Bom como tinha dito na outra fic, aqui estou eu!

Vou postar rápido, pois estou realmente cansada. Se eu dissesse como foi meu fim de semana não saía daqui hoje. Então vamos a fic.


Inuyasha e sua turma não me pertencem, são de Rumiko Takahashi

Essa história também não me pertence, é de Sophie Kinsella.


Vinte e Cinco


Enquanto entro no auditório estou tonta de pânico.

O que eu fiz? O que eu fiz?

Entreguei o segredo mais precioso de Inuyasha para uma louca moralmente deturpada, sedenta por vingança, usuária de Prada.
Tudo bem. Calma, digo a mim mesma pela zilhonésima vez. Ela não sabe de nada. Esse jornalista provavelmente não vai descobrir nada. Puxa, que fatos ele tem?
Mas e se ele descobrir? E se de algum modo ele tropeçar na verdade? E se Inuyasha descobrir que fui eu que apontei a direção certa?
Sinto-me doente só de pensar. Meu estômago está borbulhando. Por que eu falei da Escócia para Kagura? Por quê?
Nova resolução: nunca mais vou contar um segredo. Nunca, nunca, jamais. Mesmo que não pareça importante. Mesmo que eu esteja com raiva.
De fato... nunca mais vou falar, e ponto final. Falar parece que só me coloca em encrenca. Se eu não tivesse aberto a boca naquele avião estúpido, para começar, não estaria nessa confusão agora.

Vou virar muda. Um enigma silencioso. Quando as pessoas me perguntarem coisas eu simplesmente vou assentir ou escrever bilhetes cifrados em pedaços de papel. As pessoas vão levá-los e tentar decifrar, procurando significados ocultos...

- Esta é Sango? – pergunta Inuyasha, apontando um nome no programa, e eu pulo de medo. Sigo seu olhar, depois assinto em silêncio, a boca apertada com força.

- Você conhece mais alguém no show?

Dou de ombros muda, tipo "quem sabe?".

- Então... há quanto tempo Sango está ensaiando?

Hesito, depois levanto três dedos.

- Três? – Inuyasha me olha em dúvida. – Três o quê?

Faço um gestozinho com as mãos, que supostamente indicaria "meses". Depois faço de novo. Inuyasha está totalmente perplexo.

- Kagome, há alguma coisa errada?

Tateio o bolso procurando uma caneta, mas não tenho.

Ah, esquece isso de não falar.

- Uns três meses – respondo em voz alta.

- Certo. – Inuyasha assente e se vira de novo para o programa. Seu rosto está calmo e sem suspeitas, e posso sentir o nervosismo culpado subindo por dentro de novo.

Talvez eu devesse contar a ele.

Não. Não posso. Como eu diria? "Aliás, Inuyasha. Sabe aquele segredo importante que você me mandou guardar? Bem, adivinha só..."

Eu preciso é de refreamento. Como naqueles filmes militares em que eles apagam a pessoa que sabe demais. Mas como vou refrear Kagura? Eu lancei um míssil Exocet humano e louco, sibilando por Londres, decidindo a causar o máximo de devastação possível, e agora quero chamá-lo de volta, mas o botão não funciona mais.
Tudo bem. Pense racionalmente. Não há necessidade de entrar em pânico. Nada vai acontecer esta noite. Só vou ficar tentando ligar para o celular dela, e assim que conseguir vou explicar em palavras de uma sílaba que ela tem de fazer o tal sujeito parar, e que se não fizer isso vou quebrar as pernas dela.
Um som de tambor grave e insistente começa a vir pelos alto-falantes, e eu sinto um tremor de medo. Estou tão distraída que tinha esquecido do motivo de virmos aqui. O auditório está ficando escuro, e em volta de nós a platéia fica silenciosa e cheia de antecipação. As batidas aumentam de volume, mas nada acontece no palco; continua numa escuridão de breu.
Os tambores ficam ainda mais altos, e eu começo a ficar tensa. Isso é meio assustador. Quando vão começar a dançar? Quando vão abrir as cortinas? Quando vão...

Pou! De repente há um som ofegante quando uma luz fortíssima enche o auditório, me ofuscando. Uma música com batidas fortes enche o ar, e uma figura solitária aparece no palco, com uma roupa preta e brilhante, girando e saltando. Nossa, quem quer que seja, é incrível. Estou piscando atordoada por causa da luz forte, tentando ver. Mal dá para ver se é um homem, uma mulher, ou...

Ah meu Deus. É Sango.

O choque me prega à cadeira. Todo o resto foi varrido para longe da mente. Não consigo pensar em mais nada. Não consigo manter os olhos longe de Sango.
Não fazia idéia de que ela era capaz disso. Não fazia idéia! Puxa, nós fizemos um pouquinho de balé juntas. E um pouco de sapateado. Mas nós nunca... eu nunca... Como eu posso conhecer alguém há vinte anos e não fazer idéia de que ela sabe dançar?
Ela simplesmente fez uma dança lenta, sinuosa, com um cara de máscara que imagino que seja Jean-Paul, e agora está saltando e girando com uma espécie de fita, e toda a platéia olha para ela, boquiaberta, e ela está absolutamente radiante. Não a vejo tão feliz há meses. Estou tão orgulhosa!
Para meu horror, lágrimas começam a me pinicar os olhos. E agora meu nariz está começando a escorrer. Nem tenho um lenço. Isso é embaraçoso demais. Tenho de fungar, como uma mãe numa peça de natal. Daqui a pouco vou estar levantando e correndo para a frente com minha câmera de vídeo e gritando: "Oi, querida, dá tchau pro papai!"

Certo. Preciso me controlar, caso contrário vai ser como na vez em que levei minha afilhada Amy para ver Tarzan,o desenho da Disney, e quando as luzes se acenderam ela estava dormindo a sono alto e eu chorando baldes, cercada pelos olhos arregalados de um monte de crianças de quatro anos. (Em minha defesa devo dizer que foi bem romântico. E Tarzan era bem sensual.)
Sinto alguma coisa cutucando minha mão. Levanto os olhos e Inuyasha está me oferecendo um lenço. Quando pego com ele, seus dedos se enrolam brevemente nos meus.

Quando a apresentação termina estou num barato total. Sango faz uma reverência de estrela e Inuyasha e eu aplaudimos feito loucos, rindo um para o outro.

- Não conte a ninguém que eu chorei – peço acima do som de aplausos.

- Não vou contar. – E Inuyasha me dá um sorriso maroto. – Prometo.

A cortina desce pela última vez e as pessoas começam a sair dos lugares, pegando paletós e bolsas. E, agora que estamos voltando à normalidade, sinto a empolgação se esvair e a ansiedade voltar. Preciso tentar falar com Kagura de novo.

Na saída as pessoas estão atravessando o pátio até uma sala iluminada do outro lado.

- Sango pediu para eu me encontrar com ela na festa – digo a Inuyasha. – De modo que, é... por que você não vai indo? Eu só preciso dar um telefonema.

- Você está bem? – pergunta Inuyasha, dando-me um olhar curioso. – Você parece sobressaltada.

- Estou bem. Só cheia de empolgação! – Dou-lhe o sorriso mais convincente que consigo, depois espero até ele estar longe o suficiente para não ouvir. No mesmo instante digito o número de Kagura. Direto para a caixa postal.

Digito de novo. Caixa postal de novo.

Quero gritar de frustração. Onde ela está? O que está fazendo? Como posso refreá-la se não sei onde ela está?

Fico perfeitamente imóvel, tentando ignorar o pânico, tentando deduzir o que farei.
Tudo bem. Só tenho de ir à festa e agir normalmente, ficar tentando falar com ela pelo telefone e, se todo o resto falhar, esperar até vê-la mais tarde. Não posso fazer mais nada. Vai dar tudo certo. Vai dar certo.

A festa é gigantesca, luminosa e ruidosa. Todos os bailarinos estão presentes – ainda com os figurinos – e toda a platéia, além de um bom número de gente que parece ter vindo só para a diversão. Garçons distribuem bebidas e o barulho das conversas é tremendo. Quando entro não vejo ninguém conhecido. Pego um copo de vinho e começo a passar pela multidão, entreouvindo conversas ao redor.

- ...figurino belíssimo...

- ...acham tempo para ensaiar?

- ...juiz foi totalmente intransigente...

De repente vejo Sango, ruborizada, brilhante e rodeada por um monte de caras bonitos com jeito de advogados, um dos quais olha descaradamente para as pernas dela.

- Sango! – grito. Ela se vira e eu lhe dou um abraço enorme. – Eu não fazia idéia de que você dançava assim! Você foi incrível!

- Ah, não. Não fui – ela faz uma cara típica de Sango. – Estraguei tudo...

- Pára – interrompo. – Sango, foi absolutamente fantástico. Você foi maravilhosa.

- Mas eu fiz uma merda total no...

- Não diga que você fez merda! – praticamente grito. – Você foi maravilhosa! Diga. Diga, Sango.

- Bem... certo. – Seu rosto se franze num riso relutante. – Certo. Eu fui... maravilhosa! – Ela ri empolgada. – Kagome, eu nunca me senti tão bem na vida! E adivinha só, nós já estamos planejando uma turnê no ano que vem.

- Mas... – encaro-a. – Você disse que nunca mais queria fazer isso outra vez, nunca, e que se mencionasse isso de novo, eu tinha de impedi-la.

- Ah, aquilo foi só o pânico do palco – ela faz um gesto aéreo. Depois baixa a voz. – Por sinal, eu vi o Inuyasha. – Ela me dá um olhar ávido. – O que está acontecendo?

Meu coração dá uma pancada forte. Será que devo contar a ela sobre Kagura?
Não. Ela só vai ficar toda abalada. E, de qualquer modo, não há nada que nós possamos fazer agora.

- Inuyasha veio aqui falar comigo. – Hesito. – Veio... contar o segredo.

- Está brincando! – ofega Sango, com a mão na boca. – E... o que é?

- Não posso contar.

- Você não pode me contar? – Sango me encara, incrédula. – Depois de tudo aquilo, você não vai me contar?

- Sango, eu realmente não posso. – Faço uma cara agoniada. – É... complicado.

Meu Deus, eu estou parecendo o Inuyasha.

- Bem, tudo certo – responde ela meio de má vontade. – Acho que posso viver sem saber. E aí... vocês estão juntos de novo?

- Não sei – digo ruborizando. – Talvez.

- Sango! Foi lindo! – Duas garotas de tailleur aparecem ao lado dela. Dou-lhe um sorriso e me afasto ligeiramente enquanto ela as cumprimenta.

Inuyasha não está a vista. Será que devo tentar falar com Kagura outra vez?

Disfarçadamente começo a pegar o telefone, depois guardo depressa quando ouço uma voz atrás gritando:

- Kagome!

Olho em volta e levo um enorme susto. Kouga está ali parado, de terno, segurando um copo de vinho, o cabelo todo brilhante e louro sob as luzes. Está de gravata nova, noto instantaneamente. Grandes bolas amarelas sobre fundo azul. Não gosto.

- Kouga! O que você está fazendo aqui? – pergunto atônita.

- Sango me mandou o panfleto. – responde ele na defensiva. – Eu sempre gostei de Sango. Pensei em vir. E fico feliz por ter encontrado você – acrescenta, sem jeito. – Eu gostaria de falar com você, se puder.

Ele me puxa para a porta, longe do grosso da multidão, e eu vou atrás, meio nervosa. Não tive uma conversa decente com Kouga desde que Inuyasha apareceu na televisão. Deve ser porque, sempre que o via de longe, corria depressa para o outro lado.

- Sim? – digo, virando-me para encará-lo. – O que você queria falar?

- Kagome. – Kouga pigarreia como se fosse começar um discurso formal. – Eu tenho a sensação de que você não foi... totalmente honesta comigo em nosso relacionamento.

Esse pode ser o maior eufemismo do ano.

- Você está certo – admito envergonhada. – Ah meu Deus, Kouga, eu sinto, sinto mesmo por tudo que aconteceu...

Ele ergue a mão com um ar de dignidade.

- Não importa. São águas passadas. Mas eu agradeceria se você fosse totalmente honesta comigo agora.

- Sem dúvida – concordo, séria. – Claro.

- Recentemente eu... comecei um novo relacionamento – revela ele, meio rígido.

- Uau! – respondo surpresa. – Que bom para você, Kouga. Fico realmente feliz. Qual é o nome dela?

- Francesca.

- E onde você...

- Eu queria perguntar a você sobre sexo – pede Kouga, me interrompendo no auge do nervosismo.

- Ah! Certo. – sinto uma pontada de consternação, que escondo tomando um gole de vinho. – Claro!

- Você era honesta comigo nessa... área?

- Como assim? – pergunto em tom despreocupado, tentando ganhar tempo.

- Você era honesta comigo na cama? – Seu rosto está ficando vermelho como um tomate. – Ou fingia?

Ah não. É isso que ele acha?

- Kouga, eu nunca fingi um orgasmo com você – eu baixo a voz. – De coração para coração. Nunca.

- Bem... certo. – Ele coça o nariz, sem jeito. – Mas você fingiu mais alguma coisa?

Olho-o insegura.

- Não sei o que você...

- Houve alguma... – ele pigarreia. - ...alguma técnica específica que eu usei e que você só fingiu gostar?

Ah meu Deus. Por favor, não me faça essa pergunta.

- Sabe, eu realmente... não lembro! – defendo-me. – Na verdade, eu preciso ir...

- Kagome, diga! – pede ele com intensidade súbita. – Eu estou começando um novo relacionamento. É justo que eu possa... aprender com os erros passados.

Olho de volta para seu rosto brilhante e de súbito sinto uma gigantesca pontada de culpa. Ele está certo. Eu devo ser honesta. Devo ser finalmente honesta com ele.

- Certo. – digo enfim, e chego mais perto. – Você se lembra daquela coisa que você costumava fazer com a língua? – baixo a voz ainda mais. – Aquele negócio... meio deslizante? Bem, algumas vezes meio que me dava vontade de... rir. Por isso, se eu tivesse uma dica sobre a sua nova namorada, seria para não fazer...

Paro diante de sua expressão.

Porra. Ele já fez.

- Francesca disse... – A voz de Kouga sai rígida como uma tábua. – Francesca disse que ficou totalmente louca com aquilo.

- Então! – recuo loucamente. – Todas as mulheres são diferentes. Os nossos corpos são diferentes... todo mundo gosta... de coisas diferentes.

Kouga está me olhando consternado.

- Ela também disse que adora jazz.

- Bem, que bom! Um monte de gente adora jazz.

- Ela disse que adora quando eu cito Woody Allen fala por fala. – Ele coça o rosto vermelho. – Ela estava mentindo?

- Não, tenho certeza de que ela não... – paro, sem saber o que dizer.

- Kagome... – Ele me encara aturdido. – Todas as mulheres têm segredos?

Ah, não. Será que eu arruinei a confiança de Kouga em todas as mulheres para sempre?

- Não! Claro que não! Honestamente, Kouga, tenho certeza de que sou só eu.

Minhas palavras murcham nos lábios quando vislumbro um clarão de cabelos louros familiares na entrada do salão. Meu coração pára.

Não pode ser...

Não é...

- Kouga, eu tenho de ir – digo, e começo a correr para a entrada.

- Ela me disse que veste 40! – grita Kouga desamparado. – O que isso significa? De que tamanho eu devo comprar realmente?

- 42! – grito por cima do ombro.

É. É Kagura. Parada no saguão. O que ela está fazendo aqui?

A porta se abre de novo e levo um choque tão grande que me sinto desmaiar. Ela está com um sujeito. De jeans, cabelo curto e olhos de esquilo. Ele tem uma máquina fotográfica pendurada no ombro e olha em volta interessado.

Não.

Ela não pode ter feito isso.

- Kagome – sussurra uma voz no meu ouvido.

- Inuyasha!

Eu me volto e o vejo sorrindo para mim, os olhos escuros cheios de afeto.

- Você está bem? – preocupa-se ele, e toca gentilmente meu nariz.

- Ótima! – digo meio esganiçada. – Estou ótima!

Tenho de resolver essa situação. Tenho.

- Inuyasha, pode me pegar um pouco d'água? – ouço-me dizendo. – Eu vou ficar aqui mesmo. Estou um meio tonta.

Inuyasha parece alarmado.

- Sabe, eu achei que havia alguma coisa errada. Vou levar você para casa. Vou chamar o carro.

- Não. Está... está tudo bem. Eu quero ficar. Só pegue um pouco d'água. Por favor. – acrescento como uma coisa de última hora.

Assim que ele se afasta, corro para o saguão, quase tropeçando por causa da pressa.

- Kagome! – Kagura ergue a cabeça, animada. – Excelente! Eu já ia procurar você. Bom, este é o Mick, e ele quer fazer umas perguntas. Nós pensamos em usar essa salinha aqui. – Ela vai para um escritório pequeno e vazio, ligado ao saguão.

- Não! – digo agarrando seu braço. – Kagura, você tem de ir embora. Agora. Vá!

- Eu não vou a lugar nenhum! – Kagura puxa o braço e revira os olhos para Mick, que está fechando a porta do escritório atrás de mim. – Eu disse que ela ia ficar toda cheia de frescuras com isso.

- Mick Collins. – Mick enfia um cartão de visita na minha mão. – É um prazer conhecê-la, Kagome. Bom, não há necessidade de se preocupar, há?. – Ele me dá um sorriso tranqüilizador, como se estivesse totalmente acostumado a lidar com mulheres histéricas mandando-o ir embora. E provavelmente está mesmo. – Vamos nos sentar calmamente, bater um papinho...

Ele está mascando chiclete enquanto fala, e quando sinto cheiro de hortelão vindo na minha direção quase sinto vontade de vomitar.

- Olha, houve um engano – murmuro, obrigando-me a parecer educada. – Acho que não há história nenhuma.

- Bem, isso nós veremos, não é? – insiste Mick com um sorriso amigável. – Você me conta os fatos...

- Não! Eu quero dizer que não há nada. – Viro-me para Kagura. – Eu disse que não queria que você fizesse nada. Você prometeu!

- Kagome, você é uma tremenda chorona. – Ela dá um olhar exasperado a Mick. – Está vendo por que eu fui obrigada a agir? Eu lhe contei como Inuyasha Taycho foi sacana com ela. Ele precisa aprender uma lição.

- Está absolutamente certa. – concorda Mick, e inclina a cabeça de lado como se estivesse me avaliando. – Muito atraente – diz a Kagura. – Sabe, a gente poderia pensar numa entrevista para acompanhar a matéria. "Minha transa com o chefão." Você poderia ganhar uma grana preta – acrescenta ele para mim.

- Não! – exclamo horrorizada.

- Kagome, pára de ser tímida! – exaspera-se Kagura. – Na verdade você quer. Isso pode ser uma carreira totalmente nova, sabe?

- Eu não quero uma carreira nova!

- Mas deveria querer! Sabe quanto Monica Lewinsky ganha por ano?

- Você é doente – digo incrédula. – Você é uma figura totalmente doente, deturpada...

- Kagome, eu só estou agindo no seu interesse.

- Não está! – grito sentindo o rosto vermelho. – Eu... eu... talvez eu volte com o Inuyasha.

Há um silêncio de trinta segundos. Encaro-a, prendendo o fôlego. Então é como se o robô assassino partisse para a ação de novo, lançando mais raios ainda.

- Mais motivo para ir em frente! – resolve Kagura. – Isso vai mantê-lo pisando em ovos. Vai mostrar a ele quem é que manda. Anda, Mick.

- Entrevista com Kagome Higurashi. Terça-feira, quinze de julho, nove e quarenta da noite.

Ergo os olhos e me enrijeço aterrorizada. Mick pegou um pequeno gravador e está segurando-o na minha direção.

- Você conheceu Inuyasha Taycho num avião. Pode confirmar de onde ele estava indo e para onde? – Ele me dá um sorriso. – Fale naturalmente, como falaria com uma colega ao telefone.

- Pára com isso! – grito. – Desiste!

- Kagome, vê se você cresce. – exclama Kagura, impaciente. – Mick vai descobrir qual é o segredo dele, quer você ajude ou não, portanto é melhor você... – Ela pára abruptamente quando a maçaneta da porta é chacoalhada, e em seguida se vira.

A sala parece girar em volta de mim.

Por favor, não diga... por favor...

Enquanto a porta se abre lentamente, não consigo respirar. Não consigo me mexer.

Nunca me senti tão apavorada na vida.

- Kagome? – diz Inuyasha entrando, segurando dois copos d'água numa das mãos. – Você está bem? Peguei com e sem gás, porque não sabia...

Ele pára, os olhos indo confusos para Kagura e Mick. Com um tremor de perplexidade, ele vê o cartão de Mick, ainda na minha mão. Então seu olhar pousa no gravador funcionando e alguma coisa some de seu rosto.

- Acho que vou saindo – murmura Mick levantando as sobrancelhas para Kagura. Ele enfia o gravador no bolso, pega sua mochila e sai da sala. Ninguém fala por alguns instantes. Só consigo ouvir o latejamento na cabeça.

- Quem era aquele cara? – pergunta Inuyasha finalmente. – Um jornalista?

Toda a luz sumiu de seus olhos. Parece que alguém pisoteou o seu jardim.

- Eu... Inuyasha... – balbucio, rouca. – Não é... não é...

- Por que... – Ele coça a testa, como se tentasse entender a situação. – Por que você estava falando com um jornalista?

- Por que você acha que ela estava falando com um jornalista? – entoa Kagura com orgulho.

- O quê? – O olhar de Inuyasha gira para ela, com nojo.

- Você se acha um figurão milionário! Você acha que pode usar as pessoas pequenas. Acha que pode revelar os segredos particulares de uma pessoa, humilhá-la completamente e ficar numa boa. Bom, não pode!

Ela dá alguns passos para ele, cruzando os braços e levantando o queixo com satisfação.

- Kagome estava esperando uma chance de se vingar de você, e agora conseguiu! Aquele sujeito era um jornalista, se você quer saber. E está na sua cola. E quando você vir seu segredinho da Escócia estampado em todos os jornais, talvez saiba como é ser traído! E talvez lamente. Diga a ele, Kagome! Diga!

Mas estou paralisada.

No minuto em que ela falou a palavra Escócia eu vi o rosto de Inuyasha mudar. Ele meio que estalou. Quase pareceu sem fôlego, de tanto choque. Olhou direto para mim e eu pude ver a incredulidade crescendo em seus olhos.

- Você pode achar que conhecia Kagome, mas não conhece – continua Kagura, deliciada, como um gato despedaçando a presa. – Você a subestimou, Inuyasha Taycho. Você subestimou o que ela é capaz de fazer.

Cala a boca!, estou gritando por dentro. Não é verdade! Inuyasha, eu nunca faria, eu nunca...

Mas nada em meu corpo quer se mover. Nem consigo engolir. Estou pregada, olhando desamparada para ele com um rosto que sei que está coberto de culpa.
Inuyasha abre a boca, depois fecha de novo. Em seguida abre a porta e vai embora.

Por um momento há silêncio na sala minúscula.

- Bom! – exclama Kagura, batendo palmas em triunfo. – Isso mostrou a ele!

É como se ela tivesse quebrado o feitiço. De repente consigo me mexer de novo. Consigo respirar.

- Sua... – Estou quase tremendo demais para falar. – Sua... sua puta estúpida... estúpida... imbecil!

A porta se abre bruscamente e Sango aparece, arregalada.

- O que aconteceu aqui? – pergunta ela. – Eu vi Inuyasha saindo furioso. Ele parecia um trovão!

- Ela trouxe um jornalista aqui! – digo angustiada, sinalizando para Kagura. – Uma porcaria de um jornalista de tablóide. E Inuyasha nos encontrou aqui, e está achando... Só Deus sabe o que ele está achando...

- Sua vaca estúpida! – Sango dá um tapa na cara de Kagura. – O que você estava pensando?

- Ai! Eu estava ajudando Kagome a se vingar do inimigo.

- Ele não é meu inimigo, sua imbecil... – Eu estou à beira das lágrimas. – Sango... o que eu vou fazer? O quê?

- Corre – diz ela, e me olha ansiosa. – Você ainda pode alcançá-lo.

Saio correndo pela porta e atravesso o pátio, com o peito subindo e descendo depressa, os pulmões queimando. Quando chego à rua olho freneticamente para a esquerda e a direita. Então o vejo, lá adiante.

- Inuyasha, espera.

Ele está andando com o celular no ouvido, e ao escutar minha voz se vira com o rosto tenso.

- Então era por isso que você estava tão interessada na Escócia.

- Não! – exclamo horrorizada. – Não! Escuta, Inuyasha, eles não sabem. Eles não sabem de nada, eu garanto. Eu não falei com eles sobre... – paro. – Kagura só sabe que você esteve lá. Nada mais. Ela estava blefando. Eu não contei nada.

Inuyasha não responde. Olha longamente para mim, depois continua andando.

- Foi Kagura quem ligou para aquele cara, não eu! – grito desesperada, correndo atrás dele. – Eu estava tentando impedi-la... Inuyasha, você me conhece! Você sabe que eu nunca faria isso com você. Sim, eu contei a Kagura que você esteve na Escócia. Eu estava magoada, com raiva, e... a coisa saiu. E foi um erro. Mas... mas você também cometeu um erro, e eu o perdoei.

Ele nem está me olhando. Nem está me dando uma chance. Seu carro prateado pára junto à calçada e ele abre a porta do carona.

Sinto uma pontada de pânico.

- Inuyasha, não fui eu – continuo, frenética. – Não fui eu. Você tem que acreditar. Não foi por isso que eu perguntei a você sobre a Escócia! Eu não queria... vender o seu segredo! – Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto, e eu as enxugo com força. – Eu nem queria saber um segredo tão grande. Só queria saber dos seus segredos pequenos! Seus segredinhos! Só queria conhecer você... como você me conhece.

Mas ele não me olha. A porta do carro se fecha com um ruído forte, e o veículo se afasta pela rua. E eu sou deixada ali, sozinha.

-


Penúltimo capitulo e olha o que a louca da Kagura fez...

Pelo amor de Deus não me matem por acabar aqui, mas não é culpa minha, não fui eu que escrevi XD.

Espero que tenham gostado desse capitulo, segunda que vem eu devo estar postando aqui de novo o ÚLTIMO CAPITULO. O epilogo eu devo por junto mesmo.

Agradecimentos à: Tatiane, Mary, Gabi, Liz-chan S2, Cosette, Anny T., L Valliere, Shirlaine e Nandinha82.

Eu reamente amo receber as reviews de vocês, pena que a fic esteja acabando. Espero ver vocês na outra também ^^. E desculpem-me por não responder individual mais uma vez, mas não estou me agüentando em pé mesmo, esse final de semana realmente exigiu de mais de mim, e ainda ter que ir pra faculdade hoje foi de mais. Se eu respondesse de individual eu não postava hoje.

Espero que entendam.

Beijos

Ja ne

Lory Higurashi