Título: São Precisos Dois Para Praticar.
Capítulo 20: Todas as Estradas
Autora: Rogue in Rouge. Profile: ht*tp:* /w*ww.*fanfiction.*net /u/ 558994/*Rogue_in_Rouge
Disclaimer 1: Não possuo as HQs do X-Men, desenhos, filmes ou qualquer outra franquia relacionada – isso parece chocante.
Disclaimer 2: Eu, que estou traduzindo, não possuo as HQs do X-Men, desenhos, filmes ou qualquer outra franquia relacionada E ESSA HISTÓRIA, quero deixar claro. =P
N/T: Ladies! Sim, estou viva! Haha
Eu ia começar pedindo desculpas pelo atraso, mas, no fim, tenho mesmo que pedir desculpas a apenas quatro pessoas. Para diannawgray, para SueStorm, para Motoko Li e, principalmente, para Carol. É por ela que voltei a traduzir. Não que eu estivesse com pretensão de desistir, mas sempre acabava postergando e favorecendo outros projetos. Com uma simples mensagem, ela me motivou a voltar para essa história e nos encaminhou para mais um passo em direção o final. Só falta um!
Então, meninas que me deixaram comentários! MUITO, MUITO OBRIGADA! Estamos aqui ainda por causa de vocês.
E, para quem infelizmente manteve o hábito de ler e não comentar, essa demora se justifica pela desmotivada que esse tipo de comportamento traz. É uma pena, para quem escreve, para quem traduz e para quem lê.
Um grande beijo e até o próximo!
N/A: Esse capítulo não é completamente linear.
"Com quem estamos lidando?"
"Chamam eles de Carrascos de Mutantes. São seis ao todo. Vão se infiltrar nos túneis e então exterminar os Morlocks." Vampira continuou falando como se o som da sua voz pudesse afogar o significado daquilo. "Maré Selvagem, do sexo masculino," ela fechou os olhos. "Muçulmano que atira coisas afiadas. Arpão, sexo masculino, o nome vem da sua arma – que se transforma em alguma outra coisa, algum tipo de energia." Sua testa se enrugou enquanto tentava recuperar as informações, trazendo à tona imagens e pensamentos dispersos. "Arco Voltaico, sexo feminino, algo sobre – ondas de choque? Vertigo, sexo feminino, loira."
"Deixe-me adivinhar, causa vertigens?" Apesar de tudo, Lapin sorriu.
"Caçador de Escalpos, sexo masculino, um monte de armas." Ela franziu a testa, sentindo uma pontada da psique de Remy. Algum tipo de - conexão? Não havia tempo para investigar. Ela sufocou a sensação. "Suas armas são desenhadas para derrubar qualquer defesa, mesmo de mutantes. Basta um só acerto e fim da história."
Lince Negra estremeceu. "Caçador de Escalpos? Tipo, ele não caça escalpos de verdade, não é?"
"Isso dá cinco," Ciclope disse com o cenho franzido, como sempre se concentrando apenas na missão. Noturno deu um tapinha tranquilizador no braço de Kitty.
Vampira deu de ombros, impotente. "Eu consigo ver um a mais, mas não acho que ele seja um lutador." A declaração provocou uma troca de olhares.
Ciclope deu um breve aceno de cabeça e seus olhos passaram rapidamente pelo grupo. "Isso não era o que esperávamos." Ele disse desnecessariamente. Lince Negra se abraçou. "Mas nós já tivemos que lidar com situações assim. Uma vez que estivermos nos túneis, nos dividiremos em equipes. Se anunciem como X-Men assim que virem, ouvirem ou sentirem alguém próximo de você. Os Carrascos vão atacar independentemente disso, mas os Morlocks serão contidos por essa informação. Tenham em mente uma saída em qualquer momento – nós iremos ajudar a escapar tanto quanto vamos nos defender. Serão as mesmas equipes da última vez, mas Wolverine, você vai sozinho." Wolverine grunhiu. Vampira tinha os visto conversar baixinho mais cedo e ela não tinha dúvidas de que ele possuía sua própria missão particular. Ela mordeu o lábio. Remy não se envolveria assim que ele se desse conta do que estava acontecendo, ela sabia disso.
O bo-staff de Lapin espiralou no ar.
"Vocês não vão me deixar aqui."
Ciclope tinha antecipado essa resposta. "Esse é um combate de mutantes, Lapin, e-"
"Na hora do aperto, eu seria mais um para ajudar. Tenho o staff e meus punhos. E eu pretendo encontrar meu primo." Seus olhos se prenderam em um longo olhar.
Observando-os, Wolverine sacramentou. "Eu não vou levar ele comigo."
"Ele pode vir comigo," Jean disse. "Assim eu terei um parceiro e nós poderemos dar cobertura um para o outro."
Jean e Ciclope compartilharam um longo olhar que era só dos dois e Vampira soube que uma discussão estava sendo travada num reino silencioso. Mas o franzir de testa de Ciclope se tornou mais proeminente e ficou claro quem havia ganhado.
"Tudo bem, mas se lembrem do que aconteceu com Sinistro." Vampira conseguiu dar um sorriso fraco. Então agora era Sinistro. "Mutantes tem vantagens-"
Lapin bufou. "Eu já tive que lidar com assassinos antes." Vampira sentiu Ciclope pesar seu olhar sobre ela, ficando sombrio através da sua viseira, mas ela não disse nada.
"Certo," Ciclope falou por entre dentes cerrados. "Nós nos reuniremos aqui, daqui a três horas. Se alguém precisar falar será preciso subir até a superfície. A comunicação é bem prejudicada lá embaixo. Contudo, contatos de emergência podem ser feitos com a Jean. Vampira, você acha que dá conta de uma conexão assim?" Ela sabia que ele estava perguntando sobre os poderes de Essex. Tentáculos de poder ainda estavam ali; ela assentiu de maneira inexpressiva.
"Vamos lá."
E eles adentraram a escuridão.
"Onde eles estão?" Arpão disse impaciente, ajustando seu arpão nas mãos.
"Talvez seja a hora da soneca deles." Arpão fez uma careta para Gambit enquanto Arco Voltaico rolou seus olhos no instante em que o grupo parou.
"Eles vivem no subsolo, poderiam ter horários diferentes," Embaralhador disse de forma hesitante, inconscientemente torcendo as mãos quando o grupo se focou nele. "Certo, nós também estamos observando os lugares de descanso."
"Não estaria tão impreciso se eu tivesse dado uma mão no reconhecimento do terreno," Gambit disse e se encostou contra uma parede escorregadia com a indiferença de quem estava num lounge.
"Sim, mas você estava ocupado em outro lugar, não é?" A voz de Maré Selvagem era fria. Com os braços cruzados contra o peito, sua coleção de estrelas ninjas brilhava na luz tremeluzente.
A boca de Vertigo se moldou numa careta e seus lábios cheios quase formaram um beicinho. "Sim, você não estava tão ocupado saindo por aí com os – como eles são chamados mesmo," unhas manicuradas há pouco tempo tamborilaram contra os lábios dela. "Ah, os X-Chatos?"
Gambit levantou uma sobrancelha, recusando-se a se deixar irritar pelo comentário venenoso. "Enquanto isso, vocês estavam saindo com-" Os olhos de Vertigo brilharam e o Caçador de Escalpos levantou a mão.
"Chega. Vamos nos separar. Maré Selvagem, você vai com Arco Voltaico. Vá em direção aos ambientes comuns desse lugar. Vertigo, você vai com Arpão, em direção à saída principal." Arpão olhou de soslaio, mas Vertigo apenas jogou o cabelo para o lado num gesto de 'tanto faz'.
"E quanto a mim?" Embaralhador esfregou as mãos nervosamente.
"Fique aqui. Se precisarmos nos livrar do poder de alguém, nós chamaremos você."
"Sozinho?" Sua voz saiu num chiado. Houve risadinhas.
"Simplesmente fique quieto."
O grupo se separou. Gambit seguiu o Caçador de Escalpos. Ele já sabia de antemão que o homem o escolheria e acariciou a carta na sua mão.
O embrulho no seu estômago foi o primeiro sinal de que a dupla que ele e a Lince Negra tinham encontrado não eram Morlocks.
"X-Chatos, oh isso vai ser divertido!" uma voz animada praticamente cantarolou. Ele só tinha vislumbrado o brilho de um cabelo louro graças à luz advinda do buraco acima deles quando Lince Negra o agarrou. Puxando-o de volta, ele sentiu a sensação sempre irritante de se tornar indescritivelmente leve e irreal. Mas a diminuição da sua dor de cabeça o fez perceber o benefício. Um súbito raio brilhante irrompeu das sombras e quase o cortou ao meio - teria cortado, se ele estivesse estado totalmente ali. Ele estremeceu quando a energia, em vez de tê-lo dividido ao meio, destroçou a parede atrás de si. E havia ainda mais benefícios. Houve um resmungo à sua esquerda e ele deu um outro passo para trás, ficando aflito ao perceber que seus pés estavam atravessando o chão quando ele fez isso.
"Obrigado Lince Negra," ele murmurou. "Mas eu preciso desarmá-los. Quando eu contar até três, você atravessa a parede." Ele a sentiu balançar a cabeça, um sopro de sensação que reverberou através dos seus corpos na forma incorpórea. Um lampejo loiro reapareceu, pisando no único fio de luz chão, para perscrutar a escuridão que escondia os X-Men. "Um, dois – três," ele afundou de joelhos, recusando-se a deixar que sua tontura o impedisse de desencadear um amplo arco óptico.
A mulher deu um grito inarticulado e seu corpo bateu no chão, a sensação de desorientação desapareceu de forma tão abrupta que a cabeça Ciclope girou e ele teve que se segurar na parede ao lado dele.
Lince Negra reapareceu à luz fraca, inclinando-se para verificar Vertigo – e Ciclope praguejou em voz alta.
"Lince-" Mas seu aviso veio tarde demais. Outro clarão de prata percorreu o escuro e uma risada alegre ressoou quando Lince Negra se arqueou com um grito. "LINCE NEGRA!" Ele ficou de pé rapidamente, rebatendo o próximo arpão a ser lançado com uma explosão ardente do laser dos seus olhos. Precisaria de mais do que aquilo para desarmá-lo e, de forma automática, o dedo girou o dial de seu visor. A explosão seguinte obliterou o arpão e o baque do corpo do homem contra o chão foi audível até mesmo sobre o barulho que zumbia nos ouvidos de Ciclope. Ele conseguia sentir o cheiro de queimado, mas o bem estar de Arpão não lhe causava preocupação.
Lince Negra estava apagando, seu corpo sofrendo espasmos debruçado sobre a forma inerte de Vertigo. "Lince Negra? Kitty?" Seus olhos se levantaram imediatamente para o boeiro acima, tentando mapear se ele daria num beco ou numa rua. O teto retumbou levemente – uma rua. Ele praguejou mais uma vez.
Jean?
Ele sentiu cheiro de sangue muito antes de chegar até o corpo. Não havia luz naquela parte dos túneis, mas os sentidos de Wolverine se adaptaram facilmente.
Se agachou com cuidado para não tocar nos restos mortais. Um punhal cravado no intestino, morte em decorrência da perfuração, não da hemorragia. O rosto do homem estava calmo, os olhos fechadas, as mãos semicerradas.
Ruiva?
Sim, Wolverine?
Encontrei um deles. Está morto.
Você sabe qual deles?
Ele tomou nota da vasta gama de armas, facas, machados e algumas engenhocas de metal – uma ensanguentada, que havia mergulhado em algum tipo de armadura.
Caçador de Escalpos, com certeza.
Um a menos – ele não achou que ela quisesse que ele tivesse ouvido aquele pensamento, tão baixo quanto um múrmurio. Houve uma pausa. Ciclope disse para nos encontrarmos com Vampira e Noturno – ele acabou de neutralizar Vertigo e Arpão. Lince Negra está ferida, então ele irá levá-la para a ala médica dos Morlocks. Vampira e Kurt precisarão de ajuda se encontrarem os outros dois.
Eles encontrarão.
Os olhos dele se moveram de relance para a parede manchada de sangue a sua frente.
Ele sabia a quem aquele sangue pertencia.
Jean esfregou sua testa antes de abaixar suas mãos rígidas. Eram em momentos como aquele que ela se sentia um verdadeiro elo. Ainda assim, pelo menos tinha sido capaz de orientar seu noivo até a ala médica. Ela se virou para informar seu parceiro sobre os mais recentes acontecimentos.
"Wolverine acabou de achar- Lapin?"
Ela procurou com a cabeça só para confirmar que Lapin não estava em nenhum lugar visível. "Droga." Scott, com toda a certeza, ia dizer a ela 'eu te avisei'.
Lapin se sentiu um pouco mal por abandonar a companheira ruiva, mas ele havia lhes dito qual era sua prioridade: Remy. Ele olhou cuidadosamente ao virar a esquina do túnel seguinte, mantendo um olhar atento sobre possíveis saídas acima, estrategicamente posicionadas ao alcance do bo-staff.
O staff não era propriamente seu; adamantium não era assim tão fácil de ser encontrado. Jean-Luc tinha dado staffs multifacetados para seus dois filhos na ocasião em que obtiveram exito no ritual de passagem que todos os ladrões deveriam se submeter, para ser aceitos formalmente no Clã. Entre outras conveniências, os staffs tinham rastreadores construídos especificamente para funcionar juntos – contudo, só eram funcionais para curto alcance. Jean-Luc não queria que os rastreadores fossem minimamente capazes de serem usados contra os Ladrões. Apenas por essa razão Henri tinha emprestado seu staff para Lapin.
Agora, se ele pudesse simplesmente descobrir qual túnel iria levá-lo para mais perto de Remy em vez de enviá-lo para uma direção oposta... Os X-Men sempre saiam em missões com tão pouco preparo?
Preocupado, ele quase acabou tropeçando sobre uma figura curvada. "Olá?" Ele disse ofegante, tentando enxergar na escuridão. A forma diante de si estremeceu. "Er, não vou te machucar." Ele hesitou em se chamar de X-Man. Ter passado as últimas doze horas com eles tinha feito com que ele os valorizasse mais do que aquilo. "Olha, seria melhor você dar o fora até que os Carrascos e os Morlocks terminem de se estapear. Acho que há uma saída para a rua, voltando pelo beco que eu acabei de atravessar." Completamente ignorando o fato de que qualquer Morlock conheceria todas as saídas, ele se sentiu satisfeito quando o menino imediatamente seguiu suas instruções.
E o Embaralhador se arrastou para fora dos esgotos.
Para uma coisinha daquele tamanho, Lince Negra era bem pesada. Claro, ele chegou aquela conclusão depois de cambalear pelo quinto túnel com ela desmaiada em seus braços. Ela tinha espasmos de vez em quando e os intervalos entre eles aumentava conforme o tempo passava. Ciclope tentava encarar isso como algo positivo. "Tem que parar com os bolos, Kitty," ele murmurou e parou contra uma das paredes.
Imediatamente ficou tenso quando ouviu o eco de passos que se aproximavam. Rangendo os dentes, ele gentilmente abaixou Lince Negra até que ela repousasse contra a parede. Sua mão se encaminhou automaticamente para sua viseira quando o fim do túnel se iluminou com um brilho fraco de algum tipo de fonte de luz que vinha em sua direção. Com sorte, não viriam mais Carrascos junto com aquela fonte de luz.
Quando a luz virou a esquina, ele ficou cego. "Sou um X-Man," ele anunciou com a voz clara. Estava prestes a continuar , mas-
"Scott?" Demorou um minuto para Ciclope achar sua voz. Sua mão se afastou da viseira e ele estreitou os olhos para enxergar melhor.
"Evan?"
A forma ossuda ficou mais clara assim que seus olhos se ajustaram. Spyke abriu um grande sorriso, antes que ele desvanecesse. "Ciclope, o que vocês estão fazendo aqui embaixo? E agora?"
Havia um outro corpo atrás de Spyke – e o brilho de olhos vermelhos foi o suficiente para Ciclope. Gambit foi pressionado contra a parede antes que Spyke pudesse sequer terminar sua segunda pergunta. O ladrão não resistiu e levantou as mãos de forma não ameaçadora. Os dedos de Ciclope chegaram perigosamente perto do seu visor.
No instante seguinte, Spyke estava ao seu lado. "Cara, ele não é um X-Man?" Ele ergueu a mão e puxou o casaco de Gambit, revelando o X de metal que o ex acólito tinha fixado no seu ombro. Ele brilhou sob a luz fraca da lanterna, contrastando com o profundo vermelho e preto da camiseta que compunha o resto do uniforme.
Ciclope se manteve firme, mas tirou a pressão do dedo que se encostava no visor. "Ele está ajudando os Carrascos a entrar nos esgotos." Respirando fundo, ele aliviou seu aperto. "Sim, ele é..." Scott respondeu em um tom não comprometedor.
"Péssima hora para fazer uma visita," Gambit disse arrastado, ainda não impondo resistência.
"Você desertou." Havia uma coisa que Scott simplesmente não podia suportar sobre Gambit, a única coisa que o deixava absolutamente louco - sua irritante e mortificante falta de seriedade. O fato de que Gambit podia se aproximar furtivamente deles com Kitty em condição desconhecida -
Spyke riu. "Acho que você não é um X-Man há muito tempo," ele se encostou numa parede cheio de confiança. "Eles realmente não gostam disso."
"Eu tinha outros assuntos-"
"Com certeza tinha-"
O duelo verbal foi interrompido por um som de língua se estalando no céu da boca, bem trás deles. "O que é isto? Menos de dez minutos e vocês já estão querendo se jogar nas gargantas um do outro? Acho que os X-Men são realmente uma ton famille!" Dessa vez Gambit realmente se assustou e Ciclope piscou para a escuridão. Spyke levantou uma sobrancelha. Os túneis não tinham aquela quantidade de visitantes em eras.
"O que diabos-?"
Lapin sorriu, girando o staff. "Encontrei você."
Ciclope se concentrou no maior problema, seu olhar indo imediatamente para além do Cajun. "Onde está a Jean?" Ele perguntou.
Lapin deu um olhar exagerado em torno de si mesmo. "Devo ter extraviado a fille," Gambit avançou rapidamente em direção ao seu primo, e depois para além dele. O sorriso desapareceu dos lábios de Lapin e ele xingou em Cajun. "Qu'est-ce qui?"
Ele tentou pegar nas mãos de Gambit, mas se interrompeu a tempo – ainda que não pudesse desviar os olhos da goteira de sangue das palmas das suas mãos.
Os olhos de Remy ficaram sombrios.
Ele facilmente conseguiu um vantagem; iria ser a única chance que ele teria de conseguir um soco certeiro.
O Carrasco começou a cair como um peso morto, mas então deu uma cambalhota – saltando para trás com a facilidade de um gato selvagem, levando Gambit consigo. Os dois homens foram ao chão, se entrelaçando como dois lutadores que eram. Gambit era liso como um gato de rua, flexível e comprido, mas Caçador de Escalpos tinha uma força muscular mais bruta. Gambit deslizou para se livrar das mãos do outro homem, estremecendo diante dos cortes que o arsenal do Caçador tinha infligido. Ele tentou pegar suas cartas – mas o Caçador de Escalpos se jogou sobre ele. Estava muito escuro para ver o que estava em suas mãos.
Uma lança de duas pontas, na forma de uma forquilha de grandes dimensões, crucificou Gambit na parede. Ele se contorceu e cerrou os dentes, tentando liberar sua energia acumulada. Ela se atirou de volta para ele, como se ele tivesse enfiado as mãos numa enorme tomada elétrica. Caçador de Escalpos, como sempre, tinha feito a arma perfeita para anular os poderes da sua vítima. O pensamento fez seu estômago se revirar.
"Isso eu guardei para você," Caçador de Escalpos tossiu e esfregou as costelas. "Afinal, você ficou desagradavelmente bom de briga depois de todos esses anos."
Gambit inclinou a cabeça para trás. "Não posso dizer o mesmo."
Caçador de Escalpos estalou a língua entediado. "Sempre soube que você não era material para se fazer um bom assassino, Remyboy. Falei isso para Essex, mas você o conhece – isso só torna as coisas melhores para ele."
Gambit assentiu. "Sim," e o atacou com o pé, acertando o Carrasco bem no intestino. "E eu disse a ele que você fala demais."
Rangendo os dentes, ele se virou para empurrar a forquilha para trás, forçando as mãos na parede. A geringonça caiu no chão com um barulho e Gambit tropeçou pesadamente ao lado do objeto. Ele se preparou para o ataque do Caçador de Escalpos, mas tudo que ouviu foi uma risada emitida por uma garganta cheia de sangue.
"Certo como sempre." Ele olhou quando o Caçador de Escalpos caiu de joelhos. Olhos sensíveis com grande visão noturna observaram com horror a adaga que seu pé devia ter acertado, empurrando-a para dentro da barriga dele.
"John-" O nome veio das profundezas de um adolescente com poucos amigos que não eram da 'família'. Remy permitiu que seus joelhos se colapsarem, se afundando como uma reverência.
"Pensando em me deixar viver, não é?" Ele não podia levantar os olhos, só observando o sangue que escorria. Greycrow riu novamente. "Tem muito coração para esta linha de trabalho, Remy, esse é o problema." Não havia sarcasmo em sua voz e Remy não conseguiu falar. "Essex poderia me consertar." Aquilo arrastou Gambit para fora do torpor. Greycrow estendeu a mão para agarrar fracamente o casaco de Remy. Gambit não conseguia se mover. "-não o permita."
E Remy fechou os olhos enquanto aprofundava ainda mais a adaga.
"Não pergunte."
Vampira sentia falta das lutas de antigamente – um contra um num ataque claro, alguém que se conhecia e podia provocar, com padrões reconhecíveis, onde só se precisava bloquear, vencer pelo cansaço ou deixar o oponente inconsciente para acabar com a batalha do dia.
Ela se apegou aos tijolos viscosos atrás de si, tentando desesperadamente não deixar as ondas sonoras que ricocheteavam fizessem-na vomitar. Em meio a quase completa escuridão vislumbres arroxeados entravam e saiam do seu campo de visão.
Tinham ouvidos os gritos e corrido direto para a miscelânea de mutantes. Com Arco Voltaico arremessando suas ondas sonoras para todos os lados, era difícil dizer quem era amigo ou inimigo, embora eles tivessem conseguido gritar "X-Men."
Ela viu uma nuvem de fumaça – Noturno conseguindo contornar a dupla de Carrascos e levando dois dos Morlocks para algum outro lugar, ela assumiu – mas assim que reapareceu, ele gritou fazendo vibrar todo o lodo ao redor dos seus pés. Um borrão de roxo e branco lhe confirmou as suspeitas - shuriken, é o que isso é – e ela tentou desesperadamente se esquivar daquelas armas ninjas em forma de estrela.
Ela sentiu o gosto de sangue quando seus dentes beliscaram os lábios, ecoando um ponto ensanguentado da sua própria perna. Grande trabalho daquele tecido super-resistente. Tijolos se partiram em escombros e caíram sobre ela.
Ela se manteve em silêncio, não se atrevendo a chamar por seu irmão adotivo. Apoio chegando em breve seria muito apreciado, ainda mais se chegasse naquele exato momento.
Mas ela não era uma X-Men a toa e permitiu que as psiques dentro de si viessem a tona – ela estava perdendo Essex lentamente, mas podia sentir Remy fervendo em seu sangue. Suas mãos começaram a formigar.
Ela mirou a mulher primeiro, enviando uma explosão de pura energia de psique em direção a ela – como é ter o chão querendo se encontrar com todos os seus órgãos internos? - antes de cair e jogar um pedaço de tijolo em direção onde ela tinha sentido o outro, uma estranha luminosidade magenta se acendeu na escuridão antes de se colidir com um muito surpreso Maré Selvagem.
O túnel balançou quando a explosão ressoou e Vampira foi atirada no chão mais uma vez. Ela mal teve tempo de fazer algo mais do que tossir antes que –
"Aprendendo mais truques, hein?" Uma voz escorregadia sibilou nas suas costas. "Teremos que nos adaptar a isso."
A alfinetada foi pequena, considerando todas as coisas. Mas o efeito foi instantâneo conforme o mundo ao seu redor misturava cores, gostos e tato como um ácido que escorria pela sua coluna vertebral.
Ela gritou.
Terrorsofrimentodorvômitodentroparaforaderretendosofrimentoqueimandogirandodorsofrimentoterrormedomedopânicodesesperodesesperofaçampararvômitoqueimando-
Remy quase caiu, seus sentidos empáticos cambaleando sob o ataque e, reflexivamente, começou a fechá-los - mas ele conhecia aquela dor.
Ele xingou não sabendo se tinha sido em inglês, francês ou mesmo em voz alta. "O que diabos-"
Ele lutou contra a vontade de vomitar e protegeu seus sentidos, tentando distinguir a direção a ser seguida. Ele se jogou em uma direção sem sequer pensar, mas Ciclope pegou seu braço.
"Onde pensa que está indo?"
Ele acordou.
"Vampira está encrencada."
"O quê?" Ciclope inadvertidamente o soltou – e Gambit não se importou em explicar. "Como você-" Gambit correu na direção onde tinha sentido-a. "Gambit!" Ciclope cerrou os dentes, mas avaliou a situação. "Spyke leve Lince Negra para a ala médica –e Lapin, fique com eles!" Ele não esperou para vê-los concordar e se apressou para alcançar Gambit.
Os túneis eram um labirinto na melhor das hipóteses e Gambit tinha que parar a cada poucos cruzamento, fechando os olhos e tentando senti-la novamente. Ele nunca tinha rastreado ninguém dessa forma – não a aquela distância. Ciclope mal tinha tempo de alcança-lo, berrando as mesmas perguntas antes que Gambit saísse à frente mais uma vez.
Em uma intersecção, Jean apareceu. "Vampira está em apuros. Por-" Gambit, ignorando a confirmação, passou correndo por ela. "-aqui", concluiu Jean, parecendo confusa. Seu olhar encontrou o de Ciclope, que apenas balançou a cabeça.
"Eu não tenho a menor ideia", ele murmurou enquanto ela tomava lugar ao lado dele.
Três túneis depois, Gambit acertou o local premiado. Podia senti-la – mais tênue, mas ainda assim num frenesi de dor. Ele permitiu que seus olhos se fechassem, respirando profundamente para se recompor e controlar o impulso de energizar o que estivesse pela frente.
"Seja lá quem estiver aí, simplesmente deixa a femme em paz-"
Três estrelas chinesas, ameaçadoramente salpicadas de sangue, bateram na parede do túnel em frente a Gambit. "E Gambit vem cavalgando em um cavalo branco para salvar a donzela em perigo, que surpreendente," a voz de Maré Selvagem ecoou. Gambit pegou um baralho, mas foi impedido de qualquer coisa pela mão de Ciclope.
"Se você energizar demais, alguns fragmentos podem atingir a Vampira. Supostamente, Noturno está com ela também." O rosto de Ciclope estava pálido, porém calmo. O fato de haver X-Men desaparecidos estava claramente o incomodando.
"Ele está inconsciente," Jean murmurou, "nas proximidades."
Houve um grunhido do outro lado da entrada do túnel. Cabeças viraram para ver Wolverine emergir da escuridão. "Me deixem lidar com isso."
Ele caminhou direto para o túnel ocupado. Ciclope mordeu o lábio para abafar um protesto, mas Jean se encaminhou para frente. Houve um tilintar metálico de shuriken se encontrando com ossos de adamantium, além de outros baques. Jean levantou sua mão, desviando cuidadosamente as estrelas em direção ao chão, para que elas não ricocheteassem.
Gambit e Ciclope espiaram além da esquina de dois túneis a tempo de ver Wolverine alcançar o turbilhão colorido e agarrar o que quer que estivesse lá – nesse caso, a frente da roupa de Maré Selvagem. Puxando-o mais para perto, ele fez uma careta de escárnio antes de bater violentamente o homem na parede atrás dele. Maré Selvagem se desmoronou num monte sem consciência.
Gambit não esperou por muito tempo, se apressando imediatamente em direção ao corpo inerte de Vampira, não observando Wolverine enquanto arrancava estoicamente um shuriken do seu corpo como se fossem espinhos incômodos.
"Tenha cuidado," Ciclope disse sobre o ombro dele. Vampira estava com o rosto virado para baixo e Gambit a girou gentilmente, ignorando a dor a dor da sua mão e arranjando-a em seu colo. A perna direita dela estava ensanguentada, uma estrela ninja ainda enterrada nela e o tecido rasgado dos dois lados. Haviam ainda outros arranhões e fragmentos de pedra espalhados pelo corpo dela, mas nada mais tão grave. Vampira estava gemendo embora Gambit pudesse sentir sua montanha russa de emoções. O que eles fizeram-?
Seu mundo se concentrou na garota em seu colo conforme ele envolvia o rosto dela com dedos desprotegidos. O protesto de Ciclope foi absolutamente ignorado.
"Du calme ma chérie, du calme," Remy suspirou. "Remy está aqui." Ele sentiu a estática da pele dela se agarrando aos seus dedos, sua mutação alcançando-o, sugando-o – e então cedendo. A mutação apenas mordiscou sua energia. A onda de puro alívio que o invadiu poderia tê-lo deixado de joelhos, se ele já não estivesse nesse posição. "Dieu…"
Os olhos dela se abriram com dificuldade no instante em que a turbulência na sua mente começou a se estabilizar. "Remy?"
Impulsivamente, ele pousou um beijo na testa dela, piscando os olhos."Oui, chère."
Um sorriso muito, muito fraco percorreu os lábios dela. "Te achei."
Ele abaixou sua cabeça. "Assim você fez, chère."
"Assim você fez."
Tradução:
1- Shuriken: é uma lâmina plana com mais de três pontas. São conhecidas como "estrelas ninja" no Ocidente. Muito usadas no Japão antigo, eram usadas para distrair os inimigos, quando atiradas, com o reflexo da luz, elas poderiam fazer com que o oponente prestasse atenção em outra coisa. Ou também eram usadas para acertar alguma parte do corpo, machucando ou sendo letal