OLÁ! Mais uma fic estreando, aquele friozinho gostoso na barriga e a ansiedade me comendo viva. Não aguentei e postei logo essa fic que eu venho trabalhando a algum tempo junto com minha beta Line Lins. Espero de verdade que vocês curtam cada momento que estou preparando para a fic. Reviews são mais que bem vindas, são necessárias para a autora aqui ficar feliz.

Show me the love, queridas!

Steph Meyer é dona do vampirão que brilha e da Bellinha com sangue doce, mas eu sou dona dessa Bellinha e desse Edward que vocês vão amar!


1.

2001

Todas as cabines do único banheiro tinham que estar ocupadas. Porcaria de shopping de cidade pequena! Quando você não precisa urgentemente usar um banheiro, todos estão desocupados, mas quando é em um caso de emergência você fica olhando ao redor em busca de uma porta com o sinal de "livre". Só uma porta estava entreaberta e eu olhei para minhas duas amigas procurando apoio para fazer aquilo.

- É um banheiro de deficiente, Bella. - Angela murmurou como se tivesse medo de alguém escutar nossos pensamentos.

- É nossa única chance. - retruquei torcendo minhas pernas para não fazer xixi ali mesmo. - Ninguém vai ver.

- Vamos logo com isso. - Jessica disse me puxando pela mão e abrindo a porta da cabine.

O espaço do banheiro para deficientes era perfeito para comportar três garotas no momento mais tenso de minha vida. Não se tratava apenas de uma vontade louca de fazer xixi e sim de uma necessidade de fazer xixi em um maldito bastão de teste de gravidez. Por ser a mais velha entre nós três, Jessica foi responsável por comprar o teste enquanto eu bebia 700ml de chá gelado para que minha bexiga ficasse no ponto. Já que eu não queria ser descoberta por ninguém - pelo menos não enquanto eu ainda estava na dúvida - nós corremos para o único shopping de Forks e nos trancamos dentro do banheiro feminino para que eu pudesse fazer o teste.

- O que eu preciso fazer? - perguntei fazendo uma dança para aguentar enquanto Jessica rasgava a caixa do teste.

- Xixi nessa ponta do bastão. - ela respondeu passando os olhos pela instrução. - Depois de cinco minutos nós iremos saber.

- Ok, entendi...

Abaixei minha calcinha e peguei o bastão da mão de Jessica, o centralizando entre minhas pernas sem saber direito em que buraco ele deveria ficar, mas bastou eu estar sentada no vaso sanitário para que o xixi fizesse todo o processo natural e eu cheguei até a fechar os olhos com o alívio tomando conta de mim. Estiquei o bastão para que alguém o pegasse enquanto eu tentava tirar alguns pedaços de papel higiênico e Angela o segurou fazendo uma expressão de nojo mesmo que também estivesse usando papel para se proteger. Fechei o vaso após dar descarga e Angela deixou o bastão sobre a tampa, os olhares da três ligados no espaço em branco que deveria aparecer as linhas que iriam decidir meu futuro. Nem dava para explicar o que se passava em minha cabeça naqueles minutos eternos.

Lentamente o espaço branco foi ganhando um tom de rosa e se transformava em uma linha. Depois outra linha surgiu na mesma cor e eu olhei para Jessica sem saber o significado daquele resultado, esperando que ela me desse a resposta. Eu nunca tinha feito um teste de gravidez antes em minha vida e não achei que fosse precisar pelos próximos dez anos se possível, mas não dava para fingir que os sinais estavam lá. Menstruação atrasada mais de três semanas, meus peitos inchados, um sono terrível e vontade de vomitar toda vez que eu sentia o cheiro de fritura do refeitório da escola. Eu só tinha 16 anos, não queria ter que passar por aquela situação no meio do Ensino Médio e morando em uma cidade que tudo era motivo para muita fofoca.

- Fala, Jess. - pedi desesperada quando ela leu as instruções novamente e me lançou um olhar que não dizia nada.

- Positivo.

Caí sentada no vaso sanitário e tapei minha boca com as mãos, pois era bem capaz que eu soltasse um grito digno de filme de terror quando tomei conhecimento do que estava acontecendo. Eu estava grávida. Em nove meses uma criança iria nascer e eu nem tinha terminado a escola. Meus pais iriam me matar e não seria loucura eu ser mandada para algum colégio interno especializado em adolescentes grávidas só para evitar que o nome de minha família fosse envolvido em especulações e histórias horrorosas. Eu não sabia o que pensar naquele momento porque eu estava sentindo tudo ao mesmo tempo; nervosismo, medo, ansiedade, vontade de chorar...

- Bella... - Angela disse se agachando em minha frente. - Você está bem?

- Eu... preciso sair daqui. - murmurei pegando minha bolsa pendurada atrás da porta e a abrindo com força.

As duas me seguiram pelo shopping, até a vaga no estacionamento onde meu carro estava estacionado, preocupadas com meu silêncio. Normalmente, quando alguma coisa dessa importância acontecia, eu estaria gritando e chorando, mas até então eu estava calada e continuei enquanto dirigia para a casa de Jessica. Liguei o rádio em uma estação qualquer só para ter um barulho além do motor do carro e meus lábios estavam apertados de uma forma que me machucava, porém eu não me importava muito. Já fazia mais de meia hora que eu tinha descoberto que estava grávida e nenhuma palavra sobre o assunto saiu de mim.

- Hum, Bella? - escutei Jessica sentada ao meu lado me chamar. - Você não acha melhor parar o carro um pouco?

- Eu vou te levar em casa e depois levar a Angie na dela. Depois eu vou até a reserva falar com o Jake. - expliquei em um tom de voz que parecia que eu estava conversando apenas comigo.

- Agora? - Angela gritou se enfiando entre os bancos e me encarando. - Não é melhor você contar depois, quando estiver mais calma?

- Eu preciso fazer isso antes que... Antes que eu...

- O que você está pensando em fazer, Bella? - Jessica perguntou.

- Você não vai tirar essa criança, não é? - Angela concluiu o questionamento em um sussurro.

- Eu não sei o que vou fazer. Eu preciso conversar com o Jake antes.

Como eu havia planejado, deixei cada uma em suas respectivas casa e dirigi até a reserva Quielute que ficava a alguns quilômetros de Fork. Não era uma viagem longa e eu já estava acostumada a fazer o caminho quase todos os finais de semana dos últimos dois anos desde que comecei a namorar Jacob. Meu primeiro namorado, o cara que eu tinha decidido perder a virgindade há alguns meses e o pai da criança que aparentemente estava sendo gerada dentro de mim. Minhas mãos segurando o volante suavam, mas esse era o único sinal de que alguma coisa estava acontecendo comigo. Eu só iria me manifestar quando realmente estivesse pronta para expressar o que exatamente eu estava sentindo.

A casa de Jake ficava na entrada de uma floresta e como sempre seu pai estava sentado na varanda da frente conversando com Harry Cleawater, um de seus amigos que também eram amigos de meu pai. Bill e Charlie estudaram juntos, trabalharam juntos na polícia de Forks por anos, até que um acidente de carro deixou Bill paraplégico e o fez se aposentar muito mais cedo, quando Jake tinha apenas sete anos. A amizade de nossos pais foi um dos fatores que nos fez crescer juntos e mais tarde começar a namorar mesmo que as nossas famílias achassem que éramos novos demais para um relacionamento. Não queria nem pensar no que eles diriam quando descobrissem sobre a "novidade".

- Ei, Bella. - Bill me cumprimento acenando e deslizando a cadeira de rodas para mais perto.

- Oi, Bill. Oi, Harry. - acenei de volta subindo os dois degraus da escadinha na entrada. - Jake está em casa?

- Está na garagem mexendo naquela velharia que ele chama de moto.

- Vou falar com ele.

- Você vai ficar para o jantar? - ele gritou enquanto eu dava a volta na pequena casa.

- Não posso. René me mataria. - gritei de volta dando uma risada que saiu falsa, pois não era exatamente o momento mais feliz de minha vida.

Jake estava de costas para a entrada da garagem e mexia em alguma coisa no pneu da moto que ele praticamente construiu com peças velhas que comprava aos poucos. Dei duas batidas na porta de madeira para chamar sua atenção e ele me olhou por cima do ombro me dando um sorriso de canto que era um dos fatores que me fazia gostar tanto dele. Ele limpou a mão suja de graxa antes de se aproximar, mas mesmo assim ficou com as mãos afastadas de mim quando me inclinei e depositei um beijo em seus lábios quentes, assim como o restante de sua pele sempre estava em uma temperatura acima do normal.

- Problemas com a moto? - perguntei sentando em um banquinho que tinha especialmente para mim.

- Só preciso apertar alguns aros para não dar problema depois. - ele respondeu agachado em frente ao pneu e apertando sei--o-quê no aro.

- Ei, Jake. Lembra aquele dia que eu passei mal depois que nós fomos comer pizza e você achou que era porque eu tinha comido de banana?

- Eu te disse que aquela pizza te faria passar mal.

- Eu acho que eu não vomitei por causa da pizza de banana. Foi por outro motivo.

- Você estava doente? - ele perguntou ainda não demonstrando o interesse que eu queria.

- Eu acho que eu estou... grávida, sabe?

A ferramente que ele usava para aperta o aro da moto caiu com força em seu pé esquerdo e Jake ficou de pé se virando rapidamente pra mim. Suas sobrancelhas estavam juntas, sua boca estava aberta em forma de "O" e eu conseguia escutar sua respiração pesada. Lá estava a imagem de alguém prester a pirar e eu fiquei em pé querendo me aproximar mais dele, mas sem saber como.

- Você... acha?

- Eu fiz um teste desses de farmácia e deu positivo, então isso significa que eu estou grávida.

- Como isso foi acontecer? Você não estava tomando anticoncepcional ou algo do tipo?

- Nós só estamos transando há quatro meses, Jake. Eu ainda nem conversei com uma ginecologista desde que perdi minha virgindade. Ainda não tinha dado tempo.

- Então, esse tempo todo que nós transamos sem camisinha, você estava completamente desprotegida?

- Basicamente.

- Puta que pariu, Bella!

- Eu sei! Eu também não sei o que fazer e precisava conversar com você antes de tomar qualquer decisão.

- Nós não temos muitas opções, não é? Vamos tentar criar essa criança da melhor maneira e...

- Criar? Nós só temos 16 anos! Eu não tenho idade para ser mãe.

- E o que você sugere, então? Tirar essa criança?

- Não...

- O que nós vamos fazer, Bella? Porque metade desse erro é minha culpa e eu preciso saber o que irá acontecer em minha vida daqui a alguns meses.

- Eu não sei ainda. Por enquanto eu só quero que você fique comigo e me ajude independente do que aconteça.

- É claro que eu vou ficar com você independente de qualquer coisa, Bella.

Ele me abraçou forte com seus braços malhados e o calor que seu corpo passava me acalmou um pouco, mas não o suficiente para que minha cabeça parasse de se movimentar com tantos pensamentos. Contar para Jacob sobre a gravidez tinha sido uma das coisas mais difíceis em minha vida, só que o grande problema estava por vir; contar aos meus pais. Ou melhor, a Charlie. Ser filha única tinha a desvantagem de ser super protegida pelo papai e Charlie era do tipo que mesmo conhecendo Jake desde criança não nos deixava sozinhos por mais de 40 minutos para não nos dar oportunidade. O que ele não imaginava era que as tardes de sábado na casa de Jake não tinham a mesma supervisão que ele presava e qualquer minutinho já era suficiente para nos meter naquela confusão.

Eu precisava contar para meus pais antes que a gravidez avançasse e eles descobrissem de outra maneira que não fosse através de mim. Até o terceiro mês foi fácil esconder que minha barriga não estava aumentando, que eu não precisava mais comprar absorvente já que não estava menstruando e que minhas saídas mais cedo da mesa do café da manhã era para colocar tudo pra fora. Mas René tinha o sexto sentido de mãe e notou que alguma coisa estava acontecendo comigo. Durante uma tarde que eu a ajudava a fazer as compras do mês ela resolveu investigar de sua maneira.

- Precisa de algum produto da sessão se higiene pessoal? - perguntou enquanto nós andávamos pelos corredores vazios.

- Acho que desodorante e pasta de dente.

- E absorvente? A última vez que eu limpei sua gaveta só haviam alguns tampões e logo sua menstruação irá chegar, não é?

- Eu comprei dois pacotes semana passada.

- Bella, eu limpei sua gaveta ontem e os mesmo absorventes estavam lá.

- Eu guardei em meu quarto...

- Bella, o que está acontecendo?

O supermecado não estava cheio e os corredos vizinhos provavelmente estavam vazios, mas eu não podia dar aquele tipo de notícia naquele lugar. René percebeu que algo realmente estava acontecendo e deixou o carrinho no meio do corredor quando me segurou pela mão e me arrastou para meu carro em frente ao supermercado. Me obrigou a sentar no banco do passageiro enquanto sentava no lado do motorista e me fitou com aquele olhar severo enquanto eu fitava minhas coxas.

- Eu... - tentei falar. Impossível. Ainda não. Mais alguns meses e eu estaria pronta.

- Você... - ela insistiu com um gesto para que eu continuasse.

- Por favor, não me mate ou me mande para um colégio interno.

- Diga primeiro, Isabella. Eu quero te escutar dizer.

- Eu estou grávida, mãe... - murmurei fechando os olhos em uma expressão igual a de quem esperava um soco no rosto.

Depois que o silêncio ficou insuportável, eu abri os olhos. René tinha lágrimas nos olhos e a mão direita estava trêmula sobre seus lábios entreabertos. Eu só queria que ela me dissesse alguma coisa, até mesmo que realmente iria me mandar pro outro lado do país para não passar pela vergonha de ter uma filha adolescente desfilando com uma barriga gigante por aí. A falta de palavras era a pior parte.

- Jacob é o pai? - ela perguntou com os olhos marejados ainda fixos no estacionamento.

- Claro que ele é o pai! - retruquei ultrajada com aquela dúvida.

- Eu tenho direito de perguntar. As garotas de hoje em dia não se importam em sair transado por aí com qualquer um...

- Eu não estou por transando com qualquer um. Eu estou transando meu namorado, o mesmo cara que eu estou namorando há dois anos.

- Por que você fez isso, Bella?

- Não foi algo que eu quis.

- Você quis sim! Se não quisesse engravidar teria levado a sério todos os métodos contraceptivos que existem. Ou vocês não estavam usando?

- Nós usamos... no começo. Mas depois...

- Vocês acharam que confiando um no outro nada disso iria acontecer? Que transar algumas vezes sem camisinha não iria resultar em uma gravidez agora? Vocês são duas crianças! Já pararam pra pensar como será daqui a nove meses quando essa criança nascer? Você vai estar no último ano da escola, Bella. E a faculdade? E o curso de comunicação que você tanto sonha em fazer?

- Eu vou fazer isso tudo que programei para minha vida. Porque eu não vou ficar com essa criança.

- Nem pense nisso! Eu não permitir que você faça uma atrocidade dessas e tire essa criança.

- Eu não vou fazer um aborto, mãe. Eu vou colocá-la para adoção.

- Adoção? Essa é sua solução para o problema?

- Você quer criá-la? Porque eu não tenho condições e prefiro que uma família que tenha fique com ela. Um casal que não possa ter filhos, qualquer pessoa disposta a amá-la e dar tudo que ela precise.

- Essa é uma decisão que precisa ser tomada com calma.

- Já está decidido, mãe. Eu vou ter esse bebê, mas outra pessoa irá criá-la.

Realmente estava decidido. Jake e eu queríamos que nosso filho tivesse uma família de verdade, não pais adolescente que não queriam essa responsabilidade. O final da gravidez seria no começo do meu último ano na escola e em algumas semanas eu poderia estar de volta como se nada tivesse acontecido, pronta para seguir em frente e lembrar em alguns momentos de minha vida que eu dei a uma família a chance de ter um filho saudável e perfeito. Seria meu grande ato autruísta.

E quando aquela garotinha de cabelo tão preto que mais parecia uma peruca foi colocada em meus braços alguns meses depois, eu tive certeza de que estava fazendo a coisa certa. O que eu senti não era suficiente para me fazer ser sua mãe, a mulher que ela iria se espelhar e buscar conforto quando precisasse. Eu era apenas uma garota de 16 anos que foi irresponsável e aguentou os olhares curiosos conforme eu ficava redonda durante a gravidez. Sua mãe de verdade era a mulher que a carregou e automaticamente seus olhos se encheram de lágrimas enquanto o marido passava o braço ao redor de seu ombro e depositava um beijo em sua bochecha molhada de lágrimas. Os dois eram sua família, eu apenas tinha sido a responsável por fazer seus caminhos se cruzarem.

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