Finn foi um dos poucos a dizer para Rachel quão errada ela estava ao confiar em Quinn. A loura quis retaliar o gigante rapaz, mas Rachel foi contra qualquer tipo de violência. Santana riu até cair da cadeira ao saber que a (ex) perdedora da escola mandava completamente na rainha do McKinley. Mais tarde, por vingança, Quinn fez o treinamento das líderes um inferno para a latina, que a xingou via texto por celular – Santana estava sem ar depois de três horas seguidas de pulos e corrida – e depois ainda jogou o aparelho na cabeça da amiga.
Rachel não entendia como uma amizade tão deturpada funcionava tão bem.
Depois de um tempo, Finn se desculpou pelo o que havia dito. Ele pareceu sincero ao ponto de ser convidado por Kurt e Rachel para uma tarde de bros – era assim que o gigante rapaz se referia quando saia com o futuro meio irmão -. Quinn e Santana demoraram mais tempo para aceita-lo de volta, mas tudo se resolveu depois e o Nova Direções passou a ser uma real família com direito a saídas, festas e dormir na casa um dos outros.
Claro que quando o senhor Schuester anunciava audições para o próximo solo, eles ainda brigavam entre si e planejavam algo contra Rachel. Porém, as ameaças e comentários perderam o tom ofensivo e até a diva passou a retalia-los de volta. Rachel até aplaudiu e ofereceu ajuda quando Tina ganhou o último solo.
Quando Sam Evans entrou no clube de coral, foi recebido com uma música de boas-vindas – ideia da Rachel, claro – e depois de alguns dias, chamou Quinn para sair. A loura sorriu fingindo embaraço e contentamento, então o rejeitou dizendo não estar interessada. Sam achou que por não estar interessada, ela queria dizer que não aceitaria sair com ele tão fácil, afinal ela mandando na escola e sendo a garota considerada a mais bonita, um aluno transferido não poderia seduzi-la tão facilmente.
Isso durou por algum tempo, até que o louro cantou uma música para Quinn e a chamou para um encontro logo em seguida. Houve um silêncio constrangedor e mesmo o senhor Schuester decidiu não falar nada, surpreso e na expectativa do que a chefe das líderes responderia.
Se Quinn havia conversado com Rachel sobre as investidas de Sam, ninguém sabe, mas foi a diva quem respondeu pela loura, rejeitando o outro. Finn, ao final dos ensaios, quem chamou o louro e explicou sem muitos detalhes a relação entre a cantora e a abelha rainha da escola. Desde a extrema inimizade, passando pela gravidez, Shelby e as duas se tornarem melhores amigas.
Puck quem falou sobre as apostas de quando elas – finalmente, segundo Santana – anunciariam a união oficial. Brittany perguntou se fez algo de errado para não ser convidada ao casamento. Kurt explicou que não falavam de um casamento. Ainda.
Rachel agora tinha Quinn andando lado-a-lado pelo corredor vazio da McKinley. Lembrava de quando a loura passou a rejeitar todos que tinham coragem de chama-la para um encontro, começando por Sam. De início, a morena achava que as rejeições fossem por medo: de trair e ser traída, de uma nova gravidez, de se machucar. Porém, Quinn não parecia mesmo interessada nos rapazes que a cortejavam.
Nem nas garotas, depois que a primeira a chamou para sair. Rachel olhou a cena surpresa, com a respiração presa, esperando qualquer coisa menos a serenidade da outra ao dizer que, apesar de lisonjeada, não estava interessada. Então a diva passou a achar que Quinn finalmente levava a sério o celibato – e depois se repreendeu pelo pensamento maldoso -.
"Você está sorrindo de forma estranha." Disse Quinn sem olhar para a morena. "Eu conheço esse sorriso. Você está se achando."
"Claro que estou. Quando você tem a chefe das líderes de torcida desprezando cada um que a chamava para um encontro, mas você mesma saía em vários com ela, é permitido regojizar." Sorriu.
"Então definimos que eram encontros?"
"Eu disse que sempre pareceram encontros."
"Desculpe demorar tanto faze-los oficiais." Envolveu a mão da outra.
"Você se desculpa demais, Quinn." Apertou a mão alva. "Vamos pela direita. Segunda porta à esquerda."
O quarto da diva não lembrava muito o jeito que Quinn o vira pela última vez. A cor amarela continuava a mesma, o elíptico ainda estava lá, a cama de casal estava arrumada como geralmente, e ainda havia estantes e objetos decorativos.
Mas os porta-retratos haviam sido retirados, e tinha vazios entre os livros, DVD's e CD's. Faltavam roupas no closet – que era possível ver por estar com a porta aberta – e havia vários papéis sobre a escrivaninha. Rachel nunca deixava nada desorganizado a menos que estivesse com muita pressa, mas a morena costumava cronometrar seu tempo justamente para nunca se atrasar em nenhum de seus compromissos. Isso já causou algumas discussões entre elas. Quinn odiava acordar cedo ou sair mais cedo de casa. Treinadora Sylvester era a única que, apenas o pensamento, a tirava a cama em milésimos de segundo. Mesmo Rachel, em geral, se deixava levar pelas graças da namorada e a deixava dormir mais alguns minutos.
"Desculpe pela bagunça, Quinn." A diva juntava os papéis sobre a escrivaninha. "Não tive o tempo necessário para fazer a limpeza."
"Em todos esses anos que nos conhecemos, foram duas vezes que você saiu apressada para algum lugar. E não por atraso." Franziu o cenho.
"Você costuma ser mais direta, Quinn." Encarou a loura.
"O que a fez sair tão apressada que a fez largar esses papéis aí? E porque faltam livros, CD's, DVD's e roupas?"
Rachel colocou alguns papéis na gaveta e o restante deixou onde estava mesmo.
"Onde você está, Rachel?" A morena aproximou-se da outra, tocando levemente a face alva.
"Estou aqui, Quinn."
"Estamos juntas mesmo?" Colocou uma mão sobre a que estava em seu rosto.
"Por enquanto, sim." Sorriu tristemente, afastando-se.
"Onde eu estou?" Murmurou.
A campanhia soou ao fundo.
"Você precisa lembrar, Quinn."
"Estou feliz por sua aproximação com a anã e tudo o mais." Disse Santana sentada em sua cama, lixando uma unha, parecendo despreocupada. "Mas quando é que você vai falar com ela?"
"Pior timing, impossível." Murmurou a loura cruzando os braços. "Eu não sei, Santana. Ela precisa confiar em mim primeiro."
"Você foi na casa dela nos últimos três meses mais vezes do que fiz sexo com B no mesmo período!" Disse exasperada, encarando a amiga. " E vocês dormem na mesma cama agora. Se isso não é confiança, não sei o que é."
"Quer, por favor, falar mais baixo? Elas podem estar no corredor e te ouvir." Reprovou Quinn, olhando nervosa para fora do quarto. "Eu vou falar quando tiver certeza. Não me pressione."
"Não pressionar?! Como foi mesmo que tomei coragem de me declarar pra Brit?"
"É diferente e você sabe."
"O que é diferente?" Perguntou Rachel entrando no quarto segurando uma bandeja. Brittany vinha logo atrás com copos e talheres.
"Perguntei pra rainha aqui se eu ainda sou a melhor amiga dela... Não. Pro inferno. Quero saber se ainda somos amigas. Afinal, a boca dela é dizer 'Rachel isso e aquilo'." Disse a latina ajudando a namorada.
"E eu estava explicando que a minha amizade com você e a amizade que tenho com ela é diferente." Quinn tomou a bandeja das mãos da cantora colocando sobre a cama cuidadosamente.
"Oh, Santana. Claro que você é a melhor amiga de Quinn. Vocês se conhecem há tantos anos e já vivenciaram tanta coisa juntas. Sinto muito por interferir negativamente no relacionamento de vocês, eu realmente não fazia ideia. Só estou muito contente por Quinn, finalmente, ter me aceitado."
"Tanto faz, anã." Rolou os olhos.
"Santana não está realmente com inveja de você, El. E também estamos contentes por você e Quinn serem amigas porque assim podemos todas ser amigas e sair juntas e fazer festas!" Abraçou Rachel que não hesitou em retribuir o gesto.
"Você poderia, pelo menos, saber se Rachel está ou não com Jesse-meu-cabelo-é-mais-imortante-que-minha-própria-vida-St James." Cochichou Santana para a líder de torcida antes de começar o filme.
Jesse St James começava a importunar a loura ainda que Quinn jurasse que ele era apenas como um mosquito irritante pedindo para ser esmagado. Quando o jovem príncipe – como Santana se referiu uma vez, mas não de um jeito bom – apareceu pela primeira vez na vida de Rachel, Quinn não se importou muito. Finalmente a morena teria alguém para correr atrás e deixaria a loura em paz com sua gravidez. No entanto, o período que Jesse estudou no McKinley, Rachel pareceu mais estressada. Quinn associou isso a um conjunto de fatores que se resumia a Jesse ser tão competitivo quanto a cantora. No final, descobriu-se que os dois tiveram um rápido romance, apenas porque Rachel via em Jesse alguém tão talentoso quanto ela e por ele a estar ajudando a encontrar a mãe.
E Quinn estava presente quando o primeiro encontro entre a diva e sua mãe aconteceu. Mais tarde, tudo que conseguia pensar era sobre não querer reencontrar Beth apenas dezesseis anos depois e ambas saírem machucadas.
Então houve o dia em que o Vocal Adrenalina fez de Rachel um omelete ambulante. Todos se revoltaram por razões diferentes – e egoístas – para dar o troco no palco – como sempre faziam -. Entretanto, Quinn deixou-se levar pelos hormônios – foi a desculpa perfeita na época – arrastando Santana e Brittany na elaboração de uma real vingança.
Até o dia atual, ninguém entendeu como todos os membros do Vocal Adrenalina ficaram uma semana com a pele azul e no hospital por conta de uma alergia nos olhos. Brittany achava que o que tinham feito foi uma caça ao tesouro. Santana ainda não acredita o quão psicopata Quinn poderia ser - ainda mais quando grávida -.
E agora, há poucas semanas, Jesse reapareceu na vida de Rachel pedindo desculpas e alegando ter mudado. A morena, como a pessoa de coração enorme que é, aceitou tudo o que foi dito e se tornaram quase melhores amigos – Kurt ainda era o preferido -.
"Rachel." A loura olhou para o lado, tendo o nariz da diva a poucos milímetros de si. Ambas estavam deitadas, em uma mistura de pernas e braços. Pelo silêncio e falta de luz, devia ser muito tarde. "Rachel, preciso perguntar uma coisa." Passou a acariciar o cabelo da outra. "Rachel."
"Quinn, se a pergunta fosse algo de extrema importância e emergência, tenho certeza de que você não estaria falando tão baixo e gentilmente. Sabendo disso, não pode esperar mais algumas horas para perguntar o que quer que seja?" Murmurou a diva roucamente, ainda de olhos fechados.
"É importante e urgente pra mim." Franziu o cenho.
"Muito bem." Encarou a loura. "Pergunte e farei o meu melhor para lhe dar uma resposta que acalme sua ansiedade e, finalmente, me deixe dormir."
"Você só quer que eu pergunte para que você possa dormir?" Ergue uma sobrancelha indignada. Rachel sacudiu a cabeça e se acomodou melhor por cima da loura a fazendo rir. "Não durma ainda, Rachel."
"Finalmente, posso começar a contar em ambas as mãos as vezes em que me chamou pelo meu primeiro nome." Sorriu levantando a cabeça para encarar a outra. "O que você deseja perguntar, Quinn?"
"Você e Jesse estão juntos novamente?"
"Quinn Lucy Fabray." Murmurou a diva de cenho franzido. Quinn mordeu o lábio inferior, sabendo que não deveria ter ouvido Santana. "Não acredito que você me acordou" Olhou para o relógio no criado-mudo ao lado da cama. " ás três e quinze da manhã para saber qual meu relacionamento com Jesse St James. Pior, não acredito que você acha que eu voltaria a namora-lo e não informaria a você e ao resto do coral."
"Vocês se falam quase todo dia. E treinam juntos!"
"Jesse e eu chegamos a conclusão de que somos pessoas muito iguais e convivemos melhor admitindo que somos talentosos e competitivos, principalmente um com o outro. Treinamos juntos porque ele me critica de forma racional e lógica, muito diferente de quando todos no coral, por exemplo, queriam minha cabeça a cada vez que eu adquiria uma música solo."
"Então vocês são somente amigos?"
"Exatamente." Voltou a aninhar-se na outra. "Espero te-la acalmado de alguma forma, ainda que não entenda a relevância que minha amizade com Jesse tenha para você."
"Eu gostaria de leva-la num encontro." Quinn sentiu o peso do mundo sair de suas costas, mas logo em seguida, sentiu o peso do silêncio e preferiu não ter dito nada. Olhou para baixo para ter certeza de que a morena a havia ouvido e deparou-se com os orbes marrom a encarando de volta.
"Eu aceito, mas vou esperar que me pergunte novamente logo que amanhecer." Ajeitou melhor a cabeça embaixo do queixo da loura e voltou a dormir em poucos minutos.
E Quinn perguntou. Enquanto Brittany ensaiava passos de alguma dança caribenha, Santana gritava alguma coisa para a televisão e Rachel lia alguma revista. As três pararam o que faziam e olharam para a loura, esperando uma explicação talvez. Rachel foi a primeira a reagir, sorrindo e aceitando o pedido. Então Brittany a abraçou levantando a morena do sofá e a rodando pela sala como numa valsa. Santana parabenizou as duas amigas – e mandou todo mundo calar a boca e sentar porque estava na hora de seu programa favorito, claro que ela pediu de forma mais delicada quando olhou para a namorada – e todas passaram o resto do dia vendo televisão e cochilando no sofá da sala.
A loura passara a semana decidindo como fazer o encontro perfeito. Até seus dezesseis, Finn quem resolvia aonde iam – ou seja, Breadsticks – e Puck precisou apenas estar no lugar certo, na hora certa, com alguns coolers. Aos dezessete, Quinn quem seria a pessoa a ir buscar em casa, convencer os pais de Rachel de que não fariam nada de mais e que voltariam não muito tarde, pagar a conta e dar o beijo de boa noite.
Sorriu lembrando dos preparativos do primeiro encontro oficial com a diva, e nas duas horas que alternou entre gritos, choro e andar de um lado ao outro quando pensou sobre finalmente beijar outra garota. Santana lhe deu um tapa, achando que conseguiria fazer a amiga se acalmar, mas isso gerou mais gritos e choro e antes que a latina levantasse a mão novamente, Brittany interviu contando uma linda história sobre pôneis, pássaros, duendes e uma princesa. Alguém se perdia, alguém nascia, alguém dançava e cantava, alguém comia um bolo, mas no final Quinn estava menos nervosa.
"Desde sua chegada, Quinn, estive pensando nas possibilidades de conseguirmos está aqui, juntas, e cheguei a conclusão que esse fato é apenas a prova definitiva de que somos alma gêmeas." Rachel havia parado no caminho para beber água de um dos bebedouros da escola. "Se existir ressurreição, espero voltar como alguém próximo à você."
"Então nós morremos?" Fazia sentido, pensou.
"Absolutamente não." Encarou a loura com um olhar reprovador. "Preste atenção no que acontece, Quinn. Não morremos, estamos apenas perdidas, mas não se preocupe, estou perto de achar a saída." Sorriu orgulhosa. "Vamos."
A igreja que a família Fabray costumava ir ficava bem no centro da cidade, num casarão grande e dividido em três salões. Quinn gostava da paz que aquele lugar lhe proporcionava, das vezes em que cantava no coral ou ajuda no monitoramento de alguma atividade para os mais jovens. Aos domingos, ela escolhia a melhor roupa, passava pelos corredores sendo cumprimentada por todos com um sorriso e as crianças sempre iam ao seu encontro porque a tia Quinn era a melhor. Então a líder de torcida ficou grávida, foi expulsa das líderes e de casa e voltou lá no domingo seguinte, buscando apoio.
E não encontrou sorrisos e as crianças eram barradas porque abraçar uma pecadora era errado. E seus pais se perderam na multidão e a multidão se afastou. Então ela nunca mais voltou lá.
Santana também era cristã, mas não tinha a religião como lema de vida assim como a amiga. Contudo, entendia que a loura precisava de todo e qualquer apoio naquele momento e resolveu leva-la a igreja em que a família Lopez costumava ir. Não era no centro da cidade e parecia ter menos pessoas, mas era num casarão quase tão grande quanto a igreja antiga que Quinn ia, mas diferente de lá, a ex-líder de torcida foi bem acolhida e ninguém lhe julgou. Havia até outras duas garotas de dezesseis anos grávidas e Quinn as reconheceu da escola. As três sentavam juntas algumas vezes, trocavam história – boas e ruins – e uma irmã as acompanhava durante algumas atividades, sempre sorrindo e oferecendo um ombro amigo.
Os meses de gravidez em que passou naquela igreja, ajudaram Quinn em sua fé, mas quando a loura assinou os papéis de adoção, retomou o posto sob as asas não tão acolhedoras da Treinadora Sylvester e voltou pra casa da mãe – aquela nunca mais seria seu lar -, Quinn não confiava mais em nada divino como antes e seus questionamentos apenas aumentavam.
"Não parece diferente da última vez que estive aqui." Disse Rachel sentada em um dos bancos no interior da Sinagoga.
Diferente das duas igrejas que Quinn freqüentara, o templo judaico que Rachel ia era um pouco afastado da cidade. E a loura adorava isso, era uma sensação de liberdade maior. Além das pessoas serem mais calorosas, a olharem nos olhos e ensinarem os valores que lhe faltava à alma. Quinn ainda era cristã, ainda que freqüentasse mais o Templo do que a Igreja cristã.
"Estamos perto do Hanukkah, certo?" Perguntou Quinn sentando ao lado da morena.
"Exatamente." Sorriu. Hanukkah era sua data preferida de comemoração. A morena levava sua cultura muito a sério. "Esse ano até meus tios que moram na Espanha viriam. E eu havia convidado Shelby. Ela disse que iria trazer Beth. Puck ficou tão feliz quando contei à ele e eu quis chamar você, mas você havia saído. E todos do Nova Direções..." Seu sorriso havia sumido.
"Judy me avisou." Disse Quinn e calou-se, sem saber o que dizer mais. Notou que a morena parecia angustiada com algo e franziu o cenho tentando pensar em como conforta-la. "Eu pensava em aceitar, sabe." Rachel a encarou intensamente. "Eu gostei de quando juntamos o natal com o hanukkah no ano passado. Eu até tinha começado a fazer uma lista de presentes."
"Eu estraguei tudo, não foi?" Murmurou cobrindo os olhos com uma mão. "Eu sinto tanto."
"O quê? Não!" Quinn a puxou para si, a abraçando forte. "Você não estragou nada, Rachel."
"Eles estavam tão felizes. E eu ia comprar um vestido novo com as meninas e Kurt. E até os outros meninos estavam animados e estávamos enfeitando a sala de coral e" E Quinn não conseguiu entender mais nada entre os soluços e as lágrimas da outra contra seu pescoço.
Depois de minutos que pareceram horas, Rachel estava mais calma, quase como se tivesse adormecido. Quinn não sabia o que dizer ou fazer, não sabia mais de nada.
E um sino ao fundo tocou, fazendo a diva levantar e puxar a loura consigo.
"San, por que Q está ficando verde?" Brittany pausou o DVD que assistia e olhou confusa para a outra loura, que estava sentada na cama.
"Nervosismo do primeiro encontro, Britt." Deu de ombros.
"Igual quando você foi me buscar e acabou desmaiando e tivemos nosso primeiro encontro oficial no meu quarto vendo TV?" Quinn riu imaginando a cena e recebeu um olhar reprovador da latina.
"Não estou tão nervosa assim, B." Disse Quinn respirando profundamente. "Espero que não." Murmurou.
"Relaxa, Q. Britt quem te arrumou, então a gnomo vai pular em você logo que abrir a porta."
"Não a chame assim." Disse a loura rispidamente.
"Hey, estou tentando te ajudar aqui, mas fale assim comigo mais uma vez e vou"
"San!" Brittany correu para abraçar Quinn que parecia prestes a cometer um assassinato ou desmaiar, o que viesse primeiro. "Não fique nervosa, Quinn. Rachel é seu par perfeito." Beijou-lhe a bochecha.
"Obrigada, B."
Sete e quarenta e cinco da noite, em ponto, Quinn estacionou o carro em frente a casa de Rachel. Com as mãos tremendo e o coração acelerado, desceu do carro parando em frente a porta, respirou profundamente duas vezes e tocou a campanhia. Leroy atendeu imediatamente após o som ressoar pela casa, como se ele estivesse a postos atrás da porta há horas.
"Olá, Quinn!" Disse ele alegremente praticamente puxando a loura para dentro de casa. "Rachel! Sua princesa encantada chegou!" Gritou logo tendo uma resposta, não da morena, mas de seu marido gritando de algum lugar que Leroy pegasse a câmera.
Os minutos na presença dos Berry relaxaram Quinn que a loura quase esqueceu o motivo de estar tão nervosa. Hiram fazia piadas e tirava fotos – dele, do marido, de Quinn, dos três, da decoração e do que mais lhe viesse a cabeça -, enquanto Leroy contava histórias mirabolantes e constrangedoras sobre sua filha e, algumas vezes, sobre seu marido.
Então Rachel desceu as escadas e Quinn sentiu toda a calma ir embora. Elas realmente iriam sair em um encontro. Juntas. Uma com a outra.
"Você nunca disse nada." Comentou a loura andando lado a lado de Rachel. Elas agora atravessavam o refeitório.
"Preciso que seja mais objetiva, Quinn. Não compreendo ao que você se refere."
"Nossos encontros." Franziu o cenho. "Eu sempre a levava para locais mais afastados ou tinha o cuidado de não ser vista por conhecidos."
"Eu sei. Eu percebia seu nervosismo sempre que saíamos. O cuidado de me tocar apenas amigavelmente, quando necessário, nunca me beijar em público e, nunca confirmar que namorávamos." Namorávamos, pensou a loura incomodada."Você só conseguia me assumir quando estávamos junto dos nossos amigos ou minha família." Seu tom era solene, mas conformado.
"Ainda assim, você nunca disse nada. Por quê?"
"Eu quis dizer, Quinn, não pense que eu nunca me importei com seu comportamento em relação a nós e ao que os outros poderiam pensar de você. Contudo, por ter pais gays, eu sempre fui alvo de preconceito. Eu imaginava o quão difícil deveria ser para você o medo de ser julgada por simplesmente ser você. Eu não queria lhe pressionar. Além disso, mesmo que você não me assumisse e se assumisse, você me tratava com respeito e carinho."
Quinn tremia e sentia uma avalanche de emoção e vergonha por seus atos. Era incrível como mesmo não querendo machucar Rachel, era justamente o que fazia. Talvez fosse algo inconsciente. Talvez, ela nascera apenas para magoar a morena até um ponto em que pudesse quebra-la de forma permanente.
Mal sabia que estava conseguindo.
"Eu estou bem aqui, Quinn." Disse Rachel tomando entre as mãos o rosto da loura.
"Me perdoe." Murmurou. Seus olhos ardiam das lágrimas que não deixava cair. Não merecia nem mesmo chorar por si.
"Eu já perdoei." E a beijou levemente nos lábios. Foi um contato rápido, mas que pareceu acalmar Quinn.
"Por que sinto esse aperto, Rachel? Por que sinto que a estou perdendo pra sempre?" A morena se afastou parecendo pensativa. Quinn a encarou, confusa e carente pelo toque da outra. "Rachel?"
"Estamos quase chegando, Quinn. Só mais um pouco."
"Onde estamos, Rachel?"
"Só mais um pouco." Repetiu entrando na cozinha e sendo seguida pela loura.
Há alguns dias, Quinn passou a evitar levar Rachel para sua casa. A morena preferiu não comentar de início, talvez uma reforma estivesse acontecendo ou a loura simplesmente estava enjoada de ficar na própria casa (com o tempo a morena percebeu que Quinn realmente não se sentia conectada àquele lugar).
Então após as aulas, e mais uma vez irem direto pra sua casa, Rachel resolveu buscar por algumas respostas.
"Quinn, como vai sua mãe? Faz tempo que não a vejo. Eu realmente gosto de conversar com ela. O que me lembra, fiquei de passar a ela uma receita de quiche vegano."
"Ela está bem, obrigada por perguntar. Ela também gosta de conversar com você, se todos os elogios sobre você são algum sinal e, sim, ela ainda espera pela receita. Quando formos lá, vocês podem sentar, conversar e trocar idéias e receitas."
A morena quis perguntar quando elas iriam lá, mas mordeu a língua.
"Você já mudou a estante de lugar? Precisa de alguma ajuda?"
"Na verdade, mudei ontem. Não foi tão difícil como parecia que seria."
"E como ficou? Eu poderia ir na sua casa amanhã e dar minha opinião."
"Ficou bom, acho. Meu quarto parece mais espaçoso. Como você disse que ficaria, lembra?"
"Óbvio que lembro, Quinn." Rolou os olhos. "Mas eu gostaria de ver se minha sugestão foi a ideal."
"Não creio que você realmente esteja interessada em ver minha estante." Encarou a morena aproveitando o sinal fechado. "O que você realmente quer saber?"
"Faz algum tempo que não vamos a sua casa." Disse hesitante. "Aconteceu algo?"
"E se eu disser que minha mãe está reformando de novo?"
"Ela está?"
Silêncio.
"Quinn?"
"Está tudo bem, Rachel. Não se preocupe." Estacionou o carro e correu para abrir a porta para a morena.
Rachel não tocou mais no assunto e, após três dias, enquanto faziam o caminho para a casa da morena após a escola, o celular de Quinn tocou e numa rápida conversa, a loura disse que deixaria Rachel em casa e logo iria ao encontro da mãe. A morena percebeu que algo sério acontecia e exigiu que a acompanhasse alegando altíssima concentração, agilidade e facilidade de resolver uma situação mesmo quando sob pressão.
Quinn tentou teimar, mas, no final, ninguém é capaz de negar algo à Rachel quando esta se decide por algo. E ambas chegaram a Mansão Fabray para encontrar Judy e Russell aos berros na sala de estar. Apenas depois de chamarem a polícia, Russell ser levado a força, Judy se trancar no quarto e Quinn sentar na cama de forma letárgica, Rachel saberia que o senhor Fabray ameaçava a ex-esposa em aceita-lo de volta.
A partir daí, a loura passou a ter momentos de distração e mesmo quando Rachel lhe oferecia qualquer tipo de ajuda, Quinn negava haver algo errado.
A coreografia que a Treinadora ordenava para seu grupo de líderes era (sempre) trabalhosa e relativamente difícil. Algumas vezes, até perigosa como da vez em que Sue queria atirar alguém por um canhão. Percebendo o medo de suas companheiras e também temendo por ser escolhida, Quinn, após longas horas de conversa e a promessa de passos que as fariam ganhar outro campeonato, conseguiu com que Sue desistisse da ideia e deixar que a loura cuidasse do resto.
Foram semanas de preparo e mesmo Quinn sentia todo o corpo (e a alma) cansado, além de sua frustração de ter apenas os horários entre as aulas para ver Rachel. Contudo, a jovem líder levou seu grupo a vitória como prometido.
Como sempre, as apresentações das líderes de torcida era algo de âmbito nacional e todas os meios de comunicação transmitiam o torneio. Rachel quis ir junto da loura, mas esta a lembrou de seus milhares de afazeres e prometeu voltar em breve com o troféu em mãos. A morena fez beiço, mas aceitou ficar em casa junto dos pais assistindo a competição.
E no momento em que as torcedoras de McKinley foram anunciadas e a câmera foi aproximando-se de Quinn (sempre na frente) junto de Brittany e Santana, cada uma em um lado da garota, Rachel não conseguiu mais conter as emoções. Leroy abraçava a filha e juntos choravam copiosamente e balbuciavam palavras incompreensíveis. Hiram, já acostumado com o comportamento nada normal de sua família, comia pipoca despreocupadamente enquanto dava um gole ou outro em seu suco.
Não é preciso reafirmar a apresentação incrível que elas fizeram e os aplausos que duraram três minutos inteiros (Rachel cronometrou para futuras referências). E logo que Quinn e seu esquadrão sairam da tela e os comerciais tiveram início, o telefone de Rachel tocou fazendo a morena agir como um furacão em busca do aparelho que havia sido esquecido no quarto, na mesinha de cabeceira.
"FOI MARAVILHOSO!" Berrou Rachel ainda com voz embargada. "COM A MÚSICA CERTA E SUA VOZ MELODIOSA, ATÉ BARBRA ESTARIA ORGULHOSA!" Em algum lugar do térreo, Hiram gritava lembrando que o telefone foi inventado justamente para acabar com as distâncias facilitando a comunicação e acabando com a necessidade de berrar para poder ser ouvido. "Sinto muito por elevar minha voz, Quinn. Como acabo de ser avisada, não era necessário. Além de poder comprometer meu futuro na Broadway, eu poderia ter prejudicado sua audição. Sei como posso alcançar notas altas sem realmente perceber quando excitada."
"Tudo bem, eu meio que esperava e deixei o telefone longe o suficiente para ouvi-la, mas não para ficar surda." Disse divertida. "Ainda não anunciaram o grupo vencedor, mas queria falar logo com você."
"Óbvio que vocês ganharam, Quinn. Prestei atenção nos demais competidores e cronometrei cada apresentação. Apenas outros dois grupos foram igualmente bons, mas vocês demonstraram maior habilidade e a coreografia nova foi realmente bem pensada. Se os jurados são tão observadores como devem ser, acredito que darão o primeiro lugar à vocês."
"Obrigada, Rachel." A morena podia imaginar o sorriso que a loura, com certeza, dava. "Só um minuto. Brittany está, literalmente, subindo em mim para tomar o telefone e falar com você." Foi possível ouvir Quinn explicar a dançarina sobre alguma conversa antiga que elas devem ter tido sobre não atrapalhar alguém ao telefone a menos que realmente necessário. Então Brittany desculpou-se, o que foi aceito por Quinn que lhe passou o telefone.
"Oi, El!" Disse Brittany excitada. "Sinto muito atrapalhar seu telefone com Q, mas eu também sinto sua falta e queria falar com você."
"Tudo bem, Ny. Quinn não deveria ter brigado com você."
"Ela não brigou. Q nunca briga comigo. Ela me disse que pessoas educadas como eu não atrapalham o telefonema dos outros, mas que ela entendia que eu realmente queria muito, muito falar com você também. Então ela me passou o telefone e está me abraçando agora. Eu realmente gosto dos abraços de Q, me lembram marshmallows, unicórnios e brincadeiras."
"Eu também gosto bastante dos abraços de Quinn. E os seus, Ny."
"Santana também quer falar com você." Mas Rachel pode ouvir a negação da latina em querer falar com ela. Sorriu divertida.
"Eu não queria falar com você e nem sinto sua falta." Disse Santana logo que o telefone lhe foi, forçadamente, passado. Rachel sorriu mais ainda ao ouvir a represália por parte de Brittany e Quinn. "Ok, ok. Olá, miniatura de gente. Estamos bem, obrigada. Apenas sem ar das diversas piruetas que fizemos e, com certeza, diminuímos mais dos nossos anos de vida. E você? Pronta para voltar para a terra do anões? Algum gnomo parente seu estabeleceu contato?"
"Estou muitíssima bem, Santana, obrigada por perguntar. Como eu dizia para Quinn, vocês, com certeza, ficaram em primeiro lugar. Foi uma belíssima apresentação. E não, não vou voltar para nenhuma terra fictícia da qual nunca fiz parte e não tenho gnomos como parentes, mas adoraria entrar em contado com um. Espero que vocês descansem bem antes de retornar para casa e que retornem logo e, em segurança."
"Conversar com você sempre me dá náuseas e dor de cabeça, Berry." Grunhiu. "Não se aventure nas terras mágicas sozinha. Ficaremos um bom tempo de molho até podermos sentir de novo nossos membros. Tente não arranjar confusão com um gremlin ou sei lá o quê."
"Obrigada pela preocupação, Santana."
"Tanto faz." E gritou por Quinn que apenas grunhiu e voltou a ter o controle do aparelho.
"Santana também sentiu sua falta. Na verdade, eu ia ligar apenas depois que anunciassem o vencedor, mas ela jogou o celular na minha cabeça e disse que ligasse para ter certeza de que você a viu fazendo os passos certos que nos levariam a vitória." Rachel deu risadinhas. "Como se não tivesse sido eu a pensar nesses passos." Murmurou a loura. "Preciso desligar, mas logo ligarei novamente. Provavelmente, em alguns minutos. E, provavelmente, não conseguirei formar frases coerentes."
"Vá receber seu prêmio, Quinn. Estarei com o telefone em mãos."
"Apenas saiba que ganhando ou não, a apresentação foi feita pensada em você, Rachel." Falou suave.
Rachel parecia confortável sentada no sofá assistindo Funny Girl (nem mesmo a morena deveria saber quantas vezes ela viu e reviu esse filme). Quinn aproximou-se, sentando ao lado dela. A TV estava no mudo, o que era estranho visto que Rachel reclamava de qualquer barulho externo que atrapalhasse Barbra simplesmente aparecendo na tela.
"Não vai aumentar?" Perguntou Quinn.
"Não consigo." A loura franziu o cenho confusa. O controle estava sobre a mesinha de centro.
"Você precisa usar o controle, Rachel." Disse tentando soar divertida.
A morena pegou o controle, mas mesmo apertando exasperadamente o botão do volume, a TV continuava no mudo. Rachel jogou o controle sobre o sofá voltando a sentar ereta, de braços cruzados.
"Hey. O que há de errado?" Perguntou surpresa com o comportamento da morena.
"Temos pouco tempo!" Disse exasperada fazendo menção de levantar, mas sendo barrada pelo corpo da loura.
"Pare de falar tão vagamente, Rachel." Rachel fungou aborrecida por estar presa entre o sofá e Quinn. "Que tempo é esse?"
"O seu. Ou talvez o meu. Não sei dizer exatamente quem invadiu o espaço de quem."
"E o que acontece quando acabar o tempo?" A morena mordeu o lábio inferior e Quinn soube que seja lá qual fosse a resposta, não iria gostar. "Rachel?"
"Eu não sei, Quinn."
"Quanto tempo temos?"
O barulho da TV encheu o cômodo.
Perdão pelo tamanho, mas dizem que este não é documento, né? O que vale é a intenção. Anyway, é muita pressão e, como já dito e repetido, estou numa fase terrível para escrever. Tou 'espreme pra sair'. Espero poder, em breve, ainda esse mês, poder postar o próximo capítulo. Adianto logo que estamos perto do fim. TCHAN-RAAAAAM. Porém, não rufem os tambores... ainda. Sorrisos.
Sim, aceito sugestões, críticas (construtivas), elogios, amor, o que vier. Tudo com respeito, claro.