanto você gosta dela."

É... ela realmente sabe...

"Você não tem noção, Jennie."

Ela coloca uma mão no meu ombro e diz, "Ela vai sair dessa, James, eu tenho certeza. Mas me faz um favor..."

"Fala."

"Muda de roupa. Você está realmente assustador assim. Lily não vai gostar de te ver assim."

"Todo mundo está falando isso."

"É porque todo mundo tem razão."

Eu sorrio e concordo, "Ok, ok. Mas como está a Emily?"

"Não muito bem. Acho que ela vai sair de Hogwarts. Ela não consegue nem sair do quarto, com medo de acontecer de novo."

"Talvez seja melhor ela ir para casa mesmo. Pelo menos por um tempo. Mas ela tinha que contar..."

"Eu vou tentar convencê-la."

"Obrigado, Jennie. Bom, eu tenho que ir. Quero ver como a Lily está antes da aula da McGonagall."

"Melhoras para a Lily."

Eu saio da sala de aula, direto para o meu dormitório, aonde eu mudo de roupa sem tomar banho e retorno a Ala Hospitalar, só que desta vez visível. Na mesma hora Madame Pomfrey olha para mim de cara feia e eu falo, "Ainda está no horário de visitas." e aponto para o relógio.

Ela olha para mim de cara feita mas aponta para a cama da Lily, claramente me dando permissão. Eu nem olho para a cara do Gregory, mas quando chego nas cortinas da cama da Lily, ouço a enfermeira liberá-lo para a aula de DCAT. Não dou 10 minutos para a escola toda ficar sabendo do que aconteceu aqui ontem a noite.

Lily está no mesmo estado de quando a deixei para almoçar. Continua em coma. Eu seguro a mão dela, e falo, "Oi Lils, você está me ouvindo?"

Óbvio que não tenho resposta.

"Não precisa me responder. Só aperta a minha mão se estiver me ouvindo." E olho para a mão que eu seguro, esperando que ela faça o que eu estou pedindo.

Mas ela não aperta a minha mão.

"Tudo bem. Você nunca foi de fazer o que eu pedia mesmo... não é porque agora estamos juntos que isso vai mudar, não é?"

Mas ela nem se mexe.

Alguns minutos depois, Madame Pomfrey aparece com um frasco de poção de repor o sangue, "Com licença, Sr. Potter." ela diz, e eu saio do banquinho que está no caminho da enfermeira.

"Como ela está?" Eu pergunto, mesmo sabendo da resposta não consigo deixar de ficar esperançoso que ela tenha tido alguma melhora.

"Estável."

"Quando ela vai acordar?"

"Não tenho como saber. Talvez quando ela tiver se recuperado por completo."

"E quando isso vai acontecer?"

"Também não tenho como saber." Grande ajuda que é essa mulher, não sabe de nada. "Já está na hora de você sair, Sr. Potter. O horário de visitas acabou."

Eu olho para a Lily novamente, e contra todos os meus instintos eu saio, deixando-a sozinha e indo assistir uma merda de uma aula.

Como eu quero que ela acorde logo...


Lily POV

Parece que meu corpo pesa uma tonelada. Eu não consigo mexer nada, nenhuma parte do meu corpo. Eu não consigo abrir meus olhos. Eu não consigo nem entender direito o que as vozes ao meu redor estão falando.

Eu só consigo respirar lentamente. E como que cada respiração dói. Parece que meu corpo está em chamas. Tudo dói.

Mas eu me esforço para me desligar da dor e focalizar nos sons que ouço. Depois de muito tempo, eu percebo que são várias vozes diferentes e não uma apenas, e fica mais fácil discernir o que estão falando.

"Ela já deveria ter acordado." Uma voz muito triste fala. Eu conheço essa voz de algum lugar.

"Quando ela estiver pronta, ela vai acordar." Outra voz fala. Eu também conheço essa voz.

"Mas já fazem muitos dias." A voz triste fala. "E se ela não acordar?"

"Ela vai acordar, você vai ver." Uma terceira voz diz.

"A gente tem que ir, James. Mas a McGonagall já não está satisfeita com você... é melhor não se atrasar de novo." A segunda voz diz.

Ouvir o nome do James me faz lembrar de tudo que aconteceu. Do James. Da poção que eu tomei. Da dor terrível que eu senti. Uma dor muito pior do que a que estou sentindo agora.

"Vocês podem ir." James diz, "Eu vou daqui a pouco."

E as duas outras vozes se despedem de mim, mas eu não consigo encontrar minha voz para responder.

"Lily... Quando você vai acordar?"

Eu já estou acordada.

"Eu sinto muito a sua falta, sabia?" Eu sinto os dedos dele passarem pelo meu rosto, mas eu não consigo nem piscar para mostrar que eu estou consciente. Que eu entendo tudo que ele está falando.

"Aquele dormitório é tão vazio sem você. Eu sou tão vazio sem você."

Eu quero abrir os olhos, eu quero falar com ele. Não quero ver o James triste desse jeito. Eu me esforço mais ainda, tentando me mexer, ou falar, ou abrir os olhos, sem nenhum resultado.

"Mary também sente muita a sua falta. Você não pode fazer isso com a sua melhor amiga, Lils. Acorda por ela."

Eu não consigo me mexer, James. Eu quero, mas eu não consigo.

"Acorda por mim. Eu sinto tanto a sua falta. Do seu sorriso, da sua voz, dos seus olhos, do seu abraço, do seu beijo."

E de repente eu sinto um vazio na minha mão direita. Mas pouco depois esse vazio é preenchido de novo. E só então eu percebo. James está segurando a minha mão direita. A dor é tanta que eu nem havia percebido que alguém estava me tocando. Mas agora eu percebo.

"Já fazem oito dias, Lily. Oito dias que você está aqui."

Oito dias!? Tem esse tempo todo? Para o meu corpo parece que foi a tão pouco tempo que ele foi atingido por aquela dor. É difícil acreditar que fazem oito dias.

"Imagina só o quanto que você está perdendo de dever. Isso não é algo que uma Monitora Chefe deveria fazer, certo?" Ele solta uma risada vazia. Essa não é a risada do James.

"Abre os olhos, por favor."

Eu não consigo.

"Ou então aperta a minha mão." Eu sinto ele mexer na mão que ele está segurando, colocando os dedos entre os meus. "Aperta a minha mão."

Eu me esforço tanto para fazer o que ele está me pedindo. Me esforço muito. Mas mais uma vez meus esforços são em vão.

"Acho que eu estou pedindo muito, né?" Novamente a risada vazia. "Não precisa apertar a minha mão. Só mexe um dedo. Só um desses seus dedos lindos." E sinto ele acariciar a palma da minha mão.

Um dedo. Vamos lá, Lily. Mexer um dedo. Você consegue isso.

Eu focalizo todas as minhas forças no meu dedo indicador direito.

Mexe, mexe, mexe.

"Talvez eu esteja pedindo muito. Afinal, eu venho pedindo isso a oito dias... mas eu nunca fui de desistir, fácil, não é?"

Mexe, mexe, mexe.

"Quem sabe você consegue mais tarde."

Eu sinto um movimento na cama aonde estou deitada. Deve ter sido o James se levantando.

Não vá embora, James!

"Eu volto logo depois da aula da McGonagall, ok?"

Não vai embora!

Mexe, seu dedo idiota!

"Até daqui a pouco, amor."

Ele continua segurando a minha mão, mas eu sinto os lábios dele na minha testa, me dando um beijo.

Eu não quero que ele vá embora.

Eu sinto a mão dele soltar a minha lentamente.

Vamos, Lily, tem que ser agora!

E finalmente eu consigo mexer o dedo.

"Lily?" Ele pergunta, surpreso e com a voz mais alta.

Agora que eu consegui mexer o dedo, isso não parece mais a tarefa impossível que era a um minuto atrás. Então eu mexo o dedo de novo.

"Lily!? Você está me ouvindo?"

Eu consigo mexer o dedo, mas não consigo falar.

"Mexe o dedo de novo se estiver me ouvindo!"

Eu mexo o dedo.

Eu estou te ouvindo, James.

"Madame Pomfrey! Madame Pomfrey!" Ele grita, enquanto segura a minha mão com mais força e diz, "Você consegue apertar a minha mão?"

Bom... acho que sim...

Me esforço de novo, e vou mexendo os dedos. Um a um, aos poucos. Até o ponto em que eu esteja segurando a mão dele com um pouco mais de força.

"O que houve?" Madame Pomfrey diz.

"Ela está acordada! Ela mexeu os dedos e apertou a minha mão!"

"Srta. Evans?" Ela fala surpresa, "Você me ouve?"

Eu mexo um dos dedos que está apertando a mão do James.

"Viu só! Ela mexeu um dedo! Ela está ciente! Mas por que ela não está abrindo os olhos? Por que não está falando?"

"Eu vou buscar uma Poção Reanimadora. Ela pode estar muito cansada para conseguir abrir os olhos, muito mais falar." E ouço os passos dela se afastando de mim.

"Você não consegue abrir os olhos?" James pergunta para mim.

Eu posso tentar. Afinal, já consegui fazer outras das coisas que ele pediu.

"Vamos, Lily. Por mim, abre seus olhos."

Com muito esforço eu finalmente consigo abrir muito pouco os olhos. Mas a claridade repentina me dói, e eu os fecho rapidamente. E tento levantar a mão para cobrir meus olhos.

"Está muito claro, não é?" Ele diz, solta a minha mão e ouço um barulho diferente. "Pronto, fechei as cortinas. Você pode abrir os olhos agora. Confie em mim."

Eu confio nele. Só que dessa mesmo abrindo os meus olhos muito pouco, eles lacrimejam sem parar, e eu não paro de piscar. James passa os dedos pelos meus olhos, tirando as lágrimas.

Minha vista demora a se acostumar. No início só vejo borrões, vultos. Mas depois de algum tempo tudo vai tomando foco e eu vejo o rosto apreensivo do James bem na frente do meu.

"Oi." Ele diz, com um enorme sorriso. Mas ele não parece o meu James. São os mesmos olhos castanho-esverdeados, mas o brilho maroto deles está ausente. Ele está cheio de olheiras. Com quase tanta olheira quanto o Remus dias antes da Lua Cheia. A barba dele está por fazer, como se ele não tivesse feito a barba por vários dias.

Até o cabelo dele está mais bagunçado do que o normal...

Eu tento falar algo, mas só consigo abrir e fechar a minha boca.

"Sr. Potter, eu preciso dar essa poção para a Srta. Evans, se você puder me dar licença."

"Desculpa, Poppy." Ele diz, e sai do meu lado direito e contorna a cama, indo parar no meu lado esquerdo, e volta a acariciar os meus cabelos.

Madame Pomfrey coloca um frasco de uma poção na minha frente e fala, "Você precisa beber isso. É uma poção Reanimadora. Vai tornar tudo muito mais fácil para você."

Eu abro a boca para beber a poção, que tem um dos piores gostos que eu já senti na vida. Mas realmente ela é reanimadora. Já me sinto mais capaz.

Mas também sinto muita sede. "Água." Eu falo, baixinho.

"Ela pode beber água?" James pergunta para a curandeira.

"Claro!" A curandeira fala e depois aponta a varinha para um copo, dizendo, "Aguamenti."

Assim como ela fez com o frasco da poção, ela faz com o copo e eu bebo toda a água, com uma sede que eu não sabia que tinha.

"Como você está se sentindo?" Madame Pomfrey pergunta.

"Com dor."

"Dor aonde?" James pergunta, nervoso com a minha resposta. "Ela deveria estar com dor?"

"Sr. Potter, depois de tudo pelo o que ela passou, sim, eu suponho que ela deveria estar com dor." Mas ela repete a pergunta do James, "Aonde você está com dor?"

"Em tudo." Eu respondo, e depois de uma longa respiração, continuo, "Dói tudo."

"Vou te dar uma poção para a dor, já volto."

E a curandeira abre as cortinas e sai.

"Ei..." James diz, me olhando nos olhos, ainda com as mãos nos meus cabelos. "Senti muitas saudades."

E ele senta na cama ao meu lado, se abaixa me beija. A minha mente não percebe que fazem oito dias que eu estou desligada do mundo, mas o meu corpo sabe que esteve longe do James por muito tempo, e reage instantaneamente ao beijo dele.

"Você me deu um susto e tanto, Lils." Ele diz, quando rompe o beijo.

"Desculpa."

Eu dou outro beijo nele, mas nos separamos quando ouvimos a curandeira retornar, "Minha paciente precisa de descanso. Não de mais esforço. E eu acredito que você tenha aula agora." Ela me dá a poção para a dor e eu a bebo rapidamente.

"James tem que ir mesmo?"

"Sim. Você precisa de descanso."

"Eu dormi direto por oito dias. Já estou descansada o suficiente."

James dá uma leve risada com a minha resposta a curandeira, mas ela continua firme, "Você pode voltar depois, Sr. Potter." Ela expulsa o James novamente e me entrega outra poção. "Beba essa também."

Eu bebo e depois volto a me sentir sonolenta, mais ainda do que eu estava antes de tomar a poção reanimadora. "O que é isso?"

"Poção do Sono Sem Sonhos. Você precisa descansar."

"Não." Eu falo, bocejando. "Eu não quero dormir. Eu já dormi muito. Eu já perdi muita coisa. Eu perdi oito dias."

"Você precisa descansar. O seu corpo precisa de descanso. Ele passou por muito estresse."

Só que para piorar a situação, James continua a acariciar o meu cabelo, e isso sempre me faz adormecer mais rapidamente.

"Eu vou estar aqui quando você acordar." Ele fala baixinho no meu ouvido.

E, graças a poção, eu apago por doze horas.


E então, gostaram do drama todo? :)