Comentários da Autora: Em primeiro lugar, CCS não me pertence e sim à CLAMP e blá blé blí... Gostaria de agradecer à todos que estão lendo e que não deixam reviws... :_( Queria agradecer também aos meus ajudantes: Mikazuki e Ikkakujuza, meus guardiões que logo logo vão dar as caras num AU que eu tou bolando... Ok.. deixa eu parar de enrolar e dar logo o recado: Esse capítulo é uma song fic, me baseei na música Tears do Rufio para escrever.. eu não gostei de fazer mais essa maldade com a Tomoyo, e nem com o Eriol(eles vão comer o pão que o diabo amassou)... mas tudo tem sua razão de ser... como eu costumo dizer: é a vida e vamos à lá fic...

Legendas- _ - fala do personagem

! - Anuncio no aeroporto

- sonho dentro do sonho

* - Música!

" " - pensamentos

Ps - vocês já repararam que eu sempre mudo as legendas das minhas fics? Sempre eu coloco uma coisa diferente, isso porque eu nunca lembro o que eu coloquei na outra fic! ~_~``

Capítulo Quatro

Lágrimas

"Por que ela tinha que dizer aquilo? Se a magia não existisse, nós poderíamos nunca ter nos conhecido..." Eriol estava sentado em uma cadeira ao lado da cama que Tomoyo ocupava, mais uma vez. Entre esses pensamentos, também rondavam alguns como: "Ela está sofrendo mais com a minha chegada, acho que seria melhor mesmo se nunca tivéssemos nos conhecido" ou "Pare com isso Eriol, você sabe que se não a tivesse conhecido ela seria infeliz da mesma forma..." Enfim, pensamentos conturbados e confusos invadiam sua cabeça e ele tentava se livrar deles para ter idéia do que fazer para que a menina visse que sem magia ele e ela seriam muito diferentes. Além de tudo, ele sabia que havia mais coisa do que a magia interferindo na felicidade dela, só não sabia o que... mas ia descobrir...

Tudo que ele tinha em mente agora era mostrar para ela que sem a magia existente, eles poderiam estar passando por mais problemas do que estavam passando naquele momento. Ele, mais do que ninguém, sabia que ela estava sofrendo, podia sentir a depressão tomar conta dela e podia sentir, também, que ele havia ajudado para que ela aumentasse.

*I sit and hear you sleep*

Ele observou mais uma vez a expressão da menina adormecida. Ela estava lutando, internamente, com alguma coisa, provavelmente sentimentos que ela não agüentava mais esconder. Anos, separavam ela dos outros, com relação a maturidade. Ela agia como se tivesse responsabilidades maiores do que estudar, cantar no coral e viver a vida de adolescente. Era como ele... Um menino que teve que arcar com a responsabilidade de carregar uma grande parte da magia do mundo.

Não era mais um caso qualquer e sim uma vontade imensa de ver o antigo brilho nos olhos violeta, como se isso fosse de suma importância na sua vida, como se sem isso, ele pudesse morrer.

_ Eriol, não vai adiantar você ficar aí, você mesmo disse que ela vai demorar a acordar!

_ Nakuru... eu preciso ficar aqui... Acho que você não entenderia o que está acontecendo... _ Eriol respondeu Nakuru sem nem mesmo tirar os olhos de Tomoyo, os pensamentos continuavam a lhe atormentar.

_ Mas sé claro que eu entendo! Se fosse o meu querido Touya? Eu ai TER que ficar com ele o tempo todo... Mas é diferente, porque eu AMO o Touya..._ Nakuru chegou perto de seu mestre e observou a menina_ Ela tá bem?

_ Espero que sim... agora me deixa aqui e vai ver o que o Spinel tá fazendo e me deixa ficar, eu preciso entender, e o mais importante, fazer com que ela entenda...

_ Mas você também ama a Tomoyo?

_ Claro... ela é uma amiga preciosa... Agora eu te peço... me deixa pensar...

_ Mas eu posso te trazer alguma coisa pra comer?

_ Daqui a umas duas horas... E traga para dois... quando ela acordar quero que coma alguma coisa...

_ Sim Senhor! _ Nakuru executou uma continência e saiu apressada do cômodo.

Eriol não teve energia para sorrir da cena cômica da sua guardiã, e continuou com a expressão séria.

*I don't want to go You there beside me But you so far away*

O som dos passos de Nakuru sumiu e Eriol cruzou as mãos, apoiando os cotovelos na cama e a testa nas mãos. Ele não tinha idéia do que fazer ou do que pensar, então sua mente começou a voltar no tempo, ele queria ver o que havia feito ela chegar ao ponto de deixar seus sentimentos aflorarem daquela forma. Ela que sempre se manteve calma e imparcial, não se importando consigo, apenas pensando em ver seus entes queridos bem e felizes, agora mostrava toda a tempestade que invadira sua alma e tornava seus olhos um turbilhão de emoções.

As cenas passaram rápidas, cenas que ele acompanhou apenas por espelhos e portais mágicos, outras que ele acompanhou de longe, sem que eles soubessem que ele estava ali... A não ser ela... ela sempre soube.

De repente, uma cena em especial lhe fez ter uma idéia de como compreender como ela se sentia e ao mesmo tempo fazer com que ela entendesse que a magia TINHA que existir: ele se lembrou do sonho que ele, como Clow, fez Sakura ter para vencer Yue. Ele deixou suas mãos repousarem sobre a mão direta de Tomoyo, que estava sobre o travesseiro, ao lado do rosto, e sorriu.

_ Espero que você me entenda, querida Tomoyo! Eu estou fazendo isso para o seu bem... e para o meu também... Vamos lá... voltemos no tempo e retiremos alguns detalhes... O que será que você vai ver? Eu queria estar com você... queria mesmo...

*I talk to you While your asleep*

Um brilho dourado emanou do corpo de Eriol e ele debruçou sobre Tomoyo, depositando um beijo na testa dela. Logo depois, caiu inconsciente sobre a menina.

*You can't hear a word You can hear everything*

Ela acordou como sempre, melancólica. Olhou pela grande janela iluminada pelo sol e suspirou: aquele seria mais um dia entre tantos. Colocou o uniforme da escola secundária de Tomoeda e desceu. Não tinha fome, mas mesmo assim serviu um pouco de chá em uma xícara e tomou rapidamente. Quando saiu, suas seguranças a esperavam na porta, para levá-la ao colégio.

_ Bom dia...

_ Bom dia Tomoyo. _ sua melhor amiga andava cabisbaixa e triste.

_ Sakura, _ Tomoyo olhou preocupada para a menina_ o que houve que você anda tão triste?

_ Sabe Tomoyo, quando parece que falta alguma coisa na sua vida? _ ela afirmou, também sentia aquilo, diariamente_ é como se tivesse um buraco, como se alguma coisa tivesse sido tirada de mim.

_ Eu sei o que é... é como se alguma etapa que deveríamos ter vivido, não aconteceu...

Um desconforto momentâneo se deu entre as duas adolescentes e fez o tempo correr depressa.

Ele acordou sentindo uma enorme dor de cabeça. Lembrou-se logo o motivo daquilo: a grande festa na casa de um colega de faculdade. Olhou para o lado e localizou uma figura pequena, com os cabelos louros. Era uma das calouras que ele havia visto no inicio da semana. Logo uma daquelas que nunca pensariam, havia tomado todas e agora estava nua numa cama de motel barato. Seu nome? E quem disse que ele lembraria? E quem disse que ELA iria querer ser lembrada? Ele levantou da cama, colocou os óculos e puxou o lençol, realmente ela merecia os olhares que ele lhe mandava, tinha um corpo maravilhoso. Se enrolou no tecido vagabundo e recolheu suas roupas. Se vestiu rapidamente e deixou o quarto. Pagou a conta, afinal, não era educado deixar que ela pagasse... Fazia sempre assim: "É como num restaurante", e riu da brincadeira infame. Alcançou a rua em poucos instantes, fez sinal para um taxi que parou e ele pediu que o levasse a um dos bairros mais luxuosos da cidade.

Andando por um parque, ela sentia os efeitos daquela conversa com Sakura. O que poderia estar faltando? Ela tinha tudo, amigos, empregados, boa educação, uma mãe maravilhosa, mas ainda lhe faltava alguma coisa, e muito importante.

Seus olhos focavam o chão e assim ela seguiu envolta nos conflituosos pensamentos.

Saiu do taxi apressado, viu que o carro de seu pai não estava mais. Provavelmente havia cansado de lhe esperar. Olhou no relógio, meio dia... realmente já havia passado da hora de ir para o trabalho. Se bem que... há sim... era sábado, ele deviam estar em alguma recepção. Ou o carro estava guardado, o que significava que seus pais não pretendiam sair. Deu um tapa na própria testa por ter voltado para casa, mas se arrependeu de ter feito, pois a cabeça ainda latejava.

Tocou a campainha e um homem esquio e de ar esnobe atendeu a porta. Seu nome era Alfred(uma homenagem ao cara do papel higiênico ¬.¬). Com um gesto, pediu silencio e foi andando lentamente até a escada central.

Ao chegar na mansão em que vivia com seu pai e mãe, uma mulher gorda e extremamente mal-humorada veio ao seu encontro para anunciar que sua mãe tinha algo a lhe falar e que era para que Tomoyo tomasse o caminho do escritório assim que chegasse. Ela nem pestanejou, deixou suas coisas com a mulher, sua governanta, e foi a passos retos e apressados, de encontro a sua mãe.

_ Mamãe..._disse a menina abrindo de leve a porta.

_ Querida, já chegou? Que bom, mas podia ter deixado pelo menos suas coisas no quarto e trocado de roupa! Não é tão urgente assim. _ Sonomi organizava alguns papéis.

_ Tudo bem... _ Tomoyo caminhou até a cadeira logo a frente de sua mãe e se sentou.

_ Bom, se é assim... Serei direta: seu pai e eu, decidimos que será melhor que você termine seus estudos longe do Japão.

Tomoyo engoliu em seco. Aquilo significava que ela teria que se separar dos seus amigos e ir para um lugar totalmente desconhecido, longe e, principalmente, significava ter que cancelar com Sakura, os planos de freqüentarem a mesma faculdade em Tokyo.

_ Mas, mamãe... vocês... não podem decidir meu futuro... não deveria ser eu a decidir onde e como terminar meus estudos ou seguir minha vida? Onde ficaram todas as conversas que tivemos?

_ Acontece querida, que nos estamos visando seu bem estar. Você ficará na casa de um amigo nosso. Será maravilhoso. Ele tem uma filha da sua idade e...

_ Você quer que eu substitua minha prima?

_ Claro que não querida... só acho que você deve se desligar daqui... fazer sua faculdade longe e conhecer novos horizontes...

_ E eu não posso conhecer esses novos horizontes depois de terminar minha faculdade em Tokyo, com minha prima?

_ Seu pai não acha apropriado...

_ E o que ele acha apropriado? Que eu vá para um pais totalmente desconhecido, more numa casa que não é a minha e que eu não tenho nada a ver com as pessoas de lá e que eu seja infeliz?

_ Claro que não... Nos só queremos que você seja feliz... e por isso fizemos essas escolhas... Seu pai só está pensando no seu bem...

_ Meu pai nunca pensou em mim! Ele só quer que eu vá para essa casa porque garanto que lá há um pretendente com quem ele quer que eu me case... Algum garoto bem preparado e que possa comandar as empresas dele e que goste disso, coisa que nunca passou na minha cabeça fazer!_ Tomoyo gritava a plenos pulmões

_ Realmente, minha querida filha... _ Um homem de cabelos grisalhos, a face marcada pelo tempo, alto e imponente, adentrou a biblioteca. Tomoyo se virou para o homem e olhou com raiva.

_ Querida? Agora você me chama de querida? Só porque quer me casar com um filho de um sócio ou homem rico e influente? Alguém que nunca vai ter sentimentos para comigo e que eu serei infeliz para todo o resto da vida? Você sequer se importa em me ver viva... Se eu não tivesse nascido seria bem melhor para que você desse tudo para o Touya? Claro que seria... você nunca se importou comigo... se eu estava bem ou feliz... se eu ficava doente, rezava para que eu morresse... Quantas vezes eu lembro de te pedir colo, ou ajuda para tocar uma valsa e você se quer olhar para mim? Você não se arrepende de ter pensado tantas vezes em me mandar para um orfanato e nunca mais ver minha cara? Só porque eu fui sua única filha? Pensa que eu não sei que você teve outras mulheres e teve sempre a esperança de uma delas lhe dar um filho homem para que você nos deixasse a própria sorte? Você é um mostro mesquinho e egoísta! (Acho que exagerei, ne?)

Sonomi chorava copiosamente e pedia para que Tomoyo parasse de gritar aquelas barbaridades. Seu pai, apenas a olhava com raiva e um desprezo enojante. Tomoyo tinha lágrimas nos olhos, mas não ia permitir que ele a visse chorar mais uma vez.

_ Você parte para a Inglaterra hoje a noite.

_ Essa é a sua ultima palavra? _ Tomoyo tremia e sua voz, rouca por ter gritado, vacilava e era entrecortada pela respiração forte e irada.

Seu pai apenas se virou e saiu da biblioteca com passos fortes e decididos.

_ Minha querida, vamos.. eu lhe ajudo a fazer as malas...

_ Não mãe... você vai me ajudar a fugir de casa... Eu vou para longe daqui.

Tomoyo olhou para sua mãe. Sentiu pena dela, mas esse havia sido o destino escolhido por ela e não seria agora que ela iria decidir mudar.

_ Você viria comigo mamãe?

_ ... Acho que você espera que eu diga sim?... Eu não posso fazer isso minha querida. Preciso permanecer aqui. Se eu sumir, seu avô ficará preocupado, e você sabe que ele não pode se exaltar...

_ Isso é desculpa mamãe... Eu sei que você o ama.. e sei que seria incapaz de abandoná-lo. Mas espero que você entenda que eu só quero ser feliz, e me ajude a alcançar a felicidade.

Sonomi apenas sorriu e Tomoyo saiu da biblioteca, apressada. Precisaria juntar algumas coisas e passar no banco para fechar sua conta e sumir do mapa... Chegaria em Tokyo e arrumaria um emprego, tinha qualificações para tanto e precisaria alugar um pequeno apartamento. Nada que fosse luxuoso. Teria que parar de estudar durante um tempo, talvez até o final do ano.

Enquanto subia as escadas, pensativa, Tomoyo não tomou conhecimento do vulto que a esperava no inicio do corredor.

!Atenção senhores passageiros, para o embarque no portão 9 - vôo com destino a Londres, ultima chamada.

Tomoyo acordou assustada, e tonta. Haviam dado algum tipo de sedativo pra que ela ficasse daquele jeito. Provavelmente, ele deveria ter escutado sua conversa com sua mãe e preparou toda a situação. Demorou um pouco para solucionar o enigma, uma dor de cabeça teimava em fazer tudo girar e ela apenas podia distinguir uma voz conhecida falar com alguém, uma mulher de uniforme.

_ Mas eu não posso deixar uma pessoa assim viajar.. não nesse estado!

_ São ordens médicas: aqui está a receita... Ela tem medo de avião e por isso não pode viajar normalmente..._ Tomoyo queria dizer que não tina medo de viajar e que estava sendo obrigada, seqüestrada, alguma coisa assim, mas não conseguia. Estava demasiado tonta para tal fim. _ Por isso o remédio... É para que ela fique tranqüila o resto da viajem...

_ Entendo... O senhor pode deixá-la no avião. Por enquanto, fique com ela no salão vip... Tomoyo, lentamente, ia despertando. Aquela voz... quem era? Touya?

_ Touya? É você? Porque você tá fazendo isso? _ Tomoyo conseguiu falar.

_ É para o seu bem Tomoyo...

_ Você sabe que não... Se você quiser ficar com as empresas, pode ficar... eu não e importo... Mas não me mande pra outro país... _ Tomoyo começou a chorar. Touya, condoído pela situação da prima, virou ela ao seu encontro e lhe abraçou.

_ Tomoyo, não é por isso... Se fosse assim, eu mesmo me casaria com você, mas não é o caso... Pense bem... Se você for para a Inglaterra, quem sabe seu pai desista dessa idéia... ou quem sabe você mesma acabe gostando desse rapaz que seu pai lhe prometeu...

_ Você sabe que isso não vai acontecer... Eu não vou me apaixonar por ninguém... Você sabe que eu não quero! Não vai ser indo para lá que meu pai vai me forçar a fazer a vontade dele.. Você sabe que eu vou arrumar um jeito de fugir sumir do mapa, não sabe?

_ Sei e me prometa que não vai fazer nenhuma loucura! Tomoyo, pelo menos tente! Por mim, por Sakura, por sua mãe... Não fazer a vontade de seu pai, mas pelo menos tente ser conquistada...

_ Por que tinha que ser assim? Por que eu não posso ter uma família como a sua? Por que? Eu não entendo!

_ Meu anjo... nem eu.. mas eu quero ter certeza que você não vai tentar nada na viajem, Ok?

_ Ok... mas eu não quero tomar nada... Eu quero chegar lá de cabeça erguida... Por favor!

_ Tudo bem... Mas você está bem?

_ Tou.. Touya...

_ Pode falar...

_ Será que você poderia transmitir um recado à Sakura?

_ Claro.. qual é?

_ Peça desculpas por mim, por eu não poder ir com ela pra faculdade em Tokyo e por não poder ser madrinha do casamento nem do primeiro filho dela, tudo bem?

_ Pode deixar... _ respondeu Touya sorrindo_ agora vamos que eu vou te acompanhar até o avião..._ Touya depositou um beijo na testa de Tomoyo e limpou suas lágrimas.

Após deixar Tomoyo acomodada na primeira classe, Touya deixou o avião pensando em como o destino era duro com pessoas tão maravilhosas...

_ Como assim ela vem pra cá? Alguém me consultou?

_ Meu filho, você já está na idade de tomar um rumo na vida... Termina a faculdade no fim do ano e precisa de uma esposa: quem melhor que uma Daidouji?

_ Eu nem a conheço!

_ Mas vai conhecer... Vocês terão seis meses até a cerimônia.

_ Você acha que isso é o bastante para eu realmente querer estar com uma pessoa pelo resto da minha vida?

_ Sim... Eu e seu pai tivemos apenas dois meses e somos felizes.

_ Felizes uma ova! Você se odeiam e querem o mesmo pra mim... E Nakuru? Por que não a casam com um figuraço? Por que sou eu que tenho que arcar com tudo isso?

_ Você é mais velho e deveria ser mais responsável!

_ Eu sou o que bem quero! Sou maior e vacinado e não tenho mais nada do que fazer sobre as suas ordens!

_ Agora chega mocinho! Se quer se independente, me dê as chaves do seu carro, os cartões de crédito e saia agora desta casa! Você acha que a vida que nós te damos é ruim por querermos que se case? Então vá trabalhar para pagar sua vida e suas bebedeiras!

Eriol não podia mais argumentar. Seu pai estava certo, por mais que ele quisesse ser eternamente um homem livre, não poderia viver sem o dinheiro que recebia do pai, que não era pouco. Teve que engolir tudo que passava por sua cabeça e congestionava na sua garganta e abaixar a cabeça.

_ Agora vá tomar um banho e tirar esse perfume barato da roupa!

_ Sim senhor._ Eriol despejou toda sua raiva naquelas ultimas palavras e subiu as escadas jogando os pés sobre os degraus pesadamente.

Seu corpo doía e ela se sentia traída... No meio da viagem descobriu uma carta da sua bolsa de mão. Sua mãe pedia perdão por te ajudado a mandá- la para longe e pedia para que ela tentasse ser mais feliz que ela fôra. Lágrimas vieram aos olhos, mas ela não iria chorar, não ali, às vésperas de se encontrar com a família que iria lhe acolher. Mas não por muito tempo, ela faria de um tudo para escapar. Saiu do avião e recolheu sua bagagem. Uma grande mala violeta de rodinhas e uma valise menor da mesma cor. Ao caminhar para o saguão do aeroporto, uma incômoda sensação de medo percorreu sua alma e fez a menina ter calafrios.

Não intendia o porquê de ter sido arrastado para aquele aeroporto. Seus pais disseram que era para que ele recebesse sua "noiva". Ah... eles não sabiam como estavam errados. Ele não se casaria. Não ainda. Estava ainda com as chaves do carro na mão, assim como o casaco, um ramo de copos de leite, ricamente arrumados, de presente para a moça e uma plaquinha com o nome: Daidouji. Assim que ouviu o vôo dela sendo anunciado, se dirigiu ao portão de desembarque e esperou que ela fosse rápida, não desejava ficar parado feito um dois de paus. Cada vez que a porta se abria, ele olhava para dentro e tentava distinguir a moça, esperando uma daquelas gordinha, de óculos e vestido de bolinhas. O que não esperava era que ela fosse uma linda jovem de cabelos longos e negros, olhos tão expressivos e pele tão alva. Ele não pôde negar que ela era linda. Engoliu em seco quando ela o cumprimentou com toda polidez.

_ Eu sou Daidouji, é senhor que me levará a casa de meus anfitriões?

_ Si.. Sim.. Ah.. desculpe-me a falta de educação _ Eriol entregou o buquê à Tomoyo e acabou por deixar a plaquinha com o nome da moça cair e, assim junto, o casaco, tentando estender a mão para cumprimentar, formalmente, a jovem. _ Eriol Hiiragizawa.

Então aquele era o homem o qual seu pai queria que ela se casasse? Talvez não fosse má idéia, não podia negar que ele era lindo. Mesmo os óculos, lhe davam um charme especial e os cabelos caindo no rosto fizeram Tomoyo suspirar mentalmente. "Tomoyo, se ele é o seu pretendente, espero que você se case!" Esse pensamento fez Tomoyo quase se estapear. Balançou levemente a cabeça enquanto o rapaz pegava seus pertences e deixou um breve sorriso escapar. Terminaram por não se falar mais. Ela foi apresentada a sua futuros sogros e o jantar foi bastante calmo, como numa família. Mal ela sabia dos conflitos que existiam naquela falsa paz.

A noite, ela foi levada por uma criada a sus aposentos. Era uma suite espaçosa e suas roupas ficavam num grande closet anexo ao quarto. Descobriu mais tarde que seu quarto fôra escolhido, estrategicamente, por ficar a frente do de Eriol, e para onde ela acostumou-se a fugir de madrugada, mas isso fica pra mais adiante.

Havia uma sacada em seu quarto, que ficava de frente para um grande jardim, que na altura floria ferozmente, como que para demarcar o território da primavera. A lua cobria a cor das flores dando um estranho toque de misticismo àquela cena. Uma leve brisa levou alguns fio de cabelo para longe do seu rosto e ela viu que, discretamente, uma figura corria em direção ao muro.

_ Hei! O que pensa estar fazendo?_ Tomoyo gritou, atraindo a atenção do vulto. Ele se virou e deixou o capuz da capa que usava cair para trás revelando ser Eriol, que correu para perto de uma árvore, embaixo da sacada. Tomoyo ainda olhava para onde o vulto havia se escondido quando, em um sobressalto, ouviu o rapaz falar.

_ Ora, ainda não perdi o jeito de subir em árvore.. posso entrar?

Arfando, Tomoyo deu passagem para que Eriol pulasse para seu quarto e lá viraram a noite conversando sobre gostos e sobre a vida.

Dois meses haviam se passado e era mais uma das noites em que Tomoyo fugia para o quarto da frente. Bateu na porta três vezes, bem baixo, e ouviu o destrancar da porta. Era a terceira noite que não dormiria e estava cansada. Entrou no quarto escuro e acendeu um abajur, encontrou o rosto de Eriol, sem os óculos, sorrindo.

_ Insônia outra vez?

_ Sim.. é a terceira noite... o pior é que eu sei que vindo para cá é que eu não durmo mesmo.. você é uma matraca!

_ Então porque vem?

_ Me acostumei com a sua presença.

_ Porque não me chamou? Eu ficaria até você dormir...

_ Não sei..

Tomoyo desviou o rosto, havia reparado nos trajes do rapaz, uma cueca samba-canção. Para seu alivio e salvação, Spinel Sun, um gatinho preto, muito manso e carinhoso que tinha como dono Eriol, veio repousar sobre sua mão. Ele era filhote ainda, Eriol o havia encontrado quase morto numa praça perto da faculdade. Tomando cuidado para mão acordar o gato, Tomoyo aconchegou o bichano no peito ao mesmo tempo que deitava a cabeça no travesseiro perfumado de Eriol.

_ Acho que eu gosto do seu quarto

_ Se mude pra cá.. meus pais vão adorar...

_ Ahh.. mas é divertido fugir pra cá de noite... _ Tomoyo fazia carinho no gatuno enquanto Eriol olhava pela porta de vidro que fechava a sacada.

_ Pois então durma aqui, quando o dia clarear, volta pra lá...

Eriol esperou uma travesseirada, mas não veio nem uma palavra mais forte ou um resmungo. Se virou para ver uma doce cena. Tomoyo dormia, o gatinho enrolado ao seu lado e o rosto angelical pouco iluminado dava a impressão de não ser uma jovem deitada, e sim a personificação da beleza.

Se sentou ao lado dela e afagou seus cabelos, coisa que nunca teria coragem de fazer com ela acordada. Foi surpreendido pela mão da menina que prendia a sua, como um pedido para a aproximação. E assim o fez. Deitou ao lado e abraçando a cintura do anjo, dormiu tranqüilamente. A primeira vez naquela semana.

Ela acordou com uma luz intensa de fronte a si, o que fez seus olhos doerem. Uma voz conhecida lhe chamou atenção e a fez despertar rapidamente.

Olhou em volta e percebeu, aliviada, que estava em seu quarto. Um detalhe lhe chamou atenção: uma rosa azul estava ao lado de seu travesseiro e ela sabia quem havia depositado ela lá. Pegou a flor sorrindo e agradeceu á governanta que havia deixado uma bandeja com seu café da manhã em cima da penteadeira. Logo que ouviu o clique da porta se fechando, correu para a sacada, olhou em volta e só se deu conta de que estava acompanhada quando debruçou na sacada e, delicadamente, duas mãos lhe cerraram os olhos.

_ Deixa de ser bobo Eriol, quem mais pra entrar no meu quarto com a porta trancada?

Quando as mãos começaram a se soltar, Tomoyo deu a volta e ficou de frente para o rapaz que a observava, e sorriu.

_ Quase que a Suzy nos pegou... _ ele ria avidamente e aquilo fez Tomoyo perceber o gosto pela adrenalina que Eriol tinha. _ Se meus pais sabem das suas escapadas, iam ficar felizes.

_ E isso não te agrada?

_ Nem um pouco... Pois saiba que eu não queria que você viesse...

_ Agora me ofendeu... _ Tomoyo fingiu estar magoada, mas a única coisa que conseguiu foi um beijo na bochecha e um pedido de desculpas...

_ Mas isso mudou desde a hora em que eu olhei pra você naquela noite, aqui na sacada...

_ E o que mudou?

_ Eu me apaixonei por você...

Eriol chegava mais perto de Tomoyo, e fazia com que o coração dela batesse cada vez mais rápido, fazendo ela ofegar. A menina estava a ponto de se entregar, mas uma luz de sobriedade a fez enxergar que era absurda aquela idéia. Se desviando dele e saindo do alcance dos braços de Eriol, Tomoyo respirou fundo e tentou acabar com o rubor que teimava em deixar claro que ela também desejava aquele beijo. Correu para o closet e fechou a porta, escolhendo, a esmo, uma roupa para vestir.

Eriol se sentiu um idiota, estava ali há cinco minutos, parado, na mesma posição que estava antes de ela sair de seus alcance. Se virou, fechou os olhos e suspirou convicto de que conquistar Tomoyo seria difícil. Caminhou até a porta e atravessou o corredor em busca de seu quarto.

Depois de colocar a blusa de seda escolhida, Tomoyo parou e se olhou no espelho. Buscava respostas. Será que, agora que havia achado aquele a quem amar, teria que ir por puro capricho? Será que seu orgulho não podia ser enganado uma vez? Não, decididamente ela não tinha forças para aprisionar sua personalidade forte e impor seus sentimentos... Ouviu a porta bater levemente, provável que fosse Eriol saindo. Caminhou até a porta, ia em busca do que achava ser amor, mas um medo estranho, o mesmo que sentiu no dia em que chegou à Inglaterra, percorreu suas veias e a fez parar. Com a mão na maçaneta, ela escorregou até o carpete e sufocou um soluço. Lágrimas não tardaram a vir e ela teve que ficar ali, sem sombra de achar uma resposta para tudo o que estava pensando...

*Tears are feelings we cant say Tears mean that you care Tears are mixed emotions Tears are more than tears*

Sem saber quantas horas se passaram, Eriol saiu do quarto, Spinel no colo e mais uma das suas rosas azuis. Deixou a rosa na soleira da porta do quarto da frente e seguiu para os jardins.

Alheio ao fato de que era observado, Eriol brincou, tristemente, com o pequeno que teimava em lhe lamber as mãos. O gato brincava com os cordões de sua calça e as folhas voavam ao redor. Dias antes a cena havia sido diferente. Tomoyo estava sentada no balanço próximo e ria das acrobacias que Eriol obrigava o pobre gatinho fazer. O céu não estava claro como na hora em que acordou, estava cinzento, como que para revelar o que dois corações sentiam e se isso fosse verdade, não tardaria a chover lágrimas do céu por eles.

Eriol olhou para cima e uma gota de chuva despencou em seus lábios. Rapidamente ele olhou em direção à casa e deu de encontro a um par de olhos que o fitavam. Sorriu ao ver que ela estava ali, mesmo longe.

A chuva molhava sua roupa, mas ela não ligava. Os cabelos molhados grudavam em suas costas, mas a única coisa que ela via eram os olhos azuis que a observavam. Em seu rosto lágrimas se misturavam com as gotas de chuva, diante da perspectiva de essa ser a ultima vez que ela o veria.

*The pouring rain From my eyes Means too much To keep inside*

Ela ainda não havia aparecido e já era tarde. Eriol andava de um lado para o outro a passos largos e segurava uma rosa azul na mão, rodando a flor entre os dedos e olhando, vagamente, para o chão.

A madrugada avançava e nada. O que teria acontecido? Não se ouvia mais barulho na casa. Nenhum passo pelo corredor, nenhum falatório na cozinha, absolutamente nada. Caminhou até a porta, decidido a saber o porque de ela não ter querido lhe visitar aquela noite.

Levava uma mochila até que pesada nas mão, e ao mesmo tempo que avaliava a altura que teria que escalar, ela deixou a mochila quedar até abaixo da sacada. Ia começar a descer a sacada do quarto quando ouviu o clique da maçaneta. Rapidamente se escondeu entre as pesadas cortinas. Controlou a respiração de forma a ficar silenciosa e suficiente. Os passos se aproximavam.

Entrou no quarto como um lince, rápido e silencioso. Eriol era um gênio na arte de fugir, e sabia muito bem como ser discreto. Olhou em volta, as luzes apagadas, a cama feita e a sacada aberta. Correu até ela e viu, ao longe, nada. Ela havia fugido, e por causa de um terrível erro seu... Deveria ter esperado mais, não devia ter falado com tanta certeza, tanta sinceridade. Caminhou até a cama e se sentou. Puxou o travesseiro de debaixo das cobertas e abraçou ele, tentando sentir-se mais próximo à Tomoyo.

*I sit and watch you leave My life forever I know you'll be gone so long My last words are noting*

Tomoyo observou à cena condoída, sua vontade era de correr até ele e dizer que fora tudo um engano e que ela também o amava, que eles seriam felizes, mas ela não podia fazer nada.. tinha que esperar ele dormir ou sair dali...

Ela podia ouvir ele chorar, podia imaginar as lágrimas correndo dos seus olhos azuis até castigar sua pele e morrer nos seus lábios. Ela pouco se continha e as respiração começou a ficar ofegante. Os soluços vieram e ela precisou se revelar.

Ali, ao lado de onde ela deveria estar, ele ouvia seu choro, suas próprias lágrimas que caiam em pensar que havia errado e justo com quem não deveria. Pensou no muito que tinha a dizer e pensou em seus próprios sentimentos, enquanto o som de seu choro ecoava pelo quarto. Não tardou a perceber que seus soluços eram acompanhados por passos saídos de um esconderijo.

_ Você não foi?

_ Não, mas estava quase...

_ Você ia me deixar?

_ Ia...

_ Não faz isso, eu não menti quando te disse que te amava...

_ ...

_ Desculpe...

*And I tell you I care And nothing more*

Não foi preciso mais palavras, os olhos se entendiam e Tomoyo caminhou até o rapaz, enxugou suas lágrimas e levou seus lábios a provarem o néctar que tanto almejava. Ele se deixou levar e ambos provaram do mais doce dos pecados naquela noite...

*I cant say how I feel So I cry*

Um dia radioso apareceu por entre suas pálpebras. Respirou fundo e sonhadoramente. Aquele dia tinha tudo para ser o melhor dia da sua vida. Olhou para o lado, em busca do corpo da pessoa amada, mas nada havia ao seu lado, na sacada, apenas as cortinas tremulavam ao suave sopro o vento. Eriol se sentou na cama, olhou o quarto a sua volta e deixou que lágrimas corressem pelo seu rosto. Ela havia ido embora.

*Tears are feelings we cant say Tears mean that you care Tears are mixed emotions Tears are more than tears*

Ela andava a esmo pelas ruas de Londres. A mochila havia sido deixada num guarda volumes do aeroporto, e agora ela esperava a hora do vôo conhecendo alguns pontos da cidade. Soltou um suspiro sofregamente e com o olhar perdido em uma rosa azul, ela caminhou de volta ao aeroporto Internacional de Londres, onde anunciavam a primeira chamada para um vôo com destino aos EUA.

Abriu os olhos ofegante, era sua impressão ou tinha alguma coisa prensando sua barriga?

Percebeu que já estava consciente e que a magia havia funcionado, Feliz, abriu os olhos e viu a imagem assustada de um par de violetas olhando para si. Levantou, mais que depressa de cima da menina e sorriu. Não que o que viu no sonho foi bom, mas talvez tivesse feito efeito.

_ Funcionou?

_ Como assim? Funcionou? O que você fez Eriol?

_ Eu provei de um veneno...

_ Tudo que eu sonhei, foi você quem fez?

_ Não... Eu apenas mostrei como seríamos se a magia não existisse em nós.

_ ...

_ Desculpe...

_ Eu já ouvi isso antes...

Tomoyo corou ao lembrar do que veio depois, e tratou de se afastar de Eriol. Ele, que estava sentado na cama, ao lado dela, tratou de se levantar e engolir em seco.

Ficaram se encarando por alguns minutos, até que Nakuro entrou, feliz e saltitante para perto do casal.

_ Eriolzinho, tá na mesa!

*Its the light behind the shadows That scary face Behind the mask*

Continua... - -

Comentários: Desculpem a demora.. mas escrever romance sem estar com um na vida é duro... Esse capitulo mudou de aparência muitas vezes... Acho que por isso demorou, mas acho que ficou bom. Talvez eu tenha paciência de escrever uma fic ou um epílogo de como seria o sonho se ela não tivesse fugido, ou o que aconteceu depois que ela fugiu, mas não sei.. isso vai depender da repercussão do capitulo.. MANDEM MENSAGENS, sou movida a elas.

Ah.. sobre a cena discreta, se vocês quiserem que eu faça uma NC-17 com ela, eu não me importo, mas só faço se pedirem... Okay? ^_~