Disclaimer: Declaro que Sakura Card Captors e seus respectivos personagens não me pertencem e sim ao grupo Clamp.
Capítulo VII
Faltava pouco para as 11 quando Tomoyo decidiu deitar-se.
Estava cansada, porém imensamente animada com o dia maravilhoso que tivera.
Encontrar Jeremy era sempre encantador e a forma com que ele a tratava...
Ah! Fazia seu coração bater descompassado.
Sentiu seu rosto esquentar ao lembrar dos intensos olhos verdes do jovem, gentis e carinhosos e um sorriso meigo que fazia suas pernas tremerem.
Agradeceu aos céus por estar sentada, pois na certa teria fraquejado... porém uma coisa a tirou de seu devaneio...A frieza que demonstrara Sakura
Tomoyo não tivera tempo de perguntar a prima o motivo daquele comportamento, já que Lady Cassandra, Anne e a srta Agatha haviam ficado para o jantar, mas descobriria de uma forma ou de outra.
"TOC,TOC!"
- Quem é? – a jovem assustou-se ao deparar-se com o irmão adentrar o quarto preocupado.
-Ainda acordada?
-Estou agitada demais para dormir agora – ela sorriu - Que bom que veio!
-O passeio com a Srta Lancaster e a Srta Smith foi proveitoso, então?
-Foi sim – Tomoyo corou – perdoe-me pela ousadia, mas eu e Anne compramos um par de brincos para Agatha como presente de noivado. Como eu havia comprado um mimo para Sakura e gastando minhas economias, acabei colocando-o em sua conta. Sinto muito.
-Vou ter que te colocar de castigo - ele a encarou sério.
-Mas... Mas...
-Hahahaha, não se preocupe... Compre o que te deixa mais feliz! – Syaoran sorriu.
-Parece que o jantar lhe fez bem, o que te deixou animado assim? – Tomoyo esboçou um sorriso delicado.
- Não se preocupe, assuntos levianos para uma moça solteira - ele sorriu constrangido - a propósito... Srta Stanhope viaja comigo após o baile.
-É uma ótima ideia, meu irmão! Pelo menos ela será poupada dos comentários maldosos.
-Como se já não fosse alvo...
-Meu irmão...
-TOMOYO! TOMOYO! Os dois se detiveram com os gritos assustados do quarto adjacente.
Tomoyo saiu correndo feito uma bala, enquanto Syaoran sacava o atiçador da lareira.
-ESPERE! – Syaoran só deu-se conta quando Tomoyo já havia entrado no quarto e sumido no meio da escuridão.
- O que houve Sakura querida... foi só um pesadelo! Já passou...- a voz da jovem morena vinha mansa e serena, os soluços de Sakura misturavam-se as tentativas de explicação.
-... P- parecia... ele...ele queria... foi tão... – Sakura abraçava a prima com força, enquanto Tomoyo alisava o cabelo cor de mel, encarou um Syaoran visivelmente confuso.
- Já passou... foi só um pesadelo... volte a dormir. Eu estou bem! – ela secou as lágrimas da prima acomodando-a sob as cobertas. Sakura sonolenta ainda pediu.
-Não deixa... ele... te fazer... mal...por favor?- Sakura murmurou enquanto encarava a prima que sorriu terna.
-Não vou... descanse agora Sakura – Tomoyo afagou a prima que caiu no sono quase que instantaneamente.
Tomoyo encarou Syaoran que saiu do quarto irritado.
Mas que diabos! Essa menina só trazia dor de cabeça. Tinha que dar um jeito de livrar-se dela o quanto antes, porém...Tinha algo... algo naquela garota que o intrigava demais.
-Meu irmão... perdoe-me! Sakura anda tendo vários pesadelos essa semana.
-Eu disse que a aceitaria por um período, mas essa menina só trás problemas – ele disse bravo.
-Tenha compaixão Edward! A pobrezinha ficou sozinha no mundo! Seja mais piedoso! – Tomoyo pegou as mãos do irmão entre as suas - Tenha mais paciência... Sakura é uma pessoa maravilhosa e eu sei que você vai adorá-la quando a conhecer realmente.
-Não vejo como... – Syaoran cruzou os braços, erguendo uma sombracelha.
-Que acha de ser mais gentil? – ela sorriu vendo o irmão corar levemente.
-Vamos ver...
-Não vai se arrepender! – Tomoyo sorriu abraçando-o.
Por mais que quisesse, Syaoran não conseguia aceitar toda aquela situação. Tomoyo lhe pedira paciência com Sakura, mas era tão difícil.
Ela estranhamente parecia irritá-lo em todos os sentidos, até mesmo quando não fazia nada.
Mas... Por que tinha que ser tão bonita?
Que espécie de feitiçaria aquela garota tinha que o deixava tão atordoado?
Sakura era bonita, isso era fato, mas não tinha nada de tão impressionante além das jovens casadouras que conhecia.
Seriam os olhos verdes, tão iguais aos de Helen, mas ao mesmo tempo tão diferentes?
Ou seria a ousadia de tratá-lo como um igual?
Nunca em toda a sua vida fora tratado daquela forma por ninguém, Sakura o enfrentava corajosamente mesmo sabendo que a qualquer momento poderia ser colocada na rua.
O que ela tinha que mexia tanto com ele?
-Mas que diabos?! – ele jogou-se na cama emburrado.
Estava ficando difícil conciliar o possível noivado de Tomoyo com Eriol, a investigação do assassinato de Cecilia, o recente noivado de Agatha e a cobrança de todos para que se casasse logo.
Respirou fundo e fechou os que dar um jeito em tudo aquilo logo.
Uma chuva fina instalara-se em Londres quando Tomoyo despertou. Tivera um sono tranquilo e até sonhara com Jeremy, porém a lembrança de Sakura em lágrimas veio a sua mente como um raio.
Levantou-se abruptamente e correu para o quarto da prima. Encontrou Sakura acordada, os olhos inchados e um certo pavor pairando sobre ela.
-Como você está? Conseguiu dormir?- Tomoyo sentou-se junto a prima.
-Mais ou menos, ainda estou preocupada com esses sonhos que ando tendo – Sakura ajeitou-se na cama
-Deve estar preocupada com tudo o que aconteceu. Você nos deu um baita susto!
-Nós? – Sakura empalideceu.
-Edward e eu, ele veio ontem a noite...
-Céus...
-Não se preocupe, conversei com ele, pedi que fosse mais paciente. Acredito que agora as coisas devam melhorar. Fique tranquila Sakura – Tomoyo sorriu – A propósito, o que aconteceu ontem durante o jantar? Você mal tocou na comida e a forma como tratou o senhor Dunstan foi repreensível...
-Perdoe-me Tomoyo, mas o senhor Dunstan e a srta Smith não me agradaram em nada... eu sinto muito. – Sakura disse sem ânimo.
-S-sério?
-Sinto muito Tomoyo, o senhor Dunstan estranhamente possui algo que me faz temê-lo, quanto a Srta Smith ... – Sakura fez uma careta – Começo a concordar com a Srta Stanhope. – Sakura fitou Tomoyo séria.
- Em sério que não gostou do senhor Dunstan? Isso realmente me entristece. – Tomoyo lamentou-se.
-Mas não indica que não aprecie seu sentimento por ele, pode ser apenas uma má impressão que tive... não se preocupe. Vou ajudar no que eu puder! – Sakura pegou as mãos de Tomoyo entre as suas em sinal de apoio.
Tomoyo sorriu.
Syaoran desceu para o café desanimado, não tinha dormido direito e ainda tinha um dia corrido pela frente. Fitou a madrasta que conversava animada com as três jovens na mesa.
-Bom dia senhoras! – ele sorriu causando o rubor de Sakura e Melany, de fato Syaoran era estonteante até mesmo com cara de sono.
O jovem beijou a mão de Sonomi e sentou-se na cabeceira da mesa, ansioso pelo desjejum.
-E Lady Agnes está revoltadissima com Lady Sheelbrooke. Esse baile está sendo o assunto da temporada.
-Tudo por causa da minha mãe... – Melany disse sem animo.
-Não fique triste querida – Sonomi pegou a mão da jovem ao seu lado – Logo tudo se resolvera. Não é mesmo Edward? – Sonomi fitou um Syaoran perdido no jornal ao seu lado.
-Sim milady, a Scott Land Yard está empenhada em descobrir quem fez isso. – ele disse sem encará-las.
-Enquanto isso você ficará em Cherryville, vai adorar o tempo que passar por lá.
-Estou ansiosa milady, Londres me trás tantas lembranças de mamãe – Melany baixou a vista e sentiu as lágrimas molharem seu rosto redondo.
-Vai ficar tudo bem com você, Srta Stanhope! – Sakura quebrou o silencio e fitou a jovem ruiva com um sorriso encantador, fato notado claramente por Syaoran.
-Edward, você vai ao baile, não é? – Tomoyo quebrou o devaneio do jovem.
-Não sei... preciso ver como estará minha agenda.
-Precisa ir... seria um insulto para Lady Sheelbrooke... e também, sabe como Lady Claire o estima, seria de bom tom visitar a mãe de Arthur. – Sonomi murmurou preocupada, enquanto os intensos olhos ambarados de Syaoran a analisavam.
-Vou fazer o possível para ir... – ele suspirou desanimado, nisso Wei aproximou-se do jovem.
-Senhor? – Wei entregou um cartão, fazendo Syaoran surpreender-se.
-Diga que me aguarde na biblioteca... – Syaoran murmurou sério, fazendo Sonomi fitá-lo preocupada.
-Está tudo bem querido?
-Sim, não se preocupe. – Syaoran voltou-se para seu chá com um meio sorriso.
Quando Syaoran entrou na sala, um homem alto, magro e de cabelos grisalhos o aguardava no centro da sala.
-Lorde Lilgen, como tem passado? – o homem ofereceu a mão em um cumprimento.
-Muito bem senhor Carter, sente-se. – Syaoran acenou para a bonita cadeira estofada em verde a sua frente
– Trouxe noticias sobre o testamento de meu padrinho? – Syaoran mostrou-se interessado.
- Sim Vossa Graça, aqui está! – o homem tirou uma pasta de capa dura e retirou alguns papeis de dentro, entregando – os ao jovem. Syaoran leu os papéis minuciosamente, fixando-se na ultima linha do testamento com uma cláusula única. Voltou-se ao homem irritado.
-O que é isso?
-A ultima vontade de seu padrinho, vossa graça. – o homem disse sem animo, enquanto Syaoran o fitava furioso.
-Tio George não poderia ter feito isso, ele sabia o quanto eu queria GreenLake... Por que me pregaria essa peça? – Syaoran levantou-se e começou a andar pela sala irritado.
-Vossa Graça... só trago o que me foi passado... - Carter disse constrangido.
-Mas eu não vou assumir compromisso com ninguém... Não posso... Não por uma propriedade! - Syaoran encarou a janela e as lembranças das temporadas na Escócia o açoitaram com força, suas melhores lembranças.
-GreenLake só poderá ser transferida para Vossa Graça quando estiver oficialmente comprometido, caso não possa realizar esse pedido a propriedade será leiloada...
-NÃO! Ela é minha! Não vou permitir isso!
-Entendo Vossa Graça... – o homem remexeu-se na cadeira constrangido – Também trouxe uma noticia para Lady Avalon, poderia falar com ela?
-Vou pedir para que a chamem – Syaoran tocou a sineta e Wei apareceu de prontidão.
-Mestre...
-Peça para a Srta Avalon vir até aqui! – Syaoran fitou Wei enquanto o homem retirava os papéis que deveria entregar à Sakura.
Syaoran bufava irritado, seu padrinho só podia estar de brincadeira, pregar uma peça daquele tipo tinha sido de muito mal gosto. Sabia o quanto o tio era brincalhão, mas chegar aquele ponto?
Viu o farfalhar do vestido azul irromper pela sala e uma constrangida Sakura fazer uma mesura.
-Bom dia, milordes – ela murmurou em um fio de voz, Syaoran a fitou intrigado, apesar de visivelmente abatida e com os olhos inchados, a jovem parecia ainda mais bonita.
Syaoran e o homem levantaram-se, enquanto Syaoran acenava o lugar para Sakura.
-Srta Avalon, esse é Frederic Carter, advogado responsável pelos meus negócios. Ele deseja falar-lhe – Syaoran fitou Sakura fixamente, fazendo a jovem encolher-se.
-Ma...mas...
-Bom dia Srta Avalon, tenho noticias muito boas para a senhorita – o homem sorriu oferecendo a mão para a jovem em um cumprimento.
-Vou deixá-los...
-Pode ficar Vossa Graça, seria bom que soubesse também, já que está responsável pela senhorita – o homem encarou Sakura oferecendo-lhe alguns papeis. – Fui informado por um representante de sua família que a senhorita não teve direito em nenhum título referente a herança de sua família.
-Lorde Ravenscar tinha muitas dividas... – ela murmurou.
-E o título ficou para um primo de segundo grau do seu pai desde o desaparecimento do seu irmão...
-Sim.
-Bem... o fato é que sua mãe deixou em segredo uma pequena quantia para a senhorita.
-Deixou? – Sakura empalideceu.
-Sim... não foi muito, mas ela foi especifica para que seja usado para ajudar no seu dote. – o homem ofereceu mais papeis para Syaoran que leu rapidamente.
-Esse valor não paga nem um terço do dote para ela!" Syaoran rebateu.
-Não é muito, mas servirá para que ela pelo menos tente Vossa Graça. O senhor poderia ajudar.
-Não ajudarei com nada! –Syaoran voracerou.
-Mas milorde?
-... Pobre mamãe... Até no fim... - Sakura não conseguiu segurar as lágrimas, fazendo os dois ficarem constrangidos.
-M-milady... Por favor n-não chore... - Frederic ofereceu o lenço para a jovem chorosa.
-Vamos, pare com isso! Dê graças a Deus que sua mãe te deixou algo de valor! – Syaoran foi ríspido, enquanto Sakura secava as lágrimas e o olhou irritada.
-Muito obrigada! – a jovem voltou-se para Frederic com um sorriso fraco, ignorando o comentário de Syaoran. – Senhor Carter, quando posso reaver esse dinheiro?
-Esse é o problema Srta Avalon, há uma clausula onde a Srta só poderá retirar essa quantia quando estiver devidamente comprometida com algum jovem.
Sakura entrou em um leve desespero, Syaoran na certa a entregaria para qualquer um que aceitasse aquela quantia miserá ... Sua mãe não poderia imaginar que Sakura não queria casar. Encarou os dois homens desolada.
- Vossa Graça se encarregara de me arranjar qualquer pretendente para que suma de sua vista logo – ela fuzilou Syaoran com o olhar - Voltaremos a nos falar em breve senhor Carter. Muito obrigada! – Sakura levantou-se e ofereceu a mão tremula em direção a Frederic, ignorando a cara de descrença de Syaoran. – Bom dia senhores! – Sakura saiu sem olhar para trás.
Carter voltou-se para Syaoran com um sorriso.
-Realmente é de uma beleza estonteante, vossa graça. Não terá problemas em arranjar um bom pretendente para essa jovem. – Carter sorriu, enquanto olhava um Syaoran visivelmente incomodado.
Sakura entrou no quarto desiludida, não podia acreditar naquilo.
Sentou-se na cama observando a assinatura da mãe. Sabia que Nadeshico só queria o bem da filha, mas aceitar aquilo era demais.
Não se importava mais, iria falar com o Duque e ir embora, mas...
Os constantes sonhos com Tomoyo em perigo...
Não podia deixar a prima sozinha, não naquele momento. Sempre que tinha aqueles sonhos, algo de ruim acontecida, mas... quem acreditaria nela?
- Não posso ser inconsequente... não agora... sei que está sendo difícil, mas eu vou ficar bem... prometo que vou te deixar orgulhosa mamãe, mas não vou me casar! – ela jogou-se na cama pensativa.
Eriol estava entretido em um relatório sobre as finanças das propriedades de seu pai. Estava claro que tinha alguma coisa errada, afinal o déficit em alguns valores era grande.
Ficou imaginando se o repentino interesse de Jeremy para com Anne deveria ter algum envolvimento com esses valores. Assustou-se ao ouvir o barulho que veio da sala adjacente.
-Cedric, acha que Eriol vai aceitar o que decidiu? Anne será rechaçada por toda a sociedade. É esse o futuro que quer para sua filha?
-Chega de tolices Cassandra, você não tem que se envolver em nada disso!- o pai de Eriol ralhou irritado, a voz ligeiramente mole devido a bebida alcoólica.
-Tenho que me envolver sim! – a voz de Cassandra começava a se alterar – Acha que vou permitir que por culpa desse seu vício maldito acabe com a vida da minha filha. O que tem deu na cabeça? Fazer acordos com essa família? Você conhece a fama que esse Dunstan tem!
-JÁ DISSE MULHER... VOCÊ NÃO TEM QUE SE ENVOLVER NISSO!- um baque surdo pode ser ouvido da sala, Eriol levantou-se abruptamente, abrindo a porta com violência e viu a mãe caída no chão, enquanto o pai dava mais um gole no liquido dourado.
-O que está fazen? -a veia saltitava na têmpora de Eriol, Cassandra levantou-se atordoada, indo em direção a Eriol.
-... Não... não foi nada... querido...
-Mamãe, eu já estou farto disso! Ele não tem direito de fazer isso com a senhora- Eriol afagou o rosto marcado da mãe e olhou irritado para o pai que o encarou com desdém.
-Que espécie de covarde é o senhor? Fico até altas horas trabalhando para que não caiamos em ruínas e é isso o que faz? Bate na sua mulher, vende a sua filha para um déspota? Gasta o pouco que tem com jogos e prostitutas?- Eriol despejou irritado.
-Garoto inútil, sempre achei que seria meu orgulho, mas é tão imprestável quanto a sua mãe. Tudo isso é meu... e eu faço o que quiser com vocês! – o homem riu.
-Tudo isso é seu? – Eriol voou para cima do pai, segurando-o pelo colarinho – SE NÃO FOSSE PELO MEU TRABALHO, ESTARIAMOS NA MISÉRIA AGORA!- Eriol gritava irado, enquanto o pai sorria desdenhoso.
-... pobre criança... tão tolo...- Cedric riu, enquanto Eriol o largou no chão.
-Tenho vergonha de ter um pai como o senhor... um beberrão imundo...- Eriol o encarou decepcionado, Cedric enxugou o rosto e encarou o jovem que acudia a mãe chorosa.
Tomoyo colocou o bastidor de lado, enquanto via Sakura entretida em um livro e Melany quase dormindo.
Não conseguia se concentrar naquele trabalho e isso era frustrante.
Jeremy não saia de sua cabeça.
Os olhos de um verde pantanosos e aquele sorriso encantador mexiam com seus sentimentos violentamente. Como desejava que seu irmão aceitasse o jovem como seu pretendente, mas Jeremy era de uma família menos influente...
Edward jamais aceitaria isso.
Mordeu o lábio inferior preocupada, a inclinação de Edward para o visconde Ashlock era gritante.
Tomoyo sabia que Eriol era um homem excelente, de boa família e com as mais intenções mais honradas possíveis, mas...
Tomoyo sentiu o estomago remoer, Eriol sempre era gentil e atencioso, mas...
-Está tudo bem Tomoyo?
-Sim, estava só aqui pensando...
-Está corada... – Sakura sorriu, fazendo Tomoyo avermelhar ainda mais.
"Toc, toc" Mary entrou na sala animada, com um bonito ramalhete de rosas nas mãos.
-Srta Madison, chegou a pouco para a senhorita.
-Oh céus, para mim? – Tomoyo sorriu atordoada.
-Veja quem mandou. – Melany despertou, aproximando das 3 mulheres.
Tomoyo abriu o pequeno envelope com apenas algumas linhas
"Para a jovem mais adorável de Mayfair
Continue com esse sorriso encantador sempre.
Do seu Admirador especial"
Um admirador? Tomoyo levou a mão ao rosto surpresa.
Syaoran aguardava Eriol e Richard ansioso, um negócio referente à compra de cavalos havia interessado muito o jovem duque e Richard havia voltado da Irlanda com exemplares impressionantes.
Ao deparar-se com Eriol entrar no clube, o jovem acenou.
-Espero que esteja bem Edward! – Eriol disse sem animo.
-Como está meu caro? – Syaoran acenou a poltrona a seu lado.
-Incomodado, meu pai definitivamente enlouqueceu... – Eriol afundou-se na poltrona.
Eriol contara o que havia acontecido mais cedo para o amigo, Syaoran estava pensativo.
Então a situação era realmente ruim.
A família Lamberth era uma família tradicional na sociedade inglesa e que poucos tinham coragem de falidos, isso era de conhecimento geral, mas a tradição da família e seu nome era chamariz para qualquer novo rico querer ingressar na alta sorte, Lorde Lambert havia conseguido um casamento proveitoso de seu filho do meio Andrew com a sobrinha de Lady Dowell, a Srta Sara Allen.
Pura sorte para o homem, já que Sara possuía um dote bastante generoso e era considerada de família nobre.
O problema era que o dinheiro deveria estar acabando, e no mínimo precisariam de uma nova herdeira para sustentarem a vida luxuosa em que insistiam em ostentar, sendo Jeremy provavelmente o próximo.
Syaoran encarou Eriol pensativo, quando sentiu um aperto em seu ombro.
-Como estão meus amigos? – Richard sorriu divertido.
Lorde Richard Campbell era um homem alto, de olhos cor de mel e cabelos dourados , era um tipo atlético e tinha uma simpatia única, com seu sorriso bobo e olhos ternos. O jovem era de excelente família e sonho de consumo de qualquer mocinha casadoura daquela temporada. Mas felizmente seu coração já tinha dona e estava ansioso para que o Conde de Dure aceitasse seu pedido para cortejar Anne.
Syaoran e Eriol o cumprimentaram com um abraço.
-Como foi a viagem Richard?
-Excelente, mas não via a hora de voltar logo. Como está Anne? – ele sorriu envergonhado, Eriol e Syaoran entreolharam-se constrangidos.
-Esperando o pedido de noivado...
-Céus, não passaram na minha frente, né? – ele pareceu preocupado.
-Deviam correr, Anne e Madison já estão em idade de casar, logo novos pretendentes aparecerão! – Syaoran alfinetou.
-Meu Deus... já está assim, preciso correr então! – Richard riu, enquanto Eriol encarava um Syaoran despreocupado, como assim pedir Madison em casamento?
-Vocês são mesmo insanos, casar é uma coisa que não passa por minha cabeça.
-Ora Edward, fala isso agora... mas quando encontrar uma jovem que realmente mexa com seus sentimentos vai entender o que falo.
-Não Richard, essas coisas não funcionam comigo, amor é uma coisa para senhoritas, todos nós sabemos que essas coisas não funcionam – Syaoran disse sem animo.
-É que você não viu Lady Avalon – Eriol alfinetou acordando do choque do comentário de Syaoran – uma joia da coroa austríaca.
-Edward está escondendo as cartas então?
-Hahahaha, sim! Não me admiro que Edward a esteja mantendo só para ele?
-Quem é essa Srta?- Richard riu.
-A prima da Srta Madison, filha do Conde Ravenscar. – Eriol comentou fazendo Richard espantar-se.
- Aquele de Viena?
-Como assim? – Edward irrompeu na conversa fazendo Richard constranger-se.
-Esse homem era perverso, foi acusado de traição na corte, além dos inúmeros escândalos fora do casamento. Quando soube de tudo isso o filho mais velho fugiu sem querer nada de Ravenscar, e dizem as más línguas que o conde armou para assassinar a esposa, só que ele acabou caindo na própria armadilha. A carruagem em que eles estavam caiu em um rio congelado e só Lady Ravenscar sobreviveu ao acidente, mas faleceu duas semanas depois devido aos ferimentos.
Eu não sabia que eles tinham uma filha...
-Desde quando sabe isso?- Syaoran o fitou.
-Tem mais ou menos um ano, foi o assunto em Viena na época...
- Agora dá para entender a constante tristeza em Lady Avalon...- Eriol murmurou.
-Bem, não viemos aqui para falar de fofocas, quando vão querer ver as novas matrizes? – Richard sorriu satisfeito.
Syaoran por sua vez ficou pensativo.
Syaoran adentrou a residência quase de manhã, o aroma forte em suas roupas denunciavam a estadia em algum antro de perdição.
Sempre que saia com Eriol e Richard acabava dessa forma. Porém, naquela noite os braços de madame Satine não tinham sido tão divertidos.
Os passos eram dificultados pelo excesso de álcool, mas o jovem pode notar um aroma delicioso no ar e suas entranhas remoeram-se... Apesar da noitada, a fome começava a apertar.
Estranhou aquilo, afinal era muito cedo para algum criado já estar de pé.
Caminhou curioso até a cozinha e deparou-se com uma cena que o impressionou.
A camponesa divertia-se ao finalizar a decoração de uma bonita torta de morangos e o aroma na cozinha era inebriante.
Sakura estava tão absorta no que fazia que cantarolava uma bonita canção.
Syaoran ficou parado diante da porta, confuso e atordoado... que sensação maluca era aquela que sentia?
Sakura guardou o restante dos ingredientes em silencio, arrumou a mesa com algumas flores do jardim e colocou a torta disposta em um bonito porta bolo de vidro.
Sorriu animada com a criação, subindo pelas escadas dos criados e deixando Syaoran na penumbra.
O que raios aquela menina tinha que sempre o deixava daquela forma?
Sakura desceu bem disposta aquela manhã, depois de fazer a torta para Fantine, ela habilmente havia bordado um bonito lenço para a senhora.
Encontrou a cozinha ainda vazia e Fantini ajeitando as coisas para preparar o desjejum.
-Bom dia Madame Fantini!
-Bom dia Lady Avalon!
-Oh por favor... me chame por Sakura, esses títulos só atrapalham.
- É mesmo um doce de menina, Srta Sakura.
-Fantini!?
-Pelo menos por Srta vou chamá-la, milady... a propósito, por que tão cedo?- a mulher encarou a jovem de roupão e camisola.
-Bem... meus parabéns sra Fantini! – Sakura ofereceu o embrulho e aproximou-se da mesa com a torta.
-Fiz especialmente para a senhora! – Sakura retirou o pano e assustou-se... metade da torta tinha sumido.-M-minha torta? – a jovem lamentou-se.
Fantini e Mary saboreavam o presente, enquanto Sakura as observava desanimada.
-Não se preocupe querida, está maravilhosa!
-Eu só queria que tivesse algo bonito para comemorar.
-Eu estou felicíssima, nunca tive algo tão delicioso em minha aqui menina, deixa eu te dar um abraço! – a mulher abriu os braços para abraçar Sakura que sorriu timidamente.
-Fico feliz que tenha gostado!- Sakura sorriu.
-Com esses dotes tenho certeza que será uma excelente esposa. – Mary sorriu fazendo Sakura sorrir constrangida.
-Minha mãe sempre dizia isso, ela queria que eu soubesse um pouquinho de cada coisa... Mas sabe de um segredo? – ela sorriu travessa – Eu não vou me casar! – a jovem viu as duas mulheres a encararem chocadas.
-Santo Cristo, que sandice é essa criança? – Mary levou a mão a boca atordoada enquanto Sakura bebericava o chá.
-Não se assuste sra Mary, eu já aceitei o fato desde que meus pais faleceram. Não posso ficar à custa de Lorde Lilgen e sei que futuramente terei que me arranjar na... – Sakura viu Fantini pegar suas mãos assustada.
-Não mon petit, não pense em uma bobagem dessas, milorde vai te arranjar um bom pretendente.
-Oh madame Fantini... se dependesse de Lorde Lilgen ... eu já estaria na rua. Ele me odeia! – Sakura deu um sorriso triste.
As duas mulheres encararam-se atordoadas.
-Ele me acha um estorvo e eu sei quando não sou bem vinda... nunca fui... só por que ele é rico não indica que possa fazer o que quiser comigo. Se depender de Lorde Lilgen escolher meu noivo eu não vou casar ! – as palavras foram ditas em um tom que ecoou pela cozinha provocando surpresa no visitante a porta.
Syaoran ainda usava um roupão, os olhos inchados e o leve odor de álcool ainda impregnavam nele. Sakura empalideceu.
-Bom dia! Madame Fantini... meus parabéns! – ele caminhou até a mulher que levantou-se e ofereceu-lhe um bonito arranjo de flores, ignorando totalmente a presença de Sakura.
-Eu sinto muito pela torta, eu estava com tanta fome hoje cedo...- ele sorriu constrangido.
-Não se preocupe, querido.
-Espero que possa me perdoar pela ousadia... vou voltar para a cama. Bom dia senhoras! – ele curvou-se e deteve-se próximo a Sakura, um sorriso mordaz no rosto. – A torta estava excelente... – ele sorriu vendo a jovem encará-lo assustadíssima.
Syaoran voltou ao quarto pensativo, mas que idéia absurda era aquela?
De fato, a camponesa era realmente um estorvo, mas odiá - la? Claro que não.
Ela era uma jovem casadoura, o que o irritava profundamente, mas não da forma como ela achava.
Sorriu ao lembrar da jovem dizendo que não iria se casar. Mas que idéia mais tola? Claro que iria, afinal a jovem estava sob sua tutela, não deixaria Sakura a míngua. Ele era um cavalheiro e assumiria a responsabilidade pela jovem mesmo assim.
Deitou - se confortavelmente em sua cama, imaginando como poderia tirar proveito daquela situação.
Pirraçar Sakura seria interessante, até porque, ela era o tipo de mulher com que ele adorava se divertir e tinha também o fato de Sakura possuir algo que ele queria.
Teria que dar um jeito de descobrir onde aquela camponesa esconderá aquelas cartas.
Eriol estava um caco, isso ele tinha que admitir, mas sair com Richard e Edward era sempre reconfortante. Um sorriso bobo tomou seus lábios ao lembrar das palavras de Syaoran. Não podia acreditar que ele insinuara que ele fizesse a corte para Tomoyo. Se Eriol pudesse gritar, isso ele faria com alegria.
Sempre fora apaixonado pela jovem, mas não conseguia entender o motivo de a Tomoyo odiá -lo. Sempre tivera um zelo especial por ela.
Surpreenderá -se por Syaoran ter percebido seu sentimento pela jovem, já que era reservado demais nesse quesito, mas Syaoran era um bom observador, não possuía a fama que tinha por pouco.
Sorriu satisfeito, finalmente algo bom estava acontecendo em sua vida.
Agora era só resolver o problema com Jeremy de uma vez por todas, afinal Richard tinha voltado para a cidade.
Enfim as coisas iam se acertar. Fechou os olhos e dormiu tranquilo.
A agitação no salão de festas era grande, Tomoyo tentava rodopiar com Sakura a todo custo, mas a jovem de cabelos dourados não conseguia manter o equilíbrio de jeito nenhum.
"Vamos Sakura, você está indo muito bem." A voz da jovem morena era alta e esperançosa. Sakura por sua vez olhava desolada para a prima.
"Wei, toque mais uma vez – Tomoyo puxou a jovem e começou a rodopiá-la, Sakura mostrava-se bastante decepcionada consigo mesma"
O barulho das investidas de Tomoyo trouxe um sonolento Syaoran para o salão, aproximou-se de Wei debochado.
"Quando Madison me pediu para ensiná-la, não achei que a situação fosse tão ruim..." ele riu zombeteiro.
"Milorde... Lady Madison está tentando desde cedo, porém Lady Avalon não tem nenhuma intimidade com esse tipo de educação. Até mesmo eu tentei ensiná-la, mas..." Wei mostrou uma cara de pesar ao jovem duque.
Syaoran ficou a observar a tentativa frustrada de aula de dança para a jovem loira, respirou fundo e encarou Wei.
"Você devia ter contratado um professor..." ele afrouxou a gravata e caminhou em direção as duas jovens.
"Você não é tão boa nisso, Madison querida!" ele sorriu beijando a irmã na testa.
"EDWARD?" ela sorriu - Ha quanto tempo está vendo essa atuação desastrosa?"
"Tempo suficiente para intervir... Lady Avalon... me permite?" ele ofereceu a mão a Sakura que corou violentamente. Tomoyo bateu as mãos excitada.
"Não tem como não aprender agora Sakura... meu irmão é o melhor no que faz!" Ela sorriu.
Syaoran a encarou seriamente, puxou a jovem levemente contra seu corpo e murmurou:
"Em qualquer tipo de dança, o cavalheiro sempre a conduzira. Procure manter o corpo relaxado e deixe-se levar... apenas relaxe..." ele murmurou próximo ao ouvido da jovem. Sakura o olhou atordoada, enquanto ele lançava-lhe um olhar lascivo.
Wei colocou uma musica suave enquanto Syaoran dava as direções para Sakura.
"Não olhe para o chão, vai acabar se atrapalhando e me atrapalhando... olhe para mim – ele a encarou sério.
Sakura sentia o corpo todo tremer, a essência ambarada que ele emanava parecia impregnar em suas roupas e Syaoran era ainda mais bonito de perto...
E aquela proximidade... porque diabos ele tinha que ser tão bonito?
As lembranças do beijo vinham com intensidade assim como o desespero de saber que ela não queria casar. Assustada tropeçou nos pés dele.
"Ahh... milorde, m- me perdo.!" ela parou atordoada diante do jovem duque, Syaoran por sua vez notou o quanto a jovem tremia, pegou sua mão entre as suas e esboçou um leve sorriso.
"Vamos tentar de novo!" ele murmurou.
Tomoyo olhava a cena extasiada, seu irmão sendo gentil com Sakura era muito encantador. Lançou um olhar cúmplice para Wei.
"Milady, não tenha idéias desse tipo..."
"Mas... eles fazem um casal tão bonito..." Ela sorriu, enquanto o homem analisava a situação.
A tensão em Sakura era evidente, e Syaoran parecia divertir-se com a situação.
"Por que está enrubescendo milady?" ele lançou-lhe um meio sorriso, Sakura desviou o olhar.
"Não foi nada milordy, apenas não estou acostumada a esse tipo de situação..."
"Não precisa me temer, milady...- ele desceu a mão pelas costas da jovem - Sabe que não faria nada que a srta não me permitisse..." ele sussurrou malicioso ao pé do ouvido da jovem.
Sakura o olhou atordoada.
"Perdoe-me milorde?"
Syaoran a encarou zombeteiro, a irritação no rosto da jovem era evidente.
"Sabe do que estou falando... ou quer que eu a lembre daquela noite..."
"Não precisa me lembrar, Vossa Graça... sei bem do que milorde é capaz..."
"Sabe mesmo?" a voz do jovem duque saiu tão baixa e rouca que Sakura sentiu um frio na espinha ao ouvir aquelas palavras.
"Não ousaria milorde!" ela retrucou.
"É só uma questão de tempo..." ele murmurou, fazendo o controle que Sakura lutava para manter desaparecer.
Ela sorriu, curvou-se elegantemente e num rompante deu um pisão no pé de Syaoran.
Tomoyo e Wei ficaram chocados com a cena, enquanto viam Sakura disparar escada acima e Syaoran praguejar devido a dor.
Estava claro, aquela ação ia ter uma consequência.
Sakura estava deitada quando Tomoyo entrou afoita pelo quarto, a jovem loira ajeitou-se e tranquilamente e encarou a prima.
"Sakura, o que aconteceu?" Tomoyo torcia o vestido apavorada.
"Seu irmão foi um tanto quanto rude comigo!" Sakura disse incomodada.
"Sakura, seu comportamento foi lastimável, Edward está na cama com o pé inchado. Com certeza ele vai se queixar para mamãe e ela vai te dar o maior sermão. Sakura, não pode agir dessa forma!"
"Eu sei Tomoyo, mas... seu irmão... ele é tão... tão..." a irritação era evidente.
"LADY ESMERALD SAKURA AVALON!?" a porta se abriu abruptamente e uma Sonomi horrorizada entrou pela porta, Tomoyo empalideceu enquanto Sakura ajeitava-se na cama.
"Pois não querida tia..." ela encarou a tia.
"O que acontece contigo criança? Sabe que me envergonha agindo dessa forma?" Sonomi andava de um lado para o outro arfando eufórica – Edward pode colocá-la na rua por esse comportamento vergonhoso, e se isso acontecer não poderemos te achar um bom pretendente... Nadeshico não ficaria em paz. Ó céus... O que fiz de errado?"a mulher sentou-se diante das duas jovens em pânico.
"Lorde Lilgen foi muito generoso em aceitá-la aqui, Sakura. Ele ainda estava tentando te ajudar, o que te afligiu criança, para tão estranho comportamento?"
"Tia, não o fiz por mal... só acho que Lorde Lilgen foi um tanto quanto descortês comigo. Apenas o fiz relembrar de que estava errado em seu julgamento sobre a minha pessoa." Sakura sorriu tão docemente que espantou até mesmo Tomoyo.
"Ele a manterá aqui até que encontre um noivo apropriado querida, não pode fazer tudo a seu bel prazer. Você é apenas a convidada, minha convidada. Tenho que me responsabilizar por ti."
"Eu compreendo tia – Sakura respirou fundo e despejou – Só acho que não me vejo casada!" a jovem loira viu a mulher empalidecer, o assombro em seus olhos.
"O – o que está..."
"Perdoe-me por ser tão ingrata tia, mas acho que viver sob as ordens de um homem que não me ama e que só vai me desejar enquanto eu for moça não tem relação com o que desejo para minha felicidade. Não quero passar pelo mesmo que minha mãe." Sakura a encarou triste.
Tomoyo encarava a mãe que estava a ponto de ter um colapso.
"Céus... Madison querida chame um médico, sua prima não está bem..." Sonomi correu até Sakura, enquanto via a jovem morena correr para a porta do quarto e desaparecer por ela.
"Não diga tamanha sandice, Sakura. Não devemos brincar com a sorte – Sonomi a alertou séria – Edward e muito generoso, mas só permitiu que fique aqui enquanto te arranjo um pretendente. Me cortaria o coração ter que deixá-la a míngua por causa dessa história. Por isso peço que pare de falar bobagens e vá pedir desculpas ao duque o quanto antes ." Sonomi a encarou séria.
"Mas tia...?"
"Sakura, não deseje nunca querer ser de classe inferior a sua. Você não conhece o sofrimento que eu e sua mãe passamos. Por isso agradeça aos céus pelo que você tem, e deseje sempre mais que isso." Sonomi murmurou.
"E a minha felicidade, onde fica? Acha que Tomoyo vai ser feliz com visconde Ashlock?" ela despejou magoada.
"Eu desejo que sim, querida. Edward sabe o que faz, não escolheria qualquer um para entregar Madison, mas... quanto a você, o máximo que eu posso fazer é rogar-lhe que seja piedoso e te ajude a encontrar um bom pretendente. Por favor, seja uma boa menina! Procure não irritá-lo" Sonomi a abraçou, enquanto Sakura engolia o choro irritada.
A dor havia cessado, porém a ousadia de Lady Avalon o intrigava.
Nunca em toda a sua vida passara por aquilo, e por incrível que parecesse, Syaoran tinha gostado.
Os olhos verdes cintilavam como pedras preciosas, o rosto vermelho fazia com que ela se torna-se ainda mais graciosa... e aqueles lábios, agora contraídos... pareciam chamá-lo... para um beijo, um beijo intenso.
Syaoran passou a mão pelos cabelos incomodado, ele havia enlouquecido... pensando nela?
Não sabia o que diabos era aquela sensação toda, sempre fora tão austero e frio diante de qualquer jovem, mas... a camponesa despertara-lhe uma sensação estranha...
Engoliu o liquido dourado de uma só vez tentado afastar os pensamentos sobre Sakura, mas de uma certeza ele tinha... ela ia pagar caro, ah se ia.
Surpreendeu com batidas na porta, quem poderia atrapalhá-lo naquele momento?
-Entre!- a voz grossa ecoou pela biblioteca e ele pode ver o farfalhar do vestido cor de rosa, a cabeça baixa e o rosto vermelho, Sakura estava ali.
A jovem fez uma mesura e o encarou visivelmente constrangida, Syaoran sorriu zombeteiro.
-É muita ousadia sua, milady... sabe a gravidade da situação?
- Sei sim, Vossa Graça... - ela murmurou de cabeça baixa, o rosto vermelho.
- Sabe que poderia colocá-la na rua a qualquer momento?
-Sim... – a voz agora era baixa e assustada.
-O que acha que eu deveria fazer contigo?- Syaoran levantou-se da mesa e parou diante de Sakura, ela encolheu-se.
-Olhe para mim enquanto falo milady!- Syaoran lançou-lhe um olhar duro, fazendo Sakura encará-lo em uma mistura de pavor e orgulho.
-Faça o que achar necessário Vossa Graça...- ela sustentou o olhar, mas lutando interiormente contra a vontade de correr dali... - Nunca fui bem vinda mesmo... - ela desviou o olhar segurando as lágrimas.
-É mesmo uma camponesa mal criada... – Syaoran aproximou-se o suficiente para que ela sentisse a mistura ambarada que ele emanava. -Você é mais bonita do que eu lembrava...- Syaoran pegou uma mecha dos cabelos da jovem alisando entre seus dedos, Sakura o afastou.
-O que está fazendo milorde? Só porque me recebeu em sua casa, não indica que pode ter esse tipo de ousadia comigo!- ela alfinetou.
-Claro, claro... a Srta é de uma ótima família e estaria com a reputação arruinada se descobrissem que houve qualquer coisa entre nós.- Ele sorriu, Sakura o olhou horrorizada.
-O que está insinuando Vossa Graça...?
-O que veio fazer em meu escritório?- ele recostou-se sobre a mesa, encarando a jovem que apertava os dedos assustada.
-Eu...eu...
-Veio desculpar-se?" ele lançou-lhe um meio sorriso, Sakura corou.
-Só aceito suas desculpas com uma única condição... - ele sorriu malicioso.
-Vossa Graça...? " ela viu Syaoran aproximar-se rápido demais.
-Um beijo... e eu esqueço tudo o que houve..."
-Milorde... enlouqueceu?- Sakura correu para longe dele, Syaoran a fitou impaciente.
-Não estou pedindo nada demais... – ele disse incomodado.
-Vossa Graça... o que me pede... é indecoroso... - Sakura o olhava apavorada, enquanto ele ia cercando-a.
-Não foi quando nos encontramos altas horas da noite... - Syaoran viu Sakura parar atordoada, a luta interior era evidente.
-Não ousaria...
-Eu sou um duque... e a srta? - ele aproximou-se mais, colocando Sakura contra a parede, Sakura o fitava em uma mistura de medo e confusão.
-Apenas um beijo... - ele aproximou-se de Sakura alisando a pele alva de sua fronte, os olhos assustados e os lábios contraídos...
-Vamos? - ele enlaçou Sakura pela cintura, enquanto via a jovem contrair-se em seus braços - Não estou pedindo nada que já não fizemos antes... - ele sussurrou ao pé do ouvido de Sakura, fazendo-a arrepiar.
Sakura sentiu a mente anuviar com o toque do jovem, tão delicado e ao mesmo tempo carinhoso, confusa colocou as mão sobre o tórax dele e sentiu os lábios de Syaoran contra os seus.
Seus lábios dessa vez eram doces, apesar do gosto forte de álcool, e estranhamente aquilo mexeu com Sakura. Seu estomago remoia de uma forma gostosa e assustou-se quando sentiu as mãos dele invadirem seus cabelos.
Que sensação incrível era aquela?
-TOC, TOC,TOC! – Syaoran soltou um muxoxo, enquanto afastava da jovem que ainda permanecia de olhos fechados, arfante.
-Quem é?
-Edward! Posso entrar? – Tomoyo exclamou, fazendo Sakura voltar do topor que estava, encarou Syaoran assustada. Ele se recompôs, indo em direção a porta e pedindo silencio para Sakura.
-O que houve Madison? – ele ficou na porta, enquanto Sakura tentava se recompor.
- Meu irmão, por favor... não mande Sakura embora! – Tomoyo implorou com lágrimas nos olhos – ela estava assustada! Perdoe-a por favor. Faço o que você quiser! – a voz de Tomoyo era desesperada. Syaoran sorriu.
-Acalme-se! – ele a beijou na fronte divertido - Eu não vou mandá-la embora, fique tranquila! Mas não vou admitir esse comportamento novamente. Por isso fique de olho nela, não vou ser tão complacente da próxima vez.
-Oh meu irmão! – Tomoyo o agarrou com força – Você é o melhor! Vou contar para Sakura agora! Eu te agradeço muito! – ela o beijou no rosto e saiu correndo pelo corredor.
Syaoran sorriu divertido, voltando-se para Sakura.
-Pode ir – ele observou Sakura passar por ele meio trêmula – Mas não ouse contar nada para ninguém! – ele disse sério, fazendo Sakura encará-lo incomodada.
-Não vou fazer isso, mas... não fique achando que pode fazer o que quiser comigo senhor... – elao fitou e Syaoran sorriu desdenhoso – boa tarde vossa graça! – ela fez uma mesura, mas ao encará-lo, Syaoran a segurou e beijou novamente, dessa vez de uma forma mais intensa e voluptuosa.
Sakura sentiu seu ar fugir e as pernas bambearem, mas seu inconsciente gritava mais alto, que tinha que sair dali... e logo. Afastou-se dele atordoada e com muita dificuldade correu dali, assustada.
Syaoran por sua vez, sorriu... um sorriso estranhamente verdadeiro.
Os comentários sobre o baile eram o assunto da semana e aquilo estava mexendo com os sentimentos das duas jovens. Ansiedade por parte de Tomoyo e medo pela de Sakura.
Passará a semana toda preocupada demais com esse baile assim como os beijos trocados com o duque na biblioteca. A discussão com Sonomi só havia piorado ainda mais a situação e Sakura sabia... ia ser colocada no abatedouro logo.
Tomoyo estava eufórica ao ver seu vestido pronto, um baile a fantasia eram sempre os mais cobiçados na temporada e ela escolherá a dedo seu traje. Uma adaptação de Elizabeth Bennet, sua heroína favorita do livro de Jane Austen.
As criadas corriam para lá e para cá em busca de sapatos e fitas, enquanto Sakura e Melany observavam a jovem ser preparada.
-Estou tão ansiosa, os bailes de Lady Sheelbrooke são sempre os melhores da temporada. Fico feliz que Sakura possa participar. -Tomoyo sorriu, enquanto Sakura a fitava desanimada. Emma ajustava o corset de Sakura, para horror da jovem que evitava usar aquela peça.
-Eu também Tomoyo, tenho certeza que algum desses homens -Sakura fez uma careta de desagrado ao sentir a jovem apertar a peça - vai se interessar por mim e quando souber que não tenho dote me rechaçar...
-Ora Sakura, não seja pessimista, você é linda, vai arranjar um marido maravilhoso .. tenho certeza! - Tomoyo riu fazendo Sakura a fitar com um sorriso muxoxo. Melany observava as duas encantada.
-Vocês tem tanta sorte, conhecer tantos nobres e poder participar desse baile é algo maravilhoso. – a ruiva sorriu encantada, enquanto via Kate cachear os cabelos de Tomoyo.
-Logo poderá participar deles também Melly querida, só questão de tempo... – Tomoyo disse animada, quando Sonomi adentrou o quarto das jovens animadíssima.
-Já estão prontas? – a mulher sorriu exultante.
Sonomi usava um bonito vestido de tafetá vinho contrastando com os enormes e brilhantes diamantes da família Lilgen, na cabeça um bonito penteado ornado por uma tiara tão bonita quando as joias em seu pescoço.
A mulher trazia duas caixinhas de veludo.
-Apressem-se meninas! Não podemos atrasar! Deixe que Mary aperte esse espartilho Emma, Esmerald não vai entrar no vestido assim! – a mulher viu Mary aproxima-se do vestidor e pegar os fios das mãos de Emma, apertando o corset com um só puxão, por um segundo Sakura sentiu os olhos lacrimejarem...
-Sra Mary... Não consigo... Não consigo respirar!
-Logo acostuma milady, respire devagar! – a mulher sorriu para Sakura que estava pálida. Viu Mary passar o vestido branco por seus braços e quando deu-se conta estava pronta.
Ao sair de trás do vestidor, Sonomi segurou-se para não chorar... de novo.
-Minhas menininhas debutando na alta sociedade... – ela começou a se abanar tentando segurar as lágrimas – Aqui meninas... usem isso! – ela ofereceu as caixinhas
Enquanto Tomoyo colocava os brincos de Safira e Kate a ajudava com a tiara, Sakura ficou parada diante do espelho.
Era ela mesmo?
Seus cabelos estavam semi-presos no alto da cabeça, caindo por sobre o ombro direito em vários cachos até seu busto. Emma colocara algumas pequenas flores brancas para dar um ar mais etéreo para a jovem, Sonomi ofereceu uma das suas joias mais bonitas.
-Tia... prometi para mamãe usar o colar que ela me deu... não se importa não é?
-Claro que não, tenho certeza que Nadeshico estaria orgulhosa de ver a mulher que você se tornou. – Sonomi a abraçou com carinho.
-Muito obrigada tia! – Sakura tencionou chorar, mas foi impedida pela mulher.
-Nada de choro querida, vai estragar a maquiagem... vamos, vamos?! – ela bateu palmas, enquanto Emma oferecia a máscara de Sakura e Tomoyo.
Syaoran estava irritado, não tinha clima para aquele baile, mas infelizmente perdera uma aposta com Eriol e seu castigo era ir fantasiado. Coisa que ele abominava.
Ajeitou os botões da farda escura que usava, e olhou incomodado para o relógio, quando viu Sonomi descer em seu vestido vinho, sendo seguida por sua adorável irmã e a prima.
Syaoran sentiu a boca secar ao ver Sakura, um anjo... ele pensou.
-Vossa Graça... – ela fez uma leve mesura, enquanto Tomoyo sorria.
-Não está encantadora, meu irmão?
-Sim - a voz rouca de Syaoran fez Sakura corar ainda mais.
-Bem... todos estão prontos... Esmerald querida, hoje é a sua noite. Sorria e seja educada... possivelmente seu futuro marido esteja entre um dos convidados. – Sonomi riu caminhando para a porta com Syaoran ao seu lado.
Sakura sentiu seu mundo girar.
-Vai ficar tudo bem Sakura... –
O coração da jovem estava a ponto de sair pela bova, e o pavor era evidente.
Não tinha mais volta, logo seria uma peça em exposição para aquela sociedade.
Sakura apertava a mão de Tomoyo com força, lutando para não cair no choro.
Não podia decepcionar sua tia... não podia decepcionar Tomoyo.
Viu a casa de Lady Sheelbrooke aproximar-se e por um minuto sentiu a vista embassar.
Não tinha mais volta...
A carruagem parou e a porta abriu, para desespero de Sakura.
-Desça! – a voz de Syaoran fez Sakura apavorar-se mais e todos os temores da jovem pareceram mínimos naquele momento.
Os borrões coloridos e brilhantes que subiam as escadas junto com elas pareciam intensificar o medo de Sakura, fazendo-a respirar dificultosamente.
-Acalme-se Sakura... vai dar tudo certo! – Tomoyo sorriu por trás da máscara branca e azul.
Sakura sorriu, e ao depara-se com a multidão de pessoas que deslizavam pelo salão sentiu seu chão sumir.
-O Duque e a Duquesa de Lilgen – um homem anunciou – e Lady Lilles e Lady Avalon. – Sakura ouviu seu nome e o virar de varios rostos...
Definitivamente...
Ela tinha ido para o abatedouro.
Depois de um longo tempo em hiatos eu finalmente voltei.
Peço perdão a todos os leitores que aguardavam essa fic ansiosos, eu me envergonho de todo esse tempo sem publicar nada.
Tive um bloqueio criativo e me afastei do meio literário, mas... graças a uma amiga que me estimulou a continuar,
cá estou com mais um cappie dessa história que eu acredito vá ter um desenrolar mais rápido agora.
Eu não tiro a razão de vocês de me xingarem, eu também tenho vergonha do que fiz, mas como consegui escrever, está aqui mais um capítulo.
Espero realmente que gostem.
Beijos
Vanessa Li