Peço desculpas pela demora e por qualquer erro ortográfico que vocês possam encontrar aqui, não consegui revisar o capítulo :3

Espero que gostem e comentem pra eu saber!

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Me sentei ao lado desse senhor, cerca de 60 anos. Ele estava apenas com seu pequeno cachorrinho e uma bolsa vermelha.

Qual seria sua história? Ele parecia observar todos a sua volta, e parecia se sentir sozinho.

A pergunta ficou martelando na minha cabeça durante uma hora inteira.

Ele já havia sido casado? Filhos? Sua esposa havia falecido? O que o motivava a sentar aqui durantes longos minutos, com seu cachorro ao lado, e apenas observar?

Eu me sentia sozinha, era esse o motivo de eu estar sentada nesse banco em uma noite tão escura. Eu não sei se vocês já se perguntaram como poderia existir tantas pessoas juntas em um lugar só, mas ao mesmo tempo, nenhuma delas parecia notar a presença umas das outras.

Algo em observar o comportamento das pessoas me fazia bem, me dava inspiração e alívio.

Ele tinha poucos cabelos, brancos. Usava uma camiseta listrada e calças folgadas.

Eu me remexi várias vezes no banco, a curiosidade era muito grande, já pretendia ter ido embora a muito tempo atrás, mas eu precisava saber. As vezes ele me encarava, como se esperasse por algum tipo de pergunta.

Alguns minutos se passaram e eu permaneci ali, fingindo estar interessada no meu celular, até que uma senhora com aparentemente a mesma idade se aproximou. Um sorriso largo se formou no rosto do senhor e eles foram embora juntos, de mãos dadas.

Bom, parece que eu era a única que me sentia sozinha naquele banco.

-x-

Lea se remexeu na cama, sentindo algo bem suave sobre seu braço, quase como uma pena. Ela bocejou e abriu os olhos lentamente, puxando o braço para si ao perceber que Dianna estava muito próxima, e era ela quem passava os dedos ali.

Dianna a encarou mordendo os lábios. – Desculpa.

- Nã-Não, desculpa Dianna! Fo- Fo- Foi reflexo, eu me assustei e...

- Não tem problema Lee, relaxa! - Dianna riu, um pouco desconfortável. – Eu sou um pouco intrometida as vezes.

- Não, Dianna, é sério. Eu n-ão me importo. – Lea esticou o braço dela de novo, puxando a manga da camiseta e segurou na mão de Dianna. – Você sabe tanta coisa sobre mim, eu não me importo.

Dianna exitou um pouco, ela olhou dos olhos de Lea para seu braço e repetiu isso algumas vezes. Lea guiou a mão da loira até seu braço. Dianna passou os dedos sobre alguns band aids e muitas cicatrizes. – Isso deve doer. – Ela falou, tentando parecer casual.

- Ah, um pouquinho... – Lea sorriu acanhada, sentindo os dedos de Dianna deslizando pelo seu braço.

- Você deveria fazer uns curativos melhores... Eu posso ajudar se você quiser! – Dianna odiava ver aquilo, mas tentava agir normalmente, para o bem de Lea. Era só que... ela queria ajudar, ela queria curar a garota.

- Não precisa Dianna, ta bom assim. – a morena se afastou um pouco, se espreguiçando. – A gente precisa levantar, os papagaios devem estar com fome! Voc-Você acha que eu...uhn... posso dar nomes pra eles?

- Lea! Nós precisamos colocar cartazes no quadro de avisos do prédio, para o dono saber que achamos eles. Não sei se é uma boa ideia dar nomes...

- Ta bom... – Lea fechou a cara, fazendo um bico. Dianna revirou os olhos e riu.

- Você já sabe o que vai comprar para o almoço? – A loira falou, sentindo seu estômago revirar ao lembrar que hoje conheceria os pais de Lea. Ela não sabia o que esperar, realmente. O pai dela parecia ser uma boa pessoa, pela foto que ela tinha no quarto. Mas como ela poderia ter certeza? E se eles não gostassem de ter uma desconhecida no almoço?

Os pensamentos de Dianna foram interrompidos por um bocejo de Lea:

- Eu já comprei tudo ontem, eu só estava pensando em comprar uma sobremesa para eles... Esqueci de comprar. – Lea mordeu o lábio, pensativa.

Dianna achava incrível como Lea estava ficando cada vez mais corfortável e solta perto dela. Ela não gaguejava mais, bom, pelo menos ela não gaguejava sempre. Só quando Dianna a deixava com vergonha ou quando ela se sentia ameaçada. Contato visual a fazia se sentir ameaçada, a loira já havia percebido.

- Uhn... Sorvete? – Dianna sugeriu.

- Nãooooo – Lea fez uma cara de nojo, que fez Dianna abrir um sorriso.

- O que foi? – Ela ergueu uma sobrancelha – Você não gosta de sorvete? – Lea ficou em silêncio, ainda mordendo o lábio. – VOCE NÃO GOSTA DE SORVETE? – Dianna se sentou rapidamente na cama, fazendo seus cabelos bagunçados balançarem de um lado para o outro. – VOCE NÃO GOSTA DE SORVETE! – Lea estava observando os cabelos dourados de Dianna balançarem, ela soltou uma risada, balançando a cabeça negativamente e esticando seu braço direito na direção dos cabelos de Dianna. Ela começou a enrolar uma mexa em seus dedos.

- Qual é o seu problema?

- Sorvete parece...eu não sei, é tão... parece vômito. – Dianna que ainda tinha uma de suas sobrancelhas erguidas, agora tinha erguido a outra, em uma expressão totalmente incrédula.

LEA'S FLASHBACK

- Peter me disse que esse era seu sorvete preferido e uma das poucas coisas que você come... – Victoria se aproximou de Lea, que estava sentada em um banco da faculdade afastado das salas, perto de algumas árvores. Suas pernas estavam dobradas sobre o peito e seus braços abraçavam suas pernas. Ela estava estudando para uma prova escrita, coisa rara em seu curso e algo que ela odiava. As provas práticas eram muito mais fáceis. Ela nunca acreditou que uma prova escrita pudesse testar a inteligência ou capacidade de um aluno, por isso esse tipo de prova a deixava irritada.

Lea olhou por cima de seus óculos de grau. Victoria estava vindo em sua direção, estendendo o sorvete com um sorriso. Lea arrumou seus óculos e aguardou a amiga se aproximar mais.

- Peter te obrigou a trazer esse sorvete não é? - A baixinha finalmente disse, quando as duas já estavam uma de frente para a outra. Ela teve que olhar para cima, já que Victoria era bem mais alta, e ela estava sentada.

Lea e Victoria tinham se tornado grandes amigas. Aquele pedido de amizade no msn havia mudado muitas coisas na vida de Lea, Victoria e Peter. Agora, dois meses depois, os três eram inseparáveis. Victoria não tinha terminado o namoro ainda. Ela sempre falava para Lea que por mais que quisesse, a garota fazia parte da sua vida desde pequena, ela não queria perder a amizade de alguém tão importante assim, e Victoria disse que sua namorada não iria aceitar muito bem o fim do relacionamento.

Peter continuava com esperanças, ele estava apaixonado.

- Ele não me obrigou! – Lea ergueu as sobrancelhas. – Ok, talvez ele tenha insistido. Mas é que Lea... Você é tão magra, deveria comer o sorvete, vai te fazer bem. – Lea se encolheu, se sentindo desconfortável. – Era pra soar como uma brincadeira! Desculpa Lee, não foi a intenção! Olha, eu vou comer o sorvete e falar para ele que você comeu, ta? – Victoria abriu o sorvete e começou a chupar. Ela se sentou do lado de lea, que agora estava mais relaxada e sorrindo. Ela sussurrou um "obrigado" - Magina! O que você ta fazendo aqui sozinha?

- Ahh, estudando...

- Você nem precisa estudar, aposto que já passou de semestre mesmo sem essa nota! – Victoria cutucou Lea com seu braço. A outra garota sorriu e jogou os cabelos no rosto.

- Você devia estudar também Vic... – ela disse, ainda com o rosto abaixado.

- Nãooooo, eu não preciso disso. Ta tudo aqui ó – A garota mais alta cutucou sua cabeça com um de seus dedos, o que fez Lea revirar os olhos.

- Você é impossível!

Victoria riu e se levantou abruptamente, ela deu um beijo na bochecha de Lea e disse:

- Eu vou lá pra sala com os garotos ta? Vê se não fica muito tempo isolada nesse mundinho e vai pra sala logo!

E com isso ela virou de costas e saiu andando, deixando Lea com as bochechas coradas. Ela não conseguiu mais se concentrar no seu caderno, o fechou e deu um pulo do banco.

Saiu arrastando os pés no chão, junto com milhares de folhas que tinham caído ali.

FIM LEA'S FLASHBACK

Dianna's POV

- Lea, me dá o durex. – Estendi a mão na direção de Lea, enquanto segurava os cartazes na parede com a outra. - Lea?

Ela me encarava com os dois braços cruzados e um bico enorme. Eu tinha insistido para que colocássemos os cartazes no mural de achados e perdidos do prédio e pelos arredores do bairro. Lea não queria, queria ficar com os dois papagaios.

- Lea!

- Dianna!

- Me dá o durex!

- Mas... Dianna – Ela falou, manhosa.

- Lea, nós precisamos colocar isso aqui. - ela mordeu o lábio, me encarando com aqueles grandes olhos negros. Urgh, como era difícil dizer não pra ela! – Olha. – Eu abaixei o braço. – Se fossem seus bichinhos, e eles escapassem, você não gostaria que devolvessem? – Ela acenou com a cabeça. – Então, eles provavelmente são de uma criança, que está chorando exatamente nesse momento porque perdeu seus bichinhos.

Lea soltou um suspiro, voltando a fazer um bico. – Ta bom. – Ela descruzou os braços e me entregou o durex, ainda emburrada. Eu ri, me virando para o mural e colando dois cartazes ali.

- Pronto! – Me virei de frente pra ela e sorri, ela continuava com a mesma cara emburrada. – Que horas seus pais chegam?

- Meio dia.

- Nós precisamos nos trocar e fazer o almoço e arrumar tudo!

- Calma Dianna, é só uma visita.

- Não importa, eu vou conhecer eles! E se eles não gostarem de mim?

- Claro que eles vão gostar de você.

- Por que você esta tão calma? – A encarei, desconfiada. O olhar dela parecia distante e frio. Ela também não gaguejou nenhuma vez.

- Só estou tentando parecer normal pra eles... – Ela sussurrou e se virou indo em direção aos elevadores. A segui e assim que entramos no elevador e ela apertou o botão do nosso andar, seus ombros se encolheram e ela começou a batucar os dedos na parede.

Não falei mais nada, apenas a segui até seu apartamento e observei seus movimentos. Ela entrou na cozinha, pegou algo, depois foi em direção a gaiola e colocou uma vasilha com comida para os papagaios, sorriu e fez carinho neles.

Ela se virou e pigarreou quando quase esbarrou em mim, eu tentei sorrir para ela, mas ela apenas desviou e continuou olhando para o chão.

Depois ela entrou na cozinha e começou a mexer nos armários. Quando eu achei que o silêncio não podia ficar mais constrangedor, ela finalmente disse:

- Você vai perguntar ou vai só ficar me olhando assim?

-x-

Lea's flashback

- Você vai perguntar, ou vai só ficar me olhando assim?

Ele soltou uma risada, passando a mão nos cabelos – Eu estou curioso ok? O que ela disse?

- Que gosta muito de você, mas tem medo de se machucar e machucar sua namorada...

- O que mais?

- Eu disse pra ela que você era diferente dos outros, especial. Eu acho que ela gosta de você Peter – Lea sorriu pra ele, feliz pelo amigo. Ele parecia feliz também.

- Leeee, você é incrível! – Ele abraçou Lea, que por um momento se surpreendeu, e por extinto, quase se afastou. Mas quando os braços dele a envolveram com mais força, ela percebeu que era apenas o Peter, seu melhor amigo, e abraçou de volta.

- Não foi nada, vocês seriam um casal lindo e eu realmente gosto dela. Eu acho que finalmente consegui fazer mais uma amiga.

- Você não precisa ficar nervosa ok? Ela é uma pessoa, igual você. Fique tranquila e tente apenas...usar palavras, sempre.

Lea riu – Palavras. Eu acho difícil... Mas vou tentar.

Os dois se despediram e foram para suas aulas. Eles não tinham muitas aulas juntos nesse semestre, o que deixava Lea triste , porque tudo sempre parecia mais fácil quando ele estava por perto. Ela ficava mais calma, relaxada. Quando estava sozinha, enxergava os outros como se fossem monstros ,prestes a atacar. Era assustador, eram muitas pessoas. Ela ouvia as vozes, os rostos, mas tudo aquilo a sufocava.

Lea pensava em tudo isso enquanto andava pelos corredores, segurando sua bolsa com firmeza, suas mãos tremiam. Ela parou em frente ao seu armário e retirou alguns livros, depois abriu sua bolsa e retirou uma caixa de remédios, colocou um na boca e tentou procurar sua garrafa de água, mas como estava com as duas mãos ocupadas, ela acabou derrubando a chave do armário no chão. Ela bufou e franziu a testa, colocou os livros de volta no armário para conseguir pegar a água e a chave. Tomou seu remédio, guardou a caixinha e se virou novamente para o armário, pegando os livros e se preparando para abaixar e pegar as chaves. Quando ela se virou, Victoria estava em pé ao seu lado, segurando a chave e sorrindo.

- Oi.

Lea sorriu envergonhada, colocou uma mexa do cabelo atrás da orelha e fechou seu armário. – Oi.

Victoria estendeu a mão, devolvendo a chave na mão da morena. – Tudo bem? Eu estava passando aqui e vi você toda atrapalhada – ela sorriu de lado.

- Uhum – Lea pegou a chave da mão da garota. – É, eu me atrapalhei um pouco. – Ela ainda encarava o chão. – Brigado. – Ela disse, pegando a chave da mão da outra garota e trancando o armário. Victoria pegou os livros da mão de Lea, sorrindo.

- Eu trouxe café. – Victoria estendeu o café para Lea, que pegou sem exitar. Ela ainda achava estranho o fato de que Victoria sempre segurava suas coisas, e trazia café.

- Brigado – Lea sussurrou e pegou o café da mão de Victoria. – Sua aula não é pro outro lado hoje?

- Uhum... – A morena mais alta disse casualmente. Lea ficou a observando sem entender. – Eu queria te perguntar uma coisa. – Victoria sorriu, olhando para Lea. – Meus pais vão viajar a semana inteira... Eu não gosto muito de dormir sozinha e eu preciso de algumas aulas pra prova oral de canto, então eu pensei, quem seria a melhor pessoa para me ajudar? Você, claro!

- N-Na-Não sei Vic... – Lea tomou um grande gole de seu café, sentindo seus dedos da mão tremerem. – Por que você não chama o Peter?

- Eu não quero o Peter! – Lea franziu as sobrancelhas – Quer dizer, você obviamente é a melhor da sala Lee, e eu gosto de ter você por perto, é isso. Eu juro que vou respeitar essa sua bolha. – Victoria deu um grande sorriso, mostrando todos seus dentes perfeitos.

Lea não sabia o que responder. Fazia tanto tempo que não dormia fora de seu apartamento, mas Victoria a encarava de um jeito tão doce que ela não sabia como recusar. – Ok, eu vou. – Ela suspirou. – Que horas?

- Uhn, eu pensei em você ir embora direto comigo, você não veio de carro hoje mesmo, então... Se não for ruim pra você, eu te empresto algumas roupas!

- Combinado! – Lea sorriu, sentindo seu nervosismo passar. Era apenas Victoria, e a garota só queria o seu bem.

Victoria tentou controlar sua felicidade, mas por dentro sentiu seu estômago se revirar. Finalmente! Finalmente Lea parecia estar se abrindo um pouco para ela. E ela faria de tudo para conseguir se aproximar.

FIM LEA'S FLASHBACK

-x—

- Perguntar o que? – Eu encarava ela, de braços cruzados e encostada na porta da cozinha.

- Nã- Não sei. Você não pa-para de enca-rar – Ela pigarreou, observei suas mão mexendo freneticamente no armário, como se não pudessem ficar paradas.

- Você ta bem? – Eu descruzei os braços, sentindo uma pontada no coração.

- Si- Sim! – Ela me respondeu, com uma voz um pouco estridente demais.

Suspirei e fui em sua direção, ela continuou virada de costas pra mim e se encolheu quando sentiu minha respiração perto de seu pescoço. Passei meus braços um por cada lado de seu corpo e segurei suas mãos para que ela parasse de se mexer.

- O seus pais te amam Lee, você não precisa se preocupar com isso. Vai dar tudo certo hoje. E qualquer coisa, eu vou estar aqui pra te defender ok?

- Eu sei qu-e q-que eles amam, mas eu me sinto um peso para eles sabe? Eu já so-sou adulta o suficiente para cu-cuidar dos meus problemas sozinha, não deveria envolve-los. – Ela falou bem baixo, entrelaçando nossos dedos.

- Você nunca é adulta demais para pedir ajuda para seus pais. – Fiz uma pausa - Clarice Lispector. – Sorri ao sentir seus ombros se mexerem por causa da risada que ela soltou. Ela se virou de frente para mim, soltando nossas mãos e revirou os olhos. – Não revira os olhos pra mim!

Sua risada foi sumindo aos poucos e o silêncio tomou conta do lugar. A olhei nos olhos e ela olhou de volta, sorrindo. Suspirei e mordi meu lábio, tentando me controlar.

- Você é muito legal Dianna. Eu gosto muito de você! – Ela se aproximou e me abraçou com força, envolvendo seus braços na minha cintura e encostando seu rosto no meu peito.

Abracei ela de volta, colocando uma mão em seus cabelos e fazendo carinho. – E você é muito bonitinha ursinho. – Senti suas unhas cravando em minhas costas e alguma coisa molhada em meu peito. Segurei ela pelos braços, me afastando o suficiente para poder olha-la nos olhos. – Ei! Não chora! – Passei meus dedos sobre seu rosto, limpando algumas lágrimas.

- Descu- culpa, eu choro por tudo. – Ela deu uma risada triste, jogando os cabelos no rosto.

- Ei, ei, não se esconde de mim. – Sorri e tirei os cabelos que haviam caído no seu rosto. – Eu acho que nós deveríamos começar a preparar esse almoço porque se seus pais chegarem aqui e nada estiver pronto eu vou me sentir culpada! – Me afastei dela para que ela pudesse andar livremente pela cozinha. Lea balançou a cabeça várias vezes e começou a pegar os ingredientes e algumas panelas.

Lea começou a arrumar tudo e deixar tudo preparado e eu ajudei o máximo que conseguia, considerando que ela parecia ter muita experiência com aquilo e eu mal me lembrava qual tinha sido a última vez que eu tinha parado para cozinhar algo. – Você parece ter bastante experiência com isso – eu disse, enquanto cortava alguns tomates.

- Ah, eu cresci vendo meus pais cozinharem... Eles me ensinaram muitas coisas. – Lea me olhou, sorrindo. Era lindo como seus olhos brilhavam ao falar de seus pais.

- Você acha que eles vão gostar de mim?

- Dianna! Eu ja falei pra você parar de dizer isso. É claro que sim!

- É que, eu não conheço eles! Não sei como eles são...

- Eles vão gostar muito de você. Meus pais são muito bonzinhos, eles sempre foram meus melhores amigos.

- Se você diz... – Vários minutos se passaram em silêncio. Me foquei nos tomates que ela havia me dado, tentando cortar aquilo de uma forma bonitinha. Lea deu uma risada fraca, o que fez com que eu olhasse pra cima em busca de seus olhos. Ela limpou a mão em um pano de prato e se aproximou.

- Você esta fazendo isso errado. – Ela colocou a mão direita sobre a minha e começou a cortar os tomates rapidamente. – Se você fizer vários quadradinhos e depois só passar a faca, todo o tomate vai ser cortado de uma vez. – Ela colocou mais força nos dedos e eu estremeci, sentindo meu corpo inteiro arrepiar. – Ta vendo? Pronto. – Da mesma forma que ela se aproximou, ela saiu dali e voltou a se concentrar nas panelas sem nem perceber minhas bochechas coradas. Segurei na pia, tentando controlar minha respiração. Eu não deveria me comportar assim perto dela, eu me sentia...errada, parecia que eu estava me aproveitando de sua ingenuidade. Mas...

- Você não quer ir pra casa se trocar, ver o Arthur, não sei... Voc- Você ja ajudou bastante. – Ela soltou a colher que estava usando para misturar um molho que estava com um cheiro delicioso. Tirou o prendedor que estava em um de seus pulsos e prendeu seus cabelos em um coque bagunçado.

- E se seus pais chegarem antes de eu voltar?!

- Não se preocupe Dianna... – Ela disse, simples.

- Ok, eu vou lá rapidinho e já volto. – Dei um beijo em sua bochecha e sai dali, atravessando a sala e sorrindo para o grande mapa na parede.

Antes mesmo de abrir a porta do meu apartamento, Naya escancarou a porta, maquiada e com um de meus vestidos. – Ergui a sobrancelha pra ela.

- Aleluia Dianna! Onde você se meteu? – Ela passou a mão sobre o vestido, tentando desamassar uma parte.

- Eu estava com a Lea! Acabei dormindo por lá... – Minhas bochechas que ainda deviam estar coradas, coraram mais ainda com o olhar que eu estava recebendo da Naya. – Não é nada disso! Eu só dormi lá! Ela não gosta de mim desse jeito.

- Dianna, até a pessoa mais hétero do mundo gosta de você, desse jeito.

- Ela é diferente! Eu preciso me trocar porque vou almoçar com ela! Por que você ta com meu vestido? – Passei meus olhos por seu corpo, da cabeça aos pés.

- Ei ei Charlie, não me olha desse jeito que você sabe que sou apaixonada por você. – Ela piscou, me encarando.

- Naya! Não começa...

- Eu não trouxe outra roupa ok? Depois eu te devolvo... Alias, eu achei que nós íamos passar o feriado juntas na minha casa de praia, esqueceu?

- Nay, desculpa... Eu tinha esquecido e a Lea me chamou para almoçar e...

- Eu te perdôo, só porque eu sei o quanto você gosta dessa garota, considerando que você nunca quer nada sério com ninguém. – Ela me abraçou e deu um beijo na minha bochecha. – Até segunda Di, eu te amo.

- Eu também Nay – sorri e fiquei esperando ela entrar em um dos elevadores, se despedindo novamente, com um aceno. Retribui e dei um grande sorriso pra ela.

Assim que entrei no meu apartamento, comecei a tirar a roupa que eu estava vestindo e fui correndo para o banheiro tomar um banho. Os pais de Lea não demorariam muito para chegar e eu não queria aparecer lá depois deles. Já seria muito assustador conhecer eles, se eu chegasse lá quando eles já estivessem, eu iria morrer de vergonha.

Tomei um banho rápido e optei por uma calça jeans, uma regata vermelha e uma blusa de manga comprida por cima, com alguns detalhes, bem casual. Penteei meus cabelos e passei um creme neles para poder deixar mais bagunçado. Passei uma leve maquiagem e perfume. Quase esqueci de colocar algum sapato e só fui perceber isso quando estava na frente da porta. Balancei a cabeça, revirando os olhos. Eu estava tão nervosa assim? Voltei pro meu quarto e coloquei uma sapatilha, esbarrei no Arthur a hora que eu passei pelo corredor e ele começou a balançar o rabinho pra mim.

- Oi meu amor, eu sei que não tenho passado muito tempo com você ultimamente, mas eu prometo te recompensar ta? – Eu agachei na frente dele e beijei sua testa. – Tem comida e água pra você lá na cozinha. - Arthur lambeu minha mão e saiu correndo na direção da cozinha.

Sai do meu apartamento e tranquei a porta, colocando a chave no meu bolso. Assim que eu cheguei na porta de Lea, bati várias vezes, sentindo minhas bochechas corarem só de lembrar que eu tinha entrado sem bater e encontrei ela só de toalha na cozinha.

Depois de alguns minutos, e quase arriscar entrar, Lea finalmente abriu, seu sorriso praticamente iluminando o apartamento.

- Co-Como eu es-t-estou? – Lea passou a mão nos cabelos negros, que estavam completamente lisos, jogando eles para o lado. Meu olhar passou por todo seu rosto, percebendo cada detalhe. Ela estava maquiada, e eu acho que nenhuma das vezes que eu estava com ela, eu a tinha visto assim. E só agora que eu havia reparado, como ela era bonita, mesmo sem maquiagem! E agora então, ela estava... perfeita. Lea estava usando uma saia azul marinho e uma camiseta listrada azul e branca de manga comprida, que deixava a mostra um pouco de sua barriga. Desviei meu olhar do seu abdômen e pigarreei. Ela também usava uma faixa de cabelo da mesma cor da saia. Sorri. Fofa demais.

- Voc-você ta linda Lee, de verdade. Muito linda. – sorri, passando meus dedos em sua bochecha. Ela corou e olhou pro chão, balançando os pés pra frente e pra trás.

- Mesmo? – Ela cutucou minha barriga, contornando o desenho da minha blusa.

- Sim, a mulher mais bonita que eu já conheci em toda minha vida. – Puxei seu rosto delicadamente para cima, para poder olha-la nos olhos. Me aproximei e dei um beijo em sua testa. Ela me abraçou e ahhhhhh... Eu não sei como descrever isso além de: ahhhhh. Tudo parecia explodir por dentro do meu corpo, mas era uma sensação tão boa, eu não conseguia explicar.

- Obrigado Dianna, você é...perfei- perfeita demais. – Ela sussurrou, apertando seus braços em volta de mim rapidamente, antes de soltar e entrelaçar nossos dedos. – Me ajuda a colocar os pratos na mesa? Daqui a pouquinho meus pais chegam.

Segui ela até a cozinha, mantendo nossos dedos entrelaçados o máximo de tempo que consegui, antes de ter que soltar para ela poder pegar os pratos e tudo mais.

Assim que nós terminamos de arrumar a mesa, a campainha tocou. Congelei no lugar em que eu estava enquanto Lea saiu saltitando até a porta e a abriu rapidamente.

Minha cara de pavor se transformou em um grande sorriso assim que o pai de Lea a pegou no ar e começou a girar.

- Pai! PAI! Paraaaa – ela riu de uma forma que eu nunca tinha visto. Enquanto os dois se divertiam, a mãe de Lea sorria, apenas observando os dois. Ela era mais baixa que Lea (como se isso fosso possível!) e tinha um olhar carinhoso.

- Marc! Larga minha filha, eu quero abraçar ela também!

O pai dela, que agora eu sabia que se chamava Marc, colocou ela no chão e um instante depois, sua mãe já havia abraçado a baixinha. Marc se juntou e eles ficaram abraçados por algum tempo, sussurrando várias coisas que eu não pude ouvir direito. Meu sorriso continuava ali, enquanto observava a interação deles. Bom, eles pareciam amar muito ela, pelo menos isso me deixava menos nervosa, eu acho.

O olhar da mãe dela em algum momento acabou parando em mim, que continuava parada no mesmo lugar desde que eles haviam chegado. Tentei parecer normal e acenei com a mão, silenciosamente.

Ela soltou o abraço, o que fez com que Marc e Lea se soltassem também. Lea percebeu que sua mãe me encarava e disse:

- Ai meu deus, desculpem! Pai, mãe, essa é a Dianna! Ela mora dois apartamentos antes do meu! - Lea veio em minha direção, entrelaçando nossos dedos e me puxando para perto de seus pais.

- O-Oi - minha voz falhou, senti os dedos de Lea fazendo carinho nos meus. – É um prazer conhecer vocês, Lea me fala muito sobre os dois. – sorri educadamente.

Os dois me encaravam de uma forma indecifrável e muitas coisas começaram a passar pela minha cabeça. Quando abri a boca pra falar de novo, os dois se entreolharam e me abraçaram. Sim, os dois. De uma vez só. Arregalei os olhos e enquanto abraçava eles de volta tentei olhar para Lea. Ela estava com a mão na barriga, rindo e sussurrou:

- Desculpa, eles são assim... – Lea mordia o lábio e continuava rindo.

- É um prazer conhecer você querida! – Marc disse, quando finalmente eles pararam de abraçar ela. – Meu nome é Marc e...

- E o meu é Edith – a mãe de Lea completou a frase. - Ficamos muito felizes em conhecer você. Lea nunca nos apresenta ninguém!

- Mãe! – Lea falou pelo canto da boca, revirando os olhos.

- O que? É verdade! – Marc disse. – Se ela esta nos apresentando você... Deve ser muito importante pra nossa filhinha. – Ele olhou pra mim sugestivamente e senti minhas bochechas corarem. Minhas duas sobrancelhas se ergueram involuntariamente e olhei para Lea como um pedido de ajuda.

Graças a deus ela colocou aquelas perninhas ( e que pernas!) para funcionar e disse rapidamente:

- Vocês estão deixando minha amiga – era impressão minha ou ela havia colocado ênfase naquela palavra? – com vergonha. O almoço já ta pronto e eu quero os dois sentados na mesa agora, enquanto eu e a Di – Di! Own! – vamos buscar a comida na cozinha. – Ela pegou na minha mão novamente e me guiou até a cozinha. Pude ver pelo canto do olho seus pais trocando risadinhas e sentando na mesa, um ao lado do outro.

- Desculpa Di, meus pais são meio... sem noção. – Ela mexeu na franja, sorrindo envergonhada.

- Magina! Eu achei eles muito legais pra falar a verdade. – sorri de volta, sincera.

Nós pegamos a comida e levamos até a mesa. Eu sentei do lado oposto aos pais da Lea, e ela, que estava quase sentando do lado do seu pai, franziu o rosto e veio sentar do meu lado.

Ela se inclinou perto de mim e colocou uma mão na minha perna. – Aqui eu posso dar atenção pra todo mundo. – e sorriu ingenuamente, enquanto eu sentia minha perna ferver.

-Uhnff. - Fiz um som que nem eu consegui entender direito. Segundos depois, ela tirou a mão da minha perna e eu senti minha respiração voltar ao normal.

Esperei os pais dela se servirem antes e assim que eles terminaram, me servi também. Estava com um cheiro delicioso.

- Filha, isso está ótimo! – Edith disse.

- Mesmo? – A baixinha sorriu, mexendo no seu prato, que tinha apenas...salada. Respirei fundo.

- Sim! Você deveria esquecer Nova York e vir morar com a gente na Itália! Trabalhar no restaurante... – Marc disse.

Quase engasguei com aquela frase. Lea não podia ir embora de Nova York, e seus sonhos, seja lá qual fossem, faculdade? Música? Não importava, ela não podia...me deixar!

- Pai, você sabe que o que eu quero está aqui em Nova York. – Ela continuava picotando o alface em vários pedacinhos.

- Eu sei filha, nós sabemos... – Ele sorriu.

Os pais dela tinham muita facilidade em conversar sobre qualquer coisa. Nós acabamos entrando em uma conversa atrás da outra e vários minutos se passaram. Eles eram pessoas muito agradáveis e tinham me deixado muito tranquila.

- Eu sabia que já tinha te visto em algum lugar! – Marc apontou o garfo pra mim. – Você é atriz naquele seriado...geek...glik...

- Glee, pai!

Soltei uma risada, concordando com a cabeça.

- Lea nos fazia assistir vários episódios. Ela disse que um de seus sonhos era participar de uma série assim, né filha? – Edith disse, sorrindo.

Meu olhar se focou em Lea. – Sério? – Ela mordeu o lábio, confirmando com a cabeça e desviando o olhar de mim.

- Sim, ela é uma cantora incrível!

- Eu sabia que você cantava! – Eu disse, ainda olhando seu rosto.

- Você nunca cantou pra ela filha? – Lea fez que não com a cabeça. Ela não tinha falado uma palavra desde que esse assunto começou e eu achei que ela iria cavar um buraco e se enterrar a qualquer momento, de tão encolhida que ela estava.

- Bom, você deveria fazer ela cantar. Quando Lea era criança nós tínhamos que implorar para ela ficar quieta. Ela cantava o dia inteiro. – Marc falou enquanto girava o garfo, desatento. Ele deixou um pedaço da comida cair em sua camisa branca e Edith bufou:

- Você sempre se suja comendo Marc!

- Eu vou buscar um pano úmido pra limpar! – Lea levantou correndo e antes que eu pudesse me oferecer para pegar, ela já tinha saído do meu campo de visão.

Fiquei olhando Edith e Marc, ambos estavam em silêncio, me encarando. Comecei a batucar meus dedos na mesa e tomei um gole do meu suco.

- Você gosta dela. – A mãe de lea afirmou.

- Definitivamente, gosta. – O pai dela concordou com a cabeça, dando uma mordida em um pão, casualmente.

Tive que colocar a mão na boca para conseguir engolir o suco. Oi? Eles estavam falando gostar no sentido de amizade ou ?

- Cla-Claro que gosto! – Eu disse, um pouco nervosa e corando.

- Não, eu quis dizer que você gosta dela. – A mãe dela repetiu, sugestivamente.

Eu arregalei os olhos, sem saber o que responder. – Não é isso. Eu – Eu, quer dizer, ela é linda, mas, eu...

Ela me interrompeu – Querida, nós achamos isso ótimo! Não se preocupe. Nós estamos te esperando a tanto tempo. – ela trocou olhares com o marido, que acenou afirmativamente com a cabeça.

- Como assim, me esperando? Nós só nos conhecemos a pouquíssimo tempo, somos amigas, é isso. – Comecei a falar sem parar.

- Lea acha que nós não sabemos que ela largou a faculdade, que ela tem problema com sua alimentação, e que não percebemos as marcas no seu pulso.

- Vocês sabem?

- Claro que sim querida, nós somos pais, sempre sabemos de tudo.

- Mas, mas eu não entendo! Vocês nunca conversaram sobre isso com ela? Ela corre risco de vida!

- Nós estávamos esperando por você. É claro que nossas esperanças já estavam chegando ao fim, considerando que ela não sai desse apartamento pra nada.

- O que – O que vocês estão querendo dizer?

- Nós sabíamos que era questão de tempo até Lea trombar com alguém que fosse ajuda-la a passar por tudo isso. Vocês, jovens, tem essa mania de não escutar seus pais, de precisar que outra pessoa lhes diga a mesma coisa que vocês escutaram desde pequenos em casa. E olhando o jeito que você cuida dela, o jeito que a olha. Dianna, você esta apaixonada pela nossa filha.

- Eu – Eu . – Ai meu deus! Eles estavam jogando uma responsabilidade gigantesca nas minhas costas. E mais do que isso, estavam jogando uma vida nas minhas mãos. – Eu não posso ter uma responsabilidade desse tamanho! Eu gosto muito dela, mas nós nos conhecemos agora! Ela é tão amedrontada...

- Quando eu conheci a mãe de Lea – Marc passou o braço em volta da Edith, carinhosamente – Eu soube, desde o primeiro olhar, que eu me casaria com ela. Eu só não quis admitir isso no início, mas hoje eu me sinto tão completo, tão feliz. Isso que eles dizem sobre o amor mudar as pessoas, salvar vidas, é verdade.

Edith olhou para ele com lágrimas nos olhos, concordando. Ela depositou um beijo na mão de Marc e eu sorri com a demonstração de amor depois de tantos anos. Era isso que ela queria!

- Nós não queremos que você salve nossa filha, Dianna. Só... Nos prometa que não vai desistir dela, por favor?

Dianna olhou de um lado para o outro, encarando os dois, logo em seguida suspirou. – Eu nunca desistiria dela, ela é especial.

Os dois se entreolharam e sorriram. Segundos depois, Lea voltou bufando.

- Desculpa, eu não achava o detergente e ai eu tive que ir buscar na dispensa e a lâmpada tinha queimado e eu não consegui enxergar direito e enfim.. – Ela esticou a mão e entregou o pano para seu pai e depois voltou para sua cadeira, ao lado da minha e segurou minha mão.

- Ta tudo bem?

- Uhum – sussurrei e ela sorriu pra mim. Sorri de volta. Marc pigarreou e começou a reclama sobre a mancha em sua blusa.

Conversamos por mais algum tempo ali na mesa, depois fiquei na sala conversando com Marc sobre minha profissão enquanto Lea e Edith foram para a cozinha. Tentei me oferecer para ajuda-las a limpar tudo mas as duas não deixaram.

Meia hora depois as duas se juntaram a nós e Lea se sentou no chão entre as minhas pernas, e começou a brincar com o lacinho da minha sapatilha. Eu sorri e mordi minha bochecha.

Não sei como, mas quando olhei pela janela, já estava escuro, nós estávamos assistindo a primeira temporada de Glee e eu falava sem parar sobre coisas engraçadas que aconteciam durante as gravações. Lea gargalhava e as vezes eu ficava observando todo seu corpo se contorcer em uma risada.

Eu não sabia exatamente o que era tudo isso, mas eu sabia que eu queria aquilo pro resto da minha vida. Fazia anos que eu não me sentia tão...completa.

Marc olhou no relógio e disse:

- Edith, nós temos que voltar pro hotel, já está tarde! – Ele se levantou e esticou a mão para que Edith se levantasse também.

- Pai, eu falei que vocês poderiam dormir aqui. Não sei porque vocês reservaram quarto em um hotel.

- Nós preferimos respeitar sua privacidade querida.

- Vocês são muito bobos! – Lea se levantou e abraçou os dois.

Eu me levantei e recebi dois abraços calorosos, depois nós acompanhando eles até a porta. Os dois se despediram novamente de Lea e Edith disse para mim:

- Foi um prazer te conhecer querida, nós queremos te ver mais vezes. Vá nos visitar na Itália quando a Lea for. – A mulher baixinha colocou uma mão no meu ombro e olhou dentro dos meus olhos. Eu acenei com a cabeça e disse:

- Pode deixar Edith, o prazer foi todo meu.

Observamos os dois indo embora e entrando no elevador, depois, Lea fechou a porta e se jogou no sofá.

Eu sorri pra ela e sentei ao seu lado, de frente pra ela, de pernas cruzadas.

- Eu gosto muito dos seus pais. – passei a mão no meu cabelo, bagunçando alguns fios.

- Mesmo? – Ela se ajeitou no sofá. - Eles gostaram muito de você, eu disse! - Ela cutucou meu ombro com seu dedo.

- Uhum... – coloquei uma mão em sua perna, fazendo carinho. – Acho melhor eu ir também, você parece estar cansada e eu preciso dar um pouco de atenção pro Arthur, meu filhinho. – sorri.

- Tudo bem, você pode ir. – Lea fez bico e se levantou. Me levantei também e ela me abraçou. – Obrigado por hoje Dianna, de verdade. Eu sei que sua vida deve ser bem corrida e passar o feriado aqui não devia estar nos seus planos.

- Não foi nada Lee, eu me diverti muito. – Abracei ela de volta e ficamos assim por alguns minutos até ela se afastar e ficar me encarando.

- O que foi? – coloquei a franja atrás da orelha, devolvendo o olhar.

Ela ficou na ponta dos pés e me deu um selinho. Não sei por quanto tempo fiquei parada ali, piscando várias vezes. – O qu- que- o que fo- foi isso?

Lea imitou meu gesto e colocou a franja atrás da orelha. –Eu só que-queri-queri-a agradecer. – De repente seu olhar não parecia mais tão seguro e começou a focar em vários lugares que não fossem meu rosto.

- Ei, ei – Chamei a atenção dela. – Obrigado. – Sorri, tocando meus lábios com a minha mão. – Você só me pegou desprevenida. – Me inclinei e retribui o selinho.

Ela sorriu, se encolhendo e ficando com as bochechas vermelhas. Lea ficou na ponta dos pés novamente e me deu um beijo na bochecha. – Boa noite lady Di.

- Boa noite Lee – dei mais um abraço nela, antes de ir em direção a porta, mas antes de sair, segurando na maçaneta, olhei para ela novamente e suspirei. Ela continuava parada ali, me olhando. - Ei, eu posso...uhn... seu telefone. - Apontei pro meu celular, me sentindo ridículo por não estar conseguindo nem terminar a frase direito. -

Ela me olhou confusa - Você quer meu número? - Fiz que sim com a cabeça. - Ela se aproximou e pegou meu celular da minha mão, salvou o número e me devolveu. - Pronto.

Dei um último sorriso antes de sair e fechar a porta atrás de mim. Encostei na parede e dei um soco no ar, colocando uma das mãos no meu peito, sorrindo e sentindo meu coração acelerado.

O que eu não sabia aquele dia, era que Lea estava fazendo exatamente a mesma coisa do outro lado da parede.

FIM DIANNA'S POV